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História - Hiatus - Closer - Desilusão e Aceitação


Escrita por: byJuddy

Notas do Autor


Me senti boazinha essa semana. Post antecipado =D

Capítulo 15 - Desilusão e Aceitação


Fanfic / Fanfiction - Hiatus - Closer - Desilusão e Aceitação

Fiquei tentada a ir embora na mesma hora em que desci as escadas da casa, só para não ter que aturar os sorrisinhos que Justin lançaria para mim, depois do que meu querido irmão havia dito em alto e bom som. Mas acabei ficando lá mais um pouco e voltei de carona com os meus pais, podendo assim me despedir um pouco melhor deles.

Passei o caminho todo com a conversa dos dois martelando na minha cabeça. Justin sabia de alguma coisa que eu não sabia, e pelo jeito não me contaria tão cedo. Também queria entender por que precisaria da proteção de algum deles dois, como se eu fosse indefesa.

Cheguei em casa e depois de trancar a porta, deixei as chaves em cima da bancada, peguei meu celular e o olhei rápido, só para me certificar que tinha feito uma boa escolha em deixa-lo em casa. E constatei que sim, ao ver mais de trinta ligações de Zayn. Isso estava começando a soar ridículo.

Tirei minhas sandálias, que depois de um dia inteiro com elas, começava a me incomodar, e as larguei ao lado do sofá. Fui até o quarto para me livrar daquelas roupas e coloquei uma blusa larga que costumava usar quando queria dormir vestida. Desfiz a trança do meu cabelo e os deixei solto com os cachos que havia se formado pelo cabelo estar marcado do penteado.

Se Justin não queria que eu soubesse de alguma coisa, é por que alguma coisa tinha ali. E se ele falou sobre a foto com Ryan, é por que só poderia ser daquela maldita matéria. Eu precisava tirar essa história a limpo, nem que fosse sozinha mesmo.

Sentei na mesa de jantar que tinha na sala e liguei meu notebook, abri a garrafa de vinho que tinha pego e coloquei um pouco na taça alta e arredondada. Dei um gole e abri o navegador.

Fiquei um tempo tentando achar a foto, mas assim que coloquei o nome do Justin no campo de pesquisa, logo apareceu a maldita. De link em link cheguei no site que havia divulgado aquela foto tão antiga.

TMZ era um grande veículo de notícias ligado aos famosos, mas muitas vezes as coisas eram apenas especulações. Cliquei no jornalista que havia publicado a foto e percebi que era ele quem sempre falava sobre meu envolvimento com Justin, ele mesmo havia divulgado a foto de Justin com a mão no meu rosto na minha festa de boas-vindas.

Ignorei ele por hora e resolvi procurar o endereço do escritório deles, afinal, para terem tantas fotos de paparazzi era meio obvio que eles ficavam em Los Angeles. Já estava quase desistindo quando finalmente encontrei o lugar num canto escondido do próprio site deles. Anotei o endereço e fechei o notebook satisfeita.

No dia seguinte eu teria uma reunião muito importante com aquele tal de Kilam.

Consegui dormir tranquilamente já que uma parte de mim estava ciente de que tudo aquilo iria acabar quando eu finalmente fosse atrás de respostas. Enquanto a outra parte, que ainda fazia questão de se preocupar com Zayn, eu resolvi simplesmente ignorar.

Acordei as nove no sábado e depois de tomar um café da manhã reforçado enquanto assistia uma série qualquer que passava na televisão, fui tomar meu banho. Seria um caminho longo até o local e queria chegar lá antes dele sair para o almoço.

Me arrependi de não ter um carro quando vi quanto deu a corrida de taxi até o prédio da empresa, mas tudo seria por uma boa causa.

Obviamente não me deixariam subir sem antes me identificar, e não queria chamar atenção, pois sabia, que dependendo de como seria, poderiam me reconhecer e eu não conseguiria nem chegar no elevador. Dei sorte quando vi que o segurança pareceu ser bem simpático.

– Bom dia. – Sorri para o segurança do outro lado do balcão de mármore. – Meu marido esqueceu o almoço em casa e pediu para que eu trouxesse aqui.

Tentava parecer o mais calma possível, mesmo que estivesse nervosa caso aquela desculpa ridícula não funcionasse. Coloquei o saco de papel pardo em cima do balcão para provar que eu tinha o almoço ali comigo.

– A senhora não gostaria de ligar para ele vir buscar?

Percebi que não seria tão fácil assim, mas continuei sorrindo.

– Ele não me atende. – Dei uma revirada de olhos. – Acho que está em reunião. Depois ele volta para o hospital por estar com o estomago irritado, de tanto comer besteira nesses fast foods.

Deveria estar funcionado pois o segurança concordou com a cabeça.

– Qual o andar?

Congelei na mesma hora, mas tive sorte que havia um painel atrás dele com os números das salas que haviam ali.

– Dezoito. – Disse depois de olhar rapidamente a placa e ver um escritório qualquer que tinha ali.

– Ok. – O homem pegou o telefone e discou para o escritório, me deixando ainda mais nervosa, a qualquer minuto eu seria mandada para fora dali. Ele estreitou os olhos para mim e voltei a sorri. – Não estão atendendo. – Suspirei aliviada quando ele desligou. – Pode subir, mas avisa que o interfone não está funcionando, por favor.

– Claro. Muito obrigada.

Passei pela roleta que dava acesso aos elevadores, e respirei aliviada. Não tinha um segundo plano caso aquele desse errado. Na verdade, eu não tinha plano algum, e nem saberia o que falar caso eu conseguisse encontrar aquele desgraçado que me perseguia.

Confirmei no papel que havia anotado o endereço, qual era o andar e apertei o botão de número vinte, para só então jogar o saco de papel na lixeira.

O elevador me levou direto para o escritório, da mesma forma que fazia no prédio onde Martin trabalhava. Só que ali as cores vermelho, branco e preto predominavam no ambiente. Fui até o balcão onde uma jovem loira sorria para mim quando me viu sair do elevador, fiquei feliz por não ter sido reconhecida, assim seria bem mais fácil.

– Bom dia. Em que posso ajudar? – Ela tentava ser simpática mas para mim forçava demais.

– Bom dia, eu estou procurando o Kilam.

– A senhora marcou hora? – Perguntou ao olhar para a tela do seu computador, e eu estremeci.

– Não. – Fiz uma careta para ela. – É que minha mãe é amiga dele e ela disse que tinha me arrumado uma entrevista com ele.

Deus, da onde eu tirava aquelas ideias? Pior ainda, como eles conseguiam acreditar naquelas besteiras que eu falava?

– Entendo, só um minuto. – A recepcionista sorriu para mim e pegou o telefone, mas algo atrás de mim chamou sua atenção e ela desligou. – Oi senhor Kilam, essa moça está te procurando.

Sorri para ela e me virei para a pessoa que vinha atrás de mim, mas assim que me virei meu sorriso se desfez e eu dei um passo para atrás, batendo com o corpo contra o balcão.

– Selena?

– Eu só posso está tendo um pesadelo. – Sussurrei piscando forte algumas vezes, como se aquilo fosse mudar alguma coisa.

– Amor, o que você está fazendo aqui?

Ele tentou me segurar, mas eu levantei as mãos e me afastei para o lado, ficando a cada segundo mais irritada, só de vê-lo na minha frente.

– Não toca em mim! – Esbravejei.

– Amor... – Ele tentou se aproximar mais uma vez e eu recuei de novo.

– Já falei para não tocar em mim Zayn! – Gritei chamando atenção de todos ali.

Comecei a chorar de raiva enquanto tentava entender como eu tinha sido tão burra todo aquele tempo. Os seguranças se aproximaram querendo saber se estava tudo bem e mais pessoas se aproximaram.

– Estão todos de folga? – Ele gritou para as pessoas que estavam nos olhando. – Voltem já ao trabalho!

Fiquei o olhando com seu ar de autoridade para os funcionários, e pensei em todas as vezes que ele havia sido carinhoso comigo, todas as vezes que ele havia me amparado e cuidado de mim. Não conseguia associar aquelas duas pessoas.

A raiva só cresceu ainda mais dentro de mim ao pensar o quanto eu havia sido palhaça, que tudo aquilo não passava de um jogo para ele. E quando dei por mim já estava em cima dele socando seu peito enquanto gritava com ele.

– CHEGA SELENA! – Gritou ao segurar meus punhos e me olhar sério. – Não acha que está bom de cena por hoje?

– Você é um verme! – Puxei minhas mãos me soltando dele. – Como pude confiar em você? – Olhei para os olhos dele e minha voz começava a embargar. – Como você pôde fazer isso comigo?

– Vamos conversar lá dentro. – Ele fez menção de me tocar novamente e eu me afastei. – Não vou te machucar.

Eu ri irônica, o que deixou mais irritado, e ele saiu na frente. Fiquei um tempo sem saber o que fazer, mas por fim o segui, queria acabar logo com aquilo de uma vez por todas.

Assim que entrei na sala dele, ele fechou a porta e as persianas das janelas de vidro que davam para o restante do escritório. Ele se sentou na cadeira atrás da mesa e indicou a cadeira ao meu lado para sentar, mas eu ignorei e continuei de pé.

– Por que você fez isso?

– É o meu trabalho. – Deu de ombros como se aquilo não fosse nada demais.

– É o seu trabalho inventar mentiras ao meu respeito só para ganhar dinheiro? – Questionei já voltando a aumentar o tom da minha voz.

– Sobre o Justin, não sobre você.

Zayn estava sério e tentava parecer imparcial, mas via que ele estava se segurando.

– Então tudo isso é por causa do Justin? – Ri sem vontade – Então você se aproximou de mim por causa do Justin?

Ele ficou quieto e eu me aproximei da mesa, pondo as mãos em cima dela.

– Responde!

– Sim. – Olhei para ele incrédula – Quer dizer, não! – Ele bufou e se levantou da cadeira, me fazendo recuar. – Eu me aproximei de você por causa dele, sim. Mas não me envolvi com você por causa dele.

Mas uma vez ele tentou me segurar e eu me desvencilhei de suas mãos.

– Eu gosto de você Selena, tudo que tivemos foi verdadeiro. Mas esse é o meu trabalho. – Zayn tentava se justificar.

– Claro. E me magoar no meio do caminho não importa, contanto que você ganhe seu dinheiro, não é verdade?!

– E você acha que eu não me magoo? – Ele voltava a aumentar seu tom de voz. – Todas as vezes que eu recebia essas fotos de vocês juntos, todas as vezes que eu via vídeos de vocês rindo enquanto saiam juntos da academia... você acha que eu fiquei como?

– Claro, tadinho de você, o traído da história. – Ironizei.

– E não sou? Por acaso você me esconde bastante coisa, não acha Selena?

Ele voltou para trás de sua mesa, mexeu em alguma coisa em seu computador e virou a tela para mim, me mostrando uma foto minha com Justin assim que cheguei no churrasco dele. Justin estava com o braço no meu ombro e sorria ao me olhar. Se não fosse pelas circunstancias eu até gostaria de ter aquela foto. Involuntariamente sorri ao nos ver naquela tela.

– E você nem ao menos tenta negar! – O moreno voltou a gritar, me trazendo de volta a realidade. – Depois quer me convencer que não está transando com esse cara.

Fiquei o olhando sem acreditar que ele voltou a contar aquela mesma história, mas dessa vez eu respirei fundo, tentando controlar toda a minha raiva que sentia por aquele Ser Humano que estava na minha frente.

– Você nunca mais ouse a dirigir a palavra a minha pessoa. – Dizia calmamente enquanto o olhava nos olhos. – Se você me ver no corredor você vai abaixar a cabeça. E acho bom você pensar duas vezes antes de querer se aproximar de mim novamente.

Já me virava para ir em direção a porta quando ele apertou e segurou em meu pulso, me impedido de continuar, mas dessa vez não recuei e o fuzilei com meu olhar.

– Selena, eu realmente gosto de você, não faz assim. Por favor.

Eu o olhava nos olhos e conseguia ver que ele dizia a verdade, e eu me segurava para não chorar na frente dele. Ele percebeu que eu estava amolecendo pois mais uma vez tentou se aproximar de mim, como fez na noite anterior, mas eu me desvencilhei de suas mãos, mais uma vez.

– Adeus Zayn.

Sai de sua sala pisando firme enquanto sentia um aperto no peito que me impedia de respirar fundo. Ouvi ele chamar meu nome mais algumas vezes e eu o ignorei, entrei no elevador e só quando a porta se fechou que me permiti chorar.

Vinte andares.

Vinte andares que eu gritei, que eu me xinguei, que eu me amaldiçoei e que aceitei.

Quando a porta se abriu na portaria do prédio, sequei meu rosto, coloquei os óculos de sol que estavam guardados dentro da bolsa e segui meu caminho para fora do prédio.

O taxi veio e me levou ao meu destino.

Não me permiti chorar nenhuma outra vez, não me permiti sentir pena de mim ou me arrepender de meus atos, quaisquer que foram esses.

O carro de cor amarelada parou em frente à casa dos Biebers. Tentei ligar para Justin ou para Ryan durante todo o percurso, mas ambos caíram na caixa de mensagens, então fui até a casa do loiro, já que, ainda, não me sentia confortável em voltar para meu próprio apartamento.

Pattie abriu a porta e se espantou ao me ver ali, sem mais nem menos.

– Lena, querida. Não esperava sua visita. – Ela me abraçou por alguns segundos, que retribui como se aquilo fosse tudo que eu precisava no momento. – Está tudo bem?

– Sim. – Sussurrei com a minha voz voltando a ficar embargada pois as lágrimas queriam cair mais uma vez.

Minha ex. sogra me deu espaço para entrar depois que a soltei do abraço, e indicou o caminho da cozinha, indo logo atrás de mim.

– Venha, vou fazer um chá para nós duas.

Me sentei na mesa redonda que tinha ali e deixei a minha bolsa na cadeira ao meu lado. Fiquei fitando minhas mãos em cima da mesa de mogno enquanto sentia o olhar dela em cima de mim, provavelmente se perguntando o que estava acontecendo.

– O Justin ainda não chegou. – Comentou depois de pôr as xícaras com os pires na mesa e fiquei observando os saquinhos de chá começarem a flutuar quando a água quente entrava em contato com eles. 

– Eu tentei falar com ele ou Ryan, mas nenhum deles me atendeu. – Fiquei mexendo no saquinho que boiava com a pequena colher, enquanto a água se tornava numa cor meio alaranjada.

– Eles estão numa reunião com o Scott. – Ela ficou me observando enquanto eu tomava o chá em silêncio. – Por que você não deita um pouco no quarto de hospedes? Quando Justin chegar, eu aviso a ele.

Ela tentava me acalmar com seu tom de voz doce e tranquilo.

Pattie sempre foi muito carinhosa comigo. Me lembro do dia em que a conheci quando comecei a namorar Justin. Fiquei muito nervosa por que sabia que nem sempre as mães são receptivas com as namoradas dos filhos, mas ela me recebeu muito bem na sua casa. Quando brigávamos ela me ligava para saber como eu estava, pois conhecia o temperamento do seu filho, e até mesmo quando me desentendia com minha mãe, ela estava disposta a conversar comigo.

Depois de tomar o chá segui para o segundo andar e entrei no quarto ao lado do de Jaxon. Era o menor dali, se é que aquilo poderia ser chamado de pequeno. Fechei as persianas, e depois de tirar meus tênis, me deitei na cama de casal, puxando o lençol lilás sobre o meu corpo. E pela segurança do quarto fechado, deixei que as lágrimas viessem.

Não era como se eu estivesse apaixonada por Zayn, ou que eu havia planejado uma vida ao lado dele. Mas era a sensação de se sentir usada e manipulada. Nele eu tinha visto alguém em que podia confiar, alguém em quem eu poderia me apoiar, alguém que eu sabia que me ampararia, no final de tudo. Eu gostava dele, gostava de estar com ele, gostava da forma que ele me olhava, da forma como seus dedos acariciavam meu corpo, da forma que nossos corpos se entrelaçavam na cama.

Um grito escapou dos meus lábios, contra o travesseiro, quando me lembrei das noites em que passamos acordados em seu apartamento, transando. Me senti violada.

Não sei quando, mas só sei que dormi em meio as lágrimas desesperadas quando senti a mão de Justin afagar meus cabelos e sua voz baixa e rouca me chamar.

Abri meus olhos, os sentindo inchados, mas assim que o vi, com seu olhar preocupado para mim, voltei a fecha-los e voltei a chorar.

– Hey, o que houve?

Ele se aproximou ainda mais de mim, sentou na cama e colocou minha cabeça em seu colo. Abracei sua cintura com força, como se minha vida dependesse daquilo e me deixei chorar.

– Foi ele. O tempo todo foi ele. – Murmurei depois de muito tempo em silêncio após parar de chorar.

– Ele quem? Do que está falando, Lena? – Justin parecia ainda mais preocupado.

– Zayn. – Disse com amargura e respirei fundo, me obrigando a não chorar mais. – Zayn é o Kilam.

Justin ficou calado, ele sabia do que eu estava falando, e percebi que ele não ficou surpreso com minha descoberta.

Me sentei na cama, ficando de frente para ele. Sequei meu rosto e respirei fundo.

– Como você descobriu?

– Fui até ele. – Ele fez menção de me repreender, mas neguei com a cabeça. – Eu não sabia que era ele, fui até a empresa procurando Kilam e ele apareceu. – Fechei os olhos ao me lembrar do que aconteceu mais cedo e suspirei, voltando a olhar o loiro a minha frente. – Ele se aproximou de mim para chegar até você. Ele me usou esse tempo todo.

Vi a expressão de Justin mudar de confusa para irritada em segundos, quando minhas palavras foram enfim absorvidas por ele. Seu maxilar travado e seu rosto começar a ficar com uma tonalidade de vermelho vivo.

– Ele achou que eu iria continuar com ele. – Completei quase que em um sussurro.

Justin soltou uma risada irônica.

– Claro. – Ele revirou os olhos. – Por mim você nem voltaria para aquele apartamento.

– Também pensei sobre isso. – Suspirei passando minhas mãos pelos fios do meu cabelo e os prendendo num rabo. – Mas eu não vou deixar de viver minha vida por causa de um maluco. Aquela é minha casa e eu gosto muito dela para sair de lá. Também não quero que meus pais saibam do que anda acontecendo, e se eu sair de lá, eles vão ficar me questionando sobre tudo até saberem a verdade.

– E você vai continuar morando do lado dele? – Seu tom de voz já estava mais forte, o que mostrava que ele estava se irritando com o rumo que aquela conversa estava tomando.

– Vou passar quase um ano longe de casa, Justin. Talvez ele nem esteja mais lá quando eu voltar. – Ele tentou dizer alguma coisa e eu neguei com a cabeça. – Não vou discutir isso. Não saio de lá.

Voltamos a ficar em silêncio, ele voltando a absorver minhas palavras. Depois de um tempo ele se aproximou de mim, me puxando para perto de si e me abraçando.

Com sua mão nas minhas costas e a outra afagando meus cabelos, deitei minha cabeça contra o seu peito, com o rosto na curva do seu pescoço e meus braços em volta da sua cintura. Ficamos ali, quietos, apenas ouvindo a respiração um do outro.

– Eu sinto muito. – Sua voz rouca contra meu ouvido, num sussurro, me provocou arrepios que eu não queria sentir naquele momento. – Tudo o que você está passando agora é minha culpa. – Ele suspirou. – Ele não se aproximaria de você se você não estivesse perto de mim.

– Não fala assim. A culpa não é de ninguém. – Levantei minha cabeça, me afastando um pouco, apenas para olhá-lo nos olhos, mas sem me soltar dos seus braços. – Não deixaria de me reaproximar de você, mesmo se soubesse que tudo isso aconteceria.

Ficamos nos olhando um nos olhos do outro e vi um sorriso brotar nos lábios dele. A mão que estava em meu cabelo deslizou até meu rosto e acariciou a maçã do meu rosto. Percebia que seus olhos desviavam dos meus para meus lábios e senti meu coração vacilar por um segundo. Mas me afastei rapidamente dele quando deram duas batidas de leve na porta do quarto e a cabeça da mãe dele apareceu pela pequena abertura, para dentro do quarto.

– Oh, desculpe! – Seu rosto ganhando uma tonalidade de vermelho ao perceber nossa aproximação. – O almoço está pronto.

– Já estamos indo mãe. – Justin riu da mãe sem graça, mas percebi que até mesmo ele estava sem jeito.

Voltei a calçar meus tênis e ajeitar minhas roupas, que estavam bagunçadas por ter dormido com elas. E nos juntamos à Pattie e as crianças na sala de jantar.

O ambiente apesar de claro tinha uma parede e cortinas em tons de cinza, contrastando com as cadeiras e o piso em creme. A mesa de vidro de oito lugares em formato retangular não era muito grande, dando um ar mais íntimo ao ambiente.

Me sentei ao lado de Justin, com as crianças à nossa frente enquanto a matriarca sentou na ponta da mesa. Comemos num clima tranquilo, com as crianças animadas com a nossa viagem, como se elas mesmas fossem conosco, e quando foram informados que eles só nos encontrariam se fossemos para Toronto, elas murcharam.

– Vai dormir aqui essa noite, Lena? – Pattie perguntava enquanto nos levantávamos da mesa, após o almoço. Via que tanto as crianças quanto Justin criaram expectativas quanto a pergunta da mãe, mas precisei acabar com a felicidade dos três.

– Deixa para uma próxima vez, preciso ver se está tudo em ordem no apartamento antes de viajar.

Tentava ser a mais educada possível enquanto recusava seu convite. Rosa, a empregada deles, apareceu com a minha bolsa, que eu havia deixado na mesa da cozinha e agradeci a mesma.

Me despedi dos três com um abraço forte e Justin me acompanhou até a porta.

– Tem certeza disso? – Perguntou preocupado. – Eu posso ficar lá essa noite, se você quiser.

Sorri para ele e me aproximei dele, dando um beijo suave em seu rosto.

– Não precisa. Mas aceito uma carona.

Não precisei pedir outra vez, Justin prontamente pegou a chave de um dos seus carros na gaveta do móvel que ficava no corredor que dava para a porta de entrada. Me guiou até seu Porsche prata e depois de afivelar o meu cinto, seguimos para meu apartamento.

– E se ele tentar se aproximar de você?

Justin realmente não estava feliz com a minha decisão em voltar para casa naquela tarde, mas não o culpava, principalmente pelo estado em que fiquei depois que descobri a verdade. Ele ficou inquieto o caminho todo até o prédio em que eu morava, mas só questionou quando parou na calçada.

– Ele não é maluco. – Ri com a ironia daquela frase. – Já deixei claro que não vou deixar barato caso ele tente alguma coisa.

Soltei meu cinto e peguei minha bolsa que tinha deixado nos meus pés, me virei para ele e sorri.

– Vou ficar bem Justin. – Coloquei minha bolsa em meu ombro e me aproximei dele novamente, lhe dando outro beijo em seu rosto, dessa vez o beijo foi perigosamente próximo ao canto da sua boca.

– Eu te busco amanhã às seis. – Sua voz voltava a ficar roca num sussurro enquanto fitava meus lábios tão próximos dos dele.

– Até amanhã, então.

O deixei no carro e segui para meu apartamento.

Sabia que demoraria a dormir naquela noite então tomei um longo banho quente na banheira e voltei a abrir a mesma garrafa de vinho da noite anterior. Precisava relaxar pois começava a ficar ansiosa com aquela viagem. Nunca havia ficado tanto tempo tão próxima à Justin.

Depois de uma hora e ver que meus dedos já estavam enrugados pelo tempo excessivo debaixo d’água, destampei o ralo e sai do banheiro, com uma toalha enrolada em meu corpo. Vesti a mesma camiseta da noite anterior e depois de verificar se tudo que eu queria levar estava nas duas malas postas ao lado da janela do meu quarto.

Às oito da noite já estava deitada na cama esperando que o sono viesse, sem pressa.  



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