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História Codename - I am running to you


Escrita por: sankdeepinside

Notas do Autor


*One hundred years later*
Perdão, perdão, perdão.
Me desculpem pela demora imensa que esse hiatus inesperado tomou. Era algo que em meus planos duraria apenas um mês, mas eu acabei sucumbindo a um terrível bloqueio criativo, foi difícil, mas enfim estou aqui.
Levou um longo tempo, mas eu aprendi umas boas lições com esse bloqueio. Vamos torcer para que a fanfic prossiga sem muitos desses.
Obrigada a todos que demonstraram apoio, seja aqui no SS ou em outras redes sociais, isso significou muito para mim, de verdade. Espero poder recompensar vocês com boas histórias.
Sem mais delongas, espero que gostem do capítulo!
Abraços!

Capítulo 5 - I am running to you


- Meu doce e pequeno Junmyeon. – Aquele era um dia de muito calor e ele estava debaixo do ventilador de teto, com os olhos fechados, sentindo as mãos gentis brincando com seus cabelos. – Eu o amo mais do que tudo, sabe disso, não é?

O pequeno Junmyeon não abriu os olhos, apenas moveu levemente a cabeça em uma afirmação. A voz da mãe de repente havia adquirido um tom embargado.

- Prometa para mim... prometa que será um homem bom. Prometa que será uma pessoa melhor do que sua mãe.

O pequeno Junmyeon abrira os lábios para responder, mas antes que ele pudesse dizer qualquer palavra, J1nx despertara de seu sonho em um sobressalto. Diferente da atmosfera veranil do seu sonho, o quarto em que estava era coberto pela escuridão. Apesar disso, não era noite. O quarto era apenas bem isolado da luz, já que o sono do hacker era muito imprevisível e nem sempre se igualava com o horário do cair da noite. Estava sozinho, mas essa parte nunca fora novidade.

Junmyeon expirou o ar em um suspiro longo, se sentindo exausto por ter sonhado com a mãe. A sensação de tê-la tão nitidamente real em seus sonhos era sempre agridoce. Ele sentia saudade, mas também sentia ainda mais profundamente a dor da perda. 

Quando tinha apenas doze anos, fora enviado para a casa da família Wu em Vancouver e, desde então, havia perdido contato com sua mãe. Entretanto, ele nunca a esquecera, nem por um único segundo. Mesmo depois de muitos anos, ainda podia vê-la com perfeita nitidez em suas memórias. O longo cabelo escuro, os olhos castanhos e cheios de amor e mistério.

Desde o dia em que a mãe partira, encontrá-la se tornara seu único objetivo.

Quando estava começando a faculdade, já possuía conhecimento o suficiente para procurá-la com ajuda da tecnologia. Entretanto, apenas daquela forma ele não fora capaz de descobrir muito. Junmyeon então continuou indo cada vez mais fundo, usando até mesmo meios ilícitos para descobrir qualquer pista que indicasse sua nova morada, para saber se ainda estava bem ou se havia desistido completamente de seu filho.

Apesar do insucesso em sua busca, não demorou muito para que suas habilidades começassem a chamar a atenção de algumas pessoas. Então, decidira adotar um codinome, um que pudesse proteger sua identidade e também as pessoas próximas de si, em especial a família Wu, que o acolhera como um filho. Assim, J1nx nascera.

Desde que J1nx tomara posse de sua identidade, Junmyeon vivia sozinho. Mesmo que Yifan estivesse sempre ao seu lado, era difícil se livrar da sensação de não se sentir parte de nada, de não poder ter ou ser de ninguém. Na maior parte dos dias, ele deixava o incômodo da solidão ser suprimido pelo excesso e pela adrenalina de seu trabalho. Contudo, nas horas de calmaria, era difícil não se deixar afogar pelo vazio em seu interior.

Havia se acostumado a estar sempre a sós consigo mesmo, mas isso não significava que ele gostasse disso. Fitava a escuridão do quarto com os olhos muito abertos, embora não pudesse reconhecer nada e não fizesse muita diferença tê-los abertos ou fechados.

Dali fora muito fácil deixar a mente vagar de volta até Zhang Yixing, sua mais recente e adorável memória, relembrando o toque morno do pitcher sobre sua pele, o sabor de seus lábios macios e o som suave de seus suspiros ao pé de seu ouvido. Junmyeon sentia o corpo amolecer apenas ao recordar a noite que havia passado ao lado do jogador. Não haviam feito nada além de trocar beijos e carícias, mas aquilo era mais do que ele se dera ao luxo de ter em muitos anos. Fora bom estar nos braços do jogador por algumas horas, era como estar protegido por uma enorme fortaleza.

Repetira para si mesmo incontáveis vezes que não devia se apegar a Yixing, que não podia criar laços com ninguém em função de sua profissão e das missões que tinha pela frente. Entretanto, Junmyeon nunca fora um homem de relacionamentos casuais. Pelo contrário, ele sempre falhara miseravelmente em ser casual. Ele se apegava. Junmyeon gostava de receber amor e era incapaz de ser indiferente a isso, era incapaz de suprimir sentimentos apenas para uma noite de sexo, ele gostava de amar.

Contudo, era parte de seu dever se privar do amor. Por mais difícil que fosse.

Junmyeon rolou para o lado na cama e se esforçou para se sentar. Coçou os olhos e suspirou. Carregar o peso de sua vida ficava mais árduo a cada dia e não sabia ao certo até que ponto suportaria viver daquela forma.

Zitao encontrara pistas sobre o paradeiro de sua mãe, então ele não podia simplesmente desistir naquele momento, ainda havia um trabalho importante a ser feito para que então pudesse pensar em um jeito de pôr um fim em tudo aquilo.

- Está perto... – Seus lábios se moveram para formar as palavras, mas nenhum som saiu deles.

Enfim conseguiu se levantar e abrir as cortinas que bloqueavam a luz do dia. O calor do verão podia ser sentido pelos raios de sol que invadiram todo o quarto. Já passavam das duas da tarde e havia muito planejamento a ser feito ao lado de Yifan naquele dia. Porém, era difícil resistir à preguiça e ao desejo de permanecer ali deitado, relembrando a madrugada ao lado de Yixing.

Um sorriso tímido brincou em seus lábios.

- Junmyeon-ah, não se apaixone. – Disse baixo para si mesmo, apesar de que aquelas palavras pouco efeito tivessem sobre os caprichos do seu coração.

 

 

Yixing acordara com a ligação nem um pouco amigável do preparador físico do Eastsea, questionando sua ausência no treino preparatório daquela tarde.

- Você por acaso bebeu?!?

- Não! Eu não bebi, você sabe que eu não aguento beber muito, gege! – Yixing respondeu enquanto corria de um cômodo ao outro em busca de sua toalha e de seus chinelos. – Eu só... dormi um pouco tarde.

- Dormiu tarde??? Por acaso você é um novato inexperiente que não sabe nossas principais normas antes de um treino?

- Não! Eu sou experiente, eu sei... é que... algo inesperado aconteceu. – Yixing disse essas palavras e o sorriso que surgira em seu rosto fora inevitável.

- Eu não quero saber! Quero você aqui em trinta minutos ou então eu pessoalmente cuidarei para que você seja substituído!

- Eu estarei aí, gege! Não ponha ninguém em meu lugar, chego aí num instante!

O preparador desligou e Yixing parou de correr pela casa, tirando um segundo para calcular o tempo que levaria para chegar até a base do Eastsea. Ele levava quarenta minutos em um dia normal, então teria que fazer algo extraordinário para chegar em trinta. Definitivamente não teria tempo para um banho.

Yixing voltou a correr, dessa vez em direção ao próprio closet, onde rapidamente se trocou pelo uniforme de treinamento fisico do Eastsea. Em seguida, foi até a cozinha em busca de algo que pudesse ser seu café da manhã (ou seria da tarde?) móvel. Foi então que Yixing encontrou algo que o fez parar subitamente.

Seus olhos brilharam com fascínio e aquele mesmo sorriso voltou ao seu rosto. Bem dobrada sobre o balcão, o mesmo que em J havia saboreado seu Dan Dan Mian, havia uma gravata.

Yixing a pegou e sentiu a textura do tecido entre seus dedos. A gravata cinza listrada era macia e estava completamente embebida na colônia de seu visitante. Ele precisava correr para chegar a tempo no treino, mas, de repente, diante daquele item, tudo parecia insignificante.

Uma parte de si reclamava que não devia se envolver com alguém tão complicado e misterioso como J, não era saudável insistir numa pessoa que não se entregava totalmente ao romance. Porém, não havia mais escapatória, Yixing estava encantado demais para desistir naquele momento.

Era engraçado que seu coração palpitasse tanto apenas por ter encontrado uma gravata esquecida em sua casa. A guardou no bolso, tentando pensar em uma maneira de entregá-la de volta a seu dono e, é claro, aproveitar para tê-lo em seus braços novamente, se for possível.

Depois daquele breve instante de contemplação, Yixing voltou a se apressar por sua cozinha, afinal, apesar do presente que encontrara, não podia se dar ao luxo de deixar que J o atrasasse ainda mais do que já fizera ao passar a madrugada consigo.

Depois de vasculhar a geladeira, encontrara uma maçã e a mordera, levando-a na boca enquanto saía apressado de casa. Enquanto esperava algum elevador chegar em seu andar, Yixing pegara o celular e a gravata, para então esticá-la no ar e tirar uma foto, talvez precisasse daquela lembrança quando a gravata estivesse de volta às mãos de seu dono.

O elevador chegou quando havia terminado de fotografar, ele rapidamente pulou para dentro, sem reparar em quem já estava lá. A sobrancelha de Huang Zitao se ergueu de imediato tão logo reparou no item que o jogador trazia nas mãos.

- Boa tarde, vizinho. – Disse solene.

Só então Yixing ergueu o olhar para quem lhe dirigira a palavra e se viu engolindo seco ao reconhecê-lo. Não devia se deixar intimidar por um homem que era dois anos mais jovem, entretanto, o semblante do herdeiro da família Huang era sempre aterrorizante, especialmente para alguém tão informal quanto Yixing.

Não era o patrimônio incalculável que o assustava, mas sim a própria figura de Zitao, que parecia sempre tão imersa em densidão. Era jovem, mas transparecia pouca juventude.

- Boa tarde, s-senhor. – Yixing respondeu nervoso.

- Senhor? – Um pequeno sorriso debochado se abriu nos lábios do empresário. – Eu pareço ser mais velho que você?

- N-não, é que... você não é um jovem comum.

- Sei... bem, é verdade.

Yixing subitamente se sentiu intimidado, estava diante do chefe de J e Zitao não fazia o tipo que aliviaria para um funcionário caso descobrisse que ele passara a madrugada aos beijos com um de seus vizinhos.

O pitcher discretamente voltou a gravata de volta para o bolso, mas era tarde demais, Zitao já a havia reconhecido desde que a vira em suas mãos. Quando o elevador chegou ao subsolo, ele rapidamente acenou para o empresário e saiu correndo em direção ao carro.

Zitao saiu calmamente e o seguiu com o olhar. Uma ruga havia se formado em sua testa. J1nx havia passado a noite ao lado daquele homem e, de alguma forma, aquilo lhe parecia uma terrível traição.

Apesar de ter visto as imagens da sua câmera de segurança, Zitao se recusara a acreditar que J fosse dormir com outro homem, entretanto, ficava mais difícil descartar aquela possibilidade vendo o sorriso tolo de seu vizinho com uma peça de roupa do hacker nas mãos.

Zitao gostava de J, muito mais do que se permitia gostar de qualquer pessoa no seu quadro de funcionários e saber que ele despertara interesses amorosos por um estranho era decepcionante.

- Senhor Huang, o motorista já está ao seu aguardo. – O segurança que o recebera no estacionamento lhe dissera e apontara para o carro que já tinha o motor funcionando.

- Sim, já estou indo, me dê apenas um segundo.

O segurança assentiu e deu alguns passos para longe de seu chefe. Zitao então soltou um longo suspiro, sentindo como se algo dentro de si tivesse se partido, provavelmente seu coração, mas ele não tinha certeza se tinha mesmo um.

Há algum tempo que ele percebera que a admiração que sentia por J ia um pouco além do âmbito profissional. Havia algo reconfortante em estar em sua presença, de ver seu sorriso largo e seus olhos castanhos tão de perto. Era realmente uma pena que as pessoas não soubessem o quanto o hacker mais procurado da Ásia era bonito.

Zitao nunca havia avançado nenhum limite com J, até porque ele não sabia como o hacker reagiria se o fizesse. Poderia acabar mal e ele não arriscaria perder seu mais forte aliado por uma mera atração física, não valia a pena. Contudo, ao saber que J tinha um interesse amoroso em outro homem, Zitao subitamente se sentiu arrependido por nunca ter dito uma única palavra.

Antes de entrar no carro e seguir para a empresa, Huang sacou o celular no bolso e rapidamente buscou por um número que ele não ligava com muita frequência. Soltou um suspirou antes de enfim criar coragem de tocar a tecla de discagem.

- Por que você está me ligando? Quem morreu? – A voz áspera de Yifan soou do outro lado da linha, completamente surpreso.

Zitao entendia o motivo de sua incredulidade, afinal ele nunca ligava pessoalmente para o assistente de J. Aquele contato era sempre feito por terceiros. Ele mesmo não estava muito empolgado em fazer aquela ligação, mas aquele era um momento que exigia ações extraordinárias.

- Eu preciso vê-lo.

- Você quer ver J de novo? Ele estava aí ontem!

- Você não entendeu, eu preciso ver você.

- O quê?

- Esteja na minha cobertura hoje ás 21 horas.

- O quê?????

- Não falte.

Antes que Yifan pudesse fazer mais alguma onomatopeia de surpresa, Zitao já havia encerrado a chamada. Gostaria de ter outra pessoa para conversar sobre aquele assunto, mas tinha poucos amigos e nenhum deles era próximo o suficiente para que ele se sentisse confortável para conversar sobre o amor não correspondido de outro homem. Ao menos Yifan compartilhava daquele sentimento e talvez fosse mais fácil ver as coisas com clareza ao tê-lo por perto, por mais que Zitao detestasse sua personalidade e seu comportamento.

 

 

Bastaram algumas horas de pesquisa para que Junmyeon desmoronasse sobre a cadeira completamente desolado. O que Zitao queria que ele fizesse não apenas era mortalmente perigoso, como também impossível.

- Por que essa cara? Vai ser difícil? – Yifan surgiu na sala com a escova de dentes na boca cheia de espuma.

- Você sabe que eu geralmente não hesito diante de desafios, mas isso... isso está em um nível absolutamente diferente. Esse homem, Xiang Fu, ele é intocável. Todas essas pessoas da Tríade estão acima de tudo e todos.

- Nós precisamos mesmo fazer isso? Você pode recusar.

Junmyeon agitou a cabeça e apertou os olhos. Sim, ele poderia negar aquele trabalho, mas se o fizesse, ele abriria mão da única pista do paradeiro da mãe que tivera em anos. Tinha que decidir se valeria a pena correr o risco por aquela informação.

- Eu não lhe contei essa parte, mas... ele sabe sobre minha mãe. Ele sabe onde ela está.

- O quê? Como ele descobriu isso tão fácil? Nós estamos atrás disso há anos e mesmo com sua inteligência...

- Eu não sei, mas eu suspeito que tenha sido por acaso. Além disso, ele me disse que ela está envolvida com a Tríade também, se isso é verdade, eu vou precisar dos homens dele para resgatá-la. Eu não tenho opção.

- Ah, esse cara... eu o odeio. Por que ele tem que ser tão problemático? Você trabalha para ele a tanto tempo, o mínimo que ele devia ter feito era ter te dado essa informação sem pedir nada em troca.

- Ele sabia que eu nunca faria esse trabalho para ele se não fosse por essa informação, é claro que ele iria usá-la ao seu favor.

Yifan agitou a cabeça irritado. Junmyeon não era do tipo que se amedrontava fácil, se ele estava hesitante e temeroso, certamente era porque estava ciente do perigo que aquelas pessoas representavam.

- Não devia fazer isso. – Wu havia tirado a escova da boca e falava solenemente em sua voz grave. – Diga a Zitao que não irá fazer isso, nós damos um jeito de encontrá-la com essa informação que temos, não precisa se arriscar nesse trabalho.

Junmyeon ergueu os olhos até encontrar os de Yifan. Como sempre, eles estavam repletos de uma preocupação genuína, tão sincera que quase o convencia a desistir daquilo.

- Não posso arriscar. Eu talvez nunca a encontre por minha conta. – O hacker então abriu um sorriso mínimo para o amigo. – Não se preocupe, nós somos mestres nisso, eu provavelmente estou hesitando à toa.

- Não quero que arrisque sua vida por isso, não vale a pena. Ela te abandonou, no fim das contas.

- Eu prefiro acreditar que ela não teve muita opção. – Junmyeon suspirou e então percebeu que Yifan não estava vestido com algo normal. Ao invés de jeans surrados e camisetas manchadas de ketchup, ele estava com uma calça social e uma camisa branca de botões. – Você vai sair?

- Zitao me ligou. Ele quer que eu vá até lá.

- Por quê?

Yifan deu de ombros.

- Deve ser porque eu invadi o escritório dele com uma pistola.

- Você... QUÊ? Por que você fez isso? Quando?

Yifan fechou o rosto em uma carranca e voltou a enfiar a escova na boca.

- Não quero falar disso. – Em seguida lhe deu as costas para voltar ao banheiro e cuspir o resíduo do creme dental.

Entretanto, Junmyeon não deixou sua curiosidade morrer ali, seguindo-o até o banheiro e continuando a lhe fazendo perguntas.

- Por que você subiu até a cobertura dele? Você normalmente evita até mesmo sair do estacionamento quando vamos até lá.

Yifan terminou de enxaguar a boca e ergueu o rosto, se deparando com Junmyeon atrás de si no reflexo do espelho. Os dois dividiam o mesmo teto há mais de uma década, mas o chinês não podia evitar de sentir o coração bater mais forte diante daqueles pequenos sinais de intimidade.

O cabelo escuro do hacker estava muito arrepiado de todas as vezes que ele o puxara com as mãos num reflexo de sua preocupação. Os olhos pareciam radiantes com curiosidade, enquanto seu lábio inferior era infernalmente mordido pelo mesmo motivo.

- Você é curioso demais, pelo amor de deus. – Yifan riu, sentindo o próprio coração errar uma batida. – Me deixe em paz, eu não posso usar o banheiro sozinho?

- Você estava escovando os dentes do meio da sala, qual a diferença de eu vê-lo fazendo isso lá ou aqui? Me diga, não minta, por que você subiu?

- Eu estava preocupado com você. – A expressão curiosa de Junmyeon se desfez imediatamente e Yifan então se virou para ele. – Você desconectou de uma vez, nunca havia feito isso antes, eu precisei me assegurar que aquele cara não tinha feito nada com você.

- Ele podia ter matado você por entrar armado lá, eu lhe expliquei o que ia fazer antes de desligar!

- Você disse que ia encontrar um amigo. – Yifan riu sarcástico – Nós não temos amigos! O que pensou que eu iria fazer? Continuar comendo meu sanduíche sem desconfiar de uma emboscada? Eu precisei checar!

Junmyeon suspirou e encostou a cabeça no batente da porta. Devia estar fora de si quando acabara no andar de Yixing. Não havia pensado nas consequências do que havia feito e nos problemas que podia ter causado por causa de um capricho.

- Me desculpe, eu devia ter descido e ao menos falado pessoalmente antes de voltar lá. – Junmyeon disse, mas sabia que se tivesse ido até o estacionamento, provavelmente não teria tido coragem de voltar a subir para ver Yixing.

- Quem era esse amigo? Eu o conheço?

O hacker negou devagar com a cabeça.

- Eu não irei falar sobre ele. Eu não o verei mais.

- Tem certeza disso?

Junmyeon comprimiu os lábios. Havia adorado passar a madrugada ao lado de Yixing, apenas relembrar de tudo deixava o seu coração acelerado e esperançoso. Contudo, era perigoso demais se deixar apegar, especialmente diante do perigo iminente de ir perturbar a Tríade chinesa. Quanto menos laços ele tivesse, melhor.

- Sim. Não se preocupe com isso.

- Okay. – Yifan estalou a língua e ajeitou a postura. – Agora eu acho que você devia se mover, eu preciso ir encontrar Zitao, você sabe como ele é com atrasos.

- Precisa que eu vá com você?

- Não, eu vou encarar isso sozinho, mas vou deixar o ponto em standby, se eu precisar, lhe dou minha localização.

- Certo, tome cuidado.

 

 

- Gege, você estava ficando mais velho a cada dia. – Sicheng falou enquanto massageava as costas de Yixing. – Se continuar se machucando desse jeito nos treinos preparatórios, vou acabar roubando seu lugar de pitcher.

- Cale a boca, cadê seu respeito pelo seu sênior aqui? – O mais novo apertou um pouco mais a região dolorida das costas de Yixing, que começou a choramingar mais alto. Havia tido uma cãibra nas costas enquanto levantava alguns pesos.

- Eu não sou ingrato! Você é meu gege favorito, Yixing-ge.

- Você é um maldito aproveitador isso sim!

- Do que você me chamou? Não vou mais massagear você!

- Me desculpe, me desculpe, Sicheng, você sabe que o gege aqui te ama, não sabe?

- Tsc, você não tem jeito mesmo! Depois eu é quem sou o aproveitador.

Yixing apontou para o próprio armário e pediu que Sicheng pegasse um emplastro muscular ali. O mais novo o obedeceu e ao abrir o armário, estancou por um instante.

- O que é isso? Uma gravata? – Sicheng pegou a gravata listrada como se fosse algo de outro planeta e a agitou no ar. – Por que trouxe uma gravata para o treino? Pretende ir para alguma festa daqui?

- Não. – Yixing sorriu envergonhado. – Isso não é meu, eu trouxe porque eu quero devolvê-la para meu amigo.

- Oh. Parece que você tem amigos importantes, eu não tenho amigos que usam gravatas.

- Deve ser porque todos os seus amigos têm cinco anos de idade.

- Tsc, ao menos eles não são velhos caindo aos pedaços como você, gege. – Sicheng pegou o emplastro e o grudou nas costas de Yixing. – Se sente melhor?

- Sim, obrigado Sicheng. Me lembre de lhe pagar uma refeição quando estiver melhor.

- Okay, eu lembrarei, espere por isso! – Sicheng pegou o restante das coisas de Yixing em seu armário e as colocou ao seu lado, dando atenção especial à gravata, que foi pousada especialmente na palma da mão do pitcher. – Fale para seu amigo vir buscar a gravata dele, você precisa descansar suas costas.

Yixing respondeu com um sorriso silencioso. Se ao menos pudesse contatar J para lhe informar da gravata ele já estaria satisfeito, mas percebera tarde demais que a ligação que ele lhe havia feito no dia anterior fora de um número oculto e havia esquecido completamente de lhe pedir o número quando ele estava consigo.

Sicheng o deixara sozinho no vestuário e, com um certo esforço, o pitcher conseguira se sentar no banco. Felizmente, aquela dor era fruto apenas de um alongamento inapropriado e ele ficaria bem em alguns dias.

A culpa daquela lesão era exclusivamente sua, por estar com a cabeça tão longe. A final do campeonato estava chegando, era o pior momento para deixar sua mente se concentrar em qualquer coisa que não fosse melhorar seu potencial, entretanto, ali estava ele, novamente, parado no tempo, olhando para aquela gravata em suas mãos.

Não estava certo do quanto deveria insistir naquilo, afinal, J parecia se esconder em mistérios e era difícil saber se valeria a pena correr atrás de alguém que não aparentava estar tão disposto àquele relacionamento quanto ele. O que mais o intrigava era o fato de que, apesar J não procurá-lo, ele sempre parecia radiante ao vê-lo. Ele demonstrava interesse, mas não quando estava distante.

O pitcher se levantou com cuidado e pendurou a bolsa no ombro, caminhando devagar em direção ao estacionamento. Gostaria de ver J mais uma vez e se certificar de que não estava entrando de cabeça em algo que não era recíproco, caso contrário, talvez fosse melhor deixá-lo em paz.

Mas, como encontrá-lo? Não havia número, tampouco um endereço certo. A única certeza que tinha era que J trabalhava para Zitao e até mesmo Yixing sabia que questionar sobre seu paradeiro ao magnata não era uma boa ideia.

Num breve estalo, se lembrou da primeira vez que encontrara J na loja de conveniência. Ele estava com roupas informais e chinelos, o que talvez significasse que ele morasse ali por perto. Depois de entrar no carro, ele suspirou e mentalmente falou para si mesmo que aquela seria sua última tentativa de aproximação, se aquilo não desse em nada, ele desistiria.

O jogador refez o mesmo caminho que havia tomado naquela noite em que decidira jantar em Nanjing Lu, reparando em coisas que outrora não havia notado, como a quantidade de residenciais modestos que havia naquela região. J parecia ser um homem tão refinado quando o encontrara no elevador, era intrigante que ele vivesse em um lugar tão simples. Se é que aquele era realmente seu bairro.

Ele estacionou o carro em frente à loa de conveniência que visitara naquele dia e reencontrou a senhora que havia discutido com J. Depois de descrever as feições de J, Yixing lhe questionou se ela o via com frequência e se sabia se ele morava por aquela região. Ela lhe informou que não sabia onde ele morava, mas que achava que era perto dali, pois ele sempre aparecia para comprar lanches noturnos.

O pitcher agradeceu e acabou comprando algumas cervejas, para o caso de dar sorte e ter com quem dividi-las mais tarde. Caso desse azar, ao menos já teria algo para beber e afogar as mágoas depois.

Yixing não tinha um plano e se viu desanimado ao notar a quantidade de apartamentos naquela região. Seria impossível tocar o interfone de um por um e perguntar se morava algum “J” em cada um. Naquele momento, ele se deu conta do quanto patético estava sendo por insistir tanto em se aproximar daquela incógnita em forma de homem.

- Ah, Zhang Yixing, você é um tolo apaixonado. – Ele disse baixo para si mesmo, sentindo as costas incomodarem à medida que andava sozinho pela rua vazia.

Ele parou e puxou o ar para seus pulmões. E então gritou. Não tinha um nome para gritar, então ele gritou aquela única letra que conhecia.

- J! SOU EU,ZHANG YIXING, VOCÊ MORA AQUI?

Seus olhos percorriam rapidamente as janelas em busca de algum sinal familiar, mas não obteve nada. Ele continuou caminhando e gritando por J, ele ficava esperançoso quando ouvia o som de alguma janela se abrindo, mas nas duas vezes em que acontecera, eram apenas senhoras o mandando calar a boca senão elas iriam chamar a polícia.

Havia percorrido o quarteirão todo quando enfim desistiu e se sentou na escadaria de um prédio.

- Ah, J, seu filho da mãe. – Yixing reclamou baixo consigo mesmo e abriu uma das latas de cerveja. – Eu o odeio por ter me deixado tão apegado.

Yixing tomou um gole da bebida fria, suspirando longamente em desconsolo. Estava prestes a tomar outro gole quando ouviu o som de passos rápidos surgindo no começo da rua.

Ele parou de correr assim que o enxergou e se apoiou nos joelhos, completamente exausto de ter corrido por todo o quarteirão. Usava uma camisa branca amarrotada, calça de moletom cinza e chinelos. O cabelo escuro estava assanhado e ainda assim Yixing nunca se sentiu tão feliz por poder vê-lo.

- Que diabos pensa que está fazendo?! – J disse ofegante ao alcançá-lo. – Você está bêbado?

- Ainda não.

- Por que saiu gritando desse jeito? Alguém podia ter chamado a polícia!

- Que alternativas eu tinha? Eu não sei seu nome, eu não tenho seu telefone, nem seu endereço. Eu tinha apenas uma possibilidade.

O olhar que J o lançou era repleto de significado, quase um pedido de desculpas silencioso.

- Você não devia me procurar.

- É, eu estou ciente disso desde que você me deu uma consoante como nome. – Yixing se levantou, deixando seus olhos na altura dos dele. Tirou a gravata do bolso e pousou sobre a mão de J, mas não pode evitar de prolongar o toque além do necessário. – Você esqueceu isso.

- Você fez isso tudo por causa de uma gravata?

- Não, eu fiz porque eu queria vê-lo. É muito ruim que eu sinta tanto a sua falta quando estávamos juntos há menos de 24 horas?

Um sorriso suave se abriu no rosto de J e, novamente, o coração de Yixing falhou em se comportar normalmente, se acelerando de imediato diante de toda aquela beleza.

- É péssimo. – J respondeu baixo. – Especialmente para você. Eu não sou uma boa pessoa para você, Yixing.

- Mas você gosta de mim?

- Sim. – J respondeu de imediato, só então percebeu que teria sido melhor para ambos se ele tivesse mentido. – Eu gosto muito de você.

- Então... por que sou sempre eu que estou atrás de você? Por que você não corre atrás de mim também?

- Porque eu não posso... – Junmyeon fechou os olhos e comprimiu os lábios, havia perdido as contas de quantas vezes se debatera por aquele assunto em sua mente. Era evidente que devia pôr um fim naquilo e afastá-lo, contudo, ele não conseguia fazê-lo. Quando estava diante de Yixing, era como se tudo o que era prioridade em sua vida ficasse em segundo plano e ele se rendia imediatamente aos caprichos do seu coração. – Você quer que eu corra atrás de você?

- E-eu... – Yixing gaguejou e sentiu o rosto arder com seu embaraço. – Eu estou louco por você, eu quero saber tudo sobre você, eu quero ser seu, você não?

- Eu quero. – Confessou, sentindo uma dor familiar em seu peito. – Eu quero tudo isso. Eu não gosto de ser casual, eu odeio. Mas eu não posso estender minha relação com você para além disso, eu estaria sendo cruel com você.

- Por quê? Por acaso... você já tem alguém?

- Não! Não é isso... é meu trabalho. É o que faço. Se você ficar comigo, coisas ruins podem acontecer com você e eu não quero sujeitá-lo a isso.

- É Zitao? Eu já ouvi dizer que ele é um cara poderoso, mas o que ele pode fazer para me prejudicar? Eu sou um atleta, não estou no caminho dele.

- Não é apenas ele. – Junmyeon se abaixou e pegou uma cerveja da sacola que Yixing trazia consigo, em seguida se sentou na escadaria. Yixing fez o mesmo. Junmyeon tomou um gole e estalou a língua, desconversando e sorrindo em seguida. – Você quer saber meu nome?

- Eu quero, mas quanto essa informação vai custar?

- Você provavelmente não vai me ver novamente depois de hoje.

- Então não quero saber.

Junmyeon sorriu e Yixing acabou rindo também, era inevitável.

- Sabe, Yixing, eu nunca imaginei que pudesse me sentir tão confortável com alguém como eu me sinto com você. – Junmyeon se abriu, sentindo um certo nervosismo em expor aqueles pensamentos, que geralmente ficavam sempre tão enterrados nas profundezas de sua mente. – Eu me escondo tanto que me comunicar com as pessoas parece meio artificial ás vezes. Gostaria de poder ficar com você, eu realmente gostaria.

- Fique comigo. Eu não me importo. – Yixing sussurrou.

- Você não tem ideia do que está falando.

- Eu tenho, mas que droga! Eu sou um homem adulto, não estou pedindo nada para você além do que você parece sentir. – Yixing amassou a lata de cerveja vazia e se inclinou na direção de J. – Será que eu tenho que implorar?

- Não, nunca. – Junmyeon encerrou o assunto selando os lábios de Yixing nos seus.

Devia ter feito o oposto, estava ciente disso, mas como dizer não a Zhang Yixing? Como resistir à tentação de sugar seu lábio inferior e tocar a pele macia de seu rosto? Junmyeon ainda não havia descoberto uma solução para a tentação irremediável que era o pitcher do Eastsea.

Yixing estava bêbado, como era de se esperar. Uma única lata de cerveja causava horrores em seu organismo, mas ele estava feliz por ainda estar consciente o suficiente para reparar na respiração entrecortada de J ao separar o beijo, para reparar na força que as mãos dele seguravam nas suas. Então se deu conta de que o homem diante de si era atormentado por muitos demônios e ele nem mesmo podia compartilhá-los consigo.

- Você não precisa me mandar ir embora, se não quiser fazer isso. – Yixing disse baixo, sentindo o próprio nariz tocar o de J.

- Eu não quero, mas eu tenho medo de me arrepender disso depois.

- Se as pessoas deixassem de fazer o que amam com medo das possibilidades, que tipo de mundo esse seria? Desde que o conheci que minha mente não tem funcionado do jeito de sempre. Ela sempre dá um jeito de voltar a você. Eu estou encantado, viciado. Como um adolescente tolo que experimenta uma droga por diversão e se vê viciado na primeira vez. Mas eu não sou um adolescente, você também não. Eu aceito o risco se o resultado for tê-lo para mim.

Junmyeon apertou os olhos. Seu coração batia acelerado como nunca no peito, Yixing estava tão próximo que ele podia contar cada um de seus cílios, podia ver o rastro dos pelos de sua barba, podia até mesmo sentir o calor de sua respiração contra a sua. Ele era encantador e belo de todas as formas e Junmyeon estava apaixonado.

Ele queria poder deixar Yixing para trás, queria lhe dizer não e lhe dar as costas, mas ele era incapaz de fazê-lo, pois aquele homem já tinha o seu coração. Talvez fosse egoísta de sua parte, mas Junmyeon não queria lutar contra aquilo. Ele sabia que lutar seria inútil. Como uma droga que vicia ainda na primeira vez. Se Zhang Yixing não fosse jogador de baseball, talvez ele se saísse muito bem como poeta.

- Kim Junmyeon.

- Huh?

- Esse é meu nome, por favor, não espalhe.

- Junmian?

- Quase isso. – Junmyeon sorriu largo e por um instante Yixing achou que fosse derreter.

- Você me disse seu nome. Isso significa que você vai sumir?

- Não, significa que eu vou ficar. 


Notas Finais


Eu ainda estou meio enferrujada, mas aos poucos eu volto ao ritmo de antes, por favor, perdoem meus vacilos e não desistam de mim T^T
Espero que tenham gostado!
Abraços!


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