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História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - Sem Medo


Escrita por: GirafaEsquilo

Capítulo 10 - Sem Medo


Um mar infinito. Era exatamente como a multidão de pessoas parecia naquele momento. Todos com seus olhares voltados para ela, como se fosse a personificação de um mito. E, naquela cidade, era exatamente isso que Anna era. Sua mente ainda pairava num lugar longínquo quando foi trazida a força de volta para a realidade. Luna olhava para ela com um sorriso preocupado.

-Está tudo bem?

-Ah, não, quer dizer, sim. Eu estou bem... Só estava imaginando o quão importante a minha presença aqui deve ser. – Respondeu Anna, baixinho.

-Minha amiga, você não faz ideia. Eu mesma estou me segurando para não te abraçar com toda minha força agora mesmo. – Luna reparou o olhar de estranheza de Anna - Hã... Enfim, vamos lá. Diga oi para eles. Estão à flor da pele.

Em silêncio, Anna caminhou até o púlpito na eira do palco. Respirou fundo uma última vez, dizendo a si mesma para não entrar em pânico. Uma última olhada para o mar infinito. E então...

-Hã... Olá. – Ela mal havia terminado de falar, e toda multidão rugia de alegria, uma alegria a qual ela nunca tinha visto. Uma que não compreendia.

 

***

 

-Francamente – Resmungou Lay – Porque eles precisam fazer todo esse escândalo? Ela apenas disse “olá”.

-MINHA QUERIDA LAY, ESSA É A COISA MAIS INCRÍVEL DO MUNDO! – Gritou Mama, em pé em cima da mesa do escritório, apontando para a televisão suspensa na parede desesperadamente. – NÓS FINALMENTE TIVEMOS CONTATO COM UM SER LENDÁRIO! PRECISO IR ATÉ O TRÊS PLANEJAR UM CARDÁPIO ESPECIAL PARA BRUXAS! – E com a mesma ansiedade incontrolável, Mama saiu correndo porta a fora, gritando pelo confeiteiro/cozinheiro.

-A Mama é realmente uma criança... – Suspirou Lay.

Como uma criatura saída de um filme de terror, Mama surgiu no canto da porta com apenas um olho a mostra.

-VOCÊ FALOU ALGO SOBRE CRIANÇA? – Perguntou. Sua voz igualmente assustadora. O rosto retorcido de raiva. Aquilo não era a Mama.

-E-eu? Não, Mama. Foi engano seu.

Imediatamente seu rosto voltou ao normal, doce e infantil. Como sempre.

-Ah, então tudo bem! – Respondeu com um sorriso. Virou-se e sumiu novamente pelo corredor. – TRÊÊÊS!

 

***

 

A multidão se silenciou com um aceno de Luna, que apontou para Anna fazendo um gesto, escondendo um sorriso.

Silêncio.

-Bom... – Disse Anna, esperando outro urro. Nada. Eles estavam realmente convictos a escutá-la. – Eu sou uma bruxa.

Dessa vez, o urro voltou, dez vezes maior. Ela podia ver pessoas na multidão apontando umas para as outras como quem dizia “eu falei!”. A expressão de euforia e admiração em cada um deles – especialmente nas crianças – começava a confortar seu coração. Aquela era uma sensação que não sentia desde que foi expulsa de casa. Talvez... Talvez aquela cidade pudesse ser sua nova casa. Não faria mal se divertir ao menos um pouco. Como se dissesse um “sim” para si mesma, Anna sorriu de forma que não fazia há anos. E então começou a exibir seus poderes de telecinese, telepatia, conjurar elementos naturais, transformar gatos em pessoas e etc.

A multidão explodia em alegria a cada novo ato, levantando vez ou outra cartazes com os dizeres “NÓS TE AMAMOS ANNA” ou “NOSSA BRUXA FAVORITA”. A cada olhar, seu coração se enchia mais.

Eram onze horas da noite quando Luna surgiu com um microfone.

-Pessoal, infelizmente, nós estamos chegando ao fim em nossa “festa” de boas-vindas para nossa nova moradora. – A multidão soltou um “Aaaah” triste. – Eu sei, também gostaria de ficar aqui até o amanhecer. Mas a vida não é como queremos, certo?Porém, antes de finalizarmos de vez, quero dar a nossa amada bruxa um presente, vindo diretamente de nosso prefeito. – A multidão urrou novamente de euforia. E, sem dizer uma única palavra, Luna tirou um colar prateado, com um N rebuscado, de um de seus bolsos da calça. Todos suspiraram com a aquela visão. Anna não entendia nada. Luna se aproximou da bruxa e, em silêncio, colocou o colar em seu pescoço, abraçando-a em seguida.

-Você agora é nossa guardiã oficial.–Sussurrou.

E naquele instante, a multidão explodiu ao mesmo tempo em que Anna ficou sem palavras. “Guardiã oficial... guardiã oficial”, repetia para si mesma.



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