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História Coexist - Capitulo 23


Escrita por: CorregioKL

Notas do Autor


Bora? Bora!

Capítulo 23 - Capitulo 23


Eu tirei alguns cochilos, mais em nenhum momento dormir profundamente. Já devia ser meio da madrugada e eu olhava para o teto, deitado no chão desconfortavelmente. As luzes da lua e da rua iluminavam parcialmente a sala, mas não se dava para ver muita coisa, pois tanto a janela quando a cortina estavam fechadas.

Temari ressonava baixinho no sofá, mas eu sabia que ela dormia tanto quanto eu. A briga que tivemos se repetia na minha cabeça todo o momento e eu começava a me arrepender de ter sido tão grosso com ela. Apesar dela ter me deixado maluco de preocupação, se eu tivesse agido um pouco diferente, a gente podia ter conversando em vez de brigar. Ou não. Temari era sempre tão imprevisível em seu comportamento. Suspirei. Não que eu achasse isso algo ruim. Era problemático, muito. Mas intimamente, era uma das coisas que eu mais gostava nela.

-Shikamaru? -ela chamou de repente, sua voz não estava mais irritada.

-Hum? –perguntei a maior parte da minha irritação também tinha se esvaído.

Pude perceber que ela queria dizer algo, mas não disse. Pensei em algo que eu próprio podia dizer nessa situação. Eu não achava justo ter que pedir desculpas estando ela errada primeiro. Mas ao mesmo tempo eu conhecia Temari suficiente para saber que não era só uma questão de orgulho para ela se desculpar. Isso era parte de como ela foi criada e cresceu e eu teria que aprender a lidar com isso se quisesse que nosso relacionamento desse certo.

O silencie após seu chamado duro alguns minutos ainda antes me sentar chão e suspirar, chamando:

-Temari?

-Hum? –ela respondeu depressa parecia levemente ansiosa.

Como ela, parei um momento para refletir o que dizer. Eu queria explicar pra ela o porquê daquilo tudo, mas eu acha que ela já sabia. Eu também desconfiava o porquê de sua atitude, então eu estava com claras dificuldades de achar palavras que expressassem o que eu queria dizer. Então, disse a única coisa que pude pensar que cabia naquele momento:

-Desculpa.

Ela continuou em silencio após meu pedido e eu me senti um tanto frustrado com isso. Deitei de volta no chão depois de algum tempo, sem esperanças que ela fosse dizer algo.

Escutei ela suspirar.

-Eu nunca tive que dar satisfação pra ninguém de onde eu vou ou deixo de ir. –ela começou e por um momento achei que ela iria recomeçar a discussão. –Eu não tive mãe a maior parte da minha vida e meu pai não se importava. Mesmo meus irmãos, eu sei que eles se preocupam, mas sempre soubemos nos virar sozinhos. Isso nunca foi comum pra mim. Eu... Entendo sua preocupação comigo, me senti assim quando você demorou mais do que tinha dito que demoraria na missão. As situações são um tanto diferentes, mas eu acho que o sentimento é igual.

Sorri levemente, mesmo sabendo que ela não conseguia ver.

-Tudo bem –respondi –Eu meio que... Devia ter pensando um pouco mais antes de falar.

-Você agir sem pensar é uma novidade. –ela deu uma risadinha.

Dei um suspiro dramático e disse:

-Vê o que você faz comigo?

Ela tornou a rir. O silencio voltou por mais alguns minutos, Temari se remexeu no sofá.

-Como você conseguiu dormir uma semana nessa coisa? –perguntou indignada.

Foi minha vez de rir.

-Não sei. –respondi –Se bem me lembro, ferrei minhas costas.

Ela sentou.

-Vamos para cama. –declarou, já se levantando.

Ri de sua atitude, mas levantei do chão também, pegando meu travesseiro e o coberto. Nos esbarramos quando estávamos quase no corredor e rimos, dessa vez juntos. Eu a abracei e caminhamos até a cama dessa forma. Nos deitamos, ela no meu peito, meu braço ao seu redor e finalmente conseguimos dormir.

OoOoOoOoOoOoOoOo

Acordei com Temari se mexendo. Abri os olhos e sorri ao notar que estávamos de conchinha. Levantei levemente para conseguir ver seu rosto sereno e constatar que ela ainda dormia. Olhei pro relógio e constatei que ainda dava para dormir mais um pouco, mesmo se ela fosse sair para treinar de novo. Trouxe ela pra mais perto, encostando todo meu corpo nela. Fechei os olhos, mas a vontade de ir ao banheiro não deixou eu voltar a dormir.

Levantei a contra gosto, tentando não acordá-la, mas sem sucesso. Ela abriu os olhos sonolentos e meu lançou um olhar questionador enquanto eu levantava e eu sorri.

-Banheiro. –avisei.

Ela assentiu e voltou a fechar os olhos. Quando voltei, ela estava sentada na cama, as pernas cobertas, se espreguiçando.

-Bom dia. –ela disse depois de um bocejo.

-Bom dia. –respondi.

Ficamos em um silencio estranho por um tempo. Nos encarávamos, desviávamos o olhar, voltávamos a nos encarar, eu pensava no que dizer. A conversa curta de madrugada pareceu-me uma reconciliação, mas ainda parecia um pouco como se estivéssemos brigados. Era estranho e desconfortável.

Resolvi sentar na beira da cama, próximo aos pés dela, que estava com as pernas flexionadas, os joelhos próximos ao peito. Nos encaramos novamente e ela suspirou. Levei minha mão até seu rosto e ela fechou os olhos enquanto eu o acariciava.

-Estamos bem? –perguntei um tanto perdido.

Ela abriu os olhos.

-Eu acho que sim. –ela respondeu.

-“Acha”? –repeti confuso.

-Bem... Não sei. –ela deu de ombro –Você ainda está irritado comigo?

-Não. –respondi ao mesmo tempo que balançava a cabeça negativamente. –Só gostaria que você não... Fizesse isso de novo. –ela assentiu –Você ainda está brava comigo?

-Não. –ela respondeu –Eu fiquei irritada com o jeito que você falou comigo. Não gostei, gostaria que você não fizesse de novo também.

-Sim, eu sei. –respondi –Eu não devia ter falado daquele jeito.

Ela assentiu. Continuamos a nos olhar. Me aproximei devagar, dando a chance dela negar se não quisesse, e beijei de leve seus lábios, um breve selinho. Ela sorriu pra mim quando me afastei e eu sorri de volto. Logo em seguida, ela mordeu o lábio e corou. Fiquei confuso, meu olhar pediu uma explicação para sua súbita vergonha.

-Você sabe que eu não acho mesmo que você só estava pensando em sexo quando chegou, né? –ela perguntou e eu senti meu rosto esquentar –E que eu não acho que você só pensa nisso quando está comigo? –ela deu uma pausa –Eu percebi que você ficou chateado com isso que eu falei.

-Eu fiquei. –respondi –Mas, tudo bem. Eu sei que você não falou sério.

Ela tornou a sorrir. Nossos olhos se encararam por mais algum tempo e, de repente, ela começou a rir.

-O que? –perguntei quando ela não respondeu meu olhar, sem entender.

-Nós acabamos de ter nossa primeira briga e nossa primeira reconciliação, Shika. –ela respondeu ainda rindo –E eu não sei porque estou rindo, só achei engraçado.

Franzi o cenho, não vendo aonde ela tinha achado a graça. Parei para pensar por um instante e acabei rindo também. Ela tinha razão. Quando finalmente paramos de rir, percebi que estávamos muito próximos um do outro. Ela me deu um sorriso e eu finalmente senti que estava tudo bem. Beijei ela de novo, com um pouco menos de delicadeza dessa vez, o que foi correspondido prontamente.

-Eu não só penso em sexo quando estou com você, mas nesse momento é exatamente nisso que estou pensando. –murmurei com seus lábios ainda próximos aos meus.

-Não é só você. –ela murmurou de volta –Mas eu tenho que sair para treinar com a Niyla.

-Que problemático. –bufei, mas continuei –Acabei de voltar de uma missão e você vai me deixar sozinho?

-Prometi pra ela e para o Baki-sensei, Shika. –Temari respondeu –Eu não posso faltar com meus compromissos pra ficar com você.

-Eu sei. –respondi e bufei. Olhei seus olhos verdes nos meus e dei um sorriso malicioso.

-O que é isso? –ela perguntou risonha.

-Bem, é só a gente não demorar muito.

Ela demorou alguns segundos para entender ao que eu me referi, mas riu e juntou seus lábios de novo nos meus assim que entendeu, me puxando para cima dela.

OoOoOoOoOoOoOo

Saímos juntos do apartamento, mas ela seguiu um caminho deferente do meu assim que deixamos o prédio. Nos despedimos com a promessa de jantarmos juntos em casa, eu disse que faria o jantar.

Fui até o prédio do Hokage entregar o relatório da missão e, não sem exatamente uma surpresa, fui colocado para ajudá-lo com alguns papeis atrasados. Passei toda a manhã ajudando Kakashi e, já na hora do almoço, Naruto apareceu para falar com o seu antigo sensei. Acabamos os três indo almoçar juntos e, por um milagre, conseguimos convencer Naruto a não comer lámen.

O assunto começou em missões, preparação de Naruto para ser Hokage, o trabalho que ser Hokage dava, entre tantas outras coisas comuns para ninjas falarem. Logo depois, Naruto começou a falar de Hinata e eu e Kakashi só ouvimos. Comemos conversando sobre assuntos aleatórios.

-E Temari? –Naruto perguntou em meio as conversas.

-Está ajudando a kunoichi de Suna que passou pra terceira fase a treinar. –respondi –Voltei de missão faz dois dias e não consegui passar mais do que algumas horas com ela –resmunguei.

Kakashi franziu o cenho para mim e eu percebi de repente que ele não sabia de meu relacionamento com a Temari. Me preocupei por um momento que ele não fosse gostar de ter nós trabalhando juntos estando namorando.

-Assumiram o namoro? –ele perguntou por fim.

-O que? –questionei espantado.

-Ora... –ele erguei uma sobrancelha, pensei em como ainda era um pouco estranho vê-lo com os dois olhos visíveis –Você estão juntos faz alguns anos já, não?

Senti o rosto esquentar e meus olhos se arregalaram.

-Ta vendo! –Naruto entrou no assunto –Eu não sou o único que acha que vocês estavam é escondendo esse relacionamento de vocês!

-Que problemático! –resmunguei enquanto Naruto continua a enumerar os fatos que o levavam a acreditar que eu e Temari estávamos juntos desde que ele voltou pra vila.

Quando fomos pagar a conta, Kakashi ficou um pouco para trás comigo.

-Não precisa dizer nada, Kakashi-sensei. –eu comecei antes que ele falasse algo –Eu e Temari sabemos ser profissionais.

-Sim, eu sei. –ele disse. –Tanto que achei que vocês estavam namorando a mais tempo e nunca intervi na parceria de vocês.

-Oh! –exclamei. –Então...?

-Eu queria dizer que, de qualquer forma, me deixa contente o relacionamento de vocês. –ele deu de ombro –Estreita os laços com Suna, se eventualmente vocês se casarem.

Senti meu rosto esquentar mais uma vez e notei que já era a segunda vez que eu escutava de “casamento” na mesma semana. Não respondi nada, só assenti, e fomos pagar a conta também.  Naruto quase deu um berro ao ver Kakashi não fugir de pagar a parte dele. Antes de nos despedirmos, Kakashi pediu que eu fosse de novo do escritório dele para ajudá-lo com uma leva de papeladas que chegariam pela manhã. 

Resolvi não voltar para o apartamento e fui ver minha mãe. Ela perguntou de Temari e expliquei onde a loira estava. Fiquei algumas horas com ela, depois passei o resto da tarde na clareira, sozinho, pensativo.

Eu tinha visto as datas nos relatórios de hoje cedo e lembrado. No dia seguinte, faria um mês que eu tinha pedido para Temari namorar comigo. Nossa conversa do dia que eu voltei da missão voltou a minha mente, em como parecia que tínhamos muito mais tempo juntos que isso. Também voltou a minha mente o fato de que, em breve, ela iria embora. Ino e Kakashi falarem de casamento me deixou um pouco perturbado e, apesar de saber que era cedo demais pra isso, me senti tentado de falar com Temari.

-Que problemático! –murmurei.

Um pouco antes do por do sol voltei pra casa e comecei a preparar o jantar pra mim e pra ela. Ela chegou, tomou banho e comemos com ela contando um pouco sobre o treino e eu sobre o meu dia. Não mencionei nenhum dos meus pensamentos e Temari pareceu perceber que eu não estava com a cabeça totalmente ali, mas não questionou. Talvez ela achasse que eu ainda estava um pouco com a cabeça na nossa briga, talvez ela achasse que eu estava preocupado com algo a haver com a missão. Eu não sabia e ela não perguntou e eu não disse nada. Deitamos juntos e dormimos abraçados como sempre. Ela avisou que sairia cedo e que procuraria não me acordar.

OoOoOoOoOoOoOo

Acordei com o sindico do prédio batendo em minha porta com uma multa. Bater de portas. Eu tinha sido avisado. Bufei, um pouco irritado de ter sido acordado aquela hora da manhã somente por isso. Joguei a carta com a multa em cima da mesa de centro e voltei pra cama, mas não consegui dormir de novo. Temari já tinha ido.

Levantei um tanto irritadiço e fui pra cozinha. Enquanto a agua fervia na chaleira, fitei a data no calendário, me perguntando se eu devia fazer alguma coisa especial para Temari. Ela parecia o tipo de pessoa que não ligava muito para essas coisas, mas eu descobri que eu ligava e queria demostrar pra ela. Suspirei pesadamente, pensando que talvez fosse melhor pedir a opinião de alguma mulher sobre isso. Pensei em Ino e desanimei na mesma hora. Talvez Kurenai... Ou mesmo minha mãe. Bufei. Eu podia ter falado disso com a minha mãe enquanto estava lá no dia anterior.

Sai um pouco depois de casa, indo direto para o escritório de Kakashi. Novamente, passei a manhã entre relatórios. Terminamos dessa vez já era quase meio da tarde e eu sai do prédio do Hokage me perguntando o que eu poderia fazer para Temari. Dar um presente, levar ela pra jantar fora, deixar a ideia de fazer algo para lá. Tudo passava pela minha mente. Novamente, meus pensamentos voltaram para nosso relacionamento e o fato de parecer ter se passado um ou mais anos dentro de um mês. Eu me sentia cada momento mais tentado a falar de coisas que talvez não fosse a hora, mesmo depois de tudo que foi dito e eu só não sabia muito bem o que fazer.

Passei na casa da minha mãe, mas faltou coragem em perguntar. Eu me sentia um idiota, mas tinha vergonha de falar isso com ela. Ela estranhou eu indo dois dias seguidos na casa dela, mas não falou muito sobre. Tomei chá com ela e depois fiz o caminho de casa lentamente. Talvez eu conseguisse falar com Ino sobre isso. Talvez, apenas talvez.

Caminhei um pouco mais depressa até a floricultura Yamanaka e, para minha sorte, quando eu cheguei Ino estava lá.

-Oe, Shikamaru! – ela cumprimentou quando entrei na floricultura, aquele monte de perfumes de flores diferentes invadiram meu olfato de uma maneira agradável.

-Oi, Ino... –cocei a nuca, me aproximando do balcão onde ela fazia um arranjo.

Ela me fitou, curiosa. Eu desviei o olhar. Vi pelo canto do olho ela levantar uma sobrancelha.

-O que foi? –ela perguntou por fim.

-Eu... Bem... –murmurei constrangido –Hoje faz... Um mês que eu pedi pra Temari namorar comigo.

Senti meu rosto esquentar e Ino riu.

-Que bonitinho você corado! –ela exclamou e eu gemi de frustração –Não se preocupe, sei o que você quer.

-Ino, por favor... –pedi um tanto exasperado –Eu só quero um...

Ela sumiu para o fundo da loja e voltou numa velocidade digna de uma kunoichi, me estendendo uma solitária rosa vermelha que parecia ter acabado de desabrochar, envolvida em um papel branco-transparente. Eu corei mais intensamente, mas era exatamente o que eu tinha pensado.

OoOoOoOoOoOoOo

Enquanto andava na rua de volta para casa com aquela rosa na mão, me senti um pouco constrangido. Algumas mulheres me olhavam na rua e davam sorrisos sonhadores, o que me fazia corar e querer me esconder. Naqueles minutos que levavam até meu apartamento eu tinha decidido que ainda era muito cedo para falar sobre casamento com Temari e que nós devíamos primeiro ver como as coisas funcionam a distância, mesmo que isso significasse ficarmos mais tempo separados do que juntos. Nós deveríamos aprender a lidar com isso. Era algo preciso. Em algum momento num futuro não muito distante, eu esperava, nós podíamos tomar uma decisão do que fazer. Decidi parar de pensar sobre tudo isso o tempo todo também, apesar de minhas inseguranças. Eu pensava demais e isso faria com que eu acabasse não aproveitando o tempo que eu tinha com ela até ela ir embora.

Cheguei em casa ainda não havia escurecido, entrei e andei até a cozinha, indeciso dobre onde deixar a rosa e sobre levar ela para jantar fora ou cozinhar. Decidi fazer a comida por fim, pensando que talvez levar para jantar fosse um pouco demais. Eu não sabia ainda e o que Temari acharia até de eu ter lembrado de uma coisa tão simples como aquela.

Estava quase terminando o jantar quando escutei a porta abrir.

-Tadaima. –ouvi a voz de Temari depois do som da porta se abrindo e antes do som dela fechando.

-Okaeri. –respondi indo da cozinha para a sala. Ela estava suada, com ar de cansado e com a roupa um pouco enlameada. –Você está bem?

-Estou. –ela respondeu rindo e tirando o leque das costas –Só Baki-sensei que apareceu no treino e resolveu me dar uma canseira. –levantei as duas sobrancelhas –Ganhei dele, só pra constar.

-Uou, superando o sensei.

Ela sorriu e se aproximou me dando um beijo leve.

-Vou tomar banho. –ela disse, sem deixar que eu a abraçasse –Espero que essa sua comida esteja tão gostosa quanto está cheirando bem, Nara.

Revirei os olhos e de repente lembrei da rosa. Torci para ela não ir para a cozinha, mas ela nem mesmo olhou para o cômodo. Entrou no quarto e saiu com uma muda de roupa, indo para o banheiro.

Terminei de fazer a comida rapidamente e coloquei à mesa para nós e sentei no sofá, a rosa na mão, um tanto nervoso. A porta do banheiro abriu e ela saiu, eu levantei meio desajeitado do sofá, a rosa em frente ao peito e, tenho certeza, uma cara de idiota.

-Shika, você... –ela começou mas estancou quando me viu, os olhos se arregalaram e a boca se abriu.

Eu senti o resto esquentar e achei que tinha tido uma péssima ideia. Talvez fosse simplesmente melhor eu não ter feito nada e aquele dia passado como se não fosse nada.

-Temari... –eu parei de falar. Eu não sabia o que dizer.

-Você... Lembro? –ela perguntou de repente, os olhos marejaram.

Eu fitei-a por um momento e assenti. Talvez não tivesse sido uma má ideia, afinal. Andei até ela e estendi a rosa, ela pegou.

-Eu... Não sabia o que fazer, na verdade. –murmurei. –Eu não sabia se você se importa com isso, não sabia se ia achar demais se eu fizesse algo pra você. Mas decidi que eu me importo, então, bem... Eu nem sei se você gosta de flores...

Ela riu, uma única lágrima caiu de seus olhos e ela limpou rapidamente.

-Você é tão idiota. –ela disse, os dedos deslizaram pelas pétalas da flor. –Mas não deixa de ser extremamente fofo. Obrigado. Eu também me importo.

Sorri, sem graça, corado, cocei a nuca. Ela não me olhou, também um pouco corada.

-De nada... –respondi –Eu acho... Você me ofendeu e me elogiou na mesma frase, então não se se agradeço.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso não deixou seus lábios.

-Eu... Vou colocar isso na agua. –ela disse –Você não tem um vaso.

-Não, não tenho. –respondi mesmo não sendo uma pergunta.

Ela assentiu e foi pra cozinha, fui atrás dela enquanto ela colocava agua em um copo, cortava a maior parte do caule da rosa e colocava no copo. Ela deixou em cima da pia e ficou olhando por um tempo, um tanto admirada. Eu a abracei por trás, colocando minha cabeça no seu ombro.

-Nunca tinha ganhado uma flor. –ela confessou, suas mãos pousando em cima das minhas.

-Você gosta? –perguntei.

-Sim. –ela respondeu um pouco tímida.

-Bom saber. –murmurei, guardando aquela informação –Vamos jantar?

Ela assentiu e eu a soltei, voltamos para a sala e sentamos em volta da mesinha. Ela não deixou de sorrir nem por um segundo e meu peito se aqueceu com aquilo. O dia todo de indecisão valeu muito a pena. Começamos a comer.

-Baki-sensei perguntou em qual hotel eu estava hospedada, depois do treino. –ela começou a falar entre uma porção e outra de comida que levava a boca –Ele disse que não trombou comigo nenhuma vez nos corredores do hotel e achou estranho.

Levantei uma sobrancelha.

-O que você disse pra ele? –perguntei.

Ela deu de ombro, mas corou levemente.

-Que estava na casa do meu namorado. –respondeu.

Assenti, tentando entender porque ela estava me contando isso. Se era só algo aleatório ou se tinha algo mais profundo.

-E...? –perguntei quando ela não disse mais nada.

-Ele ficou indignado que eu estava morando com um homem. –ela respondeu e deu uma risadinha –Nós discutimos. Eu... Não acho que ele tenha autoridade alguma sobre mim para se intrometer na minha vida e ele veio com uma conversa de que meu pai não iria admitir isso. Quando eu disse que meu pai estava pouco se lixando pra mim, ele ficou quieto, mas voltou depois a falar sobre meus irmãos não gostarem disso e como eu poderia ficar mal vista por estar na casa de um homem sem um “compromisso” e mais um monte de baboseiras. –ela deu uma pausa, eu a fitei um tanto aflito. Eu tinha dito pra ela algo parecido quando ela chegou aqui em casa e, mesmo não tendo nada haver uma coisa com a outra, me senti um tanto culpado –Eu o mandei a merda. Faço o que quiser da minha vida, os que os outros acham ou deixam de achar não é problema meu.

Eu não consegui deixar de rir, a culpa se desfez. Temari sabia exatamente o que queria e o que fazer para chegar lá e ninguém a contrariaria. Se ela estava feliz e bem com a situação, não haveria quem falasse algo que a fizesse desaprovar os próprios atos.

-Ah, Temari! –exclamei e balancei a cabeça –Você é perfeita, sabia?

Ela corou intensamente com o elogio e ficou sem graça. Também fiquei um pouco sem graça, apesar de achar isso mesmo, falei sem pensar. Continuamos a comer num clima um pouco constrangedor. Levante os olhos e ela estava me encarando, corei. Ela sorriu e se inclinou sobre a mesa, beijando rapidamente minha bochecha e voltando a posição inicial. Eu sorri, pensando novamente em como as vezes parecia que fazia mesmo anos que estávamos juntos, mas as vezes agíamos só como o casal de namorados que começaram a namorar recentemente que éramos.

Aquilo serviu para tirar o resto das dúvidas da minha mente. Eu e Temari tínhamos certeza do que sentíamos um pelo outro e passaríamos por cima do que fosse necessário. Então, não havia o mínimo motivo para apressar as coisas e tomar decisões precipitadas. Ela ia embora antes do fim do mês, mas, apesar da saudade, eu sabia que nós dois e nosso relacionamento ficariam bem.


Notas Finais


Muitos acontecimentos nese capitulo! Quero comentarios!
O que acharam da reconciliação? E do Shika amorzinho dando uma rosa pra Tema? E a conclusão do Shika sobre eles? *O*

Confesso que tive vontade de encerrar a fics nesse cap., de tão lindinho que fcou esse fim, mas o começo da fics não me permitiu HAUUAHUA'

Espero que tenham gostado! Bjs!


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