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História Clementine - Capítulo 5 - Recebo um boné como afeto familiar.


Escrita por: Duda_104

Notas do Autor


Boa leitura!!!! :) :D

Capítulo 6 - Capítulo 5 - Recebo um boné como afeto familiar.


Fanfic / Fanfiction Clementine - Capítulo 5 - Recebo um boné como afeto familiar.

 

Fiquei esperando a minha mãe subir no avião.

Parece que as filas mudavam toda hora. Houveram mais pessoas que se rebelavam e gritavam para serem poupados. Mas, de nada adiantava, ninguém iria fugir dali. Eu aprendi a focar calada do que implorar, pois sei que a pessoa não vai mudar de opinião comigo. A não ser, é claro, quando eu peço apenas um décimo para passar da recuperação. 

A viagem não foi muito longa. 

Dou o tempo de vinte minutos mais menos. A cena da morte daquele homem ainda me assombrava. Minha mãe percebe e pegou na minha mão. Quando ela subiu, ela estava conversando sobre algo com um agente. Ela então deu-lhe um boné, e logo o reconheci de cara. O agente examinou e falou pelo comunicador, provavelmente falando com a tal da Elizabeth Moore, a dona daquilo tudo. Tento expandir meus ouvidos.: 

— Deixe que ela leve o boné — disse a voz da mulher pelo comunicador em cima do seu ombro — Será curioso ver afeto familiar. 

O agente autorizou e senti mais raiva ainda. Percebo que alguns vestiam luvas, outros pulseiras e o resto colares. Parece que cada um tinha um item familiar seu. Minha mãe, quando chegou, me entregou o boné do time que eu torcia. Aquele boné era muito velho. Ela havia pegado para colocar na lavanderia de tão velho que estava, e ela pediu para que se lembrasse dela. Coloquei-o na cabeça, e agora, nossas mãos estavam grudadas uma na outra. Nós duas não sabemos se aquela será a última vez em que pegarei a mão da minha mãe e vise-versa. Ela está nervosa. Dá para ver. Cada um recebeu um casaco preto com capuz, então, suponho ser um local frio. Fico imaginando as noites. Se forem frias, se choverem, se fizerem muito calor... E o pior de tudo é se eu tiver que enfrentar tudo isso sozinha. Enfrentando isso com a minha mãe não quer dizer que vamos sobreviver. Mas, pelo menos, não teremos que enfrentar isso sozinhas e poderá ser mais fácil. 

Ao chegarmos, nem a luz do dia vimos. A saída era um túnel que dava para milhares de salas. Supus que aquelas seriam as salas onde entraríamos em tubos, pois os agentes nos guiavam para esses tubos individualmente. Minha mãe entendeu que aquela seria a hora em que nos separaríamos. Abraçou-me com força, porquê de fato, nunca mais nos veríamos talvez. Eu espero que este não seja o caso. 

Retribui o abraço, deixando as lágrimas caírem. Por sorte, todos já entravam em tubos. Um dos agentes já se aproximavam de nós duas. 

— Eu vou te encontrar, Clem! — prometeu ela. — Não vou deixar que te matem! 

— Separem-se! — ordenou. Nos afastamos e o agente pegou-me pelo braço. Enquanto outro pegava o da minha mãe. 

— Boa sorte, Clem! — disse ela — Eu vou te encontrar! Você não vai morrer! Não vamos morrer! 

— Mãe... — murmurei para mim mesma. 

— Eu prometo! — gritou ela, entrando em uma sala. 

Sou afastada dela e forçada a entrar na sala. O agente me empurrou até o tubo, fechando a porta logo em seguida. Apertou em alguns botões e conversava pelo comunicador no seu ombro. 

Meu coração ia a mil por hora. Eu suava frio com nunca, enquanto ouvia passos e sons tecnológicos tamborilando pelas paredes. Não conseguia permanecer parada, e não sei se é culpa do TDAH ou é o medo mesmo. Eu queria mais do que tudo sair dali. De repente, eu sinto claustrofobia, coisa que eu já havia superado com tantas manhãs de intervalos sendo jogada para dentro do meu armário. 

Depois de segundos, uma luz vermelha no alto da parede da minha direita acendeu. Aquele som me assustou. O agente pegou na alavanca e ouço um som. 

— Boa sorte, 8 — diz ele, chamando-me pelo meu "código" e o meu nome a partir de agora. Olho para o colar e vejo que está escrito isso. 8. Um nome perfeito para uma cobaia. — Você vai precisar de muita! 

Senti falsidade e maldade em sua voz, e só lhe dirigi um olhar sombrio e xinguei-o, enquanto o tubo se movia para a direita lentamente. E ele podia me ouvir. Eu queria que ele me ouvisse. Não teria como ele me matar ali. Talvez ele já soubesse que eu morreria em poucos segundos. 

Comecei a bater no vidro, mas parei após perdê-lo de vista. Encosto a minha testa no tubo, chorando. Mas tento recompor as lágrimas. Limpo-as com as costas das mãos e o tubo aumenta a velocidade. Cinco minutos depois, o tubo para. 

Me recomponho totalmente e uma voz soa lá de dentro. Tudo ao meu redor era apenas breu. 

— Atenção, grupo do Norte — a voz da mulher soou. Eu estava prestes a xinga-lá também — Espero que estejam cientes das regras. Se alguém matar o outro antes dos 5 minutos, será fuzilado imediatamente sem pena. Armas são raras de se encontrarem, então use-as bem. E por último, saibam que são sortudos de fazerem parte do experimento. 

Também a ofendi. 

— Eu desejo-lhes boa sorte! — e a frase se encerra. 

O tubo começa a subir. 

Eu começo a gritar que não. Que eu não queria aquilo. Que eu só tinha 13 anos. Que eu tinha muita coisa para presenciar ainda. 

Meus olhos lacrimejam. Thor não irá conhecer a sua verdadeira filha? Ele nunca saberá de minha existência? Eu nunca irei ver o meu pai biológico? Muitos pensamentos me veem a cabeça quando vejo a luz do dia novamente. Minha vida acabaria aos meus 13 anos de idade! Eu ainda não acreditava nisso! Nem pude ser uma adolescente normal. 

Talvez eu nunca seria, por conta do meu pai... Mas esse segredo está guardado á sete chaves, até agora. Antes de eu e minha mãe viermos para cá, apenas eu, ela, Panquecas e Loki sabíamos disso... E Panquecas? Eu nunca o verei... Nem pude dar adeus a ele. Ele podia ser apenas um gato, mas era o meu gato! E Panquecas faz parte da família... 

O tubo chegou por completo até a superfície. Eu estava localizado na beira de uma estrada. Havia um pouco de grama no asfalto e nada de resquícios de uma civilização ali. A floresta estava do meu lado e do outro lado da estrada. Não era para eu morrer assim. Nem eu e nem a minha mãe. Éramos para morrermos de velhice. Ou por Loki, pois não se sabe o que ele iria fazer. 

Além do mais, era melhor ser morta por Loki do que ser morta por um estranho. Eu, sinceramente, não sei o que vi nele. 

Eu fui carregada de emoções. Medo, nervosismo, desespero, tristeza... eu ainda espero que eu seja salva por Thor. Que os Vingadores venham e salvem o dia. Naquele lugar, eu tenho que ser forte e corajosa. Uma verdadeira e legítima filha de Thor. 

Então eu não sou muito a filha de Thor. Pois o medo está me enfraquecendo, mas tenho que vencê-lo. Mas eu estou assustada. Muito assustada. Por mim e pela minha mãe. Ela é forte e independente, mas será que ela é mesmo forte e independente o suficiente para me encontrar e nós duas sobrevivermos nesse lugar? Isso já existiu em algum lugar, talvez em um filme, onde tem que sobreviver em uma arena. 

— 10. — a voz soou do tubo de novo. 

Começo a me preparar, respirando fundo e pondo os pensamentos no lugar. 

— 9. 

Sinto raiva de repente. Raiva de todos ali. Daquela Mulher, daqueles agentes, da HYDRA, da SHIELD... Até de coisas que não tinham a ver com a situação eu sentia raiva. Raiva por estar ali. Ódio por eu e minha mãe termos que passar por isso. 

— 8. 

Imagino como ela esteja agora. Nervosa, claro. Acho isso muita injustiça. Jane Foster foi uma mãe solteira, forte e independente, por 13 anos. Teve que abandonar o sonho de astrofísica para virar enfermeira para sustentar ela e a filha. O sustento, o salário e nossas condições não eram uma das melhores, mas dava para o gasto. Eu já estava acostumada a receber um bolo de chocolate com granulado feito do mesmo simples de aniversário, acompanhado de um presente e de uma visita a algum lugar — um pequeno parque de diversões, um cinema onde está passando um filme que espero tanto e vejo o trailer diversas vezes, 100 fichas para ficar jogando no fliperama... — e um parabéns na hora do jantar com o Panquecas e a minha mãe. Para algumas pessoas da minha escola iriam querer mais. Uma viagem talvez ou uma festa. Mas eu gostava daquilo. Podia não ter muitos amigos, mas pelo menos conversava de vez em quando com dois irmãos que eram os meus vizinhos, mas que passavam mais tempo na escola ou fora de casa. Não quero uma festa gigantesca no palácio de Asgard. Aquilo me fazia feliz. E essa felicidade foi estragada. 

— 7. 

Quer dizer que a minha mãe batalhou tanto, cuidou, ensinou e me protegeu para acabar assim? Morrer nesse lugar? Morrer por causa de um relacionamento que nem deu certo e que já faz muitos anos? 

— 6. 

Do nada, me veio o pensamento de que, se não fosse por Thor, eu estaria nesse exato momento brigando com a minha mãe por ela ter me acordado cedo. E onde ele está agora? Ah, é mesmo! Em Asgard ou com os Vingadores, salvando o mundo ou se divertindo com Sif e o seu filho. E quem está pagando, tecnicamente, pelos erros deles? Sua ex-namorada e a sua filha medrosa com TDAH e que não tem poderes e nem sabe de sua existência. 

— 5. 

Penso na possibilidade de ter um poder. Que seja por favor, um poder incrível. Um poder que salvará a minha vida e a da minha mãe e que nos tire daquele lugar. Que faça com que continuemos vivas. 

— 4. 

Estalos os meus dedos e me endireito. Estou pronta para correr até o meio da estrada, onde estava uma mochila. Outra pessoa estará há 500 metros ou menos distante de mim. Eu teria que ser bem rápida. 

— 3. 

Seguro a vontade de chorar. Deixaria para esse momento depois. Eu tinha que me concentrar em pegar aquilo e fugir. Eu preciso tentar. Eu preciso tentar ser forte. Vai ser difícil? Vai! Eu vou conseguir? Talvez! Eu estou com medo e estou duvidando que possa ter um pingo de coragem? Absolutamente que sim! 

— 2. 

Olho para os céus. Penso se esse tal de Heimdall estivesse me assistindo agora. Heimdall, se estiver me assistindo, e se sabe ler mentes, chame Thor! O fato de eu ser filha de Thor vale algo? Ao olhar de novo para frente, eu vejo o que parecia ser a figura de uma garota escondida atrás de uma árvore, me espionando. Olho-a assustada, não conseguindo reconhece-lá no refeitório. E não podia terem liberado alguém mais cedo, podia? Mas, quando pisco, a garota desaparece. Tudo o que sei é que ela é loira e devia ser da minha altura, talvez alguns centímetros mais alta do que eu. 

— 1. 

Meu coração estava muito acelerado. Tão acelerado quanto um cara que é rápido que faz parte dos X-mens. Eu tenho que tentar. Por mim e pela minha mãe. Tentando ao menos quer dizer que não deixarei a luta de minha mãe durante esses anos ser em vão. Terei tentado dando o meu melhor de si. 

Um tiro soou e a porta abriu-se. 

Todo mundo correu, lógico. 

A minoria deve ter corrido até a mochila e, sem ao menos olhar o que havia dentro, correu em direção à floresta. Mas o resto viu o que tinha dentro. Em uma fração de segundos, logo após eu pular desajeitadamente, decidia se correria ou não. Senti a adrenalina percorrendo pelo seu corpo, assim como o seu medo. Corri alguns metros e recuei, decidindo voltar e correr em direção a floresta. Mas parou novamente. Como é que a minha mãe conseguiria me encontrar? Não conseguiria sobreviver sem nada nas mãos. E me esqueci do detalhe mais óbvio o possível: está distante há 500 metros de qualquer outra pessoa. 

Tentei novamente. Corri em direção a mochila. Assim que chego, pego-a sem olhar o que há dentro. Corro em direção a floresta. Fico longos minutos correndo, sentindo-me energética. Decidi correr reto, mas me arrependi imediatamente. Esses minutos eram suficiente para um adulto correr até onde eu estava. Mal coloco a mochila nas costas e um garoto mais velho que, estando na casa dos 20, corria até mim. Por onde corríamos, a mata não estava tão fechada assim. Parecia ser mais um campo vasto. Também vejo outras pessoas correndo em direções opostas. O garoto quis focar em mim, logo em mim. Pois viu que eu estava assustada demais e indefesa. Supus que o medo de morrer não me deixava raciocinar direto e não correr tão rápido assim. 

Esperei para vir a faca que ele segurava atrás de mim. Atrevi-me a olhar para trás, e vi ele preparando a faca para atirar. Eu simplesmente voltei a olhar para frente, continuei correndo, e esperei a faca atingir-me bem nas costas. Eu pensava em tudo em milésimos de segundos. Pensei em como deve ser a dor daquela faca atingindo as minhas costas. 

Mas alguém se joga em mim. Como se fosse um jogador de futebol americano. Ele, ou ela, jogou o meu corpo em direção onde eu estava e nos jogamos para o lado. Eu não senti a dor da faca, e sim a dor de alguém caindo em cima de mim. Vi a faca passando zunindo por minha mãe, nem sequer a atingindo. 

Imaginei o quanto isso ficaria gravado na minha mente e o quanto isso foi tão louco e coisa de James Bond. Minha mãe levantou-se rapidamente. O garoto correu até ela. Ela pegou o seu machado e avançou nele. O mesmo deu um soco nela. Levantei-me rapidamente, enquanto via a minha mãe, Jane Foster, dando uma machadada na sua coxa direita. Desviei os olhos para não ver a cena. Depois de dois segundos, ela volta-se para mim, enquanto o garoto pressionava o ferimento na sua coxa que jorrava sangue. Ela entregando-me o machado era uma cena que nunca pensei em ver. Até Thor ficaria boquiaberto. Engoli em seco. 

— Corre, Clem! — ordenou. Olhei para ela. Os seus olhos já demonstravam o seu desespero. Seu rosto estava com alguns pingos de sangue. — Corre! Caia fora daqui! 

— Mas mãe... Você o acertou com um machado... 

— Corra! — gritou ela, puxando o meu braço brutalmente, mas eu permaneci deitada. — Eu vou te encontrar, Clem. Eu prometo! Você vai sobreviver! 

Minha mãe levantou o seu olhar rapidamente. Levantou-se, pegando uma faca, correndo até o garoto que estava prestes a nos atacar. Eu não queria deixá-la, mas obedeci as suas ordens e corri em direção à floresta. 

Agora não havia mais volta. Aqueles podiam serem os meus últimos dias de vida. Eu me vi em um caminho onde haviam apenas duas saídas. 

Um era a morte, e o outro, a sobrevivência. Eu optei pelo segundo, apesar do primeiro ser o mais fácil e rápido. 

**** 

Eu corria sem rumo. 

O que aconteceu há poucos minutos atrás me assombra. 

Apenas mantinha minha mãe na cabeça. Se ela teria sobrevivido ou não. Eu queria poder ajudá-la, e me senti uma idiota correndo de lá. Mas foram as ordens dela. E o que eu poderia fazer? Eu só iria atrapalhar estando em perigo. Além do mais, ela ficou lá para que eu vivesse. E se eu morresse ali? A minha mãe teria lutado em vão? 

Eu estou com medo. Eu não queria parar de correr e não tinha coragem de olhar para trás. Se olhasse, pressentia que uma faca acertaria o meu rosto. Eu não tinha ideia do quanto estava com medo. A qualquer momento, alguém aparece para ataca-la. Me senti presa em uma noz. Em uma noz cheia de máquinas assassinas, pois não tinha como sair dali. Não tinha como a polícia vir até ali. Não havia nenhum resgate. Senti as lágrimas descendo pelo meu rosto e sendo levadas pelo vento. Eu não vou sobreviver. Eu estou presa ali. Aquele era o meu destino. Eu sentia falta de minha casa. Sentia falta de poder estar realmente na natureza e não em uma arena. Sentia falta do ar livre, e não o ar tenso daquele lugar. Sentia falta de minha segurança. Sentia falta até mesmo da escola e de D.G. Sentia falta do meu lar. 

As folhas das árvores eram baixas. Eram pinheiros. Eu sempre achei bonito as paisagens de um bosque de pinheiros no inverno, mas não queria morrer daquele jeito. Pelo menos, morrerei em em um lugar bonito. As folhas de pinheiros passavam pelo meu corpo. Eu sentia eles rasgando a mina pele. Meus pulmões pediram por ar, e eu os dei. Fiquei correndo pro muito tempo e devo estar bem afastada dos outros. Encontro uma árvore grande e me encosto nela, arfando. Olhei por todos os lados e me vi sozinha. Não tinha mais forças para voltar a correr. Sentei-me, encostada na árvore, ainda com o machado em mãos. Fiquei em completo silêncio. Apenas o som de minha respiração estava presente. Me assustei ao ouvir sons de folhas e galhos sendo pisoteados. Olhei ao redor assustada e me encolhi. Era agora! O momento da minha morte era agora. Nem sequer durou uma hora. Eu já deveria saber disso. Senti novamente falta de minha antiga vida. Mas depois, me senti idiota ao perceber que era eu quem estava fazendo o barulho. Eu tremia de nervosismo. Estava traumatizada com tudo aquilo. Já sabia que não sobreviveria. Já sabia que não era forte o suficiente para enfrentar tudo aquilo.  

Se fosse desse jeito todos os dias naquela arena, então, era melhor alguém vir me matar logo para parar com o meu sofrimento.



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