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História Codinome 027 - Codinome: Cúpula


Escrita por: Welcome_truelie

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 7 - Codinome: Cúpula


Stark

 

— Me deixe ir! — ela gritou, seus olhos cheios de lágrimas me fizeram estremecer — me deixe viver!

A mesma frase rodopia no meu cérebro como um vai e vem interminável de emoções.

O que eu fiz?

Deveria deixá-la correr? Ela não podia correr! Mesmo se ela quisesse, suas costelas não deixariam.

Havia algo a mais, e o que quer que seja não estou conseguindo entender. Ela me parece ser familiar.

Mas se esse for realmente o caso, de onde eu a conheço?

Me sento na cama tentando retirar o peso que repousa sobre minhas costas, mas nada alivia. Ainda me sinto culpado.

Como um flash as memórias repetem em minha mente.

"— Tenho um trabalho para você — foi o que o General disse — estamos atrás de uma garota, tudo o que está envolvido é totalmente sigiloso, por isso estou mandando você, meu filho.

A palavra filho embrulhou meu estômago, eu podia vomitar naquele sapato lustroso dele, só o respeito me impedia.

— O que ela fez? — eu perguntei curioso, não entendia o motivo daquilo tudo, ela era só uma garota.

— Logo você saberá. "

A primeira ordem que recebi pela manhã foi a de me armar e esperar no carro blindado, com tudo pronto saímos pela entrada sem entender o porquê daquilo. Os outros também não sabiam, não entendiam o motivo, tudo por uma única garota. Um único militar seria capaz de pegá-la.

Só agora entendo o porquê. Ela não é tão frágil como pensei, pelo contrário, é forte e teimosa. Não desistiu por nenhum momento, mesmo quando estava machucada, continuava lutando para fugir.

O que ela disse quando me abaixei?

"— Você nunca entenderia…”

Entender o que? Ela parecia ser inofensiva, ela mesma se quebrou toda ao pular daquela cerca.

Haviam coisas demais, perguntas demais que eu queria fazer, mas não podia. Eu tenho que falar com ela, tenho que perguntar, isso está me matando!

Olho para os vidros, a Cúpula ainda é a mesma. Seu formato, o barulho, tudo a torna melancólica. Sinto vontade de quebrá-la em pedaços, tirar seu formato e deixar que todos entrem.

Eles… os que estão lá fora não são Fantasmas.

São humanos como nós.

Ouço barulhos vindos de fora do quarto. São gritos abafados, talvez por mãos.

— Me solte!

Vários paços ecoam agora.

Parado ali me pergunto quem é, a voz é parecida com a da garota...

— Me solta agora seu monte de estrume!

É ela.

Corro para a porta e vejo meu reflexo no espelho, estou sem camisa, mas que se dane.

Ando na direção dos gritos, a meio metro a frente no corredor vejo dedos agarrarem a parede. Ela segura com toda a sua força, três soldados, os mesmos que saíram comigo para capturá-la tentam desesperados desgrudá-la da parede.

— Solte! Vai ser pior para você! — o mais alto diz.

— Nunca! — ela grita.

— Oh outro não! — a garota grita na minha direção.

Todos os olhares cansados agora estão em mim.

É difícil acreditar que uma criatura como essa consiga fazer todo esse tumulto.

Chego mais perto e tento uma tática diferente.

— Me solte você também! — grita quando a jogo sobre meus ombros como um saco de batatas.

Um saco de batatas pesa mais.

Os soldados mostram o caminho e eu a levo.

— Me larga! Eu vou te morder!

Sorrio com o comentário.

— Você não teria coragem… e além disso… AI! — eu grito quando sinto seus dentes cravarem na minha pele.

Antes que se solte a prendo com mais força nos meus ombros, suas unhas rasgam minhas costas.

— Pare com isso! — digo de dentes cerrados sentindo minhas costas arderem — você é louca?

— Sou!

Ignoro o que ela diz e espero que abram a maldita porta.

Eu conheço aquele lugar, já fiz várias provas sobre ele durante os estudos.

É uma cela especial, adaptada para serial killers, sem janelas e estofada. A maioria sentiria medo de ser jogado ali.

Ainda me esmurrando ela resmunga algo sobre eu a soltar.

No canto da cela há um colchão, pequeno, mas é um colchão.

Jogo-a ali, ela despenca como uma pedra. Ando até a porta sem olhar para trás sentindo a dor da mordida se prolongar pelas minhas costas.

Quanto ela pesa?

— Vocês são monstros — ela diz com a voz trêmula, se não visse o que vi agora a pouco diria que ela está se segurando para não chorar.

Paro perto da porta, o soldado que traz algemas passa por mim em direção a ela e diz:

— E você um Fantasma.

Ela não reponde.

Me viro e reparo nela melhor, nos seus traços. A cabeça abaixada me impede de ver seus olhos abertos. O cabelo negro escorre por suas costas.

Ela se senta no colchão encostada na parede fria, abraça as penas contra o corpo como se ali estivesse segura.

— Senhor, pode voltar e descansar da sua missão, ela não lhe trará nenhum outro trabalho.

Aceno para ele, mas não me mexo.

Porque? Qual o sentido de prendê-la aqui? O General está louco?

Devíamos levá-la para a quarentena. É isso que se faz quando os capturamos, não isso.

Ainda a olho, um sentimento novo me invade, talvez ela esteja sofrendo. Ela ergue a cabeça e olha para mim, seus olhos azuis acinzentados cheios de lágrimas encontram os meus, e ela sorri fraco sofrendo por dentro.

Sinto minhas pernas vacilarem aos constatar que eu a conheço.

É ela. A garota que atirou a faca, que quase matou o General, que sorriu para mim.

Ela me encara, como se também reconhecesse algo em mim, pisca algumas vezes e abaixa a cabeça.

Sinto o sangue correr por mim, o sentimento de raiva me invadindo como uma tempestade em alto-mar e eu sei que estou prestes a explodir.

Como eu havia pensado, ela não é qualquer garota.

Ainda parado no mesmo lugar sinto a pergunta vir a mente, então a faço mesmo com todos me olhando.

— O que eu nunca entenderia? — pergunto.

Os soldados me encaram.

Sua voz surge, ainda na mesma prisão interna, ela me responde:

— Você nunca entenderia a dor que eu sinto — ela levanta a cabeça — você nunca entenderia como é viver todo esse tempo debaixo de uma ponte! Muito menos o que é ser caçado por soldados, e talvez nunca entenda que eles precisam de mim! Precisamos uns dos outros para sobreviver ao inverno!

Sua face esbranquiçada segura o ar e solta tudo de uma vez.

Balanço a cabeça tentando entender, mas ela está certa, eu nunca entenderia. Eu nasci aqui, com luxo e comida, mas ela…

Saio pela porta, os soldados seguem seus caminhos, o último a sair tranca a porta com uma tranca tecnológica, as suas digitais brilham do verde para o vermelho e a palavra CLOSED aparece.

Um tisc afirma que a porta não será aberta por alguém a não ser ele.

A pequena janelinha mostra a cela esbranquiçada e a pequena figura sentada. Olho uma última vez, pensando no quanto eu não entendo nada, e no quanto ela está certa.

O soldado do meu lado solta uma risada alta.

Lá dentro ela se levanta e caminha de um lado para o outro.

— Pegamos quem os ajuda? Melhor assim, sinal que não precisaremos pegar os outros. Eles morrerão de fome por serem Fantasmas.

Ele ri e quando menos percebe um chute soa de dentro da cela fazendo a porta tremer. Seu rosto aparece na janela e com um sorriso de escárnio, ela alterna o olhar dele para a porta. Vendo que não pode fazer mais do que ficar presa, ela cospe na janela, chuta a porta novamente e levanta o dedo do meio gritando palavrões.

Algo não está certo. Afinal, o que ela fez para você General?

 

 

 


Notas Finais


Obrigada por ler!!
E então, fica a pergunta: o que ela fez pra você General?
Bjão e até o próximo capítulo!


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