Moon cantarolava uma música de um grupo de Q-pop quando ouviu alguém bater na porta. Esperou até que alguém abrisse. Ninguém. Resmungou baixinho e desceu as escadas para atender quem quer estivesse atrapalhando-a de ouvir suas músicas. Depois de desfazer as vinte trancas diferentes e girar a maçaneta, a porta rangeu e abriu, mostrando a rua vazia como sempre E O HUMANO IDIOTA DO OUTRO DIA. Antes mesmo que ele pudesse começar abrir a boca, Moon fechou a porta com toda a força em seu rosto.
-O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritou, deixando claro sua “alegria” de revê-lo.
-Hã... B-bem, eu queria agradecer pelo outro dia... – Disse o garoto.
-Tá, tá! De nada. Agora, tchau.
-Ei, espera aí... Eu queria devolver as muletas que me emprestou aquele dia.
-Ah... Deixe-as aí na porta, depois eu pego.
-Ah sim... Tudo bem. – Foi possível ouvi-lo apoiando-as na parede de fora. – Então eu vou indo, até logo.
Moon não respondeu. Esperou uns dez minutos para que pudesse abrir a porta novamente e recolher as muletas. Numa delas havia um bilhete, com o número e o nome do garoto. Jason. No exato momento ela amassou com toda sua força o papel. Normalmente, Moon teria jogado-o fora, mas por algum motivo ela enfiou no fundo do bolso da calça. De uma forma ou de outra, aquele humano a incomodava mais do que deveria.
***
-Oi, Bonnie! Tudo bem? – Falou animadamente Lay.
-Hã? Ah sim, tudo de boa... – Respondeu a leporídea, solene como sempre.
Sua voz seria inaudível em meio à bagunça quase insana de clientes da Mama Choco, mas por algum motivo, o movimento estava tranquilo naquele dia. Tranquilo até demais.
-Tem visto a Anna nos últimos dias? – Disse Lay, olhando ao seu redor. Todos os clientes já haviam sido atendidos. Puxou uma cadeira na mesa em que Bonnie estava e se sentou.
-Muito pouco. Depois que a nomearam guardiã oficial ela não parou mais na Ludowiski quase. Palestras, missões diplomáticas... Na última vez em que nos vimos, ela disse que estavam cogitando a criação de um programa para TV.
-Caramba. Que loucura. Ela deve estar nervosa com toda essa pressão.
-Na verdade, nem tanto. Ela parecia um bocado animada.
-Ah sim... – Lay olhou surpresa quando notou. Ela estava usando um uniforme, verde e preto. – Hã... Qual é a do uniforme, Bonnie?
-Ah, isso? É do meu trabalho.
-WOW. Você está trabalhando, que ótimo, mas se eu soubesse que queria trabalhar teria te arrumado um aqui na Mama Choco. Sempre tem espaço para mais um.
-Oh, não, não. – Disse Bonnie, acenando com a cabeça. – Não é bem um trabalho. É do Big Beautiful Oswaldo. Aquela rede de hiper-mercados que chegou há pouco tempo aqui em Nonsen City. – Ela desviou o olhar. – Ocorreu um probleminha quando fui comprar cenouras há alguns dias e, resumidamente, preciso trabalhar por um tempo.
-Hmm... Entendi. – Assentiu Lay. Imaginar Bonnie trabalhando dava-lhe vontade de rir.
-Ei,Lay.Eu tenho que ir.
-Oh sim. Tudo bem então.
-Mas... antes, poderia me dar aquele donnuts de sempre?
-Haha. – Riu Lay, espontaneamente acariciando a cabeça da leporídea. – Claro. Vou trazer já.
***
Jude estava lendo um mangá de Cinquenta e Três Pedaços quando alguém bateu na porta de seu escritório com força. Ela pulou de susto, escondendo instintivamente o mangá. Aquele era um hábito seu que ninguém além de How, o colecionador fissurado do quarto 689. Levantou da cadeira. Ajeitou o cabelo e a camiseta de seda antes de dizer “entre”. Antes mesmo que a palavra terminasse de sair de sua boca, Anna arreganhou a porta com uma expressão de medo tomando posse de seu rosto.
-Misericórdia, Anna! O que houve?
-Jude... Ligue para a prefeitura. – Disse a bruxa, arfando mais do que qualquer coisa. – Temos um bando de pombos gigantes vindo para cá e eles são hostis.
-NÃO!
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