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História Clarke's Diary For Aden. - Primeiras Páginas.


Escrita por: craxygemini

Notas do Autor


Voltei. Boa Leitura. ;)

Capítulo 2 - Primeiras Páginas.


Fanfic / Fanfiction Clarke's Diary For Aden. - Primeiras Páginas.

Aden, querido, meu pequeno príncipe, 

Por muitos e muitos anos eu me perguntei se algum dia seria mãe.

Naquele tempo, eu às vezes sonhava acordada pensando que seria maravilhoso e sábio gravar uma fita de vídeo a cada ano para contar a meus filhos quem eu era, o que eu pensava, quanto os amava, minhas preocupações, o que me emocionava, me fazia rir ou chorar e me fazia pensar de formas diferentes. Além, é claro, de todos os meus segredos mais íntimos.

Eu adoraria ter recebido fitas de minha mãe e meu pai contando-me quem foram e o que sentiam por mim e em relação ao mundo. Porque não sei quem eles são, e isso é meio triste.

Não, é muito triste.

Por isso vou gravar um vídeo por ano para você. Mas tem mais uma coisa que quero fazer, meu amorzinho. Quero fazer um diário, este diário, e prometo escrever nele com frequência. No momento em que escrevo este primeiro texto, você tem duas semanas de idade. Mas  quero começar contando algumas coisas que aconteceram antes de você nascer. Quero começar antes do começo, por assim dizer.

Isto é para você, Aden: a história de Aden, Clarke e Lexa.

Vou começar por uma noite de primavera, quente e agradável, em Boston. Na época, eu era funcionária do Hospital Geral de Massachusetts. Fazia 4 anos que eu me tornara médica. Havia coisas que eu amava em meu trabalho: ver os pacientes melhorando, e até mesmo ficar ao lado daqueles que sabíamos que não se recuperariam.

Mas também tinha a burocracia e os problemas do sistema de saúde pública do nosso país. E, claro, as minhas próprias imperfeições. Eu tinha acabado de sair de um plantão de 24 horas e estava mais cansada do que você poderia imaginar. Fui passear com meu golden retriever, Gustavus, também conhecido como Gus.
Acho que preciso traçar um retrato de mim mesma naquela ocasião. Eu tinha  1,65 metro e longos cabelos loiros. Não era linda (não que eu me achasse), mas tinha uma boa aparência e um sorriso amigável na maior parte do tempo para a maior parte dos seres humanos. Não me preocupava muito com as aparências. 

Era sexta-feira e lembro que o fim de tarde estava muito agradável, com uma luz linda. Era o tipo do dia pelo qual dá gosto viver. Ainda me lembro de tudo como se tivesse acabado de acontecer. Gus começou a correr, perseguindo um pobre pato que havia saído do lago. Estávamos no Jardim Público de Boston, perto dos pedalinhos. Era nosso passeio de rotina, principalmente quando Finn, meu namorado, estava trabalhando. E naquela noite ele estava. Gus se soltou da guia e eu saí correndo atrás dele. Ele era um caçador talentoso. Vivia capturando bolas, frisbees, embalagens de papel, bolhas de sabão, reflexos nas janelas do meu apartamento, o que fosse. Enquanto corria atrás de Gus, senti de repente a pior dor de toda a minha vida. Meu Deus, o que é isto?


                                                                            Foi uma dor tão forte que caí no chão.

Então piorou. Sentia pontadas intensas percorrendo meu braço, nas costas e até no maxilar. Fiquei ofegante. Não conseguia respirar. Não conseguia me concentrar em nada no Jardim Público. Tudo se transformou em um borrão. Não tinha certeza do que estava acontecendo comigo, mas alguma coisa me dizia: coração.


                                                                           O que estava havendo comigo?

Queria gritar pedindo ajuda, mas mesmo dizer algumas palavras estava além das minhas forças. As árvores do jardim giravam ao meu redor. Pessoas preocupadas começaram a se aproximar e a se agrupar perto de mim. Gus voltou assustado. Pude ouvi-lo latindo. E então ele começou a lamber meu rosto, mas eu mal sentia sua língua.
Eu estava deitada de costas, segurando o peito.
                                                                   Coração? Meu Deus. Eu só tenho 26 anos.

                 “Chamem uma ambulância”, alguém gritou. “Ela está passando mal. Acho que está morrendo.”

 

Não estou morrendo! Queria gritar. Não posso estar morrendo. Minha respiração estava ficando mais fraca e eu estava apagando, indo rumo ao nada. Ah, Deus, pensei. Continue viva, respire, fique consciente, Clarke. Foi quando pensei em procurar uma pedra perto de mim. Agarre-se a esta pedra, disse a mim mesma, segure firme. Acreditei que a pedra era a única coisa que me manteria presa ao chão naquele momento assustador. Queria chamar por Finn, mas sabia que não adiantaria.

Devo ter ficado desmaiada por vários minutos. De repente voltei a mim e me dei conta do que acontecia. Eu estava sendo levada para dentro de uma ambulância. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Meu corpo estava encharcado de suor.
            A paramédica não parava de dizer: “A senhora vai ficar bem. Está tudo bem com a senhora.” Mas eu sabia que não estava.
           Olhei para ela com toda a força que consegui reunir e sussurrei: “Não me deixe morrer.”

Fiquei segurando a pedrinha com força durante todo o tempo. A última coisa de que me lembro é uma máscara de oxigênio sendo colocada sobre o meu rosto, uma fraqueza mortal se espalhando pelo corpo e a pedra por fim caindo da minha mão.

Então, Aden
             Eu estava com apenas 26 anos quando tive aquele infarto em Boston. Passei por uma cirurgia de ponte de safena no Hospital Geral de Massachusetts no dia seguinte. Fiquei de licença em casa por quase dois meses e foi durante a minha recuperação que tive tempo de pensar, pensar de verdade, talvez pela primeira vez na vida. Avaliei cuidadosa e dolorosamente a minha vida em Boston, quanto ela havia se tornado corrida: plantões, pesquisas, horas extras, jornadas duplas, trabalho em excesso. Pensei em como eu vinha me sentindo antes daquele terrível acontecimento. Também examinei a minha própria negação. Minha avó havia morrido por causa de problemas cardíacos. Minha família tinha histórico de doenças cardíacas. E ainda assim eu nunca havia tomado os cuidados necessários.

Foi durante meu período de recuperação que uma amiga minha, Raven, me contou a história das cinco bolas. Nunca se esqueça desta história, Aden. Ela é muitíssimo importante.
            É o seguinte.
         Imagine que a vida seja uma brincadeira em que você fica fazendo malabarismo com cinco bolas. As bolas se chamam: trabalho, família, saúde, amigos e integridade.  Você está mantendo todas as bolas no ar e um dia finalmente se dá conta de que o trabalho é uma bola de borracha. Se você a deixar cair, ela vai pular de volta. As outras quatro bolas – família, saúde, amigos e integridade – são feitas de vidro. Se você deixar cair alguma, ela vai ficar arranhada, ou lascada ou vai se quebrar de vez. Depois de compreender a lição das cinco bolas, você terá começado a atingir o equilíbrio na sua vida.

                                                      Aden, eu finalmente compreendi.

Aden,
                         Como você pode imaginar, isso tudo foi antes da sua mama, antes da Lexa.
           Deixe-me falar sobre o Dr. Finn Collins. Conheci Finn em 2010, na festa de casamento de Lincoln Kennedy e Octavia Blake na ilha de Cumberland, na Georgia. Devo admitir que ambos havíamos tido vidas de muita sorte até então. Meus pais, Abigail e Jake, morreram quando eu tinha 2 anos, mas tive a felicidade de ser criada com muito amor e paciência por meus avós em Cornwall, no estado de Nova York. Estudei na Academia Lawrenceville em Nova Jersey, depois na Duke e por último na Faculdade de Medicina de Harvard.

Eu me sentia incrivelmente privilegiada por ter sido aluna de cada uma dessas três instituições e não poderia ter recebido uma instrução melhor – exceto pelo fato de não ter aprendido em qualquer uma delas a lição das cinco bolas.

Finn também estudou na Faculdade de Medicina de Harvard, mas havia se formado quatro anos antes de eu entrar lá. Só viemos a nos conhecer naquele casamento. Eu era convidada de Octavia e Finn, de Lincoln. Foi uma cerimônia linda, cheia de esperança e promessas. Talvez isso tenha ajudado a nos unir.
            Mas o que nos manteve junto pelos quatro anos seguintes foi um pouco mais complicado. Em parte, foi pura atração física (algum dia vou falar com você sobre isso, mas não agora). Finn era – é – alto e elegante, com um sorriso encantador. Nós tínhamos muitos interesses em comum. Eu adorava as histórias dele, sempre tão divertidas, diretas e sarcásticas. Adorava ouvi-lo tocar piano e cantar o que fosse, de Frank Sinatra a Sting. Além disso, ambos éramos workaholics – eu no Hospital Geral de Massachusetts, Finn no Hospital Infantil de Boston.


                                                          Mas nada disso é amor de verdade, Aden. Pode acreditar em mim.

Um dia, cerca de um mês depois do meu infarto, acordei às oito da manhã e o apartamento estava num silêncio tão bom que resolvi ficar deitada mais um pouco, aproveitando aquela tranquilidade. Afinal me levantei e fui até a cozinha para preparar o café da manhã antes de sair para o médico.
          Dei um pulo para trás quando ouvi um barulho – uma cadeira arranhando o piso. Nervosa, fui ver quem estava lá. Era o Finn. Fiquei surpresa ao vê-lo ainda em casa, já que ele sempre saía antes das sete. Estava sentado à mesinha de madeira em que costumávamos tomar o café. 
                                                               “Você quase me fez infartar”, eu disse, fazendo piada.

            Finn não riu. Só deu um tapinha na cadeira ao lado dele.
          Então, com a calma e o amor-próprio a que eu já estava acostumada, Finn contou quais eram os três principais motivos pelos quais estava terminando nosso relacionamento. Disse que não conseguia conversar ou se relacionar comigo como fazia com os amigos homens, que achava que eu não poderia mais ter filhos por causa do ataque cardíaco e que estava apaixonado por outra pessoa.
          Saí correndo de casa. A dor que senti naquela manhã foi ainda pior do que a do infarto. Nada estava certo na minha vida. Eu tinha feito tudo errado até então. Tudo!!! Eu adorava ser médica, mas atendia num hospital grande e burocrático demais em um centro urbano. E isso simplesmente não era o melhor para mim. Eu estava trabalhando demais – porque não havia mais nada de valor na minha vida. Ganhava bem, mas gastava tudo em jantares na cidade, viagens de finais de semana e roupas de que eu não precisava ou de que nem gostava tanto assim.

Sempre quisera ter filhos, a vida inteira. No entanto, ali estava eu, sem um companheiro, sem um filho, sem um plano ou qualquer perspectiva de mudar nada disso. Então eis o que eu fiz, meu menininho: comecei a viver a lição das cinco bolas. Pedi demissão do Hospital Geral de Massachusetts. Saí de Boston. Deixei para trás todos os compromissos que estavam me matando. E me mudei para o único lugar do mundo em que sempre fui feliz, fui para lá a fim de curar meu coração. Eu vinha dando voltas e mais voltas sem chegar a lugar algum, vivia no limite. Alguma coisa em minha vida acabaria não aguentando essa rotina. Infelizmente, foi meu coração.
                                         

                                         Não foi uma mudança pequena,Aden. Eu havia decidido mudar tudo.


 


Notas Finais


Eai?! Espero que tenham gostado.
Até mais. ;)


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