História Closer - Capítulo Único

Meu corpo se mexia calmamente enquanto I Miss You, do Blink-182 tocava das variadas caixas de som espalhadas pela casa de Alex Pall, um colega meu que manda muito bem nos remixes. Modéstia à parte, eu também sou bom mas não seguirei uma carreira de DJ, pois meu pai diz que isso não dá lucro e que é um desejo idiota de um adolescente de 18 anos que pensa que a vida é fácil.

Estava tudo ótimo. Eu possuia um copo de vodka quase vazio em uma das minhas mãos e meus olhos estavam fechados, o que me permitia desfrutar ainda mais da música. Mas aí eu resolvi abri-los, apenas para conferir se havia mais alguém dançando na extensa sala, e eu acabei encontrando ela.

Sua expressão era de pura fascinação, mas não por mim. Minuciosamente, ela observava a casa e as pessoas bêbadas que ainda dançavam ao som de I Miss You, e foi aí que ela finalmente me olhou. Eu a olhava como um babaca, eu tive essa certeza quando vi ela arquear uma de suas sobrancelhas e eu me permiti sorrir, o que a fez sorrir também.

Um calafrio percorreu todo o meu corpo naquele instante e eu sabia que deveria continuar a beber loucamente, mas eu queria desvendar o que tinha por baixo daquele vestido preto colado em que ela estava trajada.

Ergo meu copo para cima em forma de cumprimento e ela assente levemente com a cabeça, caminhando para a cozinha com uma garota de cabelo rosa, que supus ser sua amiga.

— Hey, bro! – grito contra a música para que Alex me escute.

— Bro, que saudade! – vira-se para mim e me envolve em seus braços. Nos vimos há exatos dez minutos mas provavelmente ele não se lembra, já que está quase caindo de tão bêbado. — Essa é a... Desculpe, esqueci seu nome novamente. – diz à loira parada ao seu lado.

— Alex, eu só vim pedir para colocar alguns dos seus remixes. Pode?

— Claro, bro!

— Valeu, cara. – dou leves tapinhas em seu ombro e caminho até a cozinha.

Encontro-a rindo exageradamente encostada na pia e com um copo na mão. Ela cessa sua risada ao me ver e eu a ignoro, abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de whisky. Preencho calmamente o copo, aproveitando para ouvir a conversa de ambas.

— Seu ex é um babaca, Ashley!

— E eu não sei? – pergunta irônica e soltando uma risada nasal logo em seguida. — Espero que ele faça bom proveito daquela loira siliconada.

Rio do que fora dito por ela e sinto elas me olharem. Guardo a garrafa na geladeira e jogo alguns gelos no meu copo, encostando-me na pia logo ao seu lado.

— Desculpem-me, mas foi inevitável não rir.

— Entendo, eu também riria se fosse você. – ela beberica sua bebida olhando fixamente em meus olhos. — Oh, esse remix. Pall realmente manda muito bem!

— Garanto que ele não é bom apenas nisso, amiga. – a garota de cabelo rosa diz e nós rimos. — A propósito, eu me chamo Hailee e essa e a Ashley. 

— Andrew. – aperto a mão de Hailee e apanho a de Ashley, beijando a costa da sua mão, sem em nenhum momento cortar o contato visual com ela, que sorria abertamente. — Me concede essa música, bela moça de cabelos azuis?

— Claro, belo rapaz de cabelos castanhos.

Ao estarmos finalmente na pista de dança improvisada, eu agradeço mentalmente pelo remix escolhido por Alex; era o meu preferido. Ela mexia seu corpo lentamente, o que estava me deixando louco.

As luzes que piscavam tocavam sua pele pálida exposta, seu cabelo voando dentre a pista se destacava entre os outros cabelos de tons naturais e a forma como ela dançava exclusivamente para mim era torturante.

Ashley se mantinha de olhos fechados e com seu copo vazio em mãos. Coloco nossos copos encima da mesa e viro-a de costas para mim, depositando logo em seguida, minhas mãos em sua cintura e apoiando meu rosto na curva de seu pescoço. Beijo o local e ela se arrepia. Seu perfume doce e forte penetra em minhas narinas e eu me permito fechar os olhos, desfrutando do momento e tentando prendê-lo em minha memória.

Eu não queria esquecer aquela noite.

E eu não consigo esquecer até hoje.

Após duas músicas e vários beijos, resolvemos nos sentar um pouco. De mãos dadas caminhamos até a piscina.

— A água está quase tão azul quanto seu cabelo. – comento enquanto retiro meu tênis e camisa.

— Sim.

Nos sentamos na beira da piscina e colocamos nossos pés descalços na água gelada. Jogamos muita conversa fora. Eu contei toda a minha vida para ela, cada detalhe, cada momento ruim e bom, cada decepção e vitória. E Ashley me contou o mesmo. Sobre a sua primeira vez, seu término frustrado, seu apelido, seus amigos e eu tive o prazer de conhecer cada um pessoalmente.

Em poucos minutos, já estava um aglomerado de pessoas ao nosso redor. Os meus amigos e os dela conversavam animadamente entre si, mas eu queria um momento sozinho com ela.

Sem pensar muito eu a pego no colo e jogo nossos corpos dentro da piscina de água gelada. Mas eu me arrependi ao subirmos novamente para a superfície, e vê-la tossir sem parar.

— Desculpe, Halsey. Eu deveria ter perguntado se você sabia nadar e... – uma ducha de água no meu rosto e logo em seguida risadas preenchem os meus ouvidos.

Olho-a indignado. Ela me enganou muito bem.

— Não faça isso, Andrew ou eu vou... – é a minha vez de interrompê-la com uma ducha de água.

— Eu pareço ser bonzinho, mas algumas belas moças merecem um pouco de maldade. – digo antes de afundar sua cabeleira azul para debaixo d'água.

E ficamos nessas provocações até nos sentirmos congelados por estarmos muito tempo na água gelada. Com cuidado, pois eu estava bêbado tanto pelo álcool quanto pela beleza de Halsey, eu saio da piscina e ajudo ela a fazer o mesmo. Alex nos aguardava com duas toalhas e gentilmente nos ofereceu um banho quente e moletons.

Secando meu cabelo com uma toalha, eu caminho até o quarto em que Halsey estava e abro a porta sem pedir autorização. Ela estava de costas para mim e enrolada em uma toalha enquanto penteava seu cabelo azul despreocupadente.

— Bela tatuagem. – digo ao finalmente notar a tatuagem em seu ombro e ela se assusta, quase derrubando a toalha.

Halsey apenas sorri e apanha o moletom na cama, caminhando até o banheiro para se vestir. Aproveito para apanhar seu celular e anotar o seu número nos meus contatos. Em poucos minutos ela volta vestida e com o cabelo preso em um coque frouxo. Sem exitar, mostro-lhe um sorriso e ela logo retribui enquanto caminha até mim.

Junto meus lábios aos teus e lentamente peço passagem com a língua. Ela logo concede e eu a puxo para cima, fazendo-a prender suas pernas ao redor do meu tronco. Com cuidado e sem cortar o beijo, eu caminho nessa posição para fora do quarto.

— Eu tenho que voltar para casa. – diz após pararmos o beijo por falta de ar.

— Mas...

— Desculpe, Andrew. – ela deposita um beijo molhado em minha bochecha e adentra o quarto novamente, voltando com seu celular em mãos.

— Eu te acompanho até o carro. – digo derrotado.

Com as mãos entrelaçadas e em silêncio, nós chegamos até o seu Rover branco estacionado no meio-fio. Pego-a de surpresa em um beijo mas ela não o nega, logo enfiando sua mão dentro da minha cueca e apertando o meu membro. Arfo com seu toque gelado naquela região e permito-me avançar também, apertando seu seio esquerdo.

— Não posso evitar... – ela sussurra entre meus lábios.

— Então amor, me puxe para mais perto no banco de trás do seu Rover, que eu sei que você não pode bancar. – sussurro em seu ouvido e ouço o som do carro sendo destravado.

Ela abre a porta de trás do carro e me joga para dentro, entrando logo em seguida e fechando a porta. Começamos a nós mesmos a tirar nossas roupas e em poucos minutos estávamos nus.

Foi uma boa noite. Ótima, na verdade.

Se passaram quatro anos... quatro anos e eu ainda não consigo tirá-la da minha cabeça. Eu tento afastá-la, mas ela chega mais perto.

— Aqui está, senhor. – a garçonete do bar do hotel diz, colocando meu décimo copo de whisky no balcão.

Sorrio para ela, mas meus olhos vão para a mulher que acabara de entrar. Seus cabelos estavam na cor castanho escuro mas o seu rosto era o mesmo... após quatro anos. Exatamente do mesmo jeito, apenas o cabelo não estava tingido de azul.

Ashley se senta em um dos bancos em frente ao balcão, mas ela estava bem distante de mim e não notara minha presença. Chamo a garçonete novamente e peço-lhe, assim que ela chega, que sirva por minha conta uma vodka à Ashley.

Disco o número de telefone que eu tentei apagar, mas nunca consegui e por pura sorte vejo-a abrir sua bolsa e atender a ligação.

— Alô? – diz e eu me arrepio ao ouvir sua voz novamente após anos.

— Ei, eu estava ótimo antes de te conhecer. Eu bebi muito e isso é um problema mas estou bem. – suspiro pesado e vejo a garçonete colocar o copo em frente à ela. Discretamente a garçonete aponta para mim e eu vejo sua cara de espanto. Mostro-lhe um sorriso acolhedor. — Ei, diga aos seus amigos que foi legal conhecê-los, mas espero nunca encontrá-los novamente. – ouço-a rir e bebericar o copo de bebida alcoólica. — Sei que isso quebra seu coração. Me mudei de cidade em um carro destruído e quatro anos, nenhuma ligação. Agora você está linda no bar de um hotel. Não posso evitar. Não, não posso evitar. – ela sorri, provavelmente se lembrando da nossa primeira e única noite de sexo. — Então amor, me puxe para mais perto no banco de trás do seu Rover, que eu sei que você não pode bancar. – digo-lhe a frase dita por mim há quatro anos atrás.

Ela encerra a ligação e vira todo o líquido no copo em sua boca. Engulo em seco ao vê-la caminhar até mim. Tento não transparecer meu nervosismo, mas minhas mãos começam a suar.

— Agora eu posso manter um Rover, até mais que um. – diz antes de se virar para ir embora.

Me levanto e seguro em seu braço. 

— Você está tão linda quanto no dia em que te conheci, eu esqueci por que te deixei, eu estava louco. – confesso. — Fique, e toque aquela música do Blink-182 que nós escutamos até morrer em Tucson, okay?

Ela abre um sorriso e junta nossos lábios em um beijo lento, cheio de saudade. Pago a conta e com as mãos entrelaçadas, ela me arrasta até o quarto em que estava hospedada.

Halsey me joga na cama assim que entramos e logo tranca a porta. Retiro meus sapatos, meias e camisa. Ela se aproxima da cama e abre o zíper do seu vestido, deixando-o cair sob o chão e revelando seus seios sem sutiã.

Ela sorri abertamente, exatamente da forma angelical em que sorria em meus pesadelos.

O anjo do meu pesadelo, já dizia a música I Miss You do Blink-182, a música que tocava na noite em que tudo começou e que durante esses quatro anos eu me mantive escutando e me lembrando da dona dos antigos cabelos azuis.

Apanho meu celular e coloco a música para tocar no volume máximo. Ela sorri e me joga uma camisinha, que eu logo visto. Halsey se deita na cama já totalmente nua e eu me posiciono entre suas pernas.

— Acabe com essa dor esta noite. – sussurra ao pé do meu ouvido um curto trecho da música.

Mordendo aquela sua tatuagem no ombro, eu a penetro.

— Não perca o seu tempo comigo, você já é a voz dentro da minha cabeça. – sussurro dentre gemidos, a continuação da música. — Nunca vamos envelhecer?

— Não, nós nunca vamos envelhecer. – confirma sorrindo e eu faço o mesmo.