História Close to you - yoonmin version - Capítulo VIII

Capítulo VIII

A água triste cai como um sonho,
sonho velho que se esqueceu...
( Quando virás, ó meu tristonho
Poeta, ó doce troveiro meu!...)

E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,`
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...

Cecília Meireles

Depois daquele estranho incidente envolvendo Jimin, a minha vida voltou ao normal. Eu trabalhava, estagiava e estudava tanto que não sobrava nem mesmo tempo para pensar besteiras. O alfa só aparecia nos meus pensamentos quando eu olhava para Somin no início da tarde e quando eu esperava para ver quem a buscaria no fim da aula, nada mais. Eu não sabia se estava conseguindo me libertar um pouco do sufoco que era estar apaixonado por aquele cara idiota ou era a minha rotina maluca mesmo que estava me deixando mais anormal do que o comum.

Somin estava sempre sendo buscada por uma vizinha, o que me deixava aliviado e profundamente irritado ao mesmo tempo. Jimin estava me evitando? Depois de tudo o que disse?

Eu deveria estar feliz com aquilo, pois eu não precisava ser mais um nas mãos do alfa, eu definitivamente não queria me afundar ainda mais na minha paixão unilateral.

O estágio tinha acabado mais cedo naquele dia, a tal vizinha se despediu de mim junto com a pequena Somin e eu fiquei olhando as duas se afastarem antes de arrumar minhas coisas e seguir para o trabalho. Eu iria mais cedo porque não tinha muita coisa para fazer e eu meio que precisava de horas extras, pois as despesas estavam começando a incomodar o meu pequeno bolso.

- Está adiantado Suguinha. – encarei o alfa loiro com uma careta feia ao ouvir aquele maldito apelido. Namjoon era um piadista e achava muito engraçado zoar com a minha palidez.

- Eu sei olhar no relógio Joonie. – retruquei usando o mesmo apelido ridículo que Jin o chamava.

- Não força a amizade, cara. – engrossou a voz.

- Como se você me assustasse. – ri da sua cara. Eu tinha medo do alfa no início, mas com a convivência eu percebi que além de ser um cara muito bacana o alfa era apaixonado demais por Jin para tentar se engraçar para o meu lado. Viramos amigos assim que eu baixei a minha guarda e eu ainda não tinha me arrependido disso. E olha que eu sou muito bom em me arrepender das coisas.

- Saudades do carinha tímido e medroso dos primeiros dias. – resmungou ele suspirando. – Pelo menos você me respeitava.

- Isso porque eu não sabia que era mais velho, pirralho. – falei de propósito para o irritar – o que tinha se tornado um passatempo bem divertido. – Me chama de hyung, vai. – terminei sorrindo.

- Nem nos seus sonhos, anão de jardim.

- Poste.

- Açúcar.

- Cachorrinho.

- Preguiçoso.

- Bebezinho.

- Vocês não sabem parar não? Eu não sabia que tinha uma creche. – reclamou Jin parando de ler o seu jornal e olhando para nós dois de forma irritada.

- Desculpa amor.

- Desculpa hyung. – respondemos na mesma hora e sorrimos um para o outro, mostrando que os apelidos haviam parado apenas por hora.

Trabalhei normalmente em meio a risadas e algumas piadas e logo estava na hora de ir embora. Eu estava mais cansado que o normal, mas mesmo assim comecei a caminhar em direção ao meu apartamento. Por estar sonolento eu achei que estava ficando maluco quando pensei estar sendo seguido, mas logo o som de passos vindo de um beco escuro me fizeram apertar o passo e agarrar a minha mochila com força em frente ao meu corpo.

- Volta aqui gracinha.

- Nossa que cheiro maravilhoso esse ômega tem. – falavam os caras enquanto eu saía correndo.

Infelizmente eu era muito mais lento e logo os dois caras me puxaram pelos braços, tentando me imobilizar de qualquer jeito com suas mãos e pernas nojentas.

- ME SOLTEM! – gritei enquanto juntava todas as minhas forças e socava o nariz de um deles, que me soltou gemendo de dor. Meu pulso doeu muito depois daquilo, mas eu ainda tinha que me livrar do outro cara, que continuava tentando agarrar o meu pescoço.

De repente o homem é literalmente jogado para longe de mim e eu caio no chão sem forças e sem ar. Eu ouvia uma briga se desenrolando, mas logo os caras saíram correndo ao ver que não valia a pena comprar uma briga por causa de um ômega.

- Você está bem?

- Como diabos você sempre aparece onde eu estou? – perguntei surpreso e aliviado.

- Talvez porque eu vivo te seguindo, seu idiota! – resmungou Jimin enquanto tentava me colocar de pé.

- Meu pulso dói. – reclamei enquanto levava a mão boa ao pescoço, tentando fazer parar a irritação causada pelo perto que tinha levado.

- Você socou o cara com muita força, fiquei até impressionado. – disse o alfa enquanto pegava minha mochila e me apoiava com seu braço livre. – Vou te levar em segurança para casa e nem adianta reclamar. Depois de hoje eu não te deixo nunca mais voltar sozinho para casa.

- Como se você mandasse em mim né. – falei tentando manter o controle. A verdade era que a situação toda tinha me deixado muito assustado. Eu tentava manter a pose e não tremer muito, mas a sensação de terror ainda me dominava.

Os caras me atacaram quando eu estava praticamente chegando em casa, então não foi difícil alcançar o meu apartamento de forma segura. O problema todo foi tentar colocar a chave na fechadura sem deixar a minha mão tremer muito. Depois da quarta tentativa Jimin pegou a chave e abriu a porta sem maiores complicações, me deixando frustrado.

- Onde você tem uma caixa de primeiros socorros? – perguntou ele abrindo os armários do banheiro.

- Na cozinha. – falei baixo, tentando ignorar as dores em meu corpo enquanto sentava no sofá.

- Por que você guarda isso na cozinha? – perguntou ele incrédulo enquanto voltava à sala e se sentava no chão a minha frente.

- Não sei. – respondi fechando os olhos quando ele tentou mexer o meu pulso. – Isso dói muito!

- Eu sei, você conseguiu quebrar o pulso. – falou ele preocupado. – Eu vou precisar colocar ele no lugar, está bem? Vou imobilizar ele da melhor forma possível e amanhã cedo nós vamos ao hospital fazer um raio X. – eu só concordei com a cabeça, estava difícil manter a pose de durão. – Yoongi, se doer você pode me morder ok? – eu precisei rir com aquilo, ele realmente achava que eu o morderia por uma simples dor?

- Eu não vou te... UUUGRH! – eu não sei o que foi mais alto, o meu berro ou o estalo que o osso do meu pulso fez ao voltar para o lugar. – morder.

- Morder não, mas quase quebrou o MEU pulso. – brincou ele. Logo percebi que estava segurando com a mão boa o seu pulso esquerdo com muita força.

- Me desculpe. – disse enquanto o olhava enrolar delicadamente uma faixa pelo meu braço e mão, tentando não me machucar no processo.

- Vamos ver esse pescoço agora. – falou ele levantando os olhos para mim e franzindo os olhos de raiva.

- O que foi? – perguntei.

- Olha o estado que aqueles idiotas te deixaram, eu devia ter matado eles. – eu ri.

- De médico à assassino?

- Nem brinca, deixa eu passar alguma coisa nesse pescoço logo, está muito vermelho e machucado. – disse ele enquanto pegava uma gaze com remédio e passava pela minha pele. Eu fechei os olhos com a dor e tentei respirar fundo enquanto ele passava delicadamente um gel na minha pele maltratada.

Eu não sei exatamente como, mas o peso de tudo se tornou insuportável e quando eu percebi estava chorando de forma desesperada agarrado ao alfa. Eu me sentia constrangido de me deixar levar pelo medo, mas tudo o que tinha ocorrido nos últimos meses de repente ficou pesado demais nos meus ombros, me fazendo desabar ali mesmo.

- Vai ficar tudo bem. – sussurrou Jimin em meu ouvido depois de me pegar no colo ali mesmo, no chão da sala. Apoiei minha cabeça em seu pescoço e me permiti chorar tudo o que estava guardado em mim, inclusive o meu amor por ele.