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História Cliche - Roupas pt1


Escrita por: secretshadow

Capítulo 42 - Roupas pt1


Fanfic / Fanfiction Cliche - Roupas pt1

O vento batia contra os meus cabelos com a velocidade em que estávamos, internamente eu estava agradecendo que tinha colocado o capacete porque eu tinha certeza que teria entrado uma mosca no meu olho ou eu teria ficado cega com o vento, contudo externamente eu fazia parecer que a ventania não estava me causando frio e medo, caso Bernard vire uma esquina e deixe a moto no ângulo errado e o nosso peso nos derrube para o lado de encontra com o chão. 

Como se pode ver, eu estava bem calma.

Eu já nem sabia mais aonde estávamos indo, depois de um certo tempo tentando reconhecer a rua, ler alguma placa e não pensar na minha morte iminente, eu havia desistido. Conseguia perceber que os prédios estavam sumindo e tinha mais árvore ao nosso redor; só esperava de coração que Bernard não estava me sequestrando, afinal, não seria a primeira vez que ele faria coisa do tipo.

Depois de mais um tempo, a moto foi parando, mas era impossível termos chegado em algum lugar sendo que a única coisa que tinha em volta era árvore, mato e terra. Ouvi Bernard xingar baixo e tentar acelerar a moto, mas ainda continuamos parados no mesmo lugar. 

-Eu vou dizer que você decidiu parar para tomar sol embaixo dessas árvores e ganhar um pouco de melanina invés de dizer que a moto quebrou.

Silêncio.

-Bernard, essa é a hora em que você concorda comigo. 

Silêncio.

De novo.

-Okay -eu ri nervosa- eu te conheço o suficiente pra saber que quando você não diz nada, alguma coisa tá errada -desci da moto e tirei o capacete, olhando para o rapaz na minha frente que parecia mais ocupado em tentar religar o motor do que me responder.

Adivinha o que eu recebi em troca?

Exato, mais silêncio.  

O desespero e a irritação no rosto de Bernard era visível, principalmente pelo fato que ele estava respirando rápido e o vidro do capacete estava embaçando. 

-Ner? -o chamei, franzindo o cenho.

Ele continuou a mexer na motocicleta e a me ignorar, falando "droga" baixo até que chegou num ponto em que eu percebi que ele não estava me ouvindo, provavelmente perdido na possibilidade de morrermos no meio do nada assim como eu estava. 

-Bernard -eu falei mais uma vez e me aproximei da moto. 

Apenas quando eu coloquei a minha mão sobre a dele foi que Bernard finalmente olhou para mim.

-Já era, a Harley se foi -gesticulei para o nosso mais novo inútil meio de transporte e coloquei a melhor cara de decepção que consegui. 

-Harley? Ela se chama Petúnia -ele me corrigiu, tirando o capacete.

-Que mané Petúnia. Da última vez que eu soube, a sua moto era Harley.

-Você esta falando da antiga moto, essa é nova.

Abri minha boca fazendo um "ah", agora entendendo. Não faz nem um ano de quando Bernard apareceu na calçada de casa, todo feliz, mostrando o que tinha comprado com o próprio dinheiro.

-E de onde você tira tanto dinheiro pra comprar moto? Virou gângster e eu não tô sabendo? 

Finalmente, Bernard abriu os lábios num sorriso, balançando a cabeça negativamente. 

-Pensei que você já soubesse disso, afinal, eu tenho meus brownies e baseados. 

Revirei os olhos e senti meu estômago revirar de fome com a menção de comida, mas agradeci que não tinha sido alto o suficiente para Bernard ouvir.

-Então, o que você acha que aconteceu? -perguntei, me referindo à moto que se recusava a funcionar.

-Sei lá, deve ter sido algum fusível.

-Divino Espírito Santo agindo novamente é que não foi -murmurei- você não sabe consertar?

-E eu lá tenho cara que sei mexer em moto? -ele saiu, deixando o capacete em cima do assento.

-Hã... Você é um garoto? O qual tem, aparentemente, a sua segunda moto? -falei como se fosse óbvio, cruzando os braços.

-E só por causa disso eu tenho que ter diploma em ser mecânico? 

-Não, eu só pensei que-

-Todo cara que tem moto sabe como consertar motor? 

-Sim...? -respondi, agora me sentindo mal por ter pensado assim.

-Você tem que parar de generalizar as pessoas, Abby -ele deu um passo para perto de mim e enroscou seu dedo no cós do meu shorts- Pensei que já tivéssemos conversado sobre isso.

Mostrando que ainda tinha o mesmo poder que três meses atrás, minhas bochechas esquentarem. A lembrança de uma briga, ou talvez várias, sobre como eu comparava Liam com Bernard em alguns sentidos sendo a causa. Nunca realmente foi a minha culpa, eu pensava nessas coisas no automático, eu tinha acabado de sair de um relacionamento forçado e estava finalmente livre, e pensar em como o meu ex agiria de forma diferente do cara que eu estava me envolvendo não pareceu errado na época, até Bernard ouvir eu perguntando porquê ele não era tão gentil como Liam com outras pessoas. 

Digamos que quando você é um garoto que sofreu bullying por ser gordinho e depois de ter perdido quase vinte quilos de gordura e ganhado mais dez de músculo, afetou algumas partes de Bernard, uma delas sendo a comunicação. 

Voltando ao momento atual e saindo da estrada nostalgia, me deparei com um par de olhos azuis me observando. 

Bernard estava muito perto de mim, tipo, muito. Eu tinha duas opções naquele momento: eu me inclinava para frente e seria lembrado de como é beijar Bernard, o rapaz que vem literalmente desenterrando sentimentos que eu havia pensado ter acabado -era como se ele tivesse pegado uma pá, batido na porta do meu coração e falado "pensou que tinha se livrado de mim?" e rido malignamente, ou eu poderia dar um simples, mas efetivo, passo para trás e pisaria em qualquer chance que teria de sentir os lábios de Bernard contra os meus.

Acho que foi bem óbvio qual eu escolhi, né?

BAZINGA!

Eu realmente escolhi qual eu iria fazer, porém eu nunca segui em frente, sabe por que?

Meu celular começou a vibrar no meio dos meus seios.

Eu tinha colocado ele lá porque eu estava com medo de cair no meio da rua e eu não ouvir, acarretando na perda do meu único meio de comunicação viável. 

O negócio é que eu não estava esperando pela interrupção do meu celular, e acabei dando um pulo para trás. Bernard pareceu não ter sido afetado e apenas riu de mim -o que não era novidade- enquanto eu tirava o celular do meio dos meus meio de alimentação para o meu futuro filho ou filha, e atendi.

-Alô?

-Abigail Marie Patel, são quase cinco horas da tarde, posso saber aonde a senhorita está? 

Se eu não soubesse que era a minha mãe aquele ponto, apenas pelo fato dela ter me chamado por meu nome inteiro já a entregava. 

-Eai, mãããe, tudo beleza?

-Abigail, por que você não está em casa?

-Porque eu tô na rua...? 

-Mocinha...-

Ergui meu olhar para Bernard que estava me observando passar vergonha e provavelmente ouvindo a bronca que minha mãe estava despejando no telefone. 

-...Deu pra entender? -a voz brava da minha mãe me acordou dos meus pensamentos.

-Claro, claro, -respondi, sem saber sobre o que eu estava concordando- na verdade, eu tô com o Bernard. 

-Bernard, o vizinho?

-É.

-Bernard, o menino que você era apaixonada?

-Aham -sorri forçado para o rapaz a minha frente, não acreditando que a minha mãe estava perguntando isso.

-Bernard, o-

-Sim, mãe, esse Bernard -cortei ela, respirando fundo.

-Hm, okay... 

-Okay? -perguntei, estranhando a forma como ela estava bem mais calma.

-Eu conheço ele, agora eu sei que você não foi sequestrada.

-Nossa, valeu.

-Que horas você vem pra casa?

-Não sei.

-Como assim você não sabe?

-Não sabendo, ué -dei de ombros, não querendo dizer que a moto de Bernard tinha quebrado e estávamos no meio do nada.

-Isso é jeito de se falar com a sua mãe? -ela perguntou soando brava e eu automaticamente abaixei a cabeça, olhando para os meus pés.

-Não... 

-Não o quê?

-Não é jeito de se falar com você, desculpa.

-Isso mesmo.

Suspirei, ainda ciente do olhar de Bernard sobre mim. Não iria nem perguntar se dá para piorar porque sempre que a personagem na história faz essa pergunta, as coisas sempre pioram.

-Abby, quero você em casa logo.

-Eu estava pensando em dar uma volta com o Bernard... -comentei, minha voz tristonha. 

-Não sei... 

-Por favor.

-Talvez.

-Por favorzinho?

-Tudo bem, mas eu quero você em casa antes do horário de ir dormir.

-Okay -abri um sorriso- valeu, beijo!

-Tchau, filha.

Encerrei a ligação e devolvi o celular para o meio dos meus seios, ignorando a risadinha de Bernard.

-Por que você não pediu pra eu guardar seu celular? -foi a primeira coisa que ele perguntou e e eu nem me surpreendi, já ciente que Ner sabia como era a minha mãe.

-Não sei -dei de ombros- mas já foi.

-Então... -ele arrastou a palavra, deitando a cabeça para o lado.

-Então...? -incentivei, curiosa.

-Você agora tem um toque de recolher?

-Não exatamente, é mais um acordo que fiz com a minha mãe pra chegar em um certo horário.

-Que são?

-Onze horas.

Bernard enrugou o nariz e tirou o celular do próprio bolso, digitando alguma coisa. Esperei que ele me explicasse o que ele queria dizer com a forma que tinha me olhado, mas ele levou o celular para a orelha e logo começou a falar com alguém do outro lado da linha, que logo eu descobri ser o guincho. Depois de ter desligado o celular, me encostei na moto e levantei a sobrancelha, olhando para Bernard.

-O que foi? -perguntei depois de um tempo com seu olhar de volta á mim, me deixando um pouco desconfortável.

-Eu tenho uma festa hoje-

-Não -interrompi ele.

-Mas você nem me deixou terminar! -ele protestou.

-E nem precisa, você acabou de ouvir o que eu disse, eu tenho que estar em casa ás onze e sei que se você me levar para uma festa, não vou sair de lá nesse horário.

-E o que que tem ser eu? -perguntou, parecendo ofendido.

-Você sabe o que eu disse -sorri de lado, e notei o reconhecimento brilhar nos olhos dele ao entender.

Para dizer de um jeito bem resumido, Bernard é aquele cara que fica até o último minuto em uma festa, indo embora só quando o DJ desligar o som ou, nas vezes em que ele está bem alterado, o segurança pede para ele sair. 

-E se eu dizer que essa festa é diferente? 

-Diferente como?

Bernard deu de ombros, sabendo que fazendo isso ia, mais cedo ou mais tarde, me fazer ceder.

-Onde é?

De novo, ele me respondeu com aquele sorrisinho maroto idiota que ele sabe muito bem me ganha. 

Suspirando, cruzei os braços ponderando entre desistir e ir para a festa ou dar uma de difícil e passar o resto do meu sábado em casa.

-Quebrar o horário de recolher não vai te matar -ouvi Bernard cantarolar ao meu lado.

-É, mas a minha mãe sim.

Ele riu e acabei soltando uma risada baixa. Eu tinha dezessete anos, me dedicava aos meus  estudos e tinha notas exemplares (nada abaixo de seis, tirando física), e nunca me encrencava, pelo menos não semanalmente. O que iria acontecer de ruim em ir na festa? Eu vou precisar de história para contar ao meus netos e mostrar como eu era foda, né?

Olhando para os lábios sorridentes de Bernard, levei minha mão até seu rosto e o empurrei para o lado de brincadeira.

-Você venceu, -avisei- vamos pra festa.

•••

Cerca de uma hora depois, o caminhão do guincho chegou e levou mais vinte minutos para nos deixar na oficina. O mecânico ficou conversando com Bernard sobre motocicletas e os cuidados que tinha que ter e ainda ofereceu dar uma aula grátis para ele na hora, mas ele negou -talvez pelo fato de eu estar batendo meu pé no chão nervosamente ou que estava quase dormindo de tédio em cima daquele balcão empoleirado.

Eu só sei que ao sentar no assento no fundo do ônibus, encostei no ombro de Bernard e realmente dormi. Tenho quase certeza que ele estava tentando falar alguma coisa para mim, mas iria ter que ficar para mais tarde, e quando digo mais tarde, na verdade foi nunca, porque descemos depois de uns quinze minutos e eu fiquei enchendo o saco de Bernard perguntando se estávamos chegando ou não. 

Entramos em uma galeria que aparentemente estava tendo uma exposição de quadros, segundo o cartaz que eu consegui ler antes de entrar. Com segurança eu digo que aquele lugar deve ter sido um dos mais baratos tanto para pintar as paredes como para decorar, só tinha branco para onde quer que você olhasse. 

Balcão branco: confirmado.

Chão e parede branco: confirmado.

Quadro com a tela branca: confirmado.

Até a mulher que abriu a porta para nós tinha cabelo loiro platinado que era basicamente branco.

-Onde estamos indo? -eu perguntei ao estranhar o fato que Bernard passou reta na parte dos ingressos para entrar na exposição.

Bernard olhou para mim de soslaio com um sorriso no rosto. Esperei pela minha resposta e percebi que ele ia me deixar no vácuo, então dei uma cotovelada em seu ombro, ganhando sua atenção junto com uma cara feia.

-Ai, Abby -ele massageou aonde eu tinha acertado e balançou a cabeça negativamente para mim.

Limpei a minha garganta, sinalizando que eu queria a minha bendita resposta. Percebi que estávamos quase nos fundos daquela galeria e ele estava me levando até uma porta que surpreendentemente era preta e não branca. Bernard abriu a porta, empurrando-a de um jeito que eu percebi ser pesada quando ele me respondeu:

-É um atalho.

Uau, não sabia o que era melhor: ele ter me respondido ou não.

Viramos o prédio e Bernard encontrou uma outra porta no meio daquela escuridão toda e começamos a descer algumas escadas. Entrando no prédio, eu deduzi que estávamos meio que no"porão", por assim se dizer, da galeria. No fundo do corredor tinha um cara em pé na frente de uma porta e aquele ponto eu já estava ficando cansada de quantas portas eu já havia passado; o rapaz estava sem blusa e calça, usando apenas uma cueca box cinza, meias brancas que iam até o tornozelo e, claro, para fechar aquele look super normal, seu rosto estava pintado de panda, tornando praticamente impossível reconhecê-lo.

Meu acompanhante me mostrou o contrário quando abriu sorriu para o Homem Panda igual uma mala velha e deu uns tapas no ombro dele ao se abraçarem. 

-Já sabe o que tem que fazer -o Homem Panda disse para Bernard, apontando para o lado.

Olhei na direção que ele fez sinal e notei sacos de lixos com etiquetas em cima e eu tenho quase certeza que eram nomes que estava escrito. Eu estava pronta para dizer para o Homem Panda -sim, esse era o nome dele oficialmente- que não, eu não sabia o que eu tinha que fazer, quando Bernard puxou a sua blusa para cima, tirando-a do corpo e jogando no chão. Segundos depois a sua calça se encontrava ao seu lado e, o rapaz que uma vez eu julguei ter sanidade, pegou uma sacola de lixo preta e enfiou as suas roupas dentro.

-O que você está esperando? -ele olhou para mim depois que percebeu que eu estava o olhando, parada no meu lugar.

-Entender o que você está fazendo -eu respondi como se fosse óbvio.

-Tire as roupas, Abby -me pediu, pegando outro saco de lixo e estendendo para mim.

Não seria nesse contexto que eu gostaria que ele fosse dizer isso para mim, muito menos na frente de alguém que eu nunca tinha visto.

-Não...? 

-Vai valer a pena -Bernard puxou o cabelo para trás e me olhou calmo.

-Eu confiaria nele -o Homem Panda disse, mandando um sorriso sinistro para mim.

Sinistro porque ele estava sem roupa, com uma maquiagem no rosto no meio de uma noite de sábado, no subsolo de uma galeria.

Olhei para Bernard, para a porta atrás do Homem Panda, para os sacos de lixo que provavelmente estavam cheios de roupa e depois voltei para Bernard.

Seja o que Deus quiser.


Notas Finais


eu dividi em dois pq se n ia ficar mt longo mas............... espero a tenham gostado

eu to cheia de dor no corpo e dormi por meia hr qnd lembrei q queria postar ainda hj mas passou da meia noite então vamos fingir q n passou realmente e eh isso

me desejem melhoras pf


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