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História Código Ômega - VI


Escrita por: Jay_Maronese

Notas do Autor


Descobri que o Cunha ainda não tinha sido preso quando a Oitava Cúpula dos BRICS foi realizada.
Tô bem mal, cagou minha cronologia.

Capítulo 6 - VI


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - VI

   Naquela manhã, todos estavam mais felizes. Haviam sido informados de que uma equipe de soldados com veículos à prova de balas e equipamentos de proteção iria tirá-los do quarto e levá-los ao aeroporto, de onde poderiam seguir para suas casas. Temer, Putin, Modi e Xi alisavam seus ternos amassados, e, apesar de cansados, estavam aliviados por aquilo ter acabado. Apenas Zuma ainda estava deitado, com dores na coluna e densas olheiras sob os olhos. 

Dentro de uma hora, a operação de transporte dos líderes mundiais havia começado, e homens fortes fardados vinham escoltar cada chefe de Estado, enchendo-os de máscaras e equipamentos de proteção para evitar contaminação pela doença do Ganges, que já havia se alastrado por metade do país. 

Putin e Temer ficaram por último. Vladimir colocou as mãos atrás das costas e falou:

-Acho que chegou a hora de nos despedirmos. O senhor me parece um homem muito capaz, e espero que nossos países possam criar relações cada vez mais próximas. 

-Obrigado, presidente, também desejo isso.

Depois de alguns instantes de silêncio, Putin agarrou Michel pela cintura e lhe deu um beijo demorado. 

Foi mágico. 

-Hmm... - disse Putin. -É, o Dmitri beija melhor. Você precisa passar manteiga de cacau nessa boca, tá rachando. 

Ele foi se distanciando aos poucos. Ao chegar à porta, virou-se e disse:

-Ah, sim, tire o tal presidente da Duma da cadeia por mim. Um bom país é um país com governantes bonitos, não se esqueça disso. Adeus, Misha. 

Putin abriu as portas e saiu, acompanhado de dois soldados. Temer não sabia o que era um "misha", mas gostou. Cerca de dez minutos depois, um outro soldado veio guiá-lo para fora. Michel pôde ver maldade e insanidade em seus olhos claros, mas, pelo efeito do sono, da fome e de sua própria pressa de sair da Índia, escolhera ignorar e apenas seguir o homem. 

E esse foi seu grande erro. 

O guarda agarrou o pescoço de Temer e apertou-o, se preparando para torcê-lo. Mas, quando ele ia dar o golpe fatal, ouviu uma voz gritar ao comunicador que ele trazia ao ouvido. 

-Schadenfreude, não o mate! 

-O que foi agora? 

-É simples, não mate o homem. Quatro palavras. Traga-o para o jipe. 

-Meu Deus, Chainsaw, você vai acabar nos matando. 

O presidente do Brasil foi violentamente arremessado no banco traseiro do jipe, enquanto Fritz jogou todo o seu peso no banco do passageiro e bateu a porta violentamente. 

-Por que não matamos ele logo? 

-Precisamos dele vivo. 

- E essa agora? Para quê? 

-Durante minha última conversa com o senhor Luís Inácio Lula da Silva, ouvi um nome que me pareceu familiar: Joaquim Amado. Lembro-me de ouvir esse nome sempre que minha mãe ia a órgãos de justiça pública pedir para que minha pensão fosse paga. Perguntei quem era, e ele disse que era um político muito influente no Brasil, que havia acumulado muitos milhões de dólares em sua juventude trabalhando em Wall Street. Perguntei se ele tinha esposa ou filhos, e Lula disse que certas histórias circulavam por Brasília, e diziam que ele havia engravidado uma vadia qualquer em seus tempos de banqueiro em Manhattan. 

-O que isso tem a ver com o serviço? 

-Joaquim Amado é meu pai, Fritz, e você pode me matar antes que eu faça um serviço para aquele porco. 

-Você sacrificou o serviço por causa de picuinhas pessoais? - gritava Fritz- Me tirou um milhão dos bolsos porque o papai não te deu carinho? É isso mesmo? 

-Não sacrifiquei o serviço, acha que sou burra? Para eles, o velho já está morto, e tua conta no banco deve estar cheia de euros agora. Levaremos ele até o Brasil e daremos um golpe fatal naqueles suínos. O presidente Lula pagará todos os seus pecados. 

-Faça o que quiser, eu estou fora. 

-Você não vai sair lá fora, quer morrer? 

-Acha que eu me importo? 

Schadenfreude abriu a porta e saiu, entrando em um dos veículos blindados dos líderes mundiais sem ser detectado. Scarlett encarou o nada por alguns instantes, depois girou a chave na ignição e saiu cantando pneus. 

-Não preciso daquele idiota para nada. Quanto a você, coroa, fica quietinho aí atrás. 

-E por quê eu faria isso? 

-Porque eu sou sua única chance de recuperar o poder. 

-O quê? 

Nessa hora, Scarlett quase perdeu o controle do carro. 

-Quer dizer que você não sabia? 

-Sabia do quê? 

-O senhor levou um golpe de Estado. Parece que o jogo virou, não é mesmo? 

Michel desmaiou e caiu inerte nos bancos de couro do jipe.

                                      .....

       Cunha estava em frente ao espelho, dando um nó em sua gravata amarela. Seu cabelo grisalho estava puxado para trás com gel, e seus óculos quadrados caíam na ponta do nariz. Ele ajeitou a lapela, olhou seu reflexo mais uma vez e se dirigiu ao palanque onde faria seu discurso, rodeado de repórteres e manifestantes. Organizando seus papéis e pigarreando de leve, Eduardo começou:

-Então, rapaziada, o negócio é o seguinte: eu que mando nessa porra agora. Se contestar, vai levar chumbo quente nos cornos. 

Alguns cartazes de manifestação se abaixaram hesitantemente, mas a maioria continuou de pé. 

-Mas o que aconteceu com o presidente Temer? - perguntou uma repórter. 

-Michel Temer está morto. - disse Cunha, gerando uma onda de exclamações atordoadas e sussurros. 

-É isso aí, e, como vocês bem sabem, em caso de morte do vice-presidente, quem assume é o presidente da Câmara. 

-Mas o senhor não é mais o presidente da Câmara- disse outra repórter. 

-Cala a boca, sua sirigaita. 

Nisso, gritos de "misógino", "golpista" e "Fora Cunha" irromperam da multidão de manifestantes, e logo os repórteres também estavam envolvidos nos protestos. Às ordens de Eduardo, um círculo de militares armados se formou em volta dos espectadores. 

-Eu avisei. 

Os militares sacaram suas armas, apontaram e ouviram vários estralos simultâneos. Confusos, todos olharam para Cunha, que parecia ainda mais confuso do que eles. 

- O que é isso? - gritou o deputado, furioso.

Um jovem soldado pardo de cabeça raspada tomou coragem e deu um passo à frente. 

-Senhor, nossa munição acabou. 

De repente, todo o silêncio apavorado da sala se transformou em risos altos, que faziam as veias na testa de Cunha saltarem.  

-Mas como isso é possível? - disse ele. 

-O senhor nunca entrou na Internet? Todo mundo sabe que as Forças Armadas só têm munição para uma hora de guerra, e tivemos que diminuir o ritmo de produção por causa da crise, então... 

-Que absurdo! E essas armas aí? Parecem velhas. 

-Essa que eu estou segurando já tem 60 anos. 

-Eu vou melhorar a situação de vocês. Só deem um jeito nesses manifestantes! 

Nesse momento, uma série de tiros de metralhadora foi ouvida, e todos os presentes se agacharam assustados. Cercado de homens sem camisa, um moreno magrelo com um cigarro na boca e uma MG3 na mão abriu caminho entre o povo em pânico e subiu ao palanque, onde Cunha já estava erguido e com um sorriso no rosto. Ele fez uma mesura com a cabeça e estendeu a mão para o bandido, que a apertou forte, impondo sua dominância. 

-Legal te ver, seu deputado. 

-É presidente. 

-Pois pra mim é deputado. E vocês aí, seus playboyzinho, é melhor ficar quietinho se não quiser levar uma bem na testa. 

-Vocês chegaram em boa hora- disse Cunha. 

-É claro que sim, não perco uma boa festa por nada. E essa aqui tá maneira, só faltou umas puta. 

-Providenciaremos isso. 

O criminoso se afastou, murmurando "mas é muito otário mesmo" e dando mais uma tragada em seu cigarro. 

No dia seguinte, o respeitado jornalista Juca Aguiar publicou uma reportagem intitulada "Eduardo Cunha tenta oprimir o povo brasileiro com a ajuda de marginais". Na mesma tarde, foi encontrado morto em um beco com um tiro no coração.

                                     .....


        O dia era 02 de fevereiro de 2015, uma segunda feira. Eduardo Cunha caminhava alegremente pelas ruas, aproveitando seu primeiro dia como o novo presidente da Câmara. Ele havia pegado um voo sem escalas de Brasília ao Rio de Janeiro, no intuito de tratar de negócios. Reunindo toda a coragem que encontrara em seu peito, ele foi a uma parte da cidade maravilhosa onde homens como ele não eram bem vindos; onde o caos reinava e homens de terno e gravata eram vistos com hostilidade por quase todos: a favela, mais precisamente a favela da Rocinha. Perguntou a uma mulher gorda com uma criancinha no colo onde poderia encontrar Zé Onça; ela apontou para um barraco um pouco maior que os outros e tremeu toda, fazendo o sinal da cruz em sua testa e na da criança. 

Recepcionado por uma dúzia de revólveres apontados para sua cabeça, Cunha pediu para falar com o líder dos homens que ali se encontravam. Zé Onça se posicionou à frente do grupo, com chinelos gastos e um cigarro pendurado no canto da boca, e começou a analisar Cunha de cima a baixo, até que perguntou com um forte sotaque carioca:

-O que é que você tá fazendo aqui, cumpadi? Já vi que teu lugar é na cidade grande. 

-Meu nome é Eduardo Cunha, e eu gostaria de fazer um trato. 

-E que tipo de trato? 

-Um pacto entre a sua gangue e o Governo Federal. 

O riso de escárnio na cara de Zé se transformou rapidamente em descrença e raiva, e ele encostou o cano frio de sua arma na testa de Cunha. 

-Eu com os meus parceiros aqui fazendo trato com playboy? Tu tá maluco, coroa? 

-Pense bem, por que eu tentaria sabotar você ou qualquer coisa do gênero? Colarinho branco, tráfico, assassinato, somos todos criminosos. Não acha que está na hora de unirmos forças? 

Zé Onça considerou a possiblidade por um instante. 

-Tá, ok, mas o que é que eu ganho com isso? 

-Proteção federal, oras. E eu ganho poder ofensivo de verdade, não aqueles soldadinhos e marujos com suas armas da Segunda Guerra Mundial e suas fardas sujas de terra. E então, o que me diz? 

O criminoso abaixou a arma e deu um tapinha no ombro do deputado. Depois, vendo a mão do homem esticada à sua frente, retribuiu o cumprimento. 

-Ah, é assim que vocês fazem lá no Congresso e esses lugar aí, né? 

-É sim. 

-Mas então tá tudo combinado. João! Josué! Levem o engomadinho lá pra baixo. A gente ainda vai se topar por aí, seu Cunha.

                                    .....

       Pelos corredores da Câmara, ecoava o som das solas de sapatos sociais batendo contra o chão. Marco Feliciano andava entre vários outros homens engravatados, com os dedos nervosos enfiados no passa cinto das calças. Olhando em volta, pôde ver o homem que procurava, e caminhou nervosamente em sua direção. 

-Bom dia... 

Ao ouvir a voz rouca de seu colega deputado, Jean Wyllys virou-se, com assombro, e defendeu-se jogando um kit gay na cabeça de Feliciano e dando-lhe um poderoso golpe de caratê. 

-Ei, ei, calma, pra quê agredir? Eu não vim brigar, só quero falar contigo. 

Jean se acalmou e encarou o outro deputado com desconfiança. 

-Falar comigo sobre o quê, exatamente?

 -Eu gostaria de pedir um conselho. 

-Sobre o quê? 

-Sobre amor. 

-E veio perguntar pra mim? Pergunta pra Maria do Rosário, Carmen Zanotto, etc. Elas podem te ensinar a agradar uma mulher.  

-Sim, mas só você pode me ensinar a agradar um homem! - disse Feliciano, se arrependendo de suas palavras logo depois. 

Jean Wyllys perdeu sua capacidade sináptica por alguns momentos, tentando processar aquela nova informação. Não, não era possível...

-Está me dizendo que...? 

-Sim, é exatamente o que eu estou dizendo. - disse Marco, enterrando o rosto nas mãos. 

-Quem é? 

-Prefiro não comentar. 

-É o... 

-Prefiro não comentar. 

-Ok, ok, estressadinho. E o que você quer que eu faça exatamente? 

-Me ensine. O que te agrada num homem? 

-Hmm... que tipo de cueca você usa? 

-Boxer, por quê? 

-Ótimo, já é um começo. Deixa eu ver... você até tem um rosto legalzinho, mas o papo tem que melhorar. 

-Como assim? 

-Feliciano, você só fala de Deus. 

Marco pensou por um momento, revisando algumas das conversas que teve em sua vida. Realmente, era bastante religião. 

-Mas como não poderia? O reino de Deus é cheio de maravilhas, e tão grandioso, e... 

-Ok, mas não é isso que os homens procuram. Além disso, esse papo de crente pode desgastar qualquer relação, principalmente se a outra pessoa não seguir a sua religião. 

-Hmm... tudo bem, menos Deus. O que mais? 

-Com você tá tudo bem. Próxima etapa, o encontro. Quando você se encontrar com ele, seja confiante, gentil e carismático. Chame-o para comer fora, ver um filme na Netflix, até linchar criminosos se for a praia dele. E, acima de tudo, se ofereça para pagar a conta, se houver uma, e não vale cobrar o dízimo do gerente. 

-Por quê? 

-Mesmo se ele quiser rachar, ele vai achar fofo você ter se oferecido para pagar a conta. Só não deixe ele pagar tudo no final, vai pegar mal. Meio a meio está ótimo. E lembre-se, seja um bom ouvinte. Isso é fundamental. Mais alguma coisa? 

-Não, acho que já incomodei o senhor por tempo suficiente. 

-Já vamos voltar ao "senhor" então? Muito bem, o prazer foi todo meu. 

Depois, adicionou em voz baixa. 

-Boa sorte com o Bolsonaro. 

Feliciano corou como um pimentão e se afastou rapidamente.

                                    .....

      Temer abriu os olhos devagar e endireitou-se no banco com certa dificuldade. Observando Scarlett pelo retrovisor do carro, pôde ver que ela estava com os cabelos desgrenhados e tinha olheiras enormes sob os olhos. Sua expressão, no entanto, estava como sempre: concentrada, atenta e, acima de tudo, perigosa. 

-O que aconteceu? 

-Você apagou. 

-Por quanto tempo? 

-Sete horas. Estamos chegando ao aeroporto, então se esperte. 

-Aeroporto? Que aeroporto? 

-O aeroporto de Mumbai. Estamos indo para o Brasil. Engraçado, o Ramón sempre quis conhecer o Brasil... 

Michel ia perguntar quem era aquele, mas compreendeu que a moça devia estar tendo um momento pessoal com suas memórias, e decidiu não atrapalhar. 

Depois de cerca de uma hora e meia de espera, eles embarcaram. Como Scarlett se recusou a comprar passagens de primeira classe ("tá achando que eu cago dinheiro?"), Temer acabou espremido entre ela e um cara muito gordo que fedia a sovaco e leite velho. E, o que era melhor, ele passaria as próximas 20 horas assim.

                                     .....

      Em seu lindo gabinete, Kim Jong-Un conversava com seu braço direito(não, não era seu homem de confiança, era literalmente seu braço direito). 

-O que podemos fazer hoje? 

-Vamos jogar uma bomba! - disse Kim, falando com uma vozinha aguda e fazendo movimentos de boquinha com sua mão. 

-É uma ótima ideia! Mas onde? 

-No Brasil, é claro. 

-No Brasil? - disse ele, espantado. -Mas por quê, bracinho? 

-Ora, não viu o jornal? Há um novo ditador no Brasil, e ele é muito poderoso. 

-Eu vi o jornal, mas o jornal só fala de mim. Espere um pouco... você esteve acessando notícias estrangeiras? Como você pôde fazer isso comigo? - disse o ditador, com os olhos marejados. 

-Não, é claro que não! Confie em mim, por favor, ó grande Kim Jong-Un. 

-É por isso que eu te amo. - disse ele, sorrindo novamente. - Mas o Brasil? 

-Sim, você não quer que aquele novo chefão se ache melhor do que você, não é, chefinho? 

-Não, mas... lá tem pastel de flango. É o único lugar onde ele é produzido. E se eu jogar uma bomba lá, eu... ah, não quero nem pensar! 

-Mas o senhor precisa! Ele pode destruir a sua reputação! 

-Reputação? Pastel de flango? Reputação? Pastel de flango? Por favor, bracinho, saia, preciso de um tempo sozinho. 

Kim Jong-Un refletiu por um momento, com seus dedos quase alcançando o botão de lançamento das bombas, mas nunca tocando-o. 


Notas Finais


Cuidado com o Kim Jong-Un, ele é muito perigoso.


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