História CMI - Crônicas de um Mundo Irreal - Coxinha

-AHAHAHA. –Ria Goman, segurando a irmã pelo colarinho. – Se passaram dois anos e você é a mesma hiryo de sempre. Tsc tsc.

Aquilo já durava há umas três horas e o estado de Damashi era deplorável. O que no início parecia ser uma luta equilibrada logo se tornou num completo espancamento.

-Já chega disso! – Gritou uma criança com um pijama de My Little Pegasus. – O que quer dela afinal?

Damashi Goman ficou em silêncio por um segundo. Aquela pergunta a fazia lembrar-se de toda a sua infância até ali, em seus vinte e cinco anos. Toda a raiva acumulada só poderia ser extravasada de forma agressiva.

-ELA OUSOU ME CHAMAR DE “COXINHA” DURANTE TODA A MINHA VIDA. – Gritou, gesticulando com uma mão, enquanto o outro braço erguia Damashi Mee, quase inconsciente. – EU POR ACASO TENHO CARA DE “COXINHA”?

Silêncio. Realmente, para Mama ou Bonnie, aquela mulher não possuía qualquer característica que pudesse lembrar uma coxinha. Aquilo devia vir de alguma rixa infantil entre irmãs ou algo do tipo. Ambas pensaram em concordar com Goman, mas antes mesmo que pudessem se manifestar, ela irrompeu a falar:

-MINHA IRMÃ VEM ME ATAZANANDO COM ISSO DESDE QUE ME ENTENDO POR GENTE. – Vociferava. – EU NEM MESMO GOSTO TANTO ASSIM DE COXINHA.

Um volume se formou debaixo de sua blusa preta e se moveu até a gola, revelando ser um esquilo. O animal um pouco maior do que uma mão tinha uma bandana azul escuro presa cabeça diminuta, igual à bainha da katana de Goman. O animal pareceu resmungar algo no ouvido da mulher, pois no instante seguinte ela fez uma cara feia.

-EU NÃO VOU PARAR, MAP. EU VOU FAZER ESSA ARROGANTE PA... – Antes que terminasse de falar, um vulto gigantesco caiu de cima do terceiro andar, pousando à alguns metros de Goman. Uma onda de choque bem maior que as causadas pela luta entre as Damashis se espalhou pelo edifício totalmente destruído.

-Este é o Hotel Costureiro? – Perguntou um homem vestido com um manto branco. Ele devia ter um dois metros e meio de altura, era possível ver a saliência dos músculos do trapézio sobre o tecido do manto.

-MAS O QUÊ, QUEM É VOCÊ? – Perguntou Goman. – CURVE-SE DIANTE DE MIM.

A mulher esperou que o homem a obedecesse, mas ele continuava olhando-a como se ainda esperasse a resposta de sua pergunta.

-SE NÃO VAI ME OBEDECER, ENTÃO MORRA. – Gritou Goman, largando o corpo da irmã no chão e surgindo quase instantaneamente do lado do homem, brandindo a espada oriental em direção ao seu braço. E, com um simples movimento, a lâmina se despedaçou em inúmeros fragmentos. – O QUÊ!?

-Espera, você estava tentando me machucar? – Disse o homem, inclinando-se para Goman, exibindo seu sorriso matreiro apenas para ela.

-QUEM É VOCÊ?

-Oras, não sabe responder uma simples pergunta. Tsc tsc, que moça mais mal educada... – Continuou ele. – Já que é assim, pelo menos eu vou responde-la. Eu me chamo...

-Espera, eu conheço essa voz. – Disse Bonnie, lembrando-se só agora dele. Como não tinha percebido antes? Estavam ali a fim de conhece-lo também.

-Do que está falando? – Perguntou Mama, o pouco de sangue que escorria de sua boca já havia secado.

-Ele é...

-Eu me chamo Guildo Fireli. – Disse ele sorrindo, jogando para trás o capuz que lhe cobria o rosto.

-E QUE DROGA ISSO...

-Certo, já chega. – Resmungou Guildo, dando um golpe com a lateral de sua mão aberta no pescoço de Goman. – Eu realmente odeio violência, muito menos contra uma mulher, mas você me obrigou a isso.

A última coisa que a irmã Damashi mais velho viu antes de desmaiar foi aquele sorriso insolente de Guildo.