Starbucks era rotina. Enquanto eu estava em meu turno das 7h às 18h, ele sempre chegava lá às 16h, e sempre pedia um café, bem amargo e sem açúcar nenhum, o que me era estranho. Eu não conseguiria tomar café sem açúcar; eu amo açúcar, ainda mais no café.
Eu percebi que ele passou a me observar, depois do dia em que deixei uma bandeja com dois frappuccinos caírem no chão. E juro que vi um sorrisinho surgir em seus lábios com o meu desastre e minhas bochechas ficaram rubras de tanta vergonha. Não poderia haver um outro jeito de chamar melhor a sua atenção?
Um dia o atendia como sempre, e ele me chamou para tomar um café, o que era meio absurdo. Estava em meu turno de trabalho, e se meu chefe me visse tomando café com um cliente, a porta da rua seria minha passagem imediata! Expliquei a situação, e então percebi o quanto teimoso era, e é até hoje, mas o convenci de tomarmos um outro dia, então aceitou. A partir desse dia, eu passei a observá-lo mais e mais, e fui me apaixonando por Jeongguk tão rapidamente que nem percebi.
Sair com ele havia virado rotina, e eu amava aquela rotina. As trocas de mensagens por um dia inteiro. Nos encontrávamos no meu trabalho e nas noites, quando saíamos para algum lugar se divertir e nos embebedarmos. E em uma dessas noites, rolou o tão esperado beijo, mas ele não tinha gosto de café, e sim de soju, o que me embebedou ainda mais por ele.
Eu me confessei para Jeongguk no Starbucks enquanto ele apreciava seu café bem amargo de sempre. Talvez eu não esperava uma reação muito boa dele, mas recebi a melhor: "Eu também estou apaixonado por você".
Nunca pensei que, uma frase, me faria tão bem como essa.
Três maravilhosos meses haviam se passado, e o nosso relacionamento já tinha evoluído, "namoro" era o termo correto. E eu amava tudo isso.
O dia de apresentá-lo como meu namorado para os meus pais havia chegado, e eu estava desesperado com isso, não havíamos contado sobre nosso relacionamento a ninguém! Claro que, o medo de não ser aceito pelos meus pais por ser gay estava presente, ele sabia disso, e já havia me consolado na noite anterior quando eu chorei por isso sem nem saber a reação deles. Mas já é de se imaginar que não seria nada boa, ainda mais por parte do meu pai.
E como já imaginava, dito e feito. Meu pai não nos aceitou e disse que aquilo era uma paranóia minha, não era amor, estava confuso e que não poderia voltar pra casa até essa "fase" passar. Machucou, doeu muito, mais que o tapa que ele havia me dado.
Sinto muito, papai, mas...
Assim como o café, meu amor por Jeongguk foi preparado até chegar ao seu destino. Às vezes brigamos, como se fossemos um café amargo, porém, na maioria das vezes, somos um café doce em tardes de inverno, onde um protege o outro do frio.
Me desculpe, papai, mas, doce ou amargo, o que importa é que, é café.
E eu amo café.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.