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História Coexist - Capitulo 11


Escrita por: CorregioKL

Notas do Autor


Bom dia!!! Aqui estamos com mais um capitulo =D
Espero que gostem!

Capítulo 11 - Capitulo 11


Temari permaneceu em silêncio a maior parte do tempo, mas não era um silêncio ruim e fez com que me sentisse confortado por sua presença. Quando o sol já estava alto, estendemos a toalha em baixo das sombras das arvores próximo a lagoa e almoçamos. Enquanto comíamos, alguns cervos se aproximaram da margem oposta à que estávamos e, mesmo um pouco desconfiados, puseram-se a beber água. Temari ficou encantada, principalmente com o filhote entre os mais velhos, e, com um sorrisinho de contentamento, os observou até que eles sumissem novamente para dentro da floresta.

Quando terminamos de arrumar a pequena bagunça que fizemos, ela se encostou em uma árvore e fechou os olhos, uma brisa calma balançou seu cabelo e foi minha vez de ficar encantado. Deitei a cabeça em seu colo. Ela abriu os olhos e me encarou com uma sobrancelha arqueada. Eu sorri pra ela.

-É mais confortável aqui. -disse e ela corou levemente, revirando os olhos. Os fechou logo em seguida, encostando a cabeça no tronco.

Observei seu rosto sereno pelos minutos que se seguiram e ela, se percebeu, não pareceu incomodada. Voltei meus olhos para o céu, as nuvens passeando preguiçosamente. Senti a mão de Temari no meu cabelo, puxando o elástico e o soltando. Pensei em protestar, mas a mão dela se embrenhou pelos fios, brincando com eles e acariciando minha cabeça. Fechei os olhos, apreciando o carinho.

A tarde chegou rapidamente e o sol foi baixando, refletindo novas combinações de cores na água da lagoa. Temari e eu permanecemos naquela calmaria por todo o tempo, ela vez ou outra mexia no meu cabelo ou no meu rosto, me olhava por um tempo, sorria para mim, corava. Aquela leve sensação no meu peito, junto com aquele calor gostoso só cresciam.

Quando o sol chegou nas copas das árvores, decidimos que era melhor voltarmos.

-Vamos pro apartamento antes de ir pra casa da sua mãe? –ela me perguntou quando já estávamos de novo na trilha.

-Não. –resmunguei –Já estamos aqui do lado.

-Eu quero ir. -ela retrucou.

A olhei com uma cara que expressava toda minha preguiça de fazer o caminho de ida e volta mais uma vez.

Ela regirou os olhos e disse:

-Me dê a chave, então, bicho preguiça. Eu vou sozinha.

Eu bufei.

-Por que não podemos simplesmente ir pra casa da minha mãe, Temari?

-Porque eu fiquei o dia inteiro sentada na grama num dia quente e quero um banho. Me dê a chave.

-Toma banho na casa da minha mãe

-Não tem roupa minha lá, Shikamaru.

-Tem minha.

-Eu não vou ficar com as suas roupas numa festa.

-Não é uma festa, é um jantar. Qual o problema?

-Além delas ficarem grandes em mim? –ela perguntou com ironia.

Bufei novamente.

-Você vai me infernizar depois se for sozinha?

-Não, Shikamaru. –ela respondeu, revirando os olhos novamente –Não nasci grudada em você, posso fazer as coisas e ir nos lugares sozinha.

-Tsc. –reclamei entregando a chave.

-Não vou demorar. –ela disse quando chegamos de volta a rua da casa da minha mãe.

Fiquei observando a problemática até ela sumir no horizonte e suspirei, pensando que talvez eu devesse ter ido com ela. Segui o caminho até a casa onde eu passei a infância e entrei sem bater.

-Tadaima –avisei por puro costume.

Escutei alguns barulhos na cozinha e logo minha mãe apareceu na porta.

-Okaeri –ela sorriu e se aproximou.

Eu sorri de volta. Minha mãe era uma pessoa um tanto ríspida e não muito dada a demonstrações de afeto, mas ela sempre mudava esse comportamento nos meus aniversários. Ela me abraçou com carinho, como sempre fazia e, quando se afastou, acariciou de leve meu rosto.

-Mais um ano de vida, filho. –ela disse e eu consegui identificar uma pontada de orgulho e sua voz.

-É... –respondi coçando a cabeça.

Ela me fitou por mais um momento antes de se distanciar.

-Você chegou cedo. –disse enquanto seguia de volta para a cozinha.

-É, estava na clareira... –respondi a seguindo –Não quis fazer todo o caminho pra casa pra depois voltar.

Minha mãe revirou os olhos.

-E Temari? –ela perguntou quando já tinha chego em frente a pia.

Me encostei no batente da porta, observando ela voltar a fazer a comida. Se ela quisesse que eu fizesse algo, logo ela mandaria.

-Estava comigo. –respondi –Foi pra casa tomar um banho. Daqui a pouco ela vem.

Minha mãe se virou com as sobrancelhas arqueadas, um tanto surpresa.

-O que foi? –perguntei.

-Nada... –ela disse, mas sorriu depois de um tempo e completou: -Ela é mesmo especial pra você, não é, Shikamaru?

Eu corei. Suspirei e respondi, um pouco sem graça:

-É.

De repente, minha mãe franziu o cenho.

-Mas... Você disse que ela foi “pra casa”? Pra sua casa?

Eu a encarei por alguns segundos, lembrando que ela não sabia que Temari estava em meu apartamento.

-É. –repeti.

Foi a vez de minha mãe me encarar com aquele olhar inquisidor. Bufei.

-Eu esqueci de fazer a reserva dela. –expliquei - Os hotéis estavam lotados por causa do festival.

-E você levou ela pra sua casa?

-Na verdade eu meio que não tive escolha...

-Então é pra isso que você queria morar sozinho? –ela me cortou.

-Mãe! –fiquei totalmente vermelho com sua insinuação –Claro que não!

Ela me encarou com os olhos estreitos e disse:

-Juro que se você engravidar a menina antes de casar com ela, eu vou fazer essa criança ser filho único, você queria mais um filho ou não! –ela ameaçou.

Eu suspirei pesadamente, passando a mão no rosto, sem encarar minha mãe.

-Que problemático!

-Problemático mesmo! –ela continuou a ralhar –Mas problemático se você tiver que se explicar para o Kazekage se isso acontecer. Não sei se você se lembra, mas ele é irmão dela.

Eu arregalei meus olhos. Até o momento eu tinha me preocupado com Kankuro e sua imprevisibilidade. Mas, apesar de eu achar Gaara um cara legal, eu já o tinha visto lutar e até mesmo tinha sido quase morto por ele no exame em que eu me tornei chuunin. Minha espinha gelou, lembrando de sua áurea assina e dos pesadelos que ela tinha me causado na época.

Minha mãe pareceu satisfeita com a minha reação e voltou-se para as panelas.

-Ino passou aqui mais cedo...–ela mudou totalmente o assunto – Pra perguntar que horas era para virem e me avisou para por mais um lugar na mesa, mas que eu poderia fazer menos comida. Perguntei se Chouji não viria e ela disse que “não, ele vem” e saiu rindo. Que diabos deu nessa menina?

-Chouji está de regime. –eu dei de ombro.

Minha mãe arregalou os olhos.

- O que?

-Ele arrumou uma namorada. –expliquei - Mas eu não sei se ele vai traze-la. Ino faz questão de constrange-la em todos os momentos possíveis.

-Chouji arrumou uma namorada? –minha mãe repetiu. –Não sei se fico mais surpresa com o regime ou com a namorada. Não que ele não seja um bom garoto, mas pensei que ele só se interessava por comida. Eu a conheço?

Eu neguei.

-Ela não é de Konoha.

-Estrangeira?

Fiz que sim.

-Combinaram, foi? –ela riu. Eu revirei os olhos e não respondi. –De onde ela é? Suna também?

-Não, Kumo.

Minha mãe fez mais algumas perguntas sobre Karui e me fez ajuda-la com algumas outras tantas coisas. Depois de duas horas que eu cheguei, Temari chamou do lado de fora da casa. Ela entrou e minha mãe a recepcionou com um sorriso. Temari estava um pouco tensa e eu percebi que era a primeira vez que as duas se viam depois do festival e, consequentemente, desde que eu contei para minha mãe que estávamos namorando. Ela ofereceu ajuda e minha mãe aceitou e logo ela relaxou, percebendo que o modo como minha mãe a tratava não mudou em nada.

 Já estava escurecendo quando Kurenai chegou com Mirai. A pequena se jogou no meu colo e não saiu dele por um longo tempo. Sentei no sofá da sala com ela e ela começou a me contar sobre a escolinha que começou a frequentar e dos amigos que fez com sua fala um tanto embaralhada de criança de três anos que fazia com que eu precisasse prestar atenção para entender tudo. Minha mãe terminou de arrumar tudo e se juntou a Temari e Kurenai, que conversavam sobre a equipe de genins que Kurenai estava a frente.

Uma barulheira do lado de fora anunciou a chegada de Ino, Sai, Chouji e Karui algumas horas depois.

-Feliz aniversário, Shikamaruuu! -Ino gritou e se jogou no meu pescoço assim que abri a porta.

-Menos Ino. -pedi coçando a nuca -Mas obrigado.

Recebi os cumprimentos dos outros três e todos entraram. Apresentei Karui paras outras mulheres e minha mãe anunciou que podíamos jantar. Chouji comemorou.

-A comida da mãe do Shikamaru é muito boa -escutei ele falando para Karui que riu.

Minha mãe já estava acostumada com a algazarra dos meus amigos, mas se surpreendeu por Chouji realmente estar comendo menos. Mirai, que era um pouco tímida, logo se soltou com toda aquela bagunça e se divertiu com as graças que Ino fazia para ela. Karui pareceu bem mais à vontade e Temari a incluiu uma conversa com Kurenai. Minha mãe estava sorrindo e, apesar de achar problemático tudo aquilo, fiquei feliz.

Depois de jantar, Kurenai se ofereceu para ajudar minha mãe com a bagunça e Ino pegou Mirai e levou-a para sala. Temari e Karui foram com as duas, vendo Mirai se divertir com as caretas da minha companheira de time. Sai se despediu, alegando que tinha que sair em uma missão em poucas horas.

Sai para a varanda e acendi um cigarro, encostando em uma pilastra. Dei uma tragada longa e logo notei a aproximação de alguém.

-Tia Yoshino está contente com a casa cheia, não é? -meu melhor amigo perguntou.

-Está sim. -respondi -Nós não éramos uma família grande, mas acho que desde que me mudei ela se sente solitária...

-Eu sinto muito, sabe? -ele suspirou -Me sinto mal de ter voltado pra casa com a família inteira quando todos perderam tanto.

O encarei, mas Chouji não me olhava. Eu conseguia entender o que ele queria dizer, mas franzi o cenho.

-Você não pode se culpar por isso. -repreendi -Você tem que estar é feliz. Eu e Ino estamos por você, acredite.

Ele sorriu, ainda sem me encarar. Bufei, dando uma outra tragada no cigarro.

-Já levou Karui na sua casa? -perguntei depois de um tempo.

Chouji corou.

-Ainda não... -respondeu -Minha mãe já ficou sabendo e está doida pra conhecer ela... Mas tô com medo dela se assustar com a minha família, pra dizer a verdade.

Soltei um riso pelo nariz. Dei mais uma tragada no cigarro, escutando as gargalhadas de Mirai dentro de casa.

-Hum...Shikamaru? -Chouji chamou.

-Hum?

-Você e a Temari... -ele começou e eu olhei pra ele, curioso -Vocês estão de boa?

-Sim -respondi franzindo o cenho -Por que?

-Ah, bem... -ele coçou a nuca -Eu meio que notei que você estão... Evitando se encarar... E toda vez que acontece, vocês ficam meio que... Envergonhados.

Arregalei os olhos, corando. Chouji tinha notado. Obviamente o que houve no dia anterior voltava várias vezes para os meus pensamentos, principalmente quando eu olhava muito para Temari. Sempre que meus olhos encontravam os dela, eu corava com as lembranças e ela parecia lembrar de tudo também.

-É, bem... -comecei, sem saber o que dizer. Suspirei. Que problemático! Mas ele era meu melhor amigo, ele podia me ajudar. Olhei pra frente e continuei - Eu e ela... Ontem, a gente quase.... Você sabe.

-Ah, bem, sim... Eu achei que podia ser algo assim -ele disse. Percebi que ele estava tão sem graça quanto eu, mas queria ajudar -E, bem, porque não.... Aconteceu?

Eu bufei.

-Camisinha -respondi baixo -Eu não pensei nisso.

-Oh... -Chouji exclamou -Isso é um problema mesmo... Você já.... Resolvei isso?

-Não. -gemi -Não consigo pensar o quão constrangedor deve ser comprar esse tipo de coisa.

Chouji riu.

-Ah, eu não sei... Eu não comprei. -ele disse -Pedi pra Ino.

-O que? -perguntei surpreso. Finalmente olhando pra ele -Você é louco? É por isso que ela não deixa vocês dois em paz!

Chouji deu de ombro.

-O cara da farmácia e o cara do mercado são amigos do meu pai -ele disse -Acredite, melhor a Ino.

Levantei as duas sobrancelhas, vendo lógica no que ele me dizia e concordei com a cabeça. Mas Temari provavelmente me mataria se eu desse mais motivos para Ino nos atormentar. Não que a própria Temari não desse motivos as vezes, ela gostava de ver Ino me fazer sofrer.

Bufei.

-Não ajudei, né? –Chouji riu.

-Não muito, mas valeu mesmo assim.

Joguei a bituca do cigarro fora e entrei com Chouji logo atrás de mim. Kurenai vinha em nossa direção com Mirai adormecida nos braços.

-Vou aproveitar que ela dormiu e vou indo. -ela murmurou, arrumando a pequena nos braços. -Deixei seu presente com sua mãe, Shikamaru.

-Obrigado -agradeci.

Kurenai sorriu e acenou com a cabeça, se despedindo de Chouji e saindo. Segui para sala, onde Ino e Karui estavam sentadas no sofá em silencio. Ino levantou num pulo quando me viu e veio até mim, estendendo um embrulho azul escuro.

-Toma. -ele disse e deu uma risada maliciosa. -Só abra quando estiver em casa! -piscou.

Eu tentei não imaginar o que aquilo poderia ser, mas peguei. Ino deu mais uma risadinha e voltou para seu lugar no sofá. Chouji pegou um embrulho com Karui e me estendeu também. Agradeci, deixando os dois em cima da mesa de centro.

-Onde estão minha mãe e Temari? -perguntei.

-Foram pegar o bolo. -Ino respondeu.

Eu assenti. Chouji sentou ao lado de Karui e eu fui ver se estava tudo certo na cozinha. Parei na porta, vendo minha mãe tirar o bolo da geladeira e instruindo onde Temari podia pegar os pratos de sobremesa. Eu cheguei a abrir minha boca para falar, mas nem mesmo comecei quando minha mãe chamou Temari, que estava de costas para ela, com um tom de voz sério.

Temari se virou para minha mãe e esperou. Yoshino sorriu carinhosamente pra ela e falou:

-Estou feliz por meu filho ter você.

Temari arregalou levemente os olhos e corou. Demorou alguns segundos, mas assentiu com a cabeça, desconcertada, sem olhar diretamente para minha mãe. Eu sorri com aquilo, virando as costas e voltando pra sala antes que uma das duas me percebesse ali.

OoOoOoOoOoOoO

Chouji, Karui e Ino foram embora um pouco depois de comer o bolo e minha mãe me obrigou a lavar a louça que ficou. Temari a ajudou a terminar de arrumar a casa e, quando terminei de secar e guardar a louça, encontrei ela e Temari sentadas na sala.

-Shikamaru –minha mãe me chamou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa –Preciso de sua ajuda amanhã de manhã. Você pode dormir aqui, sim?

Eu levantei uma sobrancelha.

-O que aconteceu? –perguntei, me sentando ao lado de Temari.

-Tem um cervo machucado na parte leste da floresta. –ela relatou –Ele não deixa ninguém se aproximar e já está ali alguns dias. Tentei com outros do clã, mas ele está muito arredio e estou com medo dele se machucar mais ainda. Você sempre teve mais jeito para pega-los.

Eu assenti e olhei para Temari, perguntando com o olhar se ela se importava. Ela deu de ombro, como quem diz que pra ela tanto faz, mas me lançou um olhar questionador que eu logo entendi.

-Mãe... –chamei voltando os olhos para ela, mas ela me interrompeu antes que eu verbalizasse a pergunta que Temari me fazia em silencio.

-Você pode pegar um daqueles sacos de dormir que usamos pra acampar e colocar no seu quarto pra você. Temari dorme na sua cama. Seu quarto está do mesmo jeito que você deixou.

Eu assenti, pensando que deveria ter adivinhado que minha mãe pensaria em tudo. Levantei do sofá e me espreguicei.

-Eu vou tomar um banho então. –declarei.

Deixei as duas sozinhas de novo e subi para meu antigo quarto. Como minha mãe disse, estava tudo exatamente do jeito que eu deixei: Desde o tabuleiro de shogi na mesinha no centro do quarto, até as roupas que eu não havia levado comigo dentro do guarda-roupa. Peguei uma muda de roupa para dormir e fui tomar banho.

Enquanto sentia a água cair nos meus ombros, suspirei. Apesar de eu e Temari não termos tocado no assunto o dia inteiro, eu tinha expectativas para aquela noite. Haviam vários lugares que podíamos passar no caminho do apartamento para comprar as malditas camisinhas e eu realmente estava disposto a mandar a merda o constrangimento. Eu queria terminar o que tínhamos começado na noite passada. Mas minha mãe não era de pedir minha ajuda e, se ela pediu, foi porque realmente precisava. E também, talvez fosse melhor conversar com Temari sobre antes de efetivamente fazer, apesar dela ter deixado claro que também queria. Bem claro, diga-se de passagem. Ainda podia sentir a mão quente dela em mim.

Suspirei, fechando o registro do chuveiro e impedindo meus pensamentos de tomarem esse rumo. Estávamos na casa da minha mãe, ela dormiria a apenas alguns metros de onde estaríamos. Não havia a mínima chance de se repetir o que aconteceu na noite passada, menos ainda de terminarmos o que começamos.

Quando voltei para o quarto, Temari estava sentada na minha antiga cama. Usava um pijama que minha mãe provavelmente tinha emprestado e tinha o tabuleiro de shougi em sua frente. O saco de dormir já estava no chão ao lado da cama.

-Você demorou. –ela disse depois de nos olharmos por um tempo.

-É, eu estava pensando... –respondi vagamente.

-Você faz muito isso. –ela respondeu com ironia –Quer jogar?

Ela apontou o tabuleiro sobre a cama e eu assenti, sentando do outro lado do mesmo. Ela começou e eu joguei, um pouco distraído no começo, mas não demorei a perceber que Temari talvez fosse um desafio e me concentrei no jogo.

-Eu não acredito que não previ isso! -Temari exclamou raivosa quando capturei seu rei.

Eu sorri de canto pra ela e dei de ombro. Ela sabia muito mais do jogo do que eu achei que saberia e era uma ótima estrategista. Provavelmente teria ganhado de Asuma-sensei tão rápido quanto eu. Mas eu levei a melhor mesmo assim.

-Quero uma revanche! -ela estreitou os olhos enquanto falava -Agora!

Revirei os olhos para ela, mas ajudei a reorganizar as peças na posição inicial. Jogamos mais duas vezes e ela perdeu as duas.

-Você é intragável, Shikamaru! -ela resmungou aborrecida enquanto eu levava o tabuleiro até a mesinha que foi empurrada para o canto para dar lugar ao colchonete.

-Você diz isso porque nunca teve a chance de jogar com meu pai. -eu respondi. -Se fica com raiva de mim, você iria jogar o tabuleiro na cabeça dele.

A boca dela tremeu, como se ela segurasse o riso.

-Vamos dormir. -ela declarou, ainda fingindo-se de emburrada.

Concordei e apaguei a luz antes de deitar no saco de dormir. O silencio se instalou e eu só escutava a respiração de Temari. Deitado de barriga pra cima e com um braço atrás da cabeça, senti falta do corpo dela encostado no meu, a cabeça deitada no meu peito, me abraçando como um bicho de pelúcia. Isso, junto com os pensamentos sobre tudo que estava acontecendo não me deixava dormir.

-Shika? -escutei a voz de Temari chamar depois de um longo tempo.

-Hum?

-Vem pra cá. -ela pediu.

Demorei um instante para entender o que ela queria dizer, mas não pensei muito sobre quando entendi. Levantei do saco de dormi e tateei a beirada da cama. Temari se afastou, deixando um espaço para mim e eu deitei. Ela nos cobriu.

-Yare... Não vai reclamar de ficar entre mim e a parede?

Ela bufou.

-Cale a boca antes que eu te mande de volta pro chão! -ela ameaçou.

A cama era estreita e, mesmo eu estando colado na beirada, Temari estava praticamente encostado em mim. Eu me arrastei para mais perto e a abracei. Senti o corpo todo dela roçar no meu enquanto ela ficava de costas para mim e se encaixava nos meus braços. Suspirei. Nós tínhamos dormido assim apenas uma vez e... Era extremamente confortável a sensação dela em meus braços dessa forma.

-Temari... -chamei depois de alguns minutos.

-Hum?

-Eu... -procurei palavras para começar a conversa que queria ter  -Ontem... Nós... Bem...

-Você quer conversar sobre o que aconteceu ontem? -ela perguntou, a voz baixa e tímida.

-Sim. -respondi -Eu... quero... Saber se é isso mesmo que você quer.

-Acho que ficou claro que sim, Shikamaru. -ela respondeu com um pouco de ironia, mas sua voz voltou ao tom anterior quando continuou: -Eu quero, Shika. E nós faríamos aqui e agora se não estivéssemos na mesma casa que sua mãe e tivéssemos resolvido o problema que nos impediu de fazer ontem.

Me senti quente com suas palavras, a dúvida finalmente me deixando. Temari não tinha se deixado levar pelo momento ontem. Ela queria tanto quanto eu.

-Vou resolver esse problema amanhã, problemática. -sussurrei em seu ouvido e a sentir estremecer.

-Estou esperando ansiosa, preguiçoso. -ela respondeu, sua mão acariciou levemente meu rosto.

Voltamos a ficar em silencio. Me remexi um pouco, me arrumando no colchão.

-Temari? –chamei de novo

-Hum? –ela perguntou mais uma vez.

Eu suspirei

-Estou tão... nervoso com essa situação. –confessei –Eu tento racionalizar isso, mas não encontro uma forma. Quanto mais eu penso, menos lógico é.

Ela deu uma risadinha.

-Não acho que tenha como enquadrar isso numa lógica. –ela respondeu –Eu também tentei.  Mas eu... Também estou nervosa com isso.

-Conhecer a teoria e por em pratica não podiam ser coisas pelo menos parecidas? –bufei –Tenho medo de fazer algo errado e ser... ruim, não ser o suficiente. Ou, bem, de te machucar.

Ela bufou e eu podia jurar que revirou os olhos também, apesar de não consegui ver seu rosto.

-Não sou de cristal, sabe? –ela respondeu. –E de tudo que a gente fez até agora, duvido muito que possa ser algo menos que bom.

Não consegui deixar de sorrir com sua afirmação. Mesmo assim, decidi que, já que estávamos conversando sobre isso, expor outra coisa que me preocupava:

-É, eu sei disso... Mas você nunca fez isso e... Eu já ouvi falar que dói. –suspirei –Não quero te causar dor. Eu realmente quero que seja bom, pra nós dois.

Ela ficou um tempo em silencio. De repente, se virou, quase me derrubando da cama no processo, encostou os lábios nos meus.

-Você é tão fofo! –ela disse contra meus lábios.

Me lembrei da primeira vez que ela tinha me dito aquilo, no dia que disse que gostava dela. Fazia tão pouco tempo, menos de duas semanas, mas, principalmente pela forma que nosso relacionamento estava evoluindo, parecia muito mais tempo. A beijei de volta quando ela encostou os lábios de novo nos meus.

-Eu não tenho medo da dor, Shika –ela murmurou quando nossas bocas se separaram –Faz parte. O que me importa é que você estará comigo e eu sei que vai ser bom por causa disso. Porque vai ser com você.

Senti aquela quentura no peito novamente. A abracei mais apertado contra mim.

-Você é tão fofa! –a provoquei, apesar de suas palavras terem me feito muito bem.

Ela socou meu peito.

-Ora essa! –ela resmungou –Estou perdendo minha moral com você mesmo, em? Fofa? Eu?! Vou encher você de porrada se você repetir isso.

Eu ri e a apertei mais uma vez. Ela chutou de leve minha canela, voltando a virar nos meus braços e se encaixando neles. Eu ainda estava ansioso, mas um pouco menos nervoso depois dessa conversa. Ainda assim, demorei para pegar no sono. Temari também demorou para dormir, pelo que eu pude perceber, mas caiu no sono antes de mim. Eu fiquei sentindo o calor dela tão perto e tão confortável até finalmente adormecer.


Notas Finais


Gente, como vocês são tadaros U_U O capitulo anterior teve ONZE comentarios hauauhauha' Vou postar mais coisas safadas desse jeito U_U hauhauhauha'

Espero que esse cap tbm tenha bastante comentario <3


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