1. Spirit Fanfics >
  2. CMI - Crônicas de um Mundo Irreal >
  3. Tsundere

História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - Tsundere


Escrita por: GirafaEsquilo

Capítulo 24 - Tsundere


-EU QUERO MORREEER! – Gritou Jason angustiado.

-O que houve, novato? – Perguntou o professor T.

-O QUE HOUVE!? AQUELA SALA É A ENCARNAÇÃO DO MAL NESSE MUNDO.

-Te colocaram na sala H3LL?

-SIM.

-Hehehe. – T percebeu a expressão de Jason. – Quer dizer, caramba, que azar insano.

-NÃO DIGA.

 

***

 

As mãos de Bonnie doíam intensamente. Mesmo ela sendo uma desenhista nata, aquilo nunca tinha acontecido. Isso porque os leporídeos têm os músculos das mãos mais resistentes que as de um humano normal. Então, se as mãos de Bonnie doíam tanto assim, as das garotas humanas de sua sala deviam estar com espasmo. A professora bipolar – que depois se apresentou como Damashi Mee – havia feito com que todos escrevessem três cadernos inteiros sobre os acontecimentos mais importantes da Quarta Guerra Mundial. 

Agora Bonnie assistia aos animes de sempre com as mãos jogadas de lado, como se fossem pesos mortos. A noite já estava chegando e logo mais ela teria que dormir para acordar cedo no dia seguinte e enfrentar a fúria repentina da professora Damashi. Sim, haviam aulas com outros professores, mas estas compunham apenas cinco de cem por cento delas. Os outros noventa e cinco por cento resultavam em sessões de xingamento com a professora Damashi. Logo chegou a noite e Bonnie foi dormir, torcendo para que as coisas melhorassem, por menor que fosse a mudança.

 

***

 

Jason acordou cedo. Desligou o despertador no celular com um toque, quando na verdade queria atirá-lo na parede e em seguida esmagá-lo com uma marreta e então... Bem, deu para entender como ele se sentia. Respirou fundo. “Vamos lá Jason, não se deixe vencer sem ao menos ter lutado”, pensou consigo mesmo. Escovou os dentes, tomou banho, se vestiu, pedalou de bicicleta alucinadamente até a escola e finalmente chegou à escola. Na Sala dos Professores, todos conversavam animadamente como sempre, lançando-lhe olhares ao entrar. Viu por alguns minutos as notícias sobre a constante imigração dos kitsune por todo o mundo. Nada realmente importante. 

O sinal bizarro soou. “É agora Jason”, pensou. Entrou na sala, com a expressão mais branda que conseguia fazer. Olhou para os olhos de cada

um dos monstrinhos em forma de adolescentes, até perceber um rosto conhecido. Um garoto asiático de cabelos medianos. Onde já o tinha visto? Não se lembrou primeiramente. Bem, podia pensar nisso mais tarde. Agora precisava mostrar quem estava no comando naquela sala. Jogou a mochila remendada sobre a mesa, tirou a blusa de frio e...

-BOM DIA. – Falou, de forma altiva e imponente.

Silêncio.

Silêncio.

Silêncio.

-Bom dia. – Responderam dois ou três alunos.

-BEM.. – Ele coçou a garganta. – Hoje vamos tratar sobre um assunto muito importante, que é...

-O PORQUÊ DE O CLÓVIS SER TÃO GORDO A PONTO DE FAZER O CORREDOR TREMER QUANDO ANDA. – Gritou um garoto marciano no fundo da sala. Aquilo foi o suficiente para a sala afundar em risadas. 

-AH, SEU GRANDE PEDAÇO DE MER...

-EI EI EI! – Gritou Jason, interrompendo o tal Clóvis. Cruzes, o garoto era realmente gordo.

-CALA BOCA AÍ, VELHO! – Gritou uma garota no meio da sala. Aquele foi o estopim, a sala irrompeu num “OOOOOOO” e depois foi só baderna e gritaria. Jason bufou. Droga, tinha perdido daquela vez. Sentou em sua cadeira e tentou não dar atenção ao caos que o cercava. Era impossível. Tantas coisas bizarras aconteciam que não queria ver, mas ainda assim não conseguia deixar de olhar.

Já fazia uma hora desde que a bagunça havia começado quando o tal garoto asiático se aproximou. O professor se lembrou dele.

-Ei. – Chamou . – Posso ir ao banheiro?

-Hã... – Pensou Jason. O garoto não o tinha reconhecido. – Pode, pode sim.

-Valeu.

O garoto saiu soturno, quieto. Bem diferente de como tinha agido no outro dia.

 

***

 

Bonnie estava louca, ensandecida. Quer dizer, devia ter algo com ela, porque AQUILO NÃO ERA POSSÍVEL. A mesma professora que havia entrado de forma completamente doce e depois se transformado num monstro agiu de forma completamente contrária naquele dia. Primeiro Damashi Mee entrou com uma expressão de quem diz “assisti um filme meloso ontem e o final foi uma droga” e em seguida ficou TODA AMORES com a sala. Todos olharam uns para os outros tentando entender, mas aquilo era inexplicável. 

-Ai, vocês não acham que ficarmos enfurnados aqui o dia inteiro não é beeem chato? – Perguntou com uma voz animada. – Eu estava pensando e... O que acham de irmos todos para o cinema assistir As Loucas Aventuras de um Menino que Morava no Interior e foi para Cidade, mas Depois Volta para o Interior? Me disseram que é incrível e que o fim é algo simplesmente indecifrável. 

“O NOME DO FILME FALA O QUE ACONTECE NO FINAL!”, pensou Bonnie. Pelas expressões, o resto da sala pensava o mesmo.

-Bom, então vamos logo e, não se preocupem com dinheiro, eu pago as entradas e pipocas de todos. – Os alunos não se moveram. A expressão de Damashi mudou para a do dia interior imediatamente. – EU VOU TER QUE ARRASTÁ-LOS PELOS CABELOS, SEUS INÚTEIS!? MOVAM-SE AGORA. – Todos se levantaram e saíram de seus lugares. – Ótimo meus amores. Vamos logo.

Ainda que por fora não mostrasse tanta reação, por dentro Bonnie tremia de medo. QUE TIPO DE PROFESSORA ERA AQUELA? 

 

***

 

Jason já não agüentava mais. Precisava tomar um ar puro.

-Vou até a enfermaria e já volto. – Anunciou, mas ninguém pareceu ouvir ou dar importância.

Ele saiu e respirou aliviado. Sempre que saia daquela sala, seus ombros ficavam mais leves de forma quase divina. O caminho até a enfermaria era bem bonito até. Na verdade, toda escola era de uma estrutura muito bonita. Todas as salas de aula. Isso o fazia pensar. Mesmo sua classe era ruim nesse ponto. Jason podia estar enganado, mas lembrava-se de ver dois ou três pentagramas pintados nas paredes. MISERICÓRDIA. Ele interrompe seus próprios pensamentos quando chegou à enfermaria. Bateu de leve na porta, mas entrou antes que respondessem. Conhecia todos na escola, afinal tinha estudado ali também. Havia uma liberdade dele para com todos os que trabalhavam na escola quase palpável.

-Eai, Nutts. – Cumprimentou. A enfermeira de cabelos prateados e orelhas pontudas (sim, ela era uma elfa) estava conversando com o tal garoto asiático.

-Ah, oi Jason. Tudo em cima? – Perguntou ela.

-Hã.. Dona Nutts, eu volto depois... – Disse baixo o garoto. Ele se levantou e atravessou a sala até a porta. – Vou lá para a sala, professor.

-Hmm, beleza. Logo eu volto para lá também... – A porta fechou atrás dele em silenciosa.

-Eai, o que manda, professor Jason. – Brincou Nutts.

-Ah, sua idiota. – Riu Jason. – Vim ver tomar um ar fresco. Aquela sala é um inferno.

-Ahahah. A H3LL é complicada mesmo.

-VOCÊ TÁ RINDO!?

-Ah, para de drama, Jason. Já fomos como eles, provavelmente piores.

-Ainda assim... – Relutou. – Enfim, o que aquele garoto estava fazendo aqui?

-Bem, como nossa psicóloga ficou louca e foi para o sanatório, eu estou atendendo-os por enquanto. Ele é seu aluno?

-Ah, sim. E também o conheço de um outro momento.. Enfim, está tudo bem com ele?

-Hm.. Você sabe sobre a “namorada” dele, certo? – Perguntou Nutts. Uma expressão séria e preocupada surgia em seu rosto.

-Sei... Ela é fruto da mente dele, certo?

-Exatamente. – Assentiu. – Ela se chama Marym. Ele já “conhece” ela há uns bons anos. Por diversas vezes Marym serviu como ponto de fuga para ele.

-Entendo... – Jason começava a se sentir mal por rir do garoto quando o viu pela primeira vez.

-Pois então. Ultimamente, ele não tem mais conseguido vê-la. E isso é extremamente doloroso para ele.

-Caramba, que droga...

-Verdade... Ele está crescendo afinal de contas. Ainda que tenha repetido os últimos cinco anos, ele é um gênio promissor. Mas exatamente cinco anos atrás ele trancou seu gênio dentro de si mesmo e tem tratado os estudos como se não fosse nada. O garoto entrou no ensino médio com onze anos de idade. Dá para ver o quão inteligente ele é.

-Wow.

-É. Eu o estou ajudando, mas não creio que Marym possa voltar definitivamente. Quer dizer, ele diz que vez outra ela aparece, contudo a mente dele está se desenvolvendo. Logo fará dezesseis anos. Sabemos o que ocorre nessa idade com garotos desse tipo...

-Espera, quando diz “desse tipo”, quer dizer que...

-Sim, ele é um notarium.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...