-Er... Oi. – Respondeu Damashi Mee.
-O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI!? – Gritou Lay, chamando boa parte da atenção das pessoas no ônibus para si. Não eram expressões convidativas.
-Ei, Lay, acho que...
-ESPERA AÍ, BONNIE. – Continuou a garota. – ELA TÁ SEGUINDO VOCÊ. VOU RESOLVER ISSO É AGORA.
-O quê? N-não. Não é nada disso, eu estava apenas...
-AAH, NEM VEM COM LADAINHA PRA CIMA DE MIM.
-Lay, as pessoas...
-ESPERA SÓ UM POUCO AÍ...
-Ocê vai ficá criano fuzuê aqui mermo ou vai escutá suamiga e baixá o tom da voiz? – Resmungou uma velha senhora, em pé ao lado de Lay. – Andi, andi, dexa eu sentá aí que já to véia e minha coluna tá dueno. Onde já se viu, essa juventudi tá toda baguiada.
-Ah, er... Me desculpe. – Disse Lay, falando baixo e sem jeito. Cabisbaixa a garota se levantou e deu lugar para a senhora. As pessoas ao redor voltaram suas atenções pro que quer que estivessem fazendo. Ela se colocou ao lado de Damashi, em meio aos corredores extremamente apertados do ônibus. – Pode ir falando o que está fazendo aqui. – Sussurrou para a professora.
-E-eu estava indo ao mercado. – Respondeu a outra, sem graça. Aquele comportamento era um tanto anormal. Lay nunca a tinha visto assim, mas não queria baixar a guarda. Ela poderia lançar aquele olhar psicopata do nada a qualquer momento.
-Isso é mentira. O Big Beautiful Oswaldo fica no outro lado da cidade. – Disse Lay.
-Eu não gosto daquele mercado. Prefiro ir ao La Monsieur.
-Sei... – A garçonete estreitou os olhos. – É bom você não descer no mesmo ponto que a gente.
-Ei, Lay. – Chamou Bonnie. Ela estava sentada ao lado da senhora de antes, por isso a garota de cabelos coloridos evitou se aproximar muito.
-Oi, Bonnie?
-Já são duas e quinze. O vôo é às duas e meia. – Disse a leporídea, com uma expressão rasa de ansiedade.
-Jura?
-Sim.
-Espera aí... – Ela olhou pela janela para ver onde estavam. O bairro em reconstrução de Jolly Mind se mostrava, com os castoróides carregando materiais de um lado para o outro. Droga. Dali demorariam pelo menos mais quarenta minutos para chegar ao aeroporto. Lay devia estar deixando claro sua preocupação em seu rosto, pois Damashi a olhou preocupada.
-Er... Posso ajudar? – Perguntou.
-CLARO QUE NÃO. – Respondeu a outra. – A NÃO SER QUE CONSIGA FAZER ESSE ÔNIBUS CHEGAR AO AEROPORTO EM MENOS DE QUINZE MINUTOS.
Damashi pareceu pensar um pouco.
-Tudo bem. – Suspirou.
Lay não entendeu o que ela queria dizer com “tudo bem”. A professora se levantou do banco em que estava e se embrenhou no corredor quase vivo e estreito formado pelas pessoas que estavam de pé, sumindo em menos de dez segundos.
-Ei, espera aí, onde pensa que vai? – A resposta não chegou. A garota ficou olhando para o lugar onde Damashi havia se enfiado por alguns minutos, ainda sem entender o que a professora pretendia fazer. Ela compreendeu no mesmo instante em que o ônibus deu um solavanco repentino e a paisagem do lado de fora das janelas se tornou borrão. Subitamente a cabeça da jovem de olhos espirais surgiu de trás das costas de um homem alto. O ônibus estava muito veloz.
-O-o que você fez? – Perguntou Lay assustada.
-Hã... Eu só motivei o motorista com algumas palavras doces. – Respondeu Damashi, com um sorriso tímido.
-C-certo.
DEZ MINUTOS DEPOIS
-AAARGH. – Pigarreou Mama. – Onde elas estão? Eu sabia que não deveria ter acreditado que conseguiriam chegar aqui de ônibus a tempo. Ah cara...
-SENHORES PASSAGEIROS, O AVIÃO 2B33TY9 IRÁ DECOLAR EM DOIS MINUTOS. POR FAVOR, DIRIJAM-SE ATÉ O PORTÃO DE EMBARQUE. – Informou a voz de uma mulher que parecia ter uma bola de pelos presa na garganta.
-Garotinha. – Chamou um homem de uniforme azul escuro. Devia trabalhar na companhia aérea do avião que iria levá-las para Maromba Land, a Catar Estrofe. – Posso ajudá-la? Está perdida de seus pais?
NÃO. Aquele cara não havia feito isso. ELE NÃO OUSOU. As pernas de Mama já estavam flexionadas para pular e as mãos já abertas para puxar os cabelos daquele sujeitinho quando ela ouviu uma voz conhecida.
-MAMAAA! – Gritou Lay, com uma mochila sacolejando em suas costas. Bonnie vinha logo atrás, quase saltitando (porque leporídeos tinham que correr de forma tão fofa?) e uma mulher com um olhar espiral muito assustador a seguia. Quando chegou, o ar da garota de cabelos coloridos estava rarefeito. – N-nós... Che...Chegamos.
-FINALMENTE, CARAMBA! – Resmungou Mama, relaxando o corpo. O funcionário olhava perplexo.
-Vocês pretendem pegar o avião para Maromba Land? – Perguntou ele.
-SIM. – Gritaram todas juntas, exceto a mulher assustadora, porém linda.
-E-então precisam ir agora mesmo. – Concluiu. – ele partirá em... – Olhou no relógio de pulso. – um minuto.
Antes mesmo que o funcionário terminasse de falar, as garotas todas começaram a correr. O portão de embarque ficava dois andares acima.
-EI, LAY, QUAL É A DESSA MULHER DOS OLHOS ESPIRAIS? – Gritou Mama para a garçonete.
-AH, ELA É A QUARTA ACOMPANHANTE E MINHA PROFESSORA. – Respondeu.
-ÓTIMO TEREM ENCONTRADO-NA, MAS DECIDIRAM APENAS POR ISSO? PRECISAM TANTO DE NOTA?
-NÃO. FIQUE OLHANDO E JÁ VAI ENTENDER O PORQUÊ. – Gritou a outra de volta.
Mama compreendeu a escolha de Lay e Bonnie quando, ao chegarem no portão e o encontrarem fechado, a mulher dos olhos espirais “incentivou” os funcionários a abrirem-no de novo. Que bizarro. Bom, agora estavam indo para Maromba Land. Dentro de um dia e meio estariam no “Reino dos músculos e do wrestling”.
Elas mal sabiam que apenas duas delas voltariam sãs e salvas daquela viagem...
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