Bonnie caminhava pelas ruas tranquilamente. Fones nos ouvidos e a mesma expressão “triste” no rosto. Andava à passos medianos enquanto o contrabaixo, bateria e guitarra cruzavam suas próprias linhas de ritmo. Ela adorava aquilo. Estava indo para a Mama Choco contar para Lay sobre o prêmio que havia ganhado num concurso. Em Busca do Herói Maromba era o nome. Acontecia anualmente e sempre sorteava coisas como encontros com os maiores lutadores de wrestling ou kits lotados de brindes exclusivos. Bonnie sempre se inscreveu em todos, mas nunca foi sorteada. Começava a pensar em desistir quando viu o anúncio da edição daquele ano. Uma viagem para Maromba Land. CARA, ERA AGORA OU NUNCA. A garota fez o mesmo ritual de sempre: cartas, fotos e desenhos que expressassem o amor pelo wrestling. TUDO. Concentrou tudo de si que pôde. Torceu e esperou. Mas por algum motivo, o anúncio dos resultados acabou demorando um pouco além da conta. Assim, Bonnie acabou esquecendo. É possível pensar “mas se ela estava realmente dedicada, não ficaria ansiosa com a demora?”. Sim, ficaria. Mas a questão é que os leporídeos têm um problema em guardar assuntos que demorem significativamente para se concluir. Então quando a caixa chegou foi uma surpresa inesperada. A garota gritou “AAA” por vinte e quatro horas seguidas, sem parar. Ninguém em Ludowiski conseguiu dormir, a não ser Ele. Mas esse é um caso que não vale citar agora.
Enfim, Bonnie tinha direito de levar mais três pessoas. Iria convidar Lay, já que era provavelmente sua melhor amiga. A leporídea estava pensando em quem mais poderia convidar para a viagem quando uma velha montada numa bicicleta subitamente se colocou em seu caminho. Seus olhos eram pequenos como os de um porco e sua expressão não era nem um pouco tranquilizadora. Ela encarava a garota. Bonnie achou aquilo estranho, e por isso mesmo desviou da velha e continuou andando. No instante seguinte a velha estava na sua frente novamente. “Mas o que?”. Ambas ficaram se encarando até a estranha quebrar o silêncio.
-Dá um sorriso. – Disse a velha, mas com uma voz que mais parecia ter saído de um daqueles filmes de terror extremamente assustadores.
Bonnie não esboçou reação. Que droga aquela velha estava falando?
-DÁ UM SORRISO. - Repetiu a outra, mas dessa vez com uma voz ainda pior.
Instantaneamente a leporídea sorriu. Sob aquela situação, a única saída era fazer o que a outra queria. A velha sorriu também, ajeitou a bicicleta e pedalou em uma velocidade muito próxima à da luz. “O QUE ACABOU DE ACONTECER?”, pensou. Decidiu esquecer aquela bizarrice e entrou no shopping.
Quando chegou à Mama Choco, viu o lugar totalmente vazio. Aquilo estava cada vez mais constante. O que poderia ser?
-Ei, Bonnie! – Chamou Lay, surgindo do corredor que levava à cozinha. Os cabelos multicoloridos se sacudiam sobre os ombros a cada passo.
-Oi, Lay. – Respondeu. – Está tudo bem? Não tem ninguém hoje...
-Oh sim. Está tudo bem. – Sorriu Lay. – Eu também estava um tanto preocupada, mas a Mama está bem tranqüila, então não tem porque agir de forma diferente.
-Hmm, entendo. – Bonnie ficou alguns segundos olhando para o nada antes de lembrar o motivo de ter ido ali. – AAAAAAAAAAA. Eu estava me esquecendo. LAY, EU GANHEI.
-Epa, hahaha. O que aconteceu pra você ficar tão animada?
-EU GANHEI QUATRO PASSAGENS PARA MAROMBA LAND!
-Wooow. Isso é incrível!
-SIM. – Subitamente a ansiedade havia tomado conta da leporídea - QUER VIR COMIGO?
-MAS O QUE? É CLARO QUE EU VOU! – Gritou a outra. Mas no instante seguinte o sorriso que estava em seu rosto sumiu. – Mas... Espera aí, eu acho que não vou poder ir. Tenho que ficar aqui no Mama Choco.
-Bah, deixe de ser boba, Lay. – Disse Mama, surgindo do nada de trás do balcão principal. – ESSA É UMA VIAGEM PARA MAROMBA LAND. VAMOS LOGO.
-Eita. – Disse Bonnie. – Não tem problema algum você ir, Mama. Mas daí quem vai ficar aqui trabalhando.
-O Três pode muito bem substituir a todos nós. Apenas confie naquele sujeito.
-Tem certeza, Mama? – Perguntou Lay. – Eu ainda acho que...
-A ÚNICA COISA QUE TU TEM QUE ACHAR É O QUE COMBINA COM O QUE VAI USAR NA NOSSA VIAGEM PRA MAROMBA LAND. – Disse Mama, do seu jeito de sempre.
-Hã... Está bem. – Resmungou a outra.
-Ei ,Lay. Ainda tenho uma passagem sobrando. Porque não chamamos o Jason? Ele gosta pra caramba de wrestling também.
-Wow. Boa ideia. Ele vai ficar louco. – Disse Lay. – Espera aí que vou ligar no nonsen phone dele. – Enquanto a garota discava Mama resmungou um “NÃO CHAMEM AQUELE IDIOTA”. Depois do som costumeiro de chamada, Jason atendeu. – Oi, é a Lay. Então, a Bonnie ganhou quatro passagens para Maromba Land, e queríamos saber se quer vir conosco? – A resposta do garoto foi um “AAAAAAAAAARGH” tão intenso que até mesmo Três surgiu no corredor perguntando o que tinha acontecido. – Que droga Jason, tem certeza que não vai poder ir? Caramba. É realmente uma pena. Bom, espero que haja uma próxima oportunidade, é teu sonho ir lá afinal. Tá. Tchau. Beijos. – Lay desligou a chamada no nonsen phone com um toque.
-Ele não vai poder vir? – Perguntou Bonnie.
-Infelizmente não. Parece que a direção da escola está preocupada com a impressão que a sala H3LL pode dar na visita anual do Governador Ancestral, então o encarregaram de dar um jeito na sala nas próximas quatro semanas. Então sem chance...
-Que droga...
-Pois é...
-Ei, agora que falaram em escola, vocês também não vão faltar? – Perguntou Mama.
-Ah, não tem problema. A organização do Em Busca do Herói Maromba vai até a escola e solicita que permitam a nossa saída. São só cinco dias também.
-Hmmm. Entendo.
-Bom, agora precisamos ver quem chamar para ficar com a última passagem. – Disse Bonnie. – Vamos pensar em alguém até o dia da viagem. É daqui uma semana ainda.
-Sim, definitivamente vamos encontrar alguém até lá.
UMA SEMANA DEPOIS
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
-Calma, Bonnie. Acho que não tem problema ir com uma pessoa a menos. – Tentou Lay.
-NÃO! O REGULAMENTO DIZIA QUE AS QUATRO PASSAGENS PRECISAM SER USADAS! – Gritou a outra. Elas estavam indo para o aeroporto de ônibus. O vôo sairia às duas horas e trinta minutos. Eram duas horas naquele momento.
-Droga. Ainda assim, vamos ter paciência, podemos pensar em...
-Com licença. – Interrompeu uma voz, vinda do banco de trás no qual elas estavam sentadas. Seus pescoços se arrepiaram quando a reconheceram. – Vocês estão precisando de ajuda?
-DAMASHI MEE!? – Exclamaram as duas em uníssono.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.