História Closer - Incessant tears

As lágrimas que deslizavam minha face, eram incessantes. Seu calor, o aroma que exala de suas vestimentas, um perfume qualquer, mas doce, Jeon...

 

— O que você está fazendo aqui? — Desvencilhei de seus braços e sai de perto, podendo olhar melhor seu rosto e perceber que aquele era mesmo Jungkook — Por que está aqui? Como está aqui? — Alguns passos foram dados para frente, conforme ele andava em minha direção, eu era obrigada a andar para trás — Não se aproxime de mim! — Os passos foram cessados — Quem é você?!

 

— Jeon. — Falou com a cabeça baixa.

 

— Não, ele morreu! — Seu rosto foi levantando devagar e quando eu pude ver sua face por inteira, lágrimas escorreram de seus olhos e deslizaram por sua face.

 

— Não Leah, eu estou vivo. — Uma expressão indescritível surgiu em meu rosto, não sabia o que estava sentindo, se era raiva, tristeza, alegria, eu não conseguia decifrar esse sentimento que estava me inundando neste exato momento por conta da aparição de Jungkook — Eu...

 

— Não fale... — Tentou se aproximar, mas eu o repeli — Não se aproxime!

 

— Me deixe te explicar o que está acontecendo...

 

— Não! — Gritei com raiva com uma intensidade que fez com que minha visão embaralhasse e meu corpo perdesse o equilíbrio.

 

— Leah...! — Senti meu corpo ser segurado por Jeon, mas eu não queria que ele encostasse em mim, não queria que se aproximasse, não queria nada dele.

 

— Me solte... — Minha voz saia em um tom embargado com um misto de raiva e tristeza — Você não é real... — Mais lágrimas saíram de meus olhos, assim como outras saíram dos olhos de Jungkook.

 

— Eu nunca mais irei te soltar.... Nunca mais, Leah... — Novamente nossos corpos foram colados em um abraço caloroso, com muitos sentimentos envolvidos para somente aquele contato, mas Jeon conseguia fazer isso, mesmo após três anos, mesmo após tudo o que aconteceu em minha vida, meu coração ainda batia por ele.

 

— O que está acontecendo...?

 

 No entanto, ele pertence a outra pessoa.

 

— Yoongi... — Jungkook se assustou com Min e enfraqueceu o abraço, o que fez com que eu pudesse sair de perto dele e ir correndo para Yoongi.

 

— Me tire de perto dele... — Mesmo com a voz baixa, claramente dava para entender que eu queria desesperadamente sair daquele lugar — Me leve daqui, por favor...

 

Sem nem mesmo entender a situação, sem nem ao menos indagar algo sobre Jungkook, ele pegou em minha mão e me tirou dali como eu havia pedido. Estava doendo, tudo estava doendo, eu estava deixando Jeon quando finalmente eu consegui vê-lo, após todos esses anos, eu estou fugindo dele, três anos se passaram e a única coisa que eu consigo fazer é ser covarde. Enquanto a covardia toma conta do meu ser, Yoongi calmamente me guia para sairmos do prédio, calmamente, ele está tão calmo, e eu não entendo o porquê de estar dessa forma após ver Jungkook. Há tantas coisas que eu quero entender, mas não irei obter as respostas das minhas dúvidas tão cedo.

Quando já estávamos dentro de seu carro e indo para onde quer que Yoongi estivesse me levando, um enjoo repentino fez com que eu obrigasse ele a parar o carro e tivesse que entrar em uma loja de conveniência para usar o banheiro. Ele me acompanhou e estava aflito vendo minha situação. Como eu iria explicar para ele isso? Por que tudo está caindo agora? Por que o céu está zombando de mim após anos? Por que minhas lágrimas se tornaram incessantes? Por que tudo tem que ser assim? Por que a vida me odeia? Eu não entendo isso e nunca entenderei, pois não importa o quanto eu me esforce para seguir em frente, a vida sempre irá me derrubar e tornar todos distantes de mim, não importa o quão perto as pessoas que me amam estarão, a vida irá distancia-los e me machucará, como vem fazendo desde sempre.

 

— Leah...? — Me levantei do chão e dei descarga, lavando minha boca na pia e enxugando na manga da minha blusa — Vamos ao hospital...

 

— Não... Eu não preciso ir para um hospital... — Me apoiei nele e começamos a ir para fora, ele agradeceu por terem me deixado usar o banheiro e fomos para o carro.

 

— Você está passando mal, não há médicos particulares atendendo neste momento, mas no hospital há, não seja teimosa e me deixe te levar...

 

— Eu não preciso ir...

 

— Leah!

 

— Eu estou grávida seu idiota. — Encostei meu corpo no banco e fechei os olhos. Não daria para esconder por muito mais tempo, e como o mundo estava desabando para mim hoje, não ligaria de contar isso para ele — Eu deveria ter contado para você antes, me perdoe... — Um suspiro, longo e pesado, somente isso foi dado antes do carro começar a andar e o silêncio predominar. Era melhor assim, deveria ser melhor assim, então por que não está sendo? Por que eu esperava uma reação melhor dele?

 

Após longos minutos, com uma expressão perdida e ao mesmo tempo concentrada, Yoongi parou em frente há um hotel, eu conhecia aquele lugar, mas preferi não perguntar nada. Foi até o estacionamento e deixou o carro ali, me ajudou a sair dele e me levou até o elevador, o vi pressionar o botão quadriculado com o número 12 e assim que as portas se fecharam, algo parecia estar nos sufocando, não somente a mim, mas dava para notar que ele não estava confortável. Esperei pacientemente o elevador subir para o décimo segundo andar. Assim que o elevador abriu as portas metálicas, Min segurou em minha mão e me guiou pelos corredores até parar em frente a uma porta e destrancá-la. Assim que entramos e a porta foi fechada, Yoongi me abraçou e se desmanchou em lágrimas e sem saber o motivo, as lágrimas retornaram a deslizar pelo meu rosto.

 

— Me diga... — Mal conseguia falar por causa do choro — Me diga que aquele não era Jungkook... — Abracei seu corpo e chorei mais ainda — Leah... — Meu choro já ecoava pelo apartamento.

 

— Eu não sei o que está acontecendo... Ele apareceu do nada...  Achei que fosse coisa da minha cabeça, mas não era. — Pousou sua cabeça em meu ombro e pareceu estar tentando se acalmar, mesmo que não fosse cem por cento, parecia estar mais calmo quando se recompôs e olhou para mim.

 

— Está tudo bem, não fique mais nervosa. — Acariciou meu rosto e encostou nossas testas, fechei os olhos e respirei fundo — Há quanto tempo está gravida?

 

— Faz três meses.

 

— Por que não me contou antes?

 

— Não achei que ela iria sobreviver, mas Jimin me levou no médico e ele me disse que não havia nada de errado comigo.

 

— Nunca mais esconda algo tão importante assim de mim.

 

— Não esconderei. — Abri meus olhos e olhei em volta — Por que me trouxe para este lugar?

 

— Eu moro aqui, quero dizer, morava antes de todas as acusações.

 

— Olha Yoongi, sobre isso, eu não sei o motivo para o processo estar demorando tanto.

 

— Na verdade, já foi resolvido. — O olhei assustada.

 

— Como já foi resolvido?

 

— Eu estava preocupado com você, parecia tão sobrecarregada e cansada, cuidar do meu caso a prejudicaria mais ainda. Então, pedi, na verdade acho que cheguei a implorar para o seu amigo pegar esse caso para ele.

 

— Mas isso não pode acontecer, eu teria que ter assinado alguma autorização ou algo do gênero que permitisse a troca.

 

— E você assinou, bom, não deve ter percebido, mas assinou.

 

— Yoongi!

 

— Não grite. Eu não fiz por mal, só não queria te ver mais acabada ainda. — Soltei o ar pela boca e olhei para ele.

 

— Você deve me avisar Min, mesmo que fosse para me aliviar, eu não sabia que já estava resolvido e seu caso ainda martelava em minha cabeça até agora.

 

— Me desculpe Leah, eu não pensei por esse lado.

 

— Apenas me avise quando for fazer algo tão importante assim.

 

— Tudo bem, irei avisa-la. — Colocou as mãos no bolso do casaco que usava e riu abafado, balançando a cabeça de um lado para o outro.

 

— O que foi? Por que está rindo?

 

— É que é engraçado o fato de que eu vou ser pai... — Não pude deixar de sorrir e balançar a cabeça negativamente.

 

— Está feliz com isso?

 

— Se eu estou feliz? Bom, foi algo repentino e que me surpreendeu bastante, mas fora isso, eu estou muito feliz. — Ele realmente emanava felicidade — Já sabe se é menino ou menina?

 

— Ainda não sei, talvez na próxima vez que eu for ao médico de para ver o sexo da criança. — Por mais que neste momento estivéssemos felizes, ainda havia mais uma preocupação — Min, eu não sei mais o que vou fazer se meu pai descobrir que estou grávida.

 

— Não se preocupe com isso, eu vou te proteger. — Pegou em minha mão e me levou até um quarto, que provavelmente era seu. Sentamos na cama e Yoongi me abraçou forte — Se quiser, pode ficar aqui. Eu não irei deixar você sozinha e este lugar é seguro, ninguém entra nesse apartamento sem a minha permissão. Você ficará melhor aqui, não acha?

 

— Talvez eu fique Min, mas eu tenho minhas coisas para resolver. Trabalho, ver o que vou fazer com meu pai, Jungkook... É muita coisa que precisa ser resolvida.

 

— Apenas não se sobrecarregue de mais, está bem? — Concordei com a cabeça e respirei mais aliviada por estar com ele — Poderá ao menos vir aqui todos os dias?

 

— Virei depois do trabalho.

 

— Passará as noites aqui, certo?

 

— Tenho que trabalhar, não posso ficar aqui durante a semana.

 

— Eu te levo todos os dias para o trabalho, não me importo com isso.

 

— E quanto a você?

 

— Eu?

 

— Sim, não irá trabalhar?

 

— Meu pai disse que não tem como eu entrar na empresa neste momento e que terei de esperar um pouco.

 

— Quanto?

 

— A vida inteira.

 

— Min!

 

— Não me culpe, foi o que ele me falou quando eu perguntei isso.

 

— E o que vai fazer?

 

— Mandei um currículo para a concorrência.

 

— Você não presta.

 

— Eu sei. Mas eles já me chamaram para uma entrevista e teste, acho que conseguirei o emprego.

 

— Espero que consiga.

 

— É o que esperamos. — Soltou meu corpo e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha — Acho melhor você descansar um pouco. — Apenas concordei com a cabeça e, como havia esquecido de tirar o sapato na entrada, após retira-lo, Min levou até a entrada e enquanto isso eu me deitei e respirei fundo várias vezes.

 

Eu devo agradecer um milhão de vezes por ter Yoongi ao meu lado. Se não fosse pela sua insistência em permanecer comigo, talvez agora eu nem estivesse viva.

 

— Não é mesmo? — Sussurrei e acariciei minha barriga — Vai dar tudo certo... Tem que dar... — Sem nem mesmo perceber quando foi que aconteceu, eu adormeci, pensando no que viria pela frente e temendo pelas vidas de Yoongi e dessa criança...

 

**Sr. Kim**

 

— O que foi que disse?! — Me levantei da cadeira e bati na mesa.

 

— Eu estou falando sério.

 

— Aquela imbecil! — Meu ser estava pegando fogo — Como ela ousa cuspir na minha cara dessa forma?!

 

— Eu gosto muito dela por isso vim te contar, no entanto, não quero que a machuque.

 

— Você não tem poder para escolher o que devo ou o que não devo fazer com a minha filha!

 

— Se você ousar encostar um dedo nela para machucá-la, poderá ter a certeza que no próximo segundo estará morto!

 

— Não tenho medo de você. Se acha que quem morrerá no final vai ser eu, pode ter a certeza de que está muito enganado.

 

— Depois não me diga que eu não te avisei, pois neste momento eu estou fazendo isso. — Se levantou da cadeira e saiu da minha sala.

 

Aquela criança estúpida e aquela imbecil que eu chamo de filha vão pagar muito caro, muito caro...