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História Código Ômega - VII


Escrita por: Jay_Maronese

Notas do Autor


Bebam muita água, champs.

Capítulo 7 - VII


Fanfic / Fanfiction Código Ômega - VII

Marcela Temer estava em um veículo blindado, rodeada de solados. A operação para retirar os líderes dos BRICS do país não abrangia apenas os 4 presidentes estrangeiros, mas também todos que vieram com eles. Curiosamente, ela não havia se comunicado com Temer desde a manhã de domingo, mas não estava preocupada. Pelo contrário, cada vez mais ela queria que Temer tivesse sido deixado para trás pela equipe de resgate, que a doença tivesse entrado no enorme complexo hoteleiro em Benaulim e que, agora, seu marido estivesse estirado no chão, se contorcendo e espumando como um cão raivoso. Ela queria... 

        A primeira-dama se surpreendeu com o que havia acabado de pensar. Mas aquilo não deixava de ter um certo fundo de verdade. Em um canto obscuro de seu coração, ela desejava que o presidente morresse, para que ela finalmente estivesse livre daquele homem e de seus rituais com virgens e bodes pretos, que deixavam manchas de sangue no tapete de sua sala. Com tantos pensamentos impróprios, ela levou um susto quando sentiu seu celular vibrar em sua bolsa, como se Michel tivesse lido seus pensamentos e estivesse pronto para puni-la. Mas, ao olhar para a tela, viu algo muito diferente, que ela absolutamente não esperava. 

Era Ashna. 

Marcela aceitou a chamada com dedos trêmulos e levou o aparelho ao ouvido. 

-Alô? Ashna? 

-Marcela, é você? - ela disse, com uma voz rouca e ofegante. 

-O que está acontecendo? 

-Eu estou... fui infectada. 

-O quê? Calma, eu vou te buscar, posso te levar a um médico e-

-Não adianta mais, Marcela. 

Nesse momento, um grunhido muito alto pôde ser ouvido do outro lado da linha. Subitamente, a voz de Manish surgiu. 

-Marcela...  salve-se... 

-O quê? Manish! 

Ashna voltou a falar. 

-Foi bom te conhecer. 

Depois, apenas um chiado podia ser ouvido. Chorando descontroladamente, ela encerrou a chamada e guardou o celular. Os guardas a seu redor apenas observaram; não haviam recebido treinamento para uma situação como aquela. 


                                   .....

    Jacob Zuma estava confortavelmente sentado em sua poltrona de primeiríssima classe do avião pago com dinheiro de cidadãos de bem sul-africanos. Um homem parrudo, que se encarregava da segurança e do conforto dos passageiros (6, no total) trouxe um Zenfone de última geração em uma bandeja de prata. Era o celular de Zuma, e estava tocando Like A Virgin, o toque de chamadas do presidente. Ele atendeu:

-Alô. 

-Senhor Presidente... 

-Ah, Júnior, meu amigo! Como vai? Não se preocupe, estou quase chegando à África do Sul.

-É esse assunto que eu gostaria de tratar com o senhor... 

-O que foi, garoto, algo de errado? 

Júnior inspirou e expirou pesadamente, pensando em uma maneira de dar aquela notícia a seu superior sem causá-lo um ataque cardíaco. 

-Senhor, a revolução eclodiu. O fantasma de Nelson Mandela é o novo presidente, e o senhor foi exilado da África do Sul para sempre. 

Jacob não disse nada. Mordendo os lábios a ponto de sangrarem, ele pegou o telefone e atirou-o contra as paredes de metal do avião. Depois, mandou chamar o assessor parrudo novamente. 

-Vá à cabine do piloto e diga-o para redirecionar o curso. 

-Para onde, senhor? 

-Para a Coreia do Norte. 


                                  .....

         Haveria uma votação muito importante na Câmara naquele dia, para estabelecer medidas anti-corrupção. Perto de uma das entradas, Feliciano avistou-o: Jair Bolsonaro, com as mãos unidas na frente do peito, rezando a São Sebastião. Se fosse qualquer outra pessoa, Feliciano já teria irrompido em gritos de "adorador de Satã" e "religião morta", mas havia algo tão bonito na devoção de Bolsonaro e na maneira como ele pronunciava cada palavra da prece abrindo um pouco a boca enquanto seus olhos continuavam fechados, serenos, em paz, que aquela oração intensificava ainda mais os sentimentos que ele vinha nutrindo por seu colega deputado. Depois de terminar, Bolsonaro rezou um Pai-Nosso e sussurrou "que Deus ilumine minhas escolhas neste dia". Marco estava tão absorto naquela visão que não percebeu que Jair já havia terminado suas preces, e agora encarava seu colega como se perguntasse o que ele estava fazendo ali. 

-Boa tarde, deputado, como vai? - disse Bolsonaro, quebrando o silêncio constrangedor. 

Feliciano se deu conta da realidade e tentou responder da maneira mais natural possível. 

-Estou muito bem, obrigado. E quanto ao senhor? 

-Também estou bem, obrigado por se preocupar. 

Marco decidiu ir direto ao ponto. 

-Há algo que preciso discutir com o senhor, deputado. 

-Vá em frente, o que é? 

Ele hesitou por um momento. 

-Não podemos ir a algum lugar mais reservado?

-Marco... deputado Feliciano, a sessão já vai começar, não podemos perder tempo. 

O deputado evangélico estava transbordando de alegria. Sem se importar com o fato de que Jair estava recusando-se a falar com ele em particular, Feliciano focou em seu primeiro nome saindo da boca de Bolsonaro, mesmo que por acidente, um acidente logo corrigido por um outro título cheio de garbo e distanciamento profissional. Ao ouvir a palavra "Marco", ele só pensava em uma pequena casinha à beira de um lago. Podia ver Bolsonaro saindo dela com seu equipamento de pesca como se tudo estivesse acontecendo diante de seus olhos. Jair deixaria metade de seu pão com manteiga na mesa, porque ele era macho de verdade e não precisava de energia proveniente de lipídios para pescar. Enquanto isso, Feliciano o observava balançando a vara para frente e para trás, lançando e, depois de alguns minutos, fisgando um peixe do tamanho de uma perna. Tudo parecia perfeito, até que Marco olhou para cima e viu Bolsonaro, devidamente vestido com terno e gravata, colocar uma mão amigável em seu ombro. 

-Deputado, o senhor está bem? 

Tudo que ele queria naquele exato momento era dar um soco na cara do ex-militar e depois abraçá-lo até a dor passar. Feliciano queria dizer que aquelas formalidades não eram necessárias, que eles poderiam tratar um ao outro por seus primeiros nomes e beber cerveja num bar de esquina até ficarem bêbados e começarem a se pegar na calçada. Mas ele não podia; sabia o quanto Bolsonaro odiava homossexuais, e não queria que eles se distanciassem por algo tão frívolo como uma paixão confusa e adolescente. Ele precisava se inspirar em Bolsonaro, restaurar seu status como um homem de Deus e voltar a mandar lésbicas e gays lerem a Bíblia. Mas aquilo era impossível. Ele havia finalmente debandado para o lado daquela escória LGBT, e aquilo lhe causava um sentimento ao mesmo tempo ruim e bom. 

-Deputado, o senhor está com febre? Se sente tonto? Eu vou chamar uma enfermeira.  

-Não, não é necessário, eu estou bem. Agradeço a preocupação.

-O que é que o senhor queria discutir comigo? 

-Nada, não se preocupe. 

-Então vamos, a sessão já deve estar começando. 

Nesse momento, um homem alto, moreno e de rosto escanhoado se aproximou dos dois e disse, com um sorriso de escárnio:

-Acho que não. Essa sessão não irá começar, e nem a outra. 

-Ah, é? E quem é você? - perguntou Bolsonaro, já entrando no Modo Chihuahua Raivoso. 

-Meu nome é Joaquim Amado, e venho anunciar que, a partir de hoje, o Congresso Nacional está oficialmente fechado. 


                                     .....

           Cunha estava sentado em seu gabinete no Palácio do Planalto. Os móveis de madeira maciça brilhavam ao sol e a bandeira tremulava levemente em um canto da sala. Porém, algo o perturbava. Mandou chamar o tenente Lima, que chegou a seu escritório prontamente e cumprimentou seu líder cortesmente. 

-Boa tarde, senhor, o que deseja? 

-Quero discutir algo muito sério com você, tenente. 

-Sobre o quê? 

-Sobre a Cláudia, minha esposa.   Quero-a morta ainda hoje. 

Lima ficou paralisado. Desde que Lula assumira o comando das Forças Armadas ele sentia que havia algo muito errado acontecendo. Agora, com o Congresso fechado e os manifestantes sendo mortos por marginais, ele pensou que não poderia ficar pior. Porém, lá estava ele, o novo líder da nação, ordenando o assassinato de sua esposa. Ele precisava ouvir aquilo novamente, da boca de Cunha. 

-Como é, senhor? 

-Cláudia. Morta. Hoje. É simples. Não me importo com o método, façam o que quiserem com ela, só não permitam que esse assassinato seja ligado à minha pessoa. 

-Mas por quê, senhor? 

-E desde quando eu tenho que te dar satisfações da minha vida pessoal? -disse Cunha e, vendo o remorso do oficial, adiu-Cláudia anda sendo um estorvo tanto em minha vida pessoal quanto em minha vida financeira. Foi por causa dos gastos exorbitantes dela com viagens e produtos de grife que minhas contas na Suíça foram descobertas. Além disso, não aguento mais acordar e me deparar com aqueles olhos bizarros me encarando. Essas são minhas justificativas, agora vá e faça o que eu mandei. 

Lima saiu e deu um telefonema. Uma hora depois, durante uma ida ao toalete, foi informado de que o corpo de Cláudia já havia sido muito bem escondido e que um bode expiatório estava preparado no caso de o crime ser descoberto. O tenente enrolou um punhado de papel higiênico no formato de uma bola e levou-o ao rosto, ensopando o papel fino com suas lágrimas. 


                                      .....

         Temer acordou de uma longa soneca. Suas costas doíam, e seu cabelo estava emaranhado e oleoso. Olhando para a direita, viu o sujeito gordo da poltrona ao lado dormindo com a cabeça apoiada em seu ombro, babando em seu terno de um milhão de dólares. A seu lado esquerdo, Scarlett estava ereta e olhava sempre para a frente, com suas olheiras aumentando cada vez mais. Uma aeromoça se aproximou para oferecer salgadinhos, mas mudou e ideia e levou o carrinho de petiscos até a outra ponta do avião, provavelmente por estar com medo da mercenária, que a encarava como um cão encara um gato. Chainsaw revirou a mala de mão preta que trazia consigo e tirou de dentro uma lata de energético, que ela bebeu em um gole. 

-Você sabe que isso não é nada saudável, não sabe? 

-E você acha que eu me importo? 

-Tente dormir, você está péssima. 

-Eu estou no meio de uma missão, e, além disso, alguém tem que ficar acordado por aqui, Bela Adormecida. 

-Por quanto tempo eu dormi? 

-Sete horas. 

-Caramba. 

Scarlett não respondeu, apenas continuou a olhar para a frente. Naquele estado, Michel tinha até pena dela, e começou a imaginar o que a teria levado a debandar para o mundo dos assassinatos de aluguel. Depois, parou, porque tentar justificar as ações de criminosos usando suas experiências de vida era algo que apenas esquerdistas faziam. Mesmo assim, ele sentiu que deveria tentar trazê-la alguma alegria, nem que fosse por apenas um momento. Ele havia visto maldade nos olhos de Fritz, eram os olhos de um psicopata; já os olhos de Scarlett apenas mostravam frieza e dor, eram os olhos de alguém que mata por profissão, não por prazer. Vendo que ela estava sentada no banco ao lado da janela do avião, Temer teve uma ideia. 

-A vista não está linda aqui de cima? - disse ele.

-Não sei, não me importo. 

-Por favor, descreva o céu para mim. Eu até veria sozinho, mas esse seu cabeção está tampando a janela. 

Scarlett suspirou e olhou para fora. Haviam algumas nuvens espalhadas pelo céu, que formavam formas de bichinhos. Pela primeira vez na viagem, algo havia despertado sua atenção. Ela lembrou-se de uma certa tarde de domingo: tinha nove anos, e sua mãe era jovem e saudável. As duas estavam observando as nuvens da janela de sua casinha, e discutindo sobre uma em particular, que parecia um elefante para a menina e uma tartaruga para sua mãe. A discussão não era acalorada, muito menos violenta. Era carinhosa, com a mulher assumindo que a nuvem parecia um elefante para deixar sua filha feliz. Tudo era perfeito, e Scarlett só queria poder voltar no tempo e viver para sempre naquele momento, naquela que fora a melhor lembrança de sua vida. 

-E então? - perguntou Temer. 

-Umas nuvens que parecem bichos. - disse ela, fingindo desinteresse e, logo depois, voltando a observar o céu, sorrindo pela primeira vez em muitos anos. 

De repente, o avião começou a chacoalhar violentamente. Todos no avião entraram em pânico, e os gritos dos passageiros encobriam a voz dos atores de um filme de Bollywood que passava nas telinhas acima dos assentos. No momento em que Aisha e Raj terminaram a cerimônia dos passos em seu casamento, o avião bateu bruscamente na água, que começou a inundar o interior da máquina. Michel olhou para os lados. O gordo fedido estava bem, já Scarlett estava desacordada e tinha um enorme arranhão na testa. Ele tentou carregá-la nos ombros, mas, apesar de sua força sobre-humana dada por Lorde Satã, ela era pesada demais para ele. Pediu ajuda a seu vizinho de assento e apanhou o quepe da moça, pensando que ela ficaria muito triste se o perdesse. Algum tempo depois, agarrados a assentos de poltronas flutuantes, Temer e o gordo, que carregava Scarlett nos ombros, lutavam por suas vidas. Muitos dos outros passageiros não haviam conseguido resistir, e seus cadáveres boiavam a uma distância relativamente pequena de Michel, o que lhe causou arrepios. E então, quando a esperança parecia perdida, eles viram a pessoa que salvaria suas vidas. 

Essa pessoa era ninguém menos que Dilma Vana Rousseff. 

Em um helicóptero vermelho com uma foice e um martelo pintados na lateral, estavam Dilma, Marina Silva, Luciana Genro, Xi Jinping e o Comandante Hamilton, que fazia incríveis manobras no ar. Vendo uma escadinha de corda descer da máquina voadora, Temer subiu, seguido pelo gordinho. O helicóptero saiu voando em direção ao horizonte, em uma cena digna de um filme do James Bond. 


                                    .....

       Zuma pousou em solo norte-coreano, quase sendo derrubado por mísseis no processo. Entrou em um carrinho mequetrefe, que ofendia sua refinação, e foi até o magnifico palácio-sede do governo em Pyongyang, onde exigiu falar com o líder supremo. Ao finalmente conseguir entrar no gabinete de Kim Jong-Un, teve uma visão chocante: o líder norte-coreano estava pelado e suando ao lado de um botão vermelho gigante, com seu cabelo super moderno e sensual puxado para trás. Quase sem conseguir formar frases concisas, tamanha era sua perplexidade, Jacob perguntou:

-O que está acontecendo? 

Só então Kim percebeu a presença de Zuma, e levantou-se tentando ir para cima dele. 

-O que você está fazendo em meu gabinete, seu capitalista de merda? 

-Por favor, cubra suas partes. Fiz um favor ao senhor alguns anos atrás, e está na hora de retribuí-lo. 

Kim lembrou-se daquele fatídico dia, e censurou-se mentalmente por ter feito negócios com aquele homem. 

-Tudo bem, mas tenho um assunto mais importante a tratar neste momento. 

-Eu posso ajudá-lo, apenas me diga o que fazer. Depois, o senhor me ajudará. 

Subitamente, um jovem de terno entrou no gabinete e sussurrou algo ao ouvido do norte-coreano,saindo tão rapidamente quanto entrara.

-Meu mensageiro acaba de me informar que o senhor perdeu seu país. Patético. 

Zuma apenas abaixou a cabeça, reconhecendo seu fracasso. 

-Posso tentar levantá-lo novamente, mas o senhor terá de fazer tudo que eu mandar. 

-Claro, qualquer coisa. 

-Então chupa minha rola. 

Zuma o observou, confuso. 

-O quê? 

-Isso foi um teste, e o senhor não passou. Quando eu digo tudo, é tudo, sem questionamentos. 

-Compreendo. 

-Então levante-se; temos muito o que fazer. 


Notas Finais


Sei que as ações do Temer estão meio out of character, mas eu posso explicar.
Dá laike favorito se inscreve no canal pra mais gueimepleis.


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