1. Spirit Fanfics >
  2. Clear Skies >
  3. Desencontros

História Clear Skies - Desencontros


Escrita por: lauraspecter

Notas do Autor


Olááá! Como vocês estão margaridas?

Eu nem consigo acreditar que Clear Skies está com 62 favoritos! Eu estou muito feliz com isso!
Só tenho a agradecer todo mundo que favorita, vem falar da fic comigo ou deixa um comentário aqui. Eu amo isso e me deixa mt animada. Obrigada mesmo!

Parei de tagarelar, vamos ao que interessa?
Espero que gostem!

Capítulo 5 - Desencontros


Fanfic / Fanfiction Clear Skies - Desencontros

Um novo dia. Esse fora o primeiro pensamento de Regina quando acordou pela manhã. Toda a dor e memórias que o dia anterior havia proporcionado, ficariam aonde deveriam estar, no passado. Era um novo dia. Novas vidas precisavam ser salvas e ficar lamentando os infortúnios ocorridos do dia anterior não mudariam o que havia ocorrido. 

Ao chegar pelo hospital perto das seis da manhã, Regina foi fazer a ronda, que nada mais é do que examinar e verificar como estavam seus pacientes, além de atualizar os prontuários necessários. Após certificar-se que tudo estava em ordem, a morena decidiu ir à sala de conveniência dos atendentes para pegar um café, antes de ir realizar consultas pendentes. Assim que adentrou ao local, percebeu a presença de Thomas Hunt e Amelia King, que conversavam em pé, próximos a uma mesa redonda que se encontrava próxima a uma das quinas do cômodo. 

— Bom dia. – saudou Regina ao adentrar o ambiente.

— Olha só, a margarida resolveu aparecer novamente. – provocou King, sorrindo.

— Bom dia para você também, King. – respondeu Regina, revirando os olhos para a colega.

— Olá, Mills, como vai? – disse Thomas, educadamente.

— Vou bem, e vocês, como estão? – a morena perguntava, enquanto colocava café em um dos grandes copos descartáveis próprios para líquido.

— “Vai bem”? Sério mesmo? Você some o dia todo e quando aparece no dia seguinte, vem com essa história de que está tudo bem? – perguntou Amelia, de forma incomodada – O que aconteceu ontem entre você e o senhor Locksley? 

— Amelia! – Thomas repreendeu a colega

— Não aconteceu nada, King. – mentiu Regina, após tomar um gole de seu café, sentando-se em uma cadeira próxima ao local que os colegas estavam.

— Não é o que me parece. Após dar a notícia a ele, você sumiu. Logo depois ele quer falar com você e pedir desculpas. O que ele te falou? – continuou Amelia, com o questionamento.

— Não foi nada demais, já disse. Ele só ficou nervoso e eu não estava em dia bom, apenas isso. – Regina não queria ter que ficar relembrando o ocorrido com o senhor Locksley, mesmo que fosse King quem estivesse perguntando. A morena apenas desejava manter essa história no passado.

— Regina, seja sincera. Ele deve ter falado algo horrível para te deixar mal a ponto de ir embora. – Se havia uma característica de Amelia, que era, ao mesmo tempo, muito benéfica e muito irritante, era a sua incansável insistência.  

— Amelia! Deixe Regina em paz. – falou Hunt para a colega, sabendo que ela não se ofenderia com o modo que ele havia falado. Se havia algo difícil de ocorrer, era Amelia King sentir-se ofendida com a fala de alguém. A neurocirurgiã estava acostumada a receber respostas não tão amigáveis, uma vez que ela tinha suas próprias convicções e preferia falar diretamente para as pessoas, nem sempre de forma tão sutil como a maioria é acostumada. Por esse motivo, ocasionalmente as pessoas mais próximas de King a mandavam “filtrar” seus pensamentos, para que ela pensasse um pouco mais antes de falar a primeira coisa que viesse a sua mente. 

— E se ele falou? O que você poderá fazer sobre isso, hein? – indagou Regina, já perdendo a paciência. – Não vai mudar nada, King, deixe esse assunto para lá. – pediu a morena, ao mesmo tempo que um som de pager fora ouvido na sala. Os três conferiram, e Amelia constatou que era o seu, uma emergência havia surgido.

— Preciso ir, mas você não me escapa, Mills. – falou a morena, sorrindo, enquanto deixava o ambiente.

Com a saída de King, Thomas sentou-se em uma das cadeiras próximas a colega, ficando só os dois na sala.

— Sua namorada cansa minha paciência. – declarou Regina, sorrindo de forma provocativa, pois sabia que Hunt ficava incomodado toda vez que insinuavam sobre ele e Amelia estarem em um relacionamento. A verdade é que King e Hunt eram apaixonados um pelo outro, mas eram teimosos demais para assumirem isso, portanto, a relação deles era limitada a casos de uma noite só, repetidas com certa frequência.

— Ela não é minha namorada. – disse o ruivo, revirando os olhos. – Mas agora que o furacão Amelia saiu... Você está mesmo bem? Drake comentou comigo que você parecia ter visto um fantasma quando te encontrou ontem. – perguntou com cautela, preocupado com a colega.

— Agora eu estou sim, mas, ontem o dia foi realmente complicado. Meu encontro com o paciente de King foi péssimo. – declarou a morena, com um olhar chateado, lembrando-se das palavras de Robin. Thomas não queria perguntar o que ele falara, o semblante tristonho de Regina era suficiente para saber que o que quer que ele tivesse dito, havia a machucado. – Mas como eu disse, são águas passadas. – sorriu levemente. – Obrigada pela preocupação. – Ele sorriu em resposta

— Qualquer coisa, estou aqui. Só chamar. – disse sorrindo, demonstrando o instinto de proteção que tinha pela mais nova.

— Sim, senhor. Agora preciso ir, preciso fazer umas consultas e mais tarde tenho uma cirurgia. – falou a morena, levantando-se, e Hunt fazia o mesmo.

— Vamos então, senão aquele pronto-socorro vira uma zona sem mim. 
 

xxx

Era próximo das seis horas da tarde quando Regina deixou o centro cirúrgico após uma cirurgia bem-sucedida. Um certo alívio estava instaurado em seu corpo, pois conseguiu salvar a vida da senhora em quem ela operara. Ainda na sala de esterilização, verificou seu pager e no aparelho havia uma mensagem de Amelia King pedindo para que ela fosse ao quarto 230 do hospital. 

Assim que terminou de atualizar o prontuário da paciente após a cirurgia, e verificar como a mesma estava no pós-cirúrgico, Mills dirigiu-se ao quarto indicado na mensagem. Ao chegar ao local, viu que a porta se encontrava fechada. Cuidadosamente, Regina a abriu e adentrou no ambiente. O quarto possuía duas camas de paciente, no entanto somente a próxima da janela, na outra extremidade do quarto, era ocupada. Observou que a doutora King encontrava-se aos pés da cama lendo o prontuário, e no leito hospitalar a sua frente, Robin Locksley parecia imerso em um sono que lhe proporcionava uma feição de tranquilidade no rosto.

— Você me chamou aqui? – sussurrou Mills para Amelia, enquanto tentava andar da forma mais silenciosa possível pelo quarto, chegando mais próxima da colega e da cama ocupada por Robin.

— Sim. Uma hora atrás. – falou King de forma baixa, ainda sim demonstrando irritação pela demora da colega.

— Desculpa, eu estava em cirurgia e sai a pouco. – justificou Regina, desviando o olhar da colega para o paciente. 

— Sem problemas, ele só queria se desculpar. – disse, dando os ombros – Ele ficará por aqui mais alguns dias, não faltará oportunidade. – respondeu Amelia, direcionando os olhos do prontuário para Mills, que ainda tinha sua atenção ao homem que dormia no leito hospitalar. A neurocirurgiã sorriu ao observar a amiga, que parecia fascinada pela imagem que via. Amelia não poderia deixar de provocá-la. – Gosta do que vê, Mills? 

— Oi? – perguntou Regina, sem ao certo ter ouvido a pergunta, pois estava deveras distraída.

— Perguntei se gosta da imagem, afinal, não há como negar que senhor Locksley possui seu charme. – sussurrou para a colega, sorrindo.

— King! – repreendeu Regina, em um murmúrio – Você fala besteiras demais para o meu gosto. Com licença. – disse Regina, se retirando do ambiente. Robin Locksley era charmoso, não havia como a médica negar. O breve sorriso que vira no dia anterior, certamente era encantador. Seus olhos azuis pareciam duas pedras água-marinha, brilhavam mesmo com a angústia neles presentes, mas era inevitável não se esquecer de como ele havia sido ríspido e grosseiro. Ainda assim, ela conseguia se solidarizar com a situação dele, pois ela sabia muito sobre a dor que ele provavelmente estava sentindo ao perder a noiva. Ao sair daquele hospital, a vida dele provavelmente mudaria drasticamente, e recomeçar não era fácil. Ela sabia muito bem.  

xxx

No dia seguinte, o serviço de Regina havia começado mais cedo que o habitual, quando uma emergência a fez estar presente quatro da manhã no hospital. Após algumas horas de cirurgia, com tudo felizmente terminando bem, a morena foi verificar como estavam seus outros pacientes. Assim que terminou, lembrou-se das palavras de King sobre o senhor Locksley querer lhe pedir desculpas. Como o dia, agora, estava tranquilo, talvez fosse um bom momento para ela ir finalmente falar com o homem.

Ao chegar no quarto em que o paciente se encontrava, Mills observou que ambas as camas se encontravam vazias. Olhou novamente para a porta para verificar se havia entrado no aposento correto, e viu na pequena placa de metal colada a porta o número “230” escrito em cor preta. O quarto era esse, mas onde estava Robin Locksley? 

A curiosidade da médica a levou até a secretaria do andar de quartos do hospital, e gentilmente a médica perguntou pelo paradeiro do paciente a uma das enfermeiras que estava no local.

— Doutora Mills, aqui está dizendo que o senhor Locksley foi levado para fazer uma tomografia. – respondeu a jovem enfermeira, apontando para a tela do computador.

— Você sabe me informar se ele está bem? – perguntou a médica, um pouco preocupada, já imaginando que o estado de saúde dele poderia ter piorado.

— Ele está bem, Mills, o exame é apenas para ter uma maior certeza que não há resquícios de hemorragia. – disse Amelia King, sorrindo, enquanto se aproximava do local e ouviu a conversa de Regina com a enfermeira.

 — Ah, sim, fico feliz em saber. Eu vim falar com ele, aproveitei que estava folgada agora. 

— Acho que você terá que voltar mais tarde. – falou Amelia 

— Farei isso. Obrigada – disse Regina a Amelia e a enfermeira. – Com licença. – disse se retirando do local, pensando em qual horário ela poderia voltar para finalmente tentar falar com ele.

xxx

Robin estava de volta ao quarto após a bateria de exames que havia realizado no final da manhã. Ruby havia aproveitado que o irmão estaria fazendo exames para ir para a casa do mesmo, ela necessitava tomar um banho com calma, dormir algumas horas em uma cama decente e aproveitaria para pegar roupas e livros para Robin. O homem até recebia a visita de alguns colegas mais próximos, mas era a irmã que o fazia companhia na maior parte do tempo. Se dependesse de John, pai de Robin e Ruby, ele viria a Boston para cuidar do filho. Mas o casal de filhos havia recomendado que ele ficasse na Inglaterra e viesse futuramente, não parecia certo fazer um senhor sexagenário atravessar um oceano para ficar o dia todo dentro de um hospital. 

Já fazia cerca de uma hora que Robin estava sozinho e ele se sentia extremamente entediado. Ele precisava ficar deitado em seu leito, não havia nada de interessante passando na pequena televisão do quarto e ele havia terminado o único livro que Ruby havia levado. Seu sono, que parecia um pouco maior devido a medicação que estava tomando, era inexistente no momento. Refletir sobre a sua vida também não era uma opção, trazia muita tristeza lembrar de Marian... Aquele seria uma boa hora para conversar com a doutora Mills, mas quando a porta do quarto foi aberta, doutora King que adentrou o ambiente.

— Olá, Robin, como está? – o homem havia pedido para ela o chamar pelo primeiro nome, já que eles se viam diversas vezes ao dia, formalidades eram desnecessárias. 

— Entediado, mas bem. – respondeu sorrindo, fazendo Amelia também sorrir com a resposta.

— Eu tenho boas notícias. – disse a médica sorrindo. – O resultado dos seus exames estão ótimos. A tomografia mostrou que não há resquícios da hemorragia e os seus exames de sangue estão muito bons.

— Fico realmente feliz de ouvir isso! – um alivio foi instaurado pelo corpo de Robin. Não que ele estivesse muito apreensivo, mas ao ouvir que tudo está exatamente como deveria, era impossível não tirar um peso das costas. – Quando terei alta?

— Calma aí, também não é assim. – Amelia sempre achava engraçado o desespero dos pacientes para sair daquele ambiente. – Apesar de sua cirurgia ter sido relativamente simples, ainda assim foi uma neurocirurgia. Se tudo permanecer como o esperado, você poderá ter alta dentro de no máximo uma semana. 

— Uma semana? Ah, não, doutora King, eu não aguento ficar aqui mais uma semana. – Robin falou, de forma manhosa. Ele era uma pessoa do ar livre. Por mais que trabalhasse o dia todo dentro de um escritório, ele tinha essa necessidade de estar em contato com a natureza, por isso quase toda noite ele ia ao parque correr e ocasionalmente gostava de ir acampar e fazer trilhas. Era algo que lhe trazia de volta a paz que a rotina como advogado lhe roubava.

— Passará rápido, você verá. – ainda sorrindo, Amelia completou. – Você tem mais alguma dúvida?

— Não é bem uma dúvida... Você sabe se a doutora Mills conseguirá vir para que eu converse com ela?

— Acredito que sim. Quando você estava fazendo exames, ela esteve aqui e disse que voltaria mais tarde. 

— Bom, acho que terei que esperar então. – sorriu – Obrigado, doutora King. 

Amelia rapidamente se despediu e deixou o quarto, pensando que não importava o que houvesse ocorrido, Robin Locksley só estaria satisfeito quando conseguisse conversar com Mills. 


xxx

Alicia e Regina andavam pelos corredores do hospital, discutindo brevemente o caso de um paciente que possivelmente precisaria de um transplante de coração. Ao chegarem perto do balcão de informações da unidade de terapia intensiva, viram que Thomas encontrava-se no local observando um prontuário. Raver precisava deixar o prontuário do paciente no local, portanto, ambas pararam e Thomas as cumprimentou.

— Olá, doutoras. Como vão? – disse, parando de ler do prontuário, ambas responderam o cumprimento e disseram estar bem. – Mills, King estava te procurando.

— Verdade, me esqueci completamente. – disse Regina, lembrando-se que havia prometido voltar ao quarto de Robin mais tarde.

— Ainda essa história do paciente dela querer te pedir desculpas? – perguntou Alicia 

— Sim. Eu fui lá mais cedo, mas ele estava fazendo exames. Se você não me lembrasse, – disse a morena, olhando para Hunt. – eu provavelmente iria embora sem passar lá. 

— Você está fugindo dele igual diabo foge da cruz. – Alicia disse, dando uma risada, fazendo com que os colegas fizessem o mesmo.

— Não estou fugindo, só acho que ele não precisaria se dar ao incomodo, mas o que eu posso fazer, não é mesmo? – indagou Regina, ainda sorrindo. – Melhor eu ir antes que eu, novamente, esqueça. Raver, se quiser mais alguma opinião sobre o caso, me mande uma mensagem, ok? – a loira respondeu afirmativamente e Mills se despediu dos colegas, saindo em direção ao elevador para poder ir ao quarto do senhor Locksley.

Em poucos minutos, a médica chegou ao quarto 230. Gentilmente abriu a porta e observou que Robin Locksley estava no ambiente, estava acordado e estava sozinho. Sobre o último ponto, ela não sabia se ficava aliviada ou ainda mais apreensiva. Ele não havia visto que ela abrira a porta, pois estava olhando a janela que dava para o exterior do prédio, onde era possível ver uma bonita paisagem de Boston com o Rio Charles ao fundo do Lederman Park. 

— Senhor Locksley? – chamou Regina, entrando no cômodo e viu o homem mudar a atenção da janela para ela. Um nó se formou na garganta da médica, aquela situação era mais constrangedora do que ela havia previsto.

— Olá, doutora Mills. – um toque de tensão era perceptível na voz do homem, não de raiva, mas sim de vergonha pelo último encontro que eles tiveram. Buscou respirar com calma e continuou – Entre, fique à vontade. – aquela frase fazia pouco sentido, visto que ele estava em um hospital e ela era uma médica, mas o que falar nessa situação?

— Com licença, espero não estar atrapalhando. – a morena se aproximou do leito onde Robin estava e falava de maneira calma, tentando ignorar a tensão do ambiente.

— De maneira alguma. Minha atividade do momento era olhar a paisagem, o que com certeza posso deixar para mais tarde. – Robin sorriu e tentou descontrair, vendo que a médica a sua frente parecia extremante receosa. Ela tentou sorrir, mas os belos olhos castanhos a entregavam, pareciam sem direção, alternando entre ele e a porta do quarto. Claramente ela queria sair dali mais rápido possível e Robin sentiu-se ainda mais idiota por tudo que havia a causado. Dando fim ao silêncio desagradável que havia instaurado no ambiente, Locksley continuou, buscando ser o mais direto possível. – Bom, doutora Mills, acho que você já sabe pelo motivo de eu querer falar com você.

— Se for o que a doutora King me falou, sim, eu posso imaginar. – disse Regina, tentando esboçar um pequeno sorriso.

— Eu sei que nada do que eu te falar agora irá mudar o que ocorreu anteriormente, contudo, eu gostaria que você soubesse que eu me sinto péssimo pelo modo que a tratei durante o nosso... – o pager de Regina apitou e ela se viu obrigada a interrompe-lo. 

— Desculpe-me, eu preciso olhar. – Robin não pestanejou, ficou em silêncio observando a médica retirar o pequeno aparelho do bolso frontal da calça azul marinho, parte do uniforme cirúrgico, que ela vestia. Ao pegar o dispositivo eletrônico, Regina viu escrito na tela “911 UTI 5”, o que significava que uma situação de vida ou morte, geralmente morte, estava ocorrendo com algum de seus pacientes. Ela não poderia perder mais nenhum segundo. Precisava ir imediatamente ao local indicado na mensagem. – Senhor Locksley, me desculpe. É uma emergência e eu preciso ir atender. Volto outra hora. Desculpa. – despejou rapidamente as palavras ao homem, que não teve outra ação a não ser concordar. Regina nem mesmo esperou pela resposta dele, não que ele fosse dar alguma visto a pressa que ela estava, e saiu correndo pelos corredores do hospital pedindo mentalmente para que ela conseguisse salvar aquela vida que se esvaia. 


xxx

Já passava das oito e meia da noite quando Regina conseguiu terminar de arrumar suas coisas para finalmente deixar o hospital. A emergência que havia surgido ao final da tarde lhe ocupara algumas horas, mas felizmente a situação fora controlada. O paciente estava em estado crítico, mas por ora ainda estava vivo, e isso que importava. 

Um vento gélido soprava na noite de Boston, mesmo sendo primavera. A médica agradeceu por ter ido de carro trabalhar naquele dia. Por mais que ela morasse a apenas alguns minutos a pé do seu local de trabalho, quando alguma emergência surgia qualquer minuto contava, portanto ela optava pelo automóvel. 

Com os braços cruzados junto ao corpo, em uma tentativa de amenizar o frio, a morena via algumas pessoas passarem por ela próximo da entrada do hospital, quando ela se dirigia ao local que havia estacionado o carro. Uma dessas pessoas era Ruby, que fazia o caminho contrário e ia em direção ao hospital. Aquela era a chance que ela precisava, e rapidamente chamou pelo nome da médica, antes que ela se afastasse mais:

— Doutora Mills! – gritou, em um tom moderado a jovem moça. Ela viu Regina parar e olhar para trás, e Ruby, andando rapidamente, se aproximou da médica. – Desculpe-me interrompe-la, sei que você provavelmente quer ir logo para casa. – Ruby era sincera, ela sabia que a médica certamente estava cansada, mas Regina sorriu e disse que não era problema algum. Ela sabia que aquela era a irmã de Robin, contudo o nome da moça lhe fugira a memória – Eu não sei se você lembra de mim, mas sou irmã de Robin Locksley, Ruby, e você tratou da noiva dele. – a mais nova disse, sabendo que médicos lidavam com muitos pacientes e que é natural se esquecerem dos parentes dos mesmos.

— Eu sei quem você é Ruby. – Regina falou, sorrindo, deixando claro que não estava sendo grosseira. – O que posso fazer por você? Está tudo bem? – perguntou, receosa. Para Regina, não importava que fosse quase nove da noite, ou duas da tarde, ou três da manhã... Ela sempre era atenciosa com aqueles que lhe a procuravam por ajuda, mesmo que estivesse cansada, como no momento.

— Está tudo ótimo. – sorriu, achando graciosa a preocupação da médica.  – Eu só gostaria de brevemente lhe dizer que meu irmão me contou como lhe tratou... E eu queria que você soubesse que Robin está muito constrangido. – ao terminar de falar, Ruby se arrependeu, pois parecia que ela estava se desculpando no lugar do irmão, essa estava longe de ser a intenção dela. – Peço que entenda que eu não estou aqui me desculpando por ele, ele, na verdade, nem sabe que eu planejava falar com você. Eu apenas sinto que é minha obrigação lhe dizer que o Robin que você conheceu, não é o mesmo Robin que eu conheço. O Robin que eu conheço, nunca iria falar com você da forma que falou. Ele é gentil, engraçado, simpático... E aquele dia, a culpa que ele sentia acabou falando mais alto, por isso ocorreu essa situação chata. – Ruby observada Regina, que mantinha o rosto sereno e parecia atenta as palavras dela. A jovem moça queria dizer que mesmo não estando presente no mal-entendido, ainda assim sentia-se culpada pelo ocorrido. – E sei que você falar com ele, talvez consiga mudar um pouco da má impressão que ele causou. 

— Obrigada pela preocupação, Ruby. E eu tenho certeza que Robin deve ser exatamente como você me falou. – disse, sorrindo, achando fofa a atitude da moça, em se preocupar com ela e com a imagem do irmão.

— Me desculpe por te colocar nessa situação um pouco constrangedora. – Ruby falou, timidamente, pois sabia que nem sempre era fácil mudar a primeira impressão que temos de alguém e ela sentia que estava pedindo isso à Regina. – Só achei que era meu papel como irmã assegurar que ele realmente está arrependido.

— Não há o que se desculpar, Ruby! Agradeço a suas palavras e espero que o meu horário e o do seu irmão se cruzem em breve para que possamos conversar e nos conhecer verdadeiramente. – Regina disse, com sinceridade, pois ela queria conhecer o Robin que Ruby havia falado. Uma vez que, coincidentemente, aquele parecia ser o mesmo Robin Locksley que ela havia imaginado quando o vira pela primeira vez.


xxx

Robin estava deitado e um livro lhe fazia a companhia na ausência da irmã, que havia descido para comprar algo para comer. Não demorou muito e o rapaz ouviu a porta do quarto sendo aberta e Ruby entrando com uma embalagem de viagem de comida nas mãos. Ela havia acabado de encontrar Regina, entretanto não queria falar sobre a conversa que havia tido com a médica para o irmão.

— Voltei, irmãozinho. – brincou a mais nova, entrando no ambiente e sentando no sofá que ficava ao lado direito do leito onde Robin estava, embaixo da janela do quarto. 

— Ainda acho que você não deveria comer essas comidas gostosas na minha frente, enquanto eu sou obrigado a comer essa comida sem sal. – resmungou, a fim de provocar a irmã. 

— Eu já te disse, ou você fica sozinho por mais tempo, ou eu como algo gostoso na sua frente. Mas você é folgado, quer minha companhia e que eu fique comendo comida de hospital? Sai fora. – a morena falava o provocando, sabendo que Robin estava brincando, enquanto tirava os alimentos da embalagem.

— Quando eu sair daqui, você vai ser obrigada a me pagar comida chinesa, lanches e pizza. Você sabe, né? – ele não se importava dela comer os alimentos na frente dele, mas como ele era obrigado a comer a comida sonsa do hospital, a vontade de comer algo gostoso aumentava. 

— Folgado. – limitou-se a dizer, acabando com a provocação, pois precisava arrumar uma forma de contar o que havia acontecido durante o dia. – Rob, agora, falando sério... Preciso te contar algo. – ela viu o rosto do irmão mudar a feição de relaxada para intrigada. Não seria fácil contar a ele.

— O que aconteceu? É algo com o pai? – disparou rapidamente as perguntas

— Não, papai está bem. Calma. – com cautela, continuou – É sobre Marian... Lembra que eu comentei com você que consegui falar com a tia dela depois que você me passou o contato? – Riley viu o irmão acenar afirmativamente com a cabeça. – Então, Cinthia, a tia dela, me avisou que chegou hoje a Boston. Ela disse que está lidando com todos os trâmites de documentação de Marian e que o corpo vai ser liberado amanhã provavelmente.

— Haverá uma cerimônia? – perguntou, em um tom de voz triste e Ruby respirou fundo, pois sabia que o que falaria deixaria Robin ainda mais chateado.

— Não... Com você no hospital e ela sendo a única familiar de Marian, ela optou pela cremação. – a mais nova viu os olhos do mais velhos marejarem e aquilo lhe causou um aperto. 

Ver a dor do irmão, causava uma dor nela mesma. Robin “engoliu” o nó que havia formado em sua garganta, e disse com a voz embargada:

— Eu realmente não terei a chance de me despedir, de me desculpar... – uma lágrima solitária escapou de seu olho e rapidamente ele passou a mão direita para secá-la. Ruby levantou, sentou na beirada da cama do irmão e segurou a mão dele que estava livre do gesso.

— Ela sabe que você a amava. Vocês tinham problemas? Claro, muitos casais têm. Ela sabia que, por mais que o relacionamento de vocês já não estivesse dos melhores, você sempre teria um carinho especial por ela. – Riley dizia, com uma voz doce, olhando diretamente nos olhos do mais velho. – Eu tenho certeza que aonde quer que ela esteja, ela não te culpa pelo o que ocorreu. – Robin nada disse. Encostou a cabeça no travesseiro e ficou olhando para o teto, enquanto um turbilhão de sentimentos passava pela sua cabeça. Ruby levantou-se, beijou delicadamente a têmpora do irmão e aproveitando para jogar fora os resto da comida, resolveu deixa-lo sozinho.

Robin precisava de um tempo para si, pois luto não é algo simples, mas luto, juntamente com a culpa, é algo ainda pior. 


Notas Finais


Então.. o que acharam? :)

Como de costume, quem quiser falar comigo ou ficar de olho em spoilers que solto do cap: @specterparrilla

Em breve estou de volta com um novo cap, beijos amores <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...