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História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - Marym Foz


Escrita por: GirafaEsquilo

Notas do Autor


Esse capítulo é beeem grande, mas também é o fim desse arco. Bom... Boa leitura :v

Capítulo 28 - Marym Foz


-Então você está me dizendo que todo esse lugar é a mente dele? – Perguntou Jason. Aquela história estava irreal demais, além do que podia compreender. Contudo estava acontecendo, ali na sua frente.

-Exatamente. – Assentiu a garota. – Os notarium têm a mente um tanto distorcida. No caso desse garoto, ela é ainda mais distorcida.

-E o que ele está fazendo ali dentro? – Disse Jason apontando para o reservatório.

-Ah, aquele não é ele de verdade. É apenas uma representação de sua mente. E esses terremotos representam a destruição da imaginação do garoto. – Respondeu a garota, antes que Jason perguntasse. – A força aumentará gradativamente até começar a destruir tudo, inclusive esse lugar em que estamos.

-E não há uma forma de impedirmos isso?

-Até tem. – Suspirou. – Ele precisaria de algum estímulo que o trouxesse de volta a si. Acordá-lo seria um bom começo.

-Ah, se é assim... – Jason se dirigiu até o reservatório. Iria fazer Jonnes voltar. Quem diria, mal tinha começado como professor e lá estava ele correndo atrás de um aluno problemático.

Estava prestes a alcançá-lo quando tardiamente sentiu o movimento brusco vindo de trás e um chute estupidamente forte vindo pela direita no instante seguinte. Jason voou até bater as costas abruptamente num dos pilares que circundavam a cúpula. 

– QUE DROGA ESTÁ FAZENDO!?

-Eu não disse em momento algum que permitiria que o ajudasse. – Concluiu a garota. A perna direita ainda estava arqueada.

-MAS O QUÊ!? Quem é você para permitir ou não algo?

-Eu? – Sorriu. – Sou a personificação da alegria e do medo desse garoto inútil. Eu sou Marym Foz.

 

***

 

Em meio ao caos de sua própria mente, Jonnes se lembrava de todos os seus momentos com Marym, desde a infância, a fim de poder trazê-la de volta. Tinha conhecido ela há oito anos, em um dos últimos campos de estudo dos vulpinos

após o término da guerra. Eles agiam clandestinamente. As crianças eram todas parecidas com Jonnes. Não só pelo fato de terem a pele amarelada ou os olhos puxados, ma seus cabelos também era raspados de forma que ficassem quase

carecas, fossem meninos ou meninas. Todos eram tratados, facilmente aliciados e então submetidos à testes de inteligência e horas e horas de lavagem cerebral com táticas de guerra. Uma verdadeira droga. Contudo Jonnes não se importava realmente. Agia com certa indiferença quanto a tudo o que ocorria, tanto com ele quanto com os demais. Nunca conheceu seus pais, então não tinha um desejo de voltar para casa. Jonnes não tinha isso afinal de contas. Estava conformado em viver como um instrumento pelo resto de sua vida.

Isso até encontrá-la. A primeira criança e também garota que não tivesse um olhar inexpressivo. Ao invés disso, seus olhos cor de esmeralda transmitiam toda a vida que Jonnes nunca havia sequer imaginado existir. Ela havia aparecido em uma das visitas dos adultos de jaleco, acompanhando-os. As visitas continuaram até que em uma delas a menina o abordou, inesperadamente.

-Oi! - Disse ela, animadamente.

Jonnes a ignorou. Mesmo que não quisesse, tinha aprendido da pior maneira que dirigir a palavra àqueles que não eram notarium não acabava bem.

-Ei, eu estou falando com você! – Insistiu a menina. Jonnes a ignorou novamente. Ele se levantou, foi em direção à um grupo de crianças num outro

canto do salão. A menina se pôs em sua frente.

-Não vai falar comigo? – Perguntou. Nenhuma resposta. – Pois vou ficar no seu caminho até se render.

E aquilo perdurou por semanas. Todo dia a garota vinha e o cumprimentava, esperando ser respondida. Ela continuou nisso até perceber que ele seria duro na queda, então começou a falar das coisas que fazia e sobre as histórias que lia. Uma delas era sobre um conde que morreu por ser bondoso demais e assim atrair a inveja do rei. As coisas continuaram assim até Jonnes tomar uma atitude.

-Oi, hoje como eu havia... 

-Oi. – Respondeu o garoto.

A menina ficou sem resposta. Por impulso, ela o abraçou com força.

-VOCÊ ME RESPONDEEU! – Gritava de alegria. Por algum motivo nenhum adulto demonstrava desagrado.

Dali em diante os dois se aproximaram mais e mais. Todos os dias Jonnes esperava ansiosamente por ela, para então poderem brincar e conversar por horas. As coisas iam bem, até o menino perceber que nunca havia dito seu nome para a amiga. Sentiu-se mal pela grosseria e afirmou para si mesmo que iria se apresentar devidamente quando ela viesse mais tarde. Mas naquele dia a menina não apareceu. Nem no outro. Nem no que veio depois. Semanas se passaram. Jonnes começou a pensar se ela não estava com raiva por ele não ter dito seu nome. Imaginou mil hipóteses. Até ela inesperadamente reaparecer no salão, um dia.

Estava mais cabisbaixa. Quase pálida.

-O-oi. – Disse ela, com a voz fraca. Quase caiu ao esticar a mão para cumprimentá-lo.

-Ei, você está bem? – Perguntou Jonnes.

-S-sim... Eu apenas não tomei meu leite antes de sair. Mamãe não estava em casa então... – Seus olhos se concentravam em algum ponto fora da realidade. Subitamente eles se voltaram para Jonnes. – Ei, sabia que senti muito a sua falta nesses dias? 

-Eu também senti. Achei que estivesse brava comigo, então... 

-Eu, brava? Jamais. Você é meu melhor amigo. – Sorriu a menina. Sua voz cada vez mais fraca e sua pele cada vez mais pálida. Escorria-lhe muito suor também. Mesmo assim, por algum motivo, ninguém parecia dar atenção ao que acontecia. – Ei, tem uma coisa que ainda não me contou. Qual é o seu nome?

-E-eu me chamo Jonnes.

-Jonnes, é? Que nome legal. – Ela olhou para o nada e depois voltou. – Eu me chamo Marym. – Um grito acompanhou a tosse forte súbita, que pareceu tornar ainda mais frágil a vida da menina. Era como se ela estivesse partindo. – Ei Jonnes, você é um menino bem bonitinho e legal, por acaso gostaria de ser meu namorado?

-O-o quê?

-V-vamos, é só de brincadeira. – Ela esticou a mão com o dedo mindinho levantado. – Apenas aperte meu dedo com o seu e então seremos namorados por toda a vida.

E então, antes que Jonnes pudesse apertar seu dedo, sua mão caiu junto com seu corpo, inerte.

Seus olhos estavam vazios em meio aos cachos ruivos.

-M-Marym? – Chamou Jonnes. – MARYM!

Nada.

Só depois disso foi que os adultos de jaleco vieram e a levaram. A menina havia morrido. Jonnes se isolou e a partir daquilo foi tratado a cada vez com mais crueldade e violência. Havia ouvido de um menino que um dos vulpinos que administravam o campo, Doutor Foz, era pai de Marym. Ele era quem havia ordenado o tratamento cruel. Ainda assim, Jonnes continuou. Mas apenas pela metade. Ficou ainda mais vazio do que antes de conhecer Marym. Pouco tempo depois forças governamentais invadiram o campo. 

Prenderam todos. Os notarium que ali haviam foram inseridos na sociedade. Jonnes nunca tinha ouvido falar daquilo. Aparentemente era onde as pessoas viviam em comunhão. Continuou apenas vivendo, até encontrar Marym, com sua idade, vestida lindamente e com um sorriso esplêndido como sempre. Sem falar nada, ela o beijou. Dali em diante as coisas melhoraram, tendo apenas discussões vez ou outra com aqueles que zombavam dela por algum motivo. Foi assim até Marym começar a sumir. Então seu mundo começou a ruir.

 

***

 

Bonnie estava presa num guarda-roupa que ficava na sala da professora Damashi. Depois de tanto correr dela, a leporídea havia sido capturada, amarrada e posta ali.

“Por favor, alguém. Por favor...”, falava consigo mesma. Estava um silêncio absoluto lá fora. Estava. Porque tudo virou um caos quando a porta da sala lá fora pareceu ser arrombada.

-V-você? – Bonnie pôde ouvir a professora assustada do lado de fora. – O que está fazendo aqui, Lay?

“LAY”, pensou Bonnie.

-Cadê a minha amiga, Damashi? – Perguntou a garota, com uma voz não muito amigável.

-Amiga? Não sei nada sobre nenhuma...

-NÃO MINTA PARA MIM. – Disse Lay. Em seguida Bonnie ouviu um baque surdo. Não podia gritar pois havia uma fita presa sobre sua boca.

-AI AI! – Gritou de dor Damashi. – Não me dê socos na cabeça!

-ONDE ESTÁ ELA?

-Aargh. Está bem, ela está ali no armário.

-Ótimo. – Bufou Lay. Os sons de passos ficaram cada vez mais próximos até as portas do armário se abrirem e Bonnie ver sua amiga morena de cabelos coloridos sorrir, como sempre. – Está tudo bem?

-Aaah. Sim – Disse, após ter a fita tirada de sua boca. Era possível ver Damashi com uma cara de choro, sentada no sofá como uma filha que desobedeceu a mãe.

-Ótimo. Vamos logo. Vai passar uma maratona de O Zumbi que Fazia Cooper na TV e não quero perder.

-Hã... Está bem. – E assim, sem mais nem menos, Bonnie foi embora da casa de sua professora.

 

***

 

“DROGA”, pensava Jason. O chute havia doído mais do que ele desejava. A tal Marym Foz estava em pé, a sua frente, olhando através dos pilares a destruição do “mundo” dentro de Jonnes. Se ele fosse o rápido o suficiente, talvez... Ainda com dor, Jason saltou e disparou em direção à garota. Quando ela percebeu, foi tarde

demais. Ele a empurrou no chão e correu para o reservatório. 

-EI JONNES! – Gritou. – ACORDE DE UMA VEZ, SEU IDIOTA! PARE DE SOFRER POR UMA GAROTA! ACHA QUE ELA GOSTARIA DE TE VER ASSIM?

Jason continuou gritando, mas as palavras pareciam não surtir efeito. O garoto dentro do reservatório nem mesmo se mexia.

-ANDA LOGO, GAROTO! – Nada. Jason olhou para a garota. Estando ali, como ele... Ela tinha que saber como ajudá-lo. Mesmo sabendo da força ridiculamente grande que possuía, Jason avançou para cima dela, agarrando seu colarinho. – VOCÊ SABE COMO FAZÊ-LO ACORDAR, NÃO SABE!?

-ME SOLTA. – Disse a garota, dando socos no peito de Jason. Já no primeiro golpe ele queria soltá-la. O impacto era forte demais. Mas se fizesse isso então

estaria desistindo do seu aluno. E, ainda que fosse cedo demais para agir assim por um dos seus, Jason não aceitaria perder um daqueles garotos impertinentes.

-DIGA DE UMA VEZ COMO SALVÁ-LO!

-NÃO!

Então Jason apelou. Ele realmente não queria agir daquela forma, mas foi a única ideia que conseguiu ter sobre pressão. Aquele momento ficaria gravado para sempre em sua memória.

-DIGA!

-NÃO!

A mão de Jason rasgou o ar com toda a força e acertou em cheio o rosto da garota. Deve ter sido uma surpresa para a tal Marym, pois sua boca estava aberta de susto.

-DIGA LOGO OU EU JURO QUE BATO NOVAMENTE E COM MAIS FORÇA.

-V-você teria coragem? – Perguntou a garota, com uma expressão um tanto fofa. Algumas lágrimas escorriam de seus olhos por sobre a bochecha avermelhada. – B-bater em mim? 

-Hã... – Jason Hesitou. Quer dizer, ele estava furioso, mas sabe... bater em uma garota, independentemente de ser bonita ou não... Ele não queria fazer aquilo. Tinha aprendido com um personagem de mangá que isso não era certo. Não importando o que acontecesse. Infelizmente, a garota estava apenas fingindo. Assim que percebeu a pausa de segundos de Jason, ela lhe deu um chute naquelas partes. Não é preciso dizer que a dor foi estratosférica.

–AAARGH!

-Hahaha, garoto idiota. – Riu Marym. – Homens sempre caem nesses teatrinhos fofos. Francamente, é tão fácil fazê-los de marionete. – Ela se dirigiu até o reservatório no centro da cúpula. – Sabe... Eu iria apenas sentar e assistir, afinal ele irá “morrer” de qualquer forma. Contudo, quero poder fazê-lo sofrer uma última vez antes de seu fim. Aí então, eu vou poder viver em sua realidade.

-D-do que está falando? – Grunhiu Jason. A dor ainda era muito forte.

-Ah, ainda está consciente? Imaginei que um chute naquelas partes com toda a força o faria cuspir sangue. Mas parece que é mais resistente do que o normal. – Suspirou. – Bem... Não deve fazer mal te dizer o que vai acontecer aqui, até porque, por estar aqui dentro, assim que tudo se destruir, você também desaparecerá. – Marym olhou para Jason. – Quando a mente dele quebrar e sua imaginação morrer, eu vou me aproveitar e “tomar” o seu corpo. Agora, se não se importa eu... 

-Deixa de ser idiota. – Sussurrou Jason. Ainda estava se recuperando.

-Desculpe, o que disse? 

-Eu falei: DEIXA DE SER IDIOTA. – Gritou. E, num movimento rápido, ele se agarrou ao

calcanhar da garota e a puxou com toda a força que tinha. Por estar desprevenida, ela caiu de rosto no chão.

-FILHO DA MÃE!

-AHAHAHAH. EU NÃO VOU TE DEIXAR FERRAR COM O MEU ALUNO!

Eles nem perceberam que apenas a cúpula ainda não havia sido destruída.

 

***

 

AARGH. QUE RAIVA. Lay tinha que aparecer do nada, mais uma vez. Poxa, Damashi só queria construir um laço de amizade com uma aluna. Ao invés disso, só tinha conseguido o olhar de medo da garota e levar um cascudo de Lay. CARAMBA, ELA ERA UMA ALUNA. 

Tudo bem, Damashi havia agido de forma estranha? Talvez.

Tinha mostrado acidentalmente seu lado insano? Talvez também. Mas, caramba, ela só queria uma amiga e estava se esforçando para isso. Em meio aos infinitos potes de sorvete, a jovem professora assistia a maratona de Novelas para Adolescentinhos que Vão Fazer Seu Coração Palpitar. “Isso, Maria Juanita”, pensou enquanto olhava quase vidrada a TV, “Fique de uma vez com Jaime Mascat e tasque-lhe um beijo apaixonado”. 

Pois é, aquela professora era realmente estranha.

 

***

 

-ME LARGA, SEU IDIOTA. – Gritava a garota enquanto tentava acertá-lo. Por mais estranho que possa parecer, Jason conseguia se desviar de tudo.

-NÃO! – Gritou. – EI GAROTO! JONNES! ACORDE DE UMA VEZ! SUA GAROTA ESTÁ AQUI! – Ele só se lembrou que Marym era o nome da namorada imaginária naquele momento.

-O que está tentando, fazer? – Perguntou a garota. Ela iria chutá-lo novamente quando percebeu que não havia mais nada ao redor da cúpula. – DROGA!

-AHAHAHA. AGORA ESTÁ REALMENTE PREOCUPADA, NÃO É?

-NÃO, IDIOTA. OLHA LÁ PARA FORA.

Jason olhou para trás, mas preferia não ter olhado. Não havia nada além de um branco vasto da inexistência e algo parecido com um buraco negro mais para trás. Como eles não haviam sido sugados ainda? Tinha que ser agora, ou nunca. 

-ACORDA DE UMA VEZ, JONNES! SUA NAMORADA ESTÁ AQUI! 

E como resposta, os olhos do garoto dentro do reservatório se abriram subitamente. Eles se arregalaram assim que viram Marym.

-DROGA! – Reclamou a garota.

Repentinamente, o reservatório explodiu. Jason fechou os olhos temendo os cacos de vidro, mas nada o atingiu. Quando finalmente olhou, não entendeu o que viu. Os pedaços de vidro estavam suspensos e Jonnes planava no ar, como um daqueles personagens com poderes paranormais dos filmes e séries. ONDE ELE TINHA SE METIDO!? 

-M-Marym? – Chamou o garoto asiático, sem acreditar.

A garota pareceu vacilar em sua expressão por um segundo. Pareceu que ela poderia mesmo ser uma namorada doce a amorosa. Mas no instante seguinte, como se algo a aprisionasse, seu rosto endureceu novamente.

-Eu não sou a Marym que você conhece. – Disse. – Sou melhor. Aquela era uma falha.

-Mas o quê? – Jonnes não entendia muito bem.

-Hehe. – Sorriu Marym. E então Jason viu algo que gostaria de não ter visto. Sério. A garota começou a se distorcer. Braços viravam em ângulos estranhos e o pescoço girava rapidamente. Logo garras, pelos, orelhas e cauda cresceram. Não era mais uma garota. Era algo parecido com uma raposa. Era um vulpino. 

– Olá, moleque. – Sua voz era masculina.

-N-NÃO! – Gritou Jonnes. Quem quer que fosse aquele vulpino, não parecia trazer boas lembranças para o garoto. – O QUE FEZ COM MARYM?

-Ahahaha. Ela era fraca. Aliás, suas memórias sobre ela estavam bem fracas. Então foi fácil absorvê-la. É incrível ver como eu sempre estou em suas memórias. É, realmente não deve ser fácil esquecer os sofrimentos que te causei.

-LIBERTE-A AGORA! – Ordenou Jonnes.

-Minha cara cobaia, acho que isso não será possível. – Respondeu o vulpino.

E, com um poder e força surgidos sabe-se lá de onde, ele esticou seu braço direito para o garoto planando no ar, lançando uma substância gosmenta semelhante a uma membrana. Ela grudou em Jonnes, que começou a gritar imediatamente. – Eu poderia ter tomado controle sobre seu corpo apenas

esperando. Teria me desgastado menos, mas aquele idiota ali me forçou a isso. Não tem problema, no fim das contas, eu poderei me lembrar um pouco de como era bom te ver sofrendo!

Jason se sentia imponente diante de tudo aquilo. Estavam num nível totalmente diferente do que ele poderia alcançar. Ainda assim, tinha que fazer algo. A destruição que havia parado ao redor da cúpula estava começando a entrar. Se Jonnes não fosse salvo logo... Foi quando Jason se levantou subitamente, ainda que todo o corpo doesse. Principalmente os aquelas partes. Nem ele mesmo sabia de onde vinha força para continuar a levantar.

O jovem professor se aproximou por trás do vulpino silenciosamente, até agarrá-lo, envolvendo-o com uma chave de braço. O ato era inesperado tanto para Jonnes quanto para seu agressor, pois ambos olharam Jason como se dissessem “como?”. 

A destruição estava se aproximando deles cada vez mais rápido. Então Jason usou sua arma máxima. Já havia se livrado de um assalto com aquilo uma vez. É claro que a situação atual não se comparava com um bandido querendo seus pertences, mas ainda assim, era o que tinha na hora.

Jason se aproximou do ouvido do vulpino e sussurrou:

-Haviam dois mercados voando...

-MAS O QUÊ? – Gritou o outro, sem entender nada.

-Um deles falou “espere, Mercado. Não voe!”. Contudo, um deles caiu e o outro continuou voando. Porquê?

-QUE DROGA É ESSA!? – O vulpino simplesmente não acreditava no quanto aquele humano era estúpido.

-Hehe... Porque um deles era um SUPER-MERCADO!

O vulpino não acreditou no que ouviu. Aquilo era uma piada tão ruim, TÃO RUIM, que simplesmente não podia ser real. Ele se livrou dos braços do humano e se virou para atacá-lo quando sentiu uma dor lancinante no peito.

-O-o que? – Gaguejou. Uma luz forte surgiu de onde vinha a dor. Seu peito começou a se abrir e uma mão surgiu de lá. UMA MÃO FEMININA. Jason entendeu imediatamente e puxou-a para fora. Era Marym. A verdadeira, usando um vestido florido todo melecado. Jonnes estava acanhado no chão, sem ar.

-JONNES! – Gritou Marym, correndo e sua direção.

-M-Marym..?

Ótimo. Tudo estava resolvido. Agora Jason iria para casa e então poderia ver uma partida de basquete. Estava louco para...

BOOOM.

Um tremor sacudiu toda a cúpula. A destruição não havia parado.

-QUE DIA É HOJE? – Gritou a garota. Sua voz e expressão eram totalmente diferentes.

-O QUE?

-QUE DIA É HOJE?

Jason não estava entendendo a pergunta, mas devia ter alguma razão.

-DIA TRINTA DE MOOJO.

 

O rosto de Marym ficou branco.

 -D-droga. Jonnes faz aniversário hoje.

E antes mesmo que Jason pudesse responder, tudo explodiu e uma luz forte o cegou. Ótimo, ele havia morrido dentro da mente de um garoto que mal conhecia.

Pelo menos era isso que havia pensado naquele momento. Jason abriu os olhos vagarosamente. A luz do sol batia em seu rosto. Estava jogado em seu sofá. Olhou em volta procurando a resposta para estar ali, são e salvo. Encontrou-a atrás do balcão na cozinha, mexendo nas panelas a beira do fogão.

-Oh, a cinderela acordou? – Perguntou Jonnes sarcasticamente.

-O que está fazendo na minha casa? Estávamos na sua mente e então...

-Como é? Minha mente? – Sorriu o garoto. – Está louco professor? Eu te encontrei jogado na Praça Invertida, chamando por uma tal de Onix e segurando uma barra de chocolate.

Jason tentou lembrar o que havia acontecido. Sua cabeça explodiu de dor só de tentar. Tinha uma vaga imagem sobre um vulpino e poderes mentais. Não, aquilo era irreal demais para ser verdade. Acabou por acreditar no garoto.

-E como encontrou minha casa?

-Não se lembra? Eu perguntei para o senhor.

-Aah... – Aquilo não parecia verdade, mas a dor na cabeça era horrível e Jason não estava a fim de se esforçar agora.

Jonnes desligou o fogão e despejou algo da panela em um prato fundo.

-Pronto. – Suspirou. – Aqui está um autêntico yakisoba. – Ele sorriu ao apontar para o prato em cima do balcão. Pendurou o avental que usava em seu gancho e se aproximou da porta. – Bom, professor, eu vou indo. Faltei na escola hoje, mas preciso pegar a matéria perdida certo? Até logo. – E sem esperar nenhuma resposta, o garoto fechou a porta atrás de si e sumiu.

-Mas que droga aconteceu ontem? – Se perguntou Jason.

 

***

 

-Tem certeza sobre não falar nada, Jo? – Perguntou a garota.

-Sim. Passar por tudo que passou não é para qualquer um. Pensar que tudo aquilo não passou de um sonho ou alucinação é a melhor saída. Sem contar que ele derrotou um vulpino apenas sussurrando seu ouvido.  – O garoto suspirou de alívio e agarrou a mão da garota enquanto caminhavam pela rua. Dessa vez ninguém os encarava de maneira estranha. Por algum motivo, todos os olhavam com carinho, como se dissessem “que lindo casal”. Jonnes não entendia o motivo. Para ele, Marym sempre esteve ali, do seu lado, não importando o que acontecesse. Mas as pessoas só se dirigiam a ela agora, depois de tantos anos. Ah, seja lá qual fosse a razão, queria aproveitar o momento perto da garota mais linda do mundo. De seu amor.

-Ei, Jo! – Chamou ela. Hoje ela usava um vestido florido mais belo que os de costume. Marym o olhou nos olhos, o carinho de sempre. – Aquele tiozinho está vendendo sorvete. Vamos comprar um?

-O que você quiser, meu pedaço de chiclete. O que você quiser.

 

***

 

Depois de uma semana Jason voltou para a escola. Acabou tirando uma licença de cinco dias. Enfim, quando entrou na sala H3LL, percebeu uma aluna nova. Uma garota um tanto pequena, cabelos cacheados ruivos e olhos verde vivo. Ele a conhecia de algum lugar. 

-Ei, qual é o seu nome? – Perguntou.

-Hã... Eu? – Respondeu a garota, tentando ouvi-lo em meio ao caos de sempre da sala.

-Sim, você.

-Eu me chamo Marym Foz.

Ué. Jason também conhecia aquele nome de algum lugar, mas por mais que tentasse se lembrar, não chegava a uma resposta. A única coisa que lhe vinha à mente era a velha piada dos mercados voando. Vai entender. Ele apenas deixou de lado aquele pensamento.

-Bem, seja bem-vinda, Marym.

-Obrigado. – Sorriu a garota.

 

***

 

DUAS SEMANAS DEPOIS

 

Bonnie havia acabado de acordar quando ouviu alguém deixar algo na porta de seu quarto. Escovou os dentes, tomou banho e, depois de comer algumas cenouras – o que mais poderia ser? – a garota finalmente foi até a porta ver o que o correio tinha lhe trazido dessa vez. Era um pacote da espessura de um livro, com uma embalagem esverdeada. Tinha algo escrito, mas era uma língua desconhecida para Bonnie. Rapidamente ela entrou com o pacote e se jogou na cama, rasgando vorazmente a embalagem. Quando viu o que era, sua mente explodiu de alegria. Era uma camiseta do grande lutador, Guildo Firelli. E, envoltos na camiseta, haviam QUATRO PASSAGENS PAGAS PARA MAROMBA LAND. Isso junto do lutador pacifista. Como sabemos, a primeira reação de Bonnie foi:

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.



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