História Coffee - Ziam - New Life

05:40

— Dia novo. Vida nova. — acordar de bom humor é algo bem raro, para mim. Ainda mais quando se é um médico e tendo um filho ainda pequeno para cuidar, não é fácil. Tendo me mudado para bem longe de Oakville, tem sido sim uma ótima decisão.

Fiquei por mais alguns minutos deitado ao lado de Joe, que dormia calmamente depois de ter pulado tanto na noite anterior. Já imaginava que isso fosse acontecer, até porque ele fez quase a mesma coisa quando dei a notícia que iríamos nos mudar. Estava tão empolgado! Já eram dez para às seis quando levantei. Estava tão cansado. Mal terminei de desempacotar todas as caixas. Ainda faltava pelo menos umas seis.

Fui me arrumar e depois acordaria ele. Não demorei muito no banho, na verdade se demorasse mais alguns minutos, provavelmente esqueceria que daqui à algumas horas teria que estar trabalhando e voltaria para a cama sem problema algum. Coloquei a roupa sem um pingo de pressa. Logo já estava arrumado.

Esqueci por alguns instantes os problemas, o cansaço e tudo mais ao receber o sorriso maravilhoso do meu filho.  Acordar e tê-lo ao meu lado. Ouvir ele me chamando de pai, nada no mundo inteiro me faria sorrir tão verdadeiramente quanto ele me faz, apenas por fazer essas simples coisas.

— Bom dia, papai. — ele depositou um beijo em minha bochecha, me abraçando em seguida.

— Bom dia, querido. — o deixei em cima da cama enquanto procurava uma roupa para vesti-lo depois do banho. — Como vai o menino mais lindo do mundo? Está animado para conhecer a nova escola? — ele sorri. Já com a roupa nas mãos, me aproximo da cama.

— Estou muito, muito animado, papai! — jogou os braços para cima, pulando na cama.

— Certo. Agora vamos tomar um banho para ficar cheiroso, sim? — nem mal terminei de dizer e Joe saiu na minha frente até o banheiro. — Então tá...

Joe é um menino tão belo e fofo. Eu deixava de vez em quando ele tomar banho sozinho, mas nunca saía de perto da porta. Eu o vigiava para que nada de ruim pudesse acontecer. Como da outra vez que o deixei por pelo menos três minutos sozinho, enquanto eu estava na cozinha terminando o café da manhã e ouvi gritos vindos do banheiro, saí desesperado. Joe chorava muito, pois tinha passado a mão de sabonete nos olhos sem querer. Naquele dia meu coração quase saiu pela boca, tamanho o meu desespero e preocupação.

Por muitas vezes paro e fico pensando o motivo do meu ex ter ido e nos deixado. Se ele estivesse aqui iria se orgulhar do filho que tem, assim como  eu. Bom... Não sei o porquê dele ter tomado essa decisão. Nosso casamento era maravilhoso. Não brigávamos. Era o tipo de relacionamento que todos gostariam de ter, mas pelo jeito, ele não. Dou graças a Deus por Joe nunca ter perguntado do outro pai. Realmente, eu não saberia o que responder.

Joe me lembra muito ele. A cor dos olhos, tão azuis. Lembro-me perfeitamente que adorava admirá-lo; o tom da pele, a maneira de falar. Tão parecidos! Joe é uma mistura perfeita de nós dois. Tudo isso tinha sido tão belo, e agora são apenas lembranças que aos poucos vou esquecendo. E as que não esqueço, as guardo bem lá no fundo, para que nunca mais possa me atormentar.

Respiro profundamente, colocando um ponto final nisso tudo. Prometi a mim mesmo que ele agora é passado. A minha vida de antigamente agora é passado. Agora, eu só quero esquecer tudo e viver a minha vida em paz .

Continuou a observá-lo enquanto se ensaboa. Um sorriso se forma em meus lábios com tal cena. Por mais que eu queira ficar em casa com meu filho, tenho que o arrumar para a escola.

— Olá garotão. Agora já chega. — aproximei-me já com a toalha em mãos. — Venha. — o enrolei na toalha e peguei o saquinho de batatas. Ele mesmo que gosta de ser chamado assim. O coloquei em cima da cama. — Agora você vai se trocar e arrumar essa juba de leão.

— Ah não papai! — protestou. — Eu gosto do meu cabelo assim. — cruzou os braços e fez biquinho.

— Tudo bem, então. Seu leãozinho fofo. — coloquei nele uma blusa vermelha, com uma calça jeans e seu tênis preto favorito. Deixei o cabelo dele como preferia, apenas enxugando para que não possa pegar um resfriado. Não era para ter molhado o cabelo, mas eu estava tão em outro mundo que só fui perceber quando o enxugava. — Vamos tomar logo o café da manhã, para ficarmos fortes.

— Comer! Comer! — gritava em meu colo caminhando até a cozinha e batendo palmas achando tudo aquilo muito divertido.

— O que meu garotão vai querer comer? — deixei o leãozinho sentado em uns dos bancos, sem me esquecer de deixar um beijo na ponta do seu nariz.

— Cereal do coelho! — peguei a caixa do armário, que na frente tem a imagem de um coelho usando um óculos escuro, em cima de um skate, Joe acha isso Radical. Coloquei apenas um pouco na vasilha do Bob Esponja e claro, não me esquecendo do leite. Já eu, bebi meio copo de café e comi duas torradas.

[ . . . ]

O Caminho até à escola foi divertido. Joe me contou de um sonho que teve na noite passada, em que estava em um lugar sensacional! Neste lugar sensacional, só havia doce, bom, já era de se imaginar, ainda mais sendo Joe.

Confesso que deixar o pequeno Payne na escola foi difícil. Eu não queria. Ele sorria animado e ficou com um brilho fantástico nos olhos ao ver tanta criança. Quem não o conhece diria que essa é a primeira vez dele indo para a escola, bom, estão totalmente enganados. Ele sempre foi assim, meu Joe!

Uma lágrima caiu quando ele me beijou e se afastou.

— Eu te amo, papai. Sempre.

— Eu também te amo, filho. Sempre.

Juntamos nossos dedos mindinhos e juramos.