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História Codinome 027 - Dia 02


Escrita por: Welcome_truelie

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 3 - Dia 02


Fanfic / Fanfiction Codinome 027 - Dia 02

Bella

 

Levanto de manhã sentindo minha cabeça girar, uma dor aguda faz meu pescoço latejar. Dormir no chão não é tão agradável devo lhe dizer, preferiria dormir em uma cama como a dos os ricos que vivem dentro da Cúpula, mas de uma forma ou de outra, já me acostumei com isso. Acordar antes do amanhecer, levar as coisas para os becos, se esconder mesmo de dia. Essa é uma rotina incontrolavelmente irritante, as vezes me pergunto se é realmente necessário sobreviver.

Porque afinal, sobreviver não é o mesmo que viver.

Já pela madrugada vejo o sol começar a mostrar sinais de vida. Os raios começam a aparecer no horizonte, as estrelas tomam posição oposta, sendo escondidas, agora só voltaram a noite, assim como eu.

Enfio tudo o que tenho dentro da bolsa preta surrada—uma das únicas coisas que tenho—, não há muito o que pegar, a lanterna, duas balas de menta, uma lata de feijão e uma manta velha.

Penso em andar até o fim da ponte e ir para longe, mas não é possível. Não sabemos o que há lá, não tem sinal de vida vindo dali. Somente monstros, mas isto é história pra boi dormir, se forem verdadeiras então porque eu nunca vi um?

Dizem que quando a noite chega eles rastejam até a entrada da ponte e esperam que alguém se aproxime e nhac! COMEM a coitada.

É claro que é mentira.

Ando pelo beco observando a luz rastrear o caminho por onde passei. Não só eu como também muitos outros se põem a correr, andam até encontrarem um lugar seguro, um lugar onde possam ficar escondidos sem robôs, sem mortes. É irônico ter que se esconder da luz do sol.

A bolsa que carrego não pesa quase nada e ter só isso mostra o quão miserável é a minha vida.

Ando até o beco da rua Liverpool, olho para os lados esperando que os olhares curiosos mudem de direção. Todos procuram um lugar melhor para se esconderem, e do nada você pode perder o seu, eles podem invadi-lo e te expulsarem dali, afinal eles tem que sobreviver. Não importa as consequências, os mais fracos morrem e os fortes?

Sobrevivem.

Entro no beco observando o local e me aproximo das latas de lixo como quem não quer nada. Ouço burburinhos vindos de dentro de uma delas, então discretamente chuto uma.

Um miado soa agudo de lá de dentro, olho para os lados, mas ninguém notou. Abro o tampão e vejo o bichano todo fedido, o pelo negro agora marrom e carnicento.

— Xô! Sai gatinho!

Rápido como foguete ele corre para longe, então para e me olha pela última vez antes de sumir na outra esquina. Os latões exalam um cheiro horrível, tento me conter e não vomitar. Quando percebo que a tarefa está sendo árdua abro a tampa e vomito lá mesmo.

Já era o feijão enlatado.

Ouço os passarinhos cantarem, o sol já está subindo. Me apresso e observo o latão fedido. Empurro-o para o lado e vejo o pedaço de madeirite pichado cobrir o que deveria.

Meu esconderijo.

Sorrateiramente me agacho e empurro-o para o lado, o buraco escuro de meio metro aparece, então como um ninja um pouco enferrujado entro nele. Fecho de novo a entrada com a tábua de nome estranho.

Olho para o relógio de pulso.

6:47 Hrs.

Daqui a três minutos Esfarrapado vai aparecer e pôr os latões no lugar de eu onde eu os tirei cobrindo a tábua. Depois para sair, bem, nada melhor do que a força bruta.

Esse é o nosso lema, ajudar e ser ajudado. Eu caço a comida e ele me ajuda em pequenos favores.

— Cade a droga do interruptor…?

Tateio em meio ao breu e com a ponta dos dedos encontro o pequeno botão.

Mas porque diabos eu tenho luz aqui dentro?

A resposta é simples.

Pura física!

Fios condutores, um botão velho, fita isolante, interruptor, conectores etc… toda essa bugiganga velha eu achei por aí.

A luz amarelada mostra o meu pequeno lugar, isolada eu tive bastante tempo para usar minha criatividade e decorar. Por dentro é possível ficar de pé, o espaço não é tão apertado, mas, ao mesmo tempo, nada grande. Tem em média o tamanho de um quarto. Com o tempo cada vez que olho parece mais e mais pequeno.

Forrei o chão com almofadas de todos os tipos, dá pra encontrar de tudo por aí. Vamos se dizer que esta parte da cidade não é muito bem habitada.

Dessa forma posso deitar em qualquer lugar. Minha cama poderia ser aqui, se eu pensasse só em mim me viraria bem. Mas não é bem assim, os outros precisam de ajuda. Sem revesamento de turnos, sem caçar comida não durariam uma semana.

Bem aqui tem de tudo.

As luzes amarelas de algo que antigamente era chamado de Natal estão penduradas. A mesa gasta apoiada com um sapato está meio manca, mas dá pro gasto para quando tenho vontade de desenhar, ou quando quero bolar planos.

Planos que nos ajudem a fugir.

Que nos deem uma vida melhor.

Passo meus dedos pelas paredes desenhadas. A minha história estava ali, tudo escrito, detalhe por detalhe.

“A cidade não é mais cidade” diziam as letras.

“Explosões nucleares assolaram o mundo, guerra e vírus” a marca da minha mão de quando era mais nova estava ao lado.

Traçados a giz um pai e uma mãe sorriam para mim. Desenhei isso quando era pequena, só não sabia que seria tão difícil ver isso toda vez, e acreditem giz de cera não sai tão fácil assim. Eu queria ter um pai e uma mãe.

Muitos dizem que a guerra foi devastadora, até hoje me pergunto se um dia alguém me amou.

Os mapas mostram diversas partes da Cidade Fantasma. Esse lugar parece ser um pavilhão fedido e empoeirado, sem ninguém, somente mendigos que eram caçados para morrer.

Depois das explosões não sobrou muita coisa, e essa área foi o pouco que restou ainda em pé. Não me pergunte como sobrevivemos, isso ninguém nunca me disse, porque talvez ninguém saiba ao certo como ocorreu. Existe a ponte, onde eu moro, ou meio que moro. Em uma ponta não há nada, somente o deserto a frente onde certos “monstros” vivem. Do outro lado da minha humilde casa—a ponte—existe a Cidade Fantasma, pessoas viviam aqui antes de tudo acontecer. A chamam de Cidade Fantasma porque é aonde os fantasmas moram, nada mais nada menos que nós, os mendigos. Ela serve para nos proteger de dia, isso porque aqueles malditos robôs andam sempre por aí querendo nos matar.

E daí você se pergunta, o que tem depois da Cidade Fantasma?

A Cúpula.

Imagine um globo de neve gigante. Imaginou? Agora tire a neve e no lugar coloque árvores gigantes, prédios novinhos em folha, casas, shoppings e blá, blá, blá.

Essa é a Cúpula. Um lugar feliz.

Que na verdade é uma merda.

Porque é uma merda?

Porque eu não estou lá. Nenhum de nós está. Meu destino é sobreviver aqui fora, onde o perigo não está escondido, onde ele mora com a gente.

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


O garota na foto do capítulo é a personagem Bella!!
Gostaram do jeito dela? DURONA ATÉ O FIM, NÉ GENTE. (Ou será que não?)
Até o próximo capítulo,
Bjoos :)


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