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História Código Ômega - X


Escrita por: Jay_Maronese

Capítulo 10 - X


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - X

   -O quê? - gritou Temer. - Dilma, você percebe o que fez? Como pôde ser tão egoísta? 

-Eu tinha acabado de ser impedida, e só conseguia pensar em voltar para o poder! Desculpe, Michel, desculpe... 

-E para isso você arrisca o futuro da nação? Você me enoja, Dilma. 

-Não era para ele se tornar tão poderoso! O plano era esperar e dar um golpe ao golpe ao golpe, para que pudéssemos crescer e progredir novamente! 

-Mas agora o Cunha tem o apoio do Exército, de todas as gangues do Rio de Janeiro e do Capiroto! Você não previu isso, não é? 

-Desculpe! - gritou Dilma, chorando copiosamente. 

-Inacreditável! 

-Acalme-se, Temer - disse Luciana. - Não importa mais quem fez o quê, colocar a culpa uns nos outros não vai nos levar a lugar algum! Precisamos unir forças e destronar Eduardo Cunha. 

-Você tem razão. Mas estamos em uma desvantagem esmagadora! Somos só seis coroas e uma garotinha de boné contra todos os aliados do Cunha! Não passaríamos nem pelo Exército! 

-Epa, epa, agora você pegou pesado. Acharemos um jeito, confia em mim. 

-Tudo bem, mas nada disso teria acontecido se a Dilma não fosse uma péssima presidente. 

Luciana cobriu o rosto com as mãos, já prevendo o que aconteceria. 

-Olha quem fala! - disse Dilma, em um tom desdenhoso. - Eu me manti cinco anos no poder, e você? 

-Mostrar-te-ei o que é bom pra tosse, sua... 

-Calem a boca, suas putas! 

Todos se viraram, surpresos. Marina estava envolta em um robe verde, e trazia na cabeça uma coroa de samambaia. Com um tom calmo e severo, prosseguiu:

-Se quisermos vencer Cunha, teremos de usar todo o poder de que dispomos. 

-Ah, é mesmo? 

-Controle-se, Michel. 

-Use meu sobrenome, por favor. Vamos manter a formalidade. 

-Tudo bem, Michel. A única maneira de sairmos triunfantes dessa batalha é utilizarmos as forças místicas que a Mãe Natureza nos fornece. As plantas, os animais, até mesmo o solo, estão cheios de energia e poder. Como todos aqui já devem saber, a energia verde é essencialmente benigna, e só seres ecológicos e de coração puro podem utilizar-se dela. 

-Sim, a senhora já me disse isso antes, no helicóptero. 

-Não sou uma senhora, sou uma feiticeira. Chame-me de Marina, não estamos em Brasília. 

Temer observou o lugar onde eles estavam. Definitivamente não era Brasília.  Era um canto de uma base militar suazi na qual eles haviam conseguido entrar graças à fama internacional de Hamilton como piloto de alto escalão. Haviam bancos junto às paredes, onde ele, Dilma e Luciana estavam sentados. No centro da sala, com seu robe arrastando no concreto do chão, estava Marina, imponente e admirável. Hamilton, Scarlett e Xi haviam saído no helicóptero para conhecer a Suazilândia, já que, nas palavras da mercenária, "que os brasileiros cuidem do Brasil, eu não tenho nada a ver com isso". 

-Você disse que queria que eu utilizasse esses poderes. Como quer que eu controle magia benigna se até algumas horas atrás eu só usava magia satânica? 

-Eu vejo o bem em você, Michel - disse Luciana, se intrometendo na conversa. 

-Já tentou limpar as lente dos óculos?

-Ela tem razão - disse Marina. - Apenas procure, no fundo de sua alma, aquilo que te faz feliz, algo que você ame mais do que tudo, algo que te mantenha no caminho do bem, e você será capaz de controlar a magia verde. Vamos começar com o básico. Faça esse movimento com as mãos. 

Ela demonstrou e Temer a imitou, deixando suas mãos unidas e com as palmas viradas para cima, em formato de concha. 

-Agora, lembre-se: pensamentos felizes. 

Michel perguntou a si mesmo o que o fazia feliz. Marcela? Uma faísca saiu de suas mãos, se apagando logo depois. 

-Não é o suficiente. Mais! 

O que poderia ser? Cunha? Não, definitivamente não; o que sentia por ele era uma mera atração física, até porque Michel considerava Eduardo uma péssima pessoa tanto dentro quanto fora da vida política. Tentou pensar em suas filhas e em Michelzinho, mas nada aconteceu. 

- Não consigo- disse ele, finalmente. 

- Como assim não consegue? - perguntou Luciana. - Nunca teve um momento feliz na vida? 

-Aparentemente não. 

-Que horror! 

-Seus prazeres - disse Marina- poder ter sido apagados pela longa aliança com o diabo. Tente focar em algo menor, uma lembrança boa de antes ou depois do pacto. 

Temer voltou a vasculhar suas memórias. Antes do pacto, Michel Temer era apenas um homem ordinário, sem sucesso profissional, financeiro, social ou pessoal. Em suma, um fracassado. Certamente ele não conseguiria tirar nada de bom daquela época. Tudo o que restava eram as últimas horas de sua vida, depois da devolução de sua alma. Depois de vários minutos, ele finalmente viu. Scarlett estava no avião, sorrindo sonhadoramente enquanto olhava pela janela. Mesmo escondendo sua alegria por trás de palavras grosseiras, ele pôde ver que ela estava feliz. Depois, Dilma e Xi Jinping estavam juntos no helicóptero, com as cabeças coladas e as mãos entrelaçadas, discutindo sobre Rosa Luxemburgo. Marina e Luciana falavam sobre o aquecimento global tão apaixonadamente que poderia-se dizer que eram duas adolescentes falando sobre a nova coleção de maquiagens da Avon ou sobre o Colírio da Capricho do mês. Hamilton sorria como uma criança, agarrando firmemente os controles do helicóptero e realizando manobras no ar. Sem perceber, ele começou a rir. Marina e Luciana estranharam no começo, mas depois se uniram a Temer; Luciana com uma risada frenética e esquisita e Marina com um sorriso gentil, mas reservado e sem mostrar os dentes. Temer percebeu que aquelas últimas horas, passadas com 4 esquerdistas, uma assassina profissional e um membro da equipe de um jornal sensacionalista, haviam sido as mais felizes de sua vida; e, compreendendo isso, fez com que um pezinho de feijão brotasse em suas mãos. 

-Michel, você conseguiu! - gritou Luciana. 

-Muito bem - disse Marina, em um tom bondoso. 

Temer apenas ficou lá, observando as folhas verdes da plantinha que havia criado.

                                          .....

        Xi Jinping roncava sentado em um canto. Scarlett estava perigosamente sentada no chão do helicóptero, enquanto Hamilton pilotava concentrado. 

-O que é aquilo ali? - perguntou Chainsaw. 

-Mato - respondeu Hamilton. 

-E aquilo? 

-Mato também. 

-E aquilo? 

-Parece uma criança morta. 

-Meu Deus. 

Scarlett fez o sinal da cruz. 

-Não sabia que você era religiosa. 

-Não sou, herdei esses malditos hábitos de alguém que conheci. Ele era católico. 

-Quer falar sobre ele? 

-Não. 

-Tudo bem então. Não quer sentar-se no assento do co-piloto? É melhor do que o chão, e dá pra ver tudo lá embaixo. 

Scarlett se aproximou e tomou o assento. Depois de sobrevoarem o mato por alguns minutos, ela disse:

-Ramón. 

-O quê? 

-Ramón González, oficial do quinto regimento do exército cubano. Ele me acolheu e me ensinou a me defender quando eu era apenas mais uma adolescente órfã perdida nas ruas. 

-Parece um bom homem - disse Hamilton, já lembrando-se de quem ela estava falando. - Você foi para Cuba? 

-Não, ele veio para os EUA, fugindo daquele cerdo, Fidel. Maricón.  

-Parece que ele não te ensinou só o sinal da cruz. 

-Ramón era crente, mas não era santo. A extensão de seu vocabulário de palavras obscenas era impressionante. 

-Gostaria de tê-lo conhecido, parece um indivíduo muito interessante. Que fim levou? 

Uma sombra passou pelo rosto de Scarlett, e ela continuou, em uma voz abatida:

-Eu tinha 21 anos. Ele havia saído por volta das sete da noite e não voltara mais. No outro dia, de manhã, vi uma silhueta estranha em um beco a cerca de duas quadras do nosso apartamento. Vi o corpo dele coberto de moscas e com três buracos de bala na altura do coração. Um sujeito engravatado passou perto e disse "Um vagabundo a menos nas ruas, é bom saber que a polícia está fazendo seu trabalho". 

Scarlett estava chorando, e Hamilton já estava com os olhos marejados. Numa voz embargada, ele disse:

-Que Deus o tenha. 

Voaram em silêncio por mais algum tempo, admirando o céu azul.

                                     .....

        Cunha estava em seu gabinete, lidando com alguns papéis sobre a crise, a saúde, a educação e outras besteiras. Eles haviam chegado pela manhã, porém ele só havia empilhado-os e passado-os de um lado para o outro da mesa o dia inteiro para fingir que estava trabalhando, enquanto, na verdade, cantarolava uma música de vovô - provavelmente Louis Armstrong. O tenente Camargo, um homem de cerca de 35 anos e cabelos loiros, adentrou a sala em pânico, sem perceber que não havia nem batido na porta. 

-Senhor, é terrível! 

-O quê? - perguntou Cunha, com desinteresse. 

- Kim Jong-un está morto! 

-Tá, e daí? 

-A última coisa que ele fez foi... 

-Desembuche, homem! 

-Foi mandar um míssil nuclear em direção a Brasília! 

Os olhos de Cunha se arregalaram, e ele vomitou no chão. Depois, levantou-se, tremendo, e encarou Camargo por vários segundos, esperando que ele dissesse que era só uma brincadeira. 

-O que faremos, senhor? 

-E você pergunta pra mim? 

-Mas o senhor é nosso Líder! 

-Como você quer que eu pare um míssil nuclear? 

-Bem... 

-Quanto tempo até esse treco chegar aqui? 

-10 horas, senhor.

-Tudo bem... me deixe sozinho. 

O tenente bateu continência e saiu. Cunha foi até o centro da sala e arrastou o pé pelo tapete peludo em frente à mesa, desenhando um pentagrama. Depois, balbuciou algumas palavras e ergueu as mãos ao alto, até que Lorde Satã surgiu em sua frente. 

-Ó, Cunha, por que me invocaste? 

-Porque um míssil nuclear vai cair no Brasil, é motivo suficiente? 

-Nossa, sério? 

-Sim. 

-Pare- o. 

-Mas como? 

-Você precisará de mais poder. 

-E como eu consigo mais poder? 

-Bem, há apenas uma maneira. Quando fizemos o pacto, a sua alma substituiu a de Michel Temer. Mesmo que meu acordo com ele esteja terminado, sua alma é marcada por sua longa estadia em meu Reino, e essas marcas podem se transformar em imenso poder nas mãos da pessoa certa. Como eu disse antes, sua alma tomou o lugar da dele e, portanto, vocês estão conectados. Se você, meu servo, tirar a alma de Michel Temer, poderá usar todo o poder nela oculto. 

-E como eu faço isso? 

-Ora, mate-o! 

-Compreendo, senhor. 

-Agora, não me encha o saco; tenho mais o que fazer. 

Satã voltou para o inferno, e Cunha começou a se preparar. 

                                     .....

      Marcos Feliciano andava calmamente pelas ruas de Brasília, observando os vários pôsteres de Eduardo Cunha nas paredes das construções. O dia estava particularmente quente, e, como agora só trabalhava aos domingos, ele vestia uma camiseta polo, bermudas jeans e sandálias de couro. Duas adolescentes passaram e comentaram a cafonice do look, mas ele não se importou; estava triste demais para isso. O país que Marco tanto amava havia caído sob o domínio de um ditador tirano, ele perdera um salário de mais de 30 mil reais com benefícios, Edileusa, sua mulher, havia ido embora e levado o carro e as crianças e o homem que amava, Jair Bolsonaro, nunca mais olharia na cara dele. Aproximava-se da Ponte Juscelino Kubitschek, o único monumento da cidade que não havia sido destruído pelos homens de Cunha. Ela era linda, com seus arcos enormes e fios. A ponte mais linda de todo o Brasil - talvez até do mundo. O lugar perfeito. Grades fixadas em concreto impediam que algum motorista desavisado jogasse o carro no lago Paranoá. Feliciano aproximou-se delas e, desajeitadamente, passou uma das pernas para o outro lado. Depois a outra. Agora, só se segurava pelas mãos suadas. Soltou uma, já se preparando para o doce abraço da água. Levantou um, dois, três dedos. Soltou os outros dois e começou a cair, mas, antes que seus pés saíssem do concreto, ele sentiu um aperto firme em seu pulso, e um braço forte enlaçou-se em seu peito, puxando-o para trás. Confuso, Marco abriu os olhos; alguém, provavelmente um homem, o segurava por trás para que ele não caísse, apertando-o contra o peito. Um pouco zonzo, ele viu uma bela garota à sua frente, de pele clara, cabelos negros lisos e olhos puxados. Ela perguntou:

-O senhor está bem? 

-Quem... quem é você? 

-Cabo Suzuki, mas pode me chamar de Raquel. O que o senhor estava fazendo? 

-Eu estava tentando me jogar, não viu? 

-Não seja rude com a moça! - disse o homem que segurava Feliciano. 

Ele conhecia aquela voz. 

Era a voz de Jair Bolsonaro. 

Feliciano afastou-se assustado e olhou para ele. Usava um quepe e uma farda, com algumas medalhas e a inscrição "Cap Bolsonaro" próximo ao peito. 

-Ja... Bolsonaro? 

-Não, o Patati. É claro que sou eu, é cego? 

-Você é soldado? 

-Sou capitão, e nem tente desviar o assunto. Eu quero saber por que você estava tentando se jogar da ponte! 

-Isso é assunto meu! 

-Não é não, caralho! Eu me preocupo! 

Feliciano quase se engasgou com a própria saliva. 

Ele se importava

-Se... se preocupa comigo? 

-É claro, você é meu amigo! 

Vendo que as coisas estavam começando a ficar pessoais, Raquel se afastou. 

-Eu achei que você estivesse bravo comigo. Por causa da nossa briga. 

-Eu estou bravo, mas quero saber o que se passa na sua cabeça. 

-Não posso fornecer essa informação. 

Bolsonaro abaixou a cabeça e suspirou. 

-Bem, então tudo que posso fazer é te dizer para não se jogar da porra da ponte de novo, tá me entendendo? - ele falou, não num tom violento, mas num tom quase maternal. 

-Estou entendendo. Até mais. 

E depois de um aperto de mãos frouxo, eles seguiram por direções diferentes. 

-Vamos, cabo. - disse Bolsonaro para Raquel. 

-Ele quase te chamou de Jair naquela hora. 

-Eu percebi. 

-Vocês são amigos? 

-Sim. 

-Só amigos? Tem certeza? 

-Não. - suspirou. 

Percebendo o que acabara de dizer, Bolsonaro tentou desviar o assunto. 

-E sua mãe, Raquel, como está?

                                    .....

       Satã estava tomando um agradável banho de banheira quando um demônio servente com cerca de um metro de altura e dentes tortos entrou no banheiro e gritou:

-Senhor, senhor! 

-O que é, Claudinho? 

-Persorai... ele... ele escapou. 

-O quê?- gritou Satã apavorado. 

Ele saiu afobado da banheira, derramando água no piso do banheiro, e foi até seu salão central. Subitamente uma criatura de olhos negros e escamas prateadas irrompeu, fazendo um buraco no chão, e continuou a subir, até chegar à superfície do Oceano Atlântico. Dali, nadou vigorosamente em direção à primeira massa continental que avistou com seus olhos de águia. Ainda estupefato, Satã direcionava seu olhar ora para Claudinho e ora para o enorme buraco. Então, quase num sussurro, ele disse:

-Estamos todos ferrados. 


Notas Finais


Ahhhh, que porcaria.


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