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História Coisas estranhas voltam a acontecer - The Pumpkin Patch



Notas do Autor


Peço desculpas por não ter postado o cap3 na Quinta. Em compensaçao esse capitulo tem mais de 7.000 palavras!
Eu estou em semana de provas, tenho 2 trabalhos para entregar e um Show de Talentos daqui uma semana, então se eu acabar passando do prazo prometido, por favor não me culpem.
Estou dedicando este cap para a minha amiga Luna, para a minha professora de Portugues Sheily e para o meu professor de Tec.de Redação Renato.
Nos siga no Twitter: @Biscoitinha_Mel e @Yas_Bolachinha.

Ass: Biscoita e Bolacha

Capítulo 3 - The Pumpkin Patch


Fanfic / Fanfiction Coisas estranhas voltam a acontecer - The Pumpkin Patch

Ela sorriu timidamente. Dustin e Lucas correram para abraça-la.

-Essa é menina com poderes?- Sussurrou Max perto de mim.

Confirmei com a cabeça. Era meio estranho, Max também tinha poderes.

-Mike...-Disse Eleven com uma voz fraca- Sair.

-Sair? Do Departamento?- Perguntei.

-Sim... Os homens maus...

-Homens maus?- Max me encarava com um olhar de desentendida.

-Temos que ir embora!

Barulhos muito altos começaram a soar. Sirenes.

-Agora!- Gritei.

Todos saímos correndo da sala e fomos em direção ao elevador. Lucas apertou varias vezes o botão para chama-lo, mas, possivelmente, o haviam desligado para que os ‘’intrusos’’ não saíssem.

-Droga! Será que tem alguma escada?- Indagou Dustin.

Max, sem pensar, começou a correr por um corredor que eu não tinha visto antes.

-Ei, Max!- Gritei

Eleven, que até então estava ao meu lado, também começou a correr pelo mesmo corredor.

-O que fazemos?- Perguntou Lucas.

-Cara, elas duas são garotas com poderes! Está meio obvio o que devemos fazer- Respondeu Dustin- Seguimos elas!

As luzes desse corredor eram mais escuras que a dos outros e isso fez com que demorasse um pouco para meus olhos se acostumassem.

-Aqui tem uma porta corta-fogo. Talvez dê para uma escada- Indicou Max quando eu me aproximei.

Olhei para aquela porta. Era parecia ser de aço bem resistente. Será que era muito pesada?

-Henderson, tente abrir- Falei.

-Você esta zoando comigo?

-Isso não é um pedido, é uma ordem- Proferiu Lucas.

Dustin revirou os olhos. Ele se aproximou da porta e se virou para mim.

-Toma o leãozinho!

Peguei o bichinho de pelúcia e o desenho que estavam em sua mão. Eleven veio em minha direção e eu lhe entreguei o leão e o desenho.

-Certo... Lucas, me ajuda.

Dustin e Lucas seguraram a maçaneta, uma barra anti-panico dorma, e a puxavam.

-Ela tem um sistema especial. Só vai abrir caso tenha sinal de fogo- Concluiu Lucas.

Eleven e Max começaram a encarar a porta. El apertava o leãozinho contra o peito. Ouvi alguns trincos e começou a sair fumaça da porta. Os sistemas de extinção de incêndios dispararam e iniciou-se uma queda d’agua em cima de nós. A porta se abriu e Dustin a segurou aberta para que conseguíssemos passar. Quando a porta se fechou tudo ficou escuro e bastou apenas alguns segundos para que as luzes de emergência se acendessem.

-Todo mundo está bem?- Perguntou Will.

-Sim, mas acho melhor subirmos rápido- Respondeu Max.

Olhei para ela e vi que sangue lhe escorria do nariz. O mesmo acontecia com Eleven.

-Vamos!- Gritou Lucas.

Começamos a subir correndo. Faltavam quase 5 degraus para chegarmos ao 1 andar quando ouvi um barulho de algo caindo. Olhei para trás.

Obvio. Obvio que ela tinha caído.

-Eleven!- Sussurei.

Ela se levantou e olhou para mim. Sangue escorria de um fino corte em sua testa.

-Daqui a pouco você irá morrer de hemorragia!- Brinquei.

Eleven não entendeu a piada. Enxuguei o sangue de sua testa com a manga de minha blusa. Notei que ela olhava freneticamente para os lados.

-O que foi?- Perguntei.

Ela apontou para o leãozinho que estava em uma de suas mãos. Ela não estava segurando o desenho.

-Você perdeu o desenho?- Perguntei.

Eleven confirmou com a cabeça.

-Não, não perdeu. Ele está aqui- Disse Will descendo alguns degraus para pegar uma folha de papel que havia caído- Sinto muito, El, ele estragou um pouquinho.

O desenho estava um pouco borrado, pois a agua fez a tinta escorrer pelo papel. Mesmo com o desenho estragado, Eleven sorriu ao pega-lo das mãos de Will.

-Obrigada- Falou ela docemente.

-Quando ele secar vai melhorar- Afirmou Max- Agora, podem vir logo antes que alguém nos ache?

Eu, Will e El subimos o restante dos degraus e quando chegamos ao topo da escada Dustin perguntou:

-Alguem pode me ajudar a abrir? Essas portas são mais pesadas do que parecem.

Me aproximei dele e o ajudei a empurrar a porta. Aquelas portas eram muito pesadas! Desisti.

-Meninas, vocês acham que conseguem abrir?

-Sim- Responderam Max e El em coro.

Elas olharam uma para outra. Max deu um sorriso de orelha á orelha e Eleven retribuiu com um sorriso fraco. As duas começaram a encarar a porta. Max desviou olhar, mas El continuou a encarar a porta até que ela se abriu.

-O que aconteceu? Por que você desistiu?- Perguntou Lucas.

-Minha cabeça está doendo- Falou Max esfregando a mão na testa.

Quando fui para o corredor percebi que Eleven tremia. Não acho que ela tenha passado bons momentos naquele lugar, entre aqueles corredores. Seus pés tocavam o chão com certa incerteza, como se pisasse em gelo fino que estava prestes a quebrar. Ela estava com medo.

-Calma, você não vai ter que voltar aqui nunca mais- Disse para tentar acalma-la.

-Amigos não mentem...

Após ela dizer aquilo me senti mal. Eu não tinha certeza do que eu havia falado, mas tentaria de tudo para tornar verdade.

Caminhamos, os seis juntos, um perto do outro por um bom tempo. Como havíamos procurado o elevador da primeira vez não sabíamos qual seria o caminho de volta já que tínhamos utilizado as escadas.

-Olhe!- Falou Will.

Ele apontou para uma porta de madeira escura entreaberta um pouco mais a frente. Se estávamos perto dessa porta, então estavamos perto do...

-Meu quarto!- Gritou Eleven.

Ela começou a correr. Achei que ela queria entrar no quarto, mas logo notei que ela corria em direção a porta de madeira, fugindo do quarto.

As luzes começaram a piscar e todos nós corremos para a porta. Atravessamos o negocio de plástico que impedia a entrada naquela ala. Continuamos a correr por vários corredores sem se quer parar para ver se reconhecíamos algum deles até que ouvimos algumas vozes, e nós nos agachamos atrás de um balcão.

-Mas como assim ele fugiu- Disse uma voz masculina, tive certeza que conhecia aquela voz.

-Ele deu um jeito de passar pelas câmeras sem ser reconhecido- Falou uma voz feminina.

-Mamãe!- Sussurrou Max.

Me virei para ela e perguntei:

-É a sua mãe?

-Eu falei que ela trabalhava no Departamento.

-Você fez a gente entrar escondidos no local onde sua mãe trabalha? Por acaso a sua cabeça funciona direito?!- Perguntei nervoso.

-Primeiro você bate no Troy e depois isso!- Exclamou Lucas.

-Vocês nem sabem o motivo pelo qual eu bati no marica e eu não sabia que era esse o Departamento!- Exclamou Max.

-Você não leu uma placa bem grande na entrada que deixa bem claro que aqui é o Laboratório Nacional de Hawkins, Departamento de Energia dos E.U.A?- Disse Dustin.

-Não gosto muito de ler- Respondeu ela.

-Quietos! Eu quero ouvir o que eles estão conversando!- Will entrou na conversa.

Percebi que a única pessoa que não ligava para o que estava acontecendo era Eleven. Não sei se era por que ela não entendia o que se passava ou por que não estava a fim de discutir.

 -O nome completo dele era Romani Danish, trinta anos- Disse a mãe de Max.

-Sim, ele é o pai daquelas crianças- Falou a voz masculina.

 -Dr.Brenner, você sabe que ele foi declarado com problemas psicológicos?- Perguntou ela.

-Dr.Brenner? Como assim eu achei que o cara tivesse morto- Disse Lucas surpreso.

-Calma, Lucas, deixa eu ouvir o que eles estão falando- Reclamou Will.

-É tudo um disfarce- Disse Brenner- Eu precisava de algo para pode-lo ter em minhas mãos. Fui eu quem colocou isso nos relatórios dele. E você sabe melhor do que ninguém o porque.

Alguem veio correndo para falar com o Dr.Brenner:

-Dr, temos um problema- Disse esse alguém.

-E o problema seria?

-Policia. Elas estão espalhadas por todos os cantos do Laboratorio.

Então era isso. Sirenes de policia!

- Mas, se não estavam nos procurando por quê o elevador não abriu?- Perguntou Will quase como um sussurro.

Neguei com a cabeça para sinalizar que também não sabia, mas não foi preciso esperar muito para descobrir.

-Alem disso, tem outra coisa... As câmeras da ala restrita capturaram algumas imagens de invasores- Disse a voz que havia contado sobre á Brenner sobre a policia.

-Romani fugiu, tem policiais espalhados por ai e ainda invasores? Não foi um bom dia para voltar a trabalhar...- Falou a mãe de Max.

-Christine, você pode ficar aqui de plantão esta noite?- Perguntou Brenner.

Pelo que eu consegui ver ela fez uma careta, mas concordou com a cabeça.

-Temos que ir resolver essas coisas o mais rápido possível- Falou a terceira voz.

 Max se levantou lentamente e eu fiz o mesmo.

-O que você esta fazendo?- Perguntei.

Ela não me respondeu, apenas me empurrou de volta para o chão fazendo com que eu voltasse a ficar sentado. Ela passou por cima de mim e se agachou novamente só que dessa vez em uma posição diferente para poder engatinhar.

-Avise os outros para fazer o mesmo e me seguirem.

 Observei Max para ver até onde ela ia e vi que a ideia dela era ir para um outro balcão que estava mais perto de uma porta com uma placa escrito em verde emergency exit.

Mais ou menos dois minutos depois só havia sobrado eu e Eleven.

-Vá na minha frente, El- Olhei para ela e para seu vestido curto e molhado- Mas antes amarre o casaco na cintura.

Ela olhou para a própria roupa que estava um pouco grudada em seu corpo por conta da agua. Ela entendeu o porquê  de eu pedir isso e rapidamente despiu o casaco e amarrou-o na sua cintura fina.

-Privacidade?- Ela perguntou.

-Quase isso- Respondi rindo baixo.

Ela começou a engatinhar e pouco tempo depois fiz o mesmo seguindo-a.

-Para onde vai aquela porta?- Perguntou Lucas.

-Provavelmente, é a saída para a parte de trás do Departamento- Disse Dustin.

-Quando sairmos teremos que dar a volta para pegar as nossas bicicletas- Lembrou Will.

Olhei para o ponto onde Dr.Brenner, a mãe de Max e o outro desconhecido conversavam e já não tinha mais ninguém.

-Podemos nos levantar agora- Avisei.

Lucas foi quem abriu a porta para podermos passar.

-Obrigada- Falou Eleven passando em primeiro lugar.

Lucas fechou a porta assim que todos já haviam passado. Era um corredor iluminado por uma luz fraca em comparação com a luz dos outros corredores do Departamento. Havia varios extintores vermelhos na parede e no final do corredor se encontrava outra porta.

-Quantos extintores!- Exclamei.

Alcançamos a porta. Logo que eu a abri senti um vento frio bater em meu rosto e o aroma de terra molhada.

-Finalmente livre!- Gritou Max.

-Olha que sorte! Esta chovendo!- Disse ironicamente Lucas.

-Pelo menos temos uma desculpa para chegarmos molhados em casa...- Falou Will apontando para a própria roupa que ainda estava molhada por causa dos sistemas de extinção de incêndio.

Olhei para Eleven para saber se estava tudo bem com ela. Ela parecia sentir frio.

-Eu até te emprestaria o meu casaco, mas não adianta. Ele também está molhado- Disse.

-Esse ou esse?- El apontava com uma mão para o casaco que estava em amarrado em sua cintura e com a outra mão para o casaco que eu usava.

Ri. Apontei para mim mesmo para mostrar que era o casaco eu estava usando.

-Vocês podem vir?- Perguntou Will.

Assenti com a cabeça. Segurei a mão de Eleven e a guiei para a minha bicicleta.

-Max, você pode vir comigo se quiser- Ofereceu Lucas.

Max se sentou na traseira da bicicleta de Lucas.

-Já é tarde- Afirmou Dustin.

-Vamos logo- Will me apressou.

Ajudei El a subir em minha bicicleta. O céu já estava muito escuro, havia estrelas e era possível ver a Lua escondida atrás de algumas nuvens. A chuva fina caia sobre todos nós.

***

Estavamos perto da estrada que dava para a casa de Will.

-Boa noite, caras e Max e El- Se despediu ele.

-Tchau, até amanhã- Falei.

Will virou uma esquina para poder pegar a estrada que o levava até a sua casa. Já devia ser no mínimo 22:30.

Minha mãe vai me matar quando eu chegar em casa, pensei.

Após alguns minutos Dustin disse:

-Acho que estou indo também.

-Ainda não estamos perto de sua casa- Falou Lucas.

-Sim, mas estamos perto de uma lojinha de conveniência. Acho que vou passar lá antes de ir para casa.

-Uma vez Dustin, sempre Dustin...

Eu ri e me despedi de Dustin que já tomava outro rumo. Agora só restava eu, El, Lucas e Max. Minhas pernas doíam de tanto pedalar.

-Mike, tem Waffles?- Perguntou Eleven.

-Na minha casa? Tem sim... e caso não tenha eu saio para comprar- Respondi sorrindo.

A Lua já estava no auge quando cheguei em minha casa. Freei com a bicicleta e Lucas fez o mesmo. Max desceu da bicicleta de Lucas e El da minha.

-Valeu pela carona, cara- Agradeceu Max.

-Boa noite- Lucas voltou a pedalar e desapareceu ao virar uma rua.

Desci da bicicleta e a encostei na parede de minha garagem. Max olhou para mim e sorriu.

-Wheeler, tenha bons sonhos e você também El.

-Dernods, para você desejo o mesmo... ou não

Ela riu enquanto se afastava. Me virei para Eleven.

-Está feliz por estar de volta?

-Sim...

-Ainda quer Waffles?

-Sim.

Abri a porta torcendo para que minha mãe não estivesse na sala. A TV estava ligada.

-Mike, onde você estava a tarde toda?

Nancy estava com um pijama azul com bolinhas rosa e segurava uma xicara de café.

-Posso confiar em você?- Perguntei sem responder a pergunta que ela havia me feito antes.

-Você sempre pode confiar em mim, maninho... Que garota você beijou?

El estava atrás de mim segurando a minha mão. Não podia ficar enrolando. Bufei.

-Não é nenhuma garota que eu beijei- Na verdade eu já a beijei, mas não era sobre isso que eu queria falar - Nancy...

Puxei El pelo pulso para que ela pudesse ficar ao meu lado. Nancy ficou de boca aberta ao ve-la.

-Onde você achou ela?

-No mundo invertido- Respondi.

-Mike, você foi para lá?- Eu sabia que Nancy já havia estado no mundo invertido- Como? Que portal?

-O do Departamento.

-Você invadiu o Departamento de Energia?

Confirmei com a cabeça. Era difícil de entender? Se El não tivesse nos interrompido, Nancy continuaria a fazer perguntas.

-Mike... Waffles

-Você esta toda molhada! Vocês na verdade. Vou pegar toalhas- Nancy se levantou do sofá, colocou a xicara sobre a mesa e subiu as escadas na ponta dos pés.

El me observava com um olhar de  súplica. Sorri e a puxei até a cozinha.

-Não vou poder contar para minha mãe que você voltou, pelo menos, não ainda, então você ira aprender a fazer Waffles! Assim, quando não tiver ninguém em casa você não passara fome. Sinta-se honrada, pois está aprendendo com um grande mestre.

Nós dois rimos. Abri o congelador tirei uma caixa de Waffles Eggo. Fui explicando conforme fazia. Primeiro liguei a torradeira na tomada e deixei esquentar na temperatura media por alguns segundos. Depois abri a caixa de Eggo  e peguei dois.

-Só se pode colocar dois de um vez, okay?

Ela assentiu com a cabeça e continuei. Coloquei os Waffles na torradeira e peguei um prato o qual coloquei sobre a mesa. Abri a geladeira e peguei um potinho de mel e um de calda de caramelo. A torradeira apitou e os Waffles pularam para fora. Eleven se assustou e logo depois começou a rir de si mesma. Peguei o prato e pus os Waffles em cima.

-Que tipo de calda você quer?

-Não sei...

-Vem cá.

Puxei ela para perto da pia e lavei as mãos junto com ela. Segurei uma de suas mãos e estiquei dois dedos. Em um deles coloquei o mel e no outro a calda de caramelo.

-Experimente- Eu disse.

El levou um dedo de cada vez á boca.

-E ai, qual você gostou mais?- Perguntei enquanto coloca mais dois Waffles na torradeira.

-Odiei... os dois.

Nancy chegou com duas toalhas em uma mão e na outra uma calça de moletom cinza e um casaco com capuz azul claro dobrado.

-Eleven, eu vou deixar essas roupas em cima do sofá, tudo bem? Espero que sirvam, são as menores roupas que eu tenho...- Nancy nos entregou as toalhas e eu e El nos enrolamos nelas.

-Você vai dormir?- Perguntei

-Sim, é quase 00:00. Conversamos amanha...

Observei ela subir as escadas.

-Mike, posso comer?

-Oi? Ah, claro!

Eu estava perdido em pensamentos. Nem tinha contado para Nancy que encontrei o corpo de Barb... Não sabia ao certo se deveria contar. Não queria que ela sofresse.

A torradeira apitou e eu peguei os Waffles.

-Ai!- Gritei soltando eles no prato

-Mike?!- El se assustou.

-Está tudo bem... Só me queimei um pouco.

Coloquei a mão debaixo da torneira e a abri. Deixei a agua correr pelos meus dedos durante alguns minutos. El ficou me olhando preocupada. Quando me virei e sentei notei que o prato estava vazio.

-Você comeu todos os Waffles? Sozinha?

Ela assentiu com a cabeça, envergonhada. Eu não podia a culpa-la. Nem sabia o que El andou comendo nos últimos meses.

-Mike... Dormir.

Olhei para ela. Sua boca estava suja.

-Quer tomar um banho antes?

-Sim.

Me levantei da cadeira e ela fez o mesmo. Fui até o sofá e peguei as roupas que Nancy havia separado.

-Tente subir sem fazer barulho. Não quero acordar a minha mãe.

Subimos. Abri a porta do meu quarto e deixei ela entrar primeiro. Fui até o banheiro e liguei o chuveiro em uma temperatura morna.

-Se quiser, pode usar o meu shampoo... Quer que eu feche a porta?

-Não... Encoste.

Deixei a porta entreaberta e sai de lá. Quando sentei na cama me lembrei que ela não poderia dormir em meu quarto porque minha mãe, ao entrar de manhã para me acordar, notaria a presença dela. Abri o guarda roupa e tirei um travesseiro, duas colchas e um cobertor. Desci as escadas e fui até o porão. Coloquei duas cadeiras de madeira uma perto da outra e joguei uma das colchas por cima. A outra eu coloquei no chão para fazer uma espécie de colchão. Arrumei o travesseiro e estiquei o cobertor. Estava faltando alguma coisa...

-O leãozinho!

Subi as escadas e fui até a cozinha. Em cima da mesa estava o desenho borrado e o bichinho de pelúcia sujo. Peguei eles e voltei para o porão. O desenho de El eu coloquei em cima da mesinha onde normalmente eu e os meninos jogávamos Dungeons & Dragons e o leãozinho coloquei perto do travesseiro.

Eu já estava cansado quando subi novamente para meu quarto. Eleven me esperava sentada na minha cama.

-Terei que descer de novo para colocar você para dormir?

Ela ficou me encarando. Mesmo que eu não quisesse e mesmo que ela não tivesse me pedido eu desci novamente.

-Boa noite, El- Eu falei enquanto a cobria com o cobertor.

-Boa noite, Mike.

Se houvesse alguns dias que pudessem durar eternidades, então, com certeza hoje teria sido um desses dias, pensei.

***

-Acorda, Mike! Você vai ficar atrasado.

Minha mãe me sacudia. Me sentei na cama e olhei o relógio eram 07:30.

-Nancy já esta preparando seu café, eu, seu pai e Holly vamos comprar a fantasia de vocês para amanhã a noite- Disse minha mãe já se retirando do quarto- Provavelmente volto lá pelas 18:00, okay? Tchau, querido. Tenha um bom dia.

Fantasias? Tinha me esquecido que amanhã seria Halloween, 31 de outubro. Levantei e me troquei. Olhei de relance o espelho do banheiro e vi que eu estava com uma aparência péssima.

Quando entrei na cozinha Nancy estava comendo torrada com geleia.

-Como esta a Eleven?- Perguntou ela.

-Não sei, já vou vê-la.

-Por que não a chama para tomar café com a gente?- Perguntou Nancy.

-Otima ideia! Já volto.

Desci correndo as escadas que davam para o porão. El já estava acordada, mexia em algumas de minhas coisas.

-Bom dia, luz do dia- Disse com um sorriso estampado no rosto para esconder a cara de sono.

Ela riu e me respondeu em voz baixa:

-Bom dia Mike.

-Meus pais saíram... Quer vir tomar café comigo e com a Nancy?- Estendi a mão para El, que confirmou com a cabeça e segurou minha mão rapidamente.

Subimos as escadas rápido.

-Bom dia El- Falou Nancy- Eu acho que as roupas serviram, né?

Eleven sorriu ao olhar para si mesma.

-Bom, é o seguinte eu e o Mike iremos para a escola, nossos pais saíram e só estarão de volta lá pelas 18:00, ou seja você ira ficar sozinha até, mais ou menos, umas 15:00. Depois disso Mike já estará de volta e ficará com você, entendeu?- Notei que Nancy tentava explicar de um modo para que Eleven não ficasse com duvidas.

-Posso pegar Waffles?- Foi a única pergunta de El.

-Quantos você quiser- Respondi entregando um prato com Waffles sem calda nem mel para ela.

Peguei uma torrada e comecei a comer primeiro as bordas e depois o meio. Alguns minutos depois Nancy avisou:

-Nós já estamos atrasados, Mike. Tchau El, nos vemos mais tarde- Disse Nancy olhando para o relógio pendurado na parede da cozinha.

-Lembre-se: três um cinco estarei de volta. Até lá, se comporte, garotinha- Me despedi de El que riu pelo apelido que eu dei.

Eu adorava ouvir aquela risada dela! Coloquei a mochila nas costas e sai pela porta da frente.

Peguei minha bicicleta e esperei Nancy pegar a dela para irmos juntos.

***

Cheguei na escola e logo avistei Dustin, Lucas e Will conversando.

-E ai gente, cade a Max?- Perguntei.

Eles me apontaram em uma direção onde se encontrava Max, Troy e o diretor conversando.

-Ahh- Foi a única coisa que consegui dizer.

-E a El como esta?- Perguntou Lucas com um sorriso no rosto.

-Bem, disse para ela que as 15:15 estaria de volta, meus pais saíram e só voltam a noite, então esta tudo sobre controle- Expliquei a eles.

O sinal tocou e nós quatro fomos para a sala de aula. Chegando lá percebi que nem Max nem Troy estavam presentes.

-Eles ainda devem estar conversando com o diretor- Explicou Dustin.

-É, talvez- Disse Lucas.

A Sra.Lauren, professora de matemática, entrou na sala e disse:

-Quero que todos se sentem, hoje teremos prova oral.

Ela deixou que estudássemos nossos livros por alguns minutos para não nos sairmos tão mal.

Uns vinte minutos depois alguém bateu na porta. Quando a Sra.Lauren abriu era o diretor.

-Com licença, professora, estava conversando com esses dois alunos- Disse ele empurrando Troy e Max para dentro da sala- Max é a aluna nova, entrou ontem na escola.

Troy e Max tomaram seus lugares, ele no fundão e ela atrás de Charles, um garoto de óculos que era viciado em doces.

O diretor e a professora conversaram um pouco e depois ele saiu da sala.

-A prova oral acontecerá da seguinte maneira, colocarei uma conta na lousa e chamarei um dos alunos para vir responder, é só isso. É bem simples- Falou a Sra.Lauren.

E assim foi o resto da aula, ela chamava um aluno, ele respondia e se sentava, Dustin, Lucas, Will e eu respondemos as contas sem problemas.

-Sua vez- Disse a Sra.Lauren apontando para Max.

Ela foi até a frente da louca e ficou parada la na frete durante uns 5 minutos, Max escrevia algum numero depois apagava, fez isso umas 6 vezes.

-Ande logo, menina- Apressou alguem

- Eu acho que a tinta que ela usou para pintar cabelo estragou os seus neurônios- Zoou James.

Dos olhos dela começou a brotar lagrimas, as quais ela se segurava para não derrama-las.

-Já chega- Falou a professora sem paciência- Chora. Chora mesmo. Quem sabe nas lagrimas saía um pouco da sua burrice.

Max não aguentou mais segurar as lagrimas e realmente começou a chorar na frente da sala. Todos começaram a dar risada. Ela correu até sua carteira pegou a mochila e saiu correndo para fora da sala de aula.

-Isso não é uma coisa legal de se dizer- Falou Jennifer pegando a mochila e saindo da sala tambem, provavelmente iria atrás de Max.

Depois disso parei de prestar atenção na aula, até que o sinal tocou. Eu guardei meu material o mais rápido que pude, os meninos fizeram o mesmo. Logo, todos nós estávamos do lado de fora da sala. Fomos para o pátio com esperança de encontrar ela. Max estava sentada em uma banco conversando com Jennifer.

-Será que devemos falar com ela?- Perguntou Will.

-Obvio! Por acaso vamos deixar ela chorando?- Respondeu Dustin.

Fomos nos aproximando de Jennifer e Max.

-Ignora o que James falou. Se ele fosse um pouquinho mais inteligente ele até saberia que tinta de cabelo não estraga os neurônios- Jennifer tentava consolar Max.

-Não?- Perguntou Max surpresa.

-Não! –Jennifer caiu na gargalhada com a expressão do rosto de Max.

Eu e os meninos fomos nos aproximando delas tentando não atrapalhar a conversa.

-Eu tenho que ir...- Jennifer se levantou do banco e me repreendeu com um olhar que significava: Não faça nada de besta, entendeu?

-Eu gosto do seu cabelo. Ele é... diferente!- Falei tentando animar Max.

-Meu cabelo é minha única qualidade?

-Não! É só uma das coisas que eu mais noto quando olho para você- Expliquei.

-Então, me fale uma outra qualidade minha.

Olhei para os meninos para ver se eles falavam alguma coisa, mas nada.

-Tudo bem... O que a gente vai fazer?- Perguntou Max.

-Em relação ás suas qualidades?- Indagou Dustin confuso sem responder a pergunta anterior.

-Não! Esquece as minhas qualidades! Estou falando de hoje... Veja bem, ontem nós invadimos o Departamento de Energia e hoje?

-Que tal se roubássemos um banco?- Sugeri animado.

-Vocês não levam nada a serio!- Exclamou ela.

-Vamos ir ver um filme. Pelo menos, não passaremos a tarde sem fazer nada- Will sugeriu.

Todos pareceram concordar com a ideia de Will. Assenti com a cabeça.

-Posso passar em casa para buscar a Eleven? Prometi que chegava as 15…-Perguntei.

-Vou ir com você - Falou Max.

-Vamos todos- Disse Dustin.

Peguei a minha bicicleta e ofereci para Max sentar.

-Nao, vou ir de Skate- Max apontou para um Skate que estava perto de sua mochila.

***

-Eleven!

Gritei ao abrir a porta da frente. Estava tão silencioso que achei que talvez não tivesse ninguem. Will, Dustin, Lucas e Max entraram logo depois de mim.

-Eleven!

Gritei novamente, mas ela não respondia. Olhei para a cadeira do meu pai e ela estava aberta. Fui correndo até a cozinha e vi que tinha muitas caixas de Waffles abertas sobre a pia.

-El, você esta em casa?!

-Mike, você tem certeza que fechou a porta?- Me perguntou Lucas.

-Tenho…

-Será que ela está no porão?- Indagou Will.

Fui até as escadas que davam para o porão e as desci correndo. Olhei para a cama que eu havia montado no dia anterior e o leoãozinho de pelucia de El não estava lá.

-Se acalma, Mike. Ela pode estar lá em cima- Sugeriu Max.

Meu quarto! Subi as escadas e abri a porta do meu quarto desesperadamente.

-Mike!

El acordou assustada. Ela estava deitada na minha cama abraçada ao seu bichinho sujo.

-Graças á Deus! Porque você não estava no porão?!

Ela se sentou na cama e começou a me encarar sem me responder. Corri para El e a levantei em um puxão.

-Não faça mais isso! Me assustei!

-Eu não te abandonaria! Nunca!

-Você promete, El?

-Prometo.

Eu a envolvi em um abraço forte e apertado. Já a tinha perdido uma vez e agora que a encontrei jamais deixaria ela partir novamente. Beijei a sua testa e El sorriu para mim.

-Comeu muitos Waffles?- Brinquei.

Dustin, Lucas, Max e Will apareceram na porta do quarto. Dustin comia algo que não consigo indentificar, mas pelo cheiro soube que era algo doce.

-Por que demoraram tanto?- Perguntei.

-Tinha Waffles prontos lá embaixo- Respondeu Lucas apontando com a cabeça para El.

-Mike- Chamou El.

-Sim.

-As luzes piscaram.

-Foi por isso você subiu?- Perguntei.

Ela confirmou com a cabeça.

-Gente já são quase 16:00, se a gente for assistir á um filme melhor que seja agora, depois irá ficar muito tarde- Avisou Dustin.

-Filme?- Perguntou Eleven.

-É um monte de imagens que passam muito rapido dando a impressão de movimento- Explicou ele.

-Você vai gostar- Disse Will.

Eleven olhou para mim e depois apontou para a roupa. Ela não podia ir em público usando pijama. Me dirigi a unica menina do comodo que não era El.

-Max, você tem alguma roupa que possa emprestar para ela?

-Bom… Ter eu tenho, mas a Eleven é muito magra!

-Não- Eleven falou olhando para os pulsos.

Max riu e disse:

-Vamos…

Em poucos minutos já estavamos na porta da casa de Max.

-Ignorem a bagunça. Ainda não deu tempo de desempacotar tudo.

Ela abriu a porta que dava para uma sala retangular, cheias de caixas de papelão. As unicas coisas que naquele comodo haviam sido desempacotadas eram o sofá bege e uma TV que estava apoiada em cima de duas caixas altas.

-Vocês podem ficar aqui em baixo? Só ela tem que subir- Falou Max segurando El pelo braço.

-Okay- Respondeu Will.

Elas duas subiram as escadas juntas, depois de aproximadamente 15 minutos ouvi o barulho de um secador de cabelo ligado.

-O que elas estão fazendo?- Perguntou Lucas.

-Não sei- Respondeu Dustin.

Depois de mais 5 minutos de espera Max e El desceram as escadas. Max estava igual a quando subiu.. El tinha o cabelo todo escovado e usava um arquinho. Ela tambem usava uma blusa branca com um macacão jeans azul claro por cima.

-Vamos logo, quero muito assistir um filme que lançou alguns dias atras- Falou Max já pegando a chave da porta da frente.

-Que filme?- Perguntou Will.

-O Exterminador do Futuro- Responderam Max e Lucas juntos.

***

-Não achei tão interessante...- Comentou Will depois de jogar o balde de pipoca no lixo.

-O que?! Você viu aqueles raios azuis?!- Lucas falou.

-É! Foi super maneiro!- Disse Max.

-Eu adoro filmes de ficçao cientifica!

-Tambem, são os meus preferidos.

Max e Lucas ficaram falando sobre o filme quase todo a volta para casa e de vez em quando Dustin dava um palpite sobre um final alternativo para o filme. Will e eu trocavamos ideias sobre um outro filme que seria legal reassistir.

-Acho que El iria adorar SuperGirl- Falou ele.

-Talvez não… Os poderes dela superam os da SuperGirl. Ela iria achar o filme fraco- Eu disse.

Nós dois começamos a rir e El, que segurava minha mão, não entendeu a piada.

-Mike, você tem um relogio?- Perguntou Dustin- Queria saber as horas.

-Deve ser umas 18- Respondeu Max por mim.

- E aquele final quando a Sarah estava México gravando uma fita para John dizendo para ele não deixar de mandar Reese para o passado por ele ser seu pai, pois se não fizesse isso, nunca iria existir- Falou Lucas.

-Eu adorei essa cena!- Disse Max sorrindo- Mas eu ach…

-Caras, chega de falar desse filme!- Interrompeu Dustin.

Eleven riu e eu cochichei em seu ouvido:

-Você entendeu o filme?

-Sim, você não?

Balancei a cabeça negativamente e ela começou a rir.

-Ei, amanha é Halloween!- Lembrou Max.

-O que é Halloween?- Perguntou Eleven.

-É uma festa que se comemora na vespera do dia de Todos os Santos. Acredita-se que neste dia, 31 de outubro, as almas dos mortos voltam para visitar as suas casas ou assombrar as pessoas- Expliquei- Todo ano, neste mesmo dia, as crianças se fantasiam de monstros e saem batendo na porta das casas pedindo doces.

-Tem gente que até enfeita as casas para poder comemorar esse dia, colocam aboboras nas portas e enfeites de bruxas- Completou Will.

-Esse ano eu vou ir de Freddy Krueger- Falou Lucas.

-E eu vou ir de Jason Voorhees- Disse Max.

-Mas é um homem!- Dustin exclamou.

-Eu sei, mas ele usa mascara, então não faz diferença.

-Alguns dias atras eu conversei com a minha mãe e ela concordou em me comprar a fantasia do Michael Myers- Falei.

-Michael Wheeler indo de Michael Myers! Que ironia!- Max estava rindo- E você Will?

Ele deu de ombros e respondeu:

-Eu ainda não sei… Mas eu sei do que o Dustin vai!

-Do que?- Perguntou Dustin surpreso.

-De sereia! Olha o seu corpinho!

Desatei a rir. Dustin revirou os olhos e disse:

-Na verdade, vou ir de Frankenstein… E a El?

-Nem pensei nisso.

Chegamos a porta de minha casa. Me despedi dos meninos e Max se dirigiu á mim.

-Queria te sugerir para fechar a janela depois que você tomar banho… Sabe, o meu quarto fica ao lado do seu e ontem de noite eu vi…

-Okay… Já entendi.

Senti minhas bochechas corarem e ela começou a rir. Max se virou e seguiu para a porta de sua casa e enquanto andava completou:

-Deu para ver muita coisa… Alias, bela cueca.

El estava me encarando. Eu sabia que, de vez em quando, ela não entendia as coisas, mas aquilo eu tinha certeza que ela tinha entendido. Abri a porta e entrei com ela na minha cola.

-Quer comer algo?

-Não, quero dormir…

Desci com ela até o porão e fiz que nem na noite anterior, me agachei e a cobri com o cobertor.

-Sinto muito, o leãozinho esta no meu quarto. Voc…

-Não precisa.

Sorri para ela . Me levantei do chão e fechei a porta do porão após subir. Fui para o meu quarto louco por um banho. Despi as roupas e liguei o chuveiro. Deixei a agua morna correr pelo meu corpo. Eu estava muito cansado para lavar o cabelo. Desliguei o chuveiro e enrolei a toalha na cintura. Quando sai notei que o que Max havia dito era verdade, a janela do meu quarto estava escancarada e a luz do que imagino ser o quarto de Max estava ligada. Me aproximei para fechar a janela e ela apareceu.

-E ai? O banho foi bom?- Ela perguntou.

-O que você quer? Eu estava indo fechar as janelas!

-Então você lembrou do meu conselho… Interessante- Disse ela batendo com o dedo indicador no queixo.

-Vá se catar, Max!- Gritei rindo.

-Boa noite! Amanha devolvo a roupa de El!

-E amanha ela devolve a sua! Boa noite!

Fechei as janelas e comecei a rir. Max era uma pessoa um tanto encrenqueira, mas também era legal e engraçada.

Mesmo sendo apenas 19:00 eu estava com sono e como El já tinha ido dormir decidi dormir tambem.

***

-Bom dia, Mike!- Disse um voz fina em meu ouvido.

Abri os olhos e Holly estava sentada ao meu lado segurando duas sacolinhas laranjas enfeitadas.

-Fiz para você na creche! Assim você pega doces!- Ela me entregou uma das sacolinhas laranjas.

-Ah, obrigado. E pra quem é a outra?- Perguntei olhando a sacolinha.

-Para Nan, mas ela não quer- Disse Holly tristemente.

-Holly, você tem que entender que a Nancy já cresceu e ela não gosta mais de comemorar o Halloween.

-Eu sei- Ela fez biquinho.

-Mas para a sua sorte este cara- Falei apontando para mim mesmo- Não cresceu e ainda gosta de comer doces. Se você quiser pode me dar essa outra sacolinha também, quem saiba eu precise de outra.

Ela me deu as duas sacolinhas sem discutir, as coloquei em cima da minha bancada de estudos e perguntei:

-Que tal se a gente ir tomar café?

Ela confirmou com a cabeça e ficou parada dentro do meu quarto enquanto eu saía. Até que eu percebi o que ela queria.

-Você quer colo, não é?

Ela fez que sim novamente com a cabeça, entrei novamente no meu quarto e a peguei no colo, ela começou a rir.

Nada melhor para começar o dia do que boas risadas, pensei.

Quando estávamos no corredor perto da escada Holly me perguntou:

-Mike, do que você vai se fantasiar?

-De Michael Myers...

-Mas ele me dá medo!

-E do que você vai se fantasiar?- Perguntei rindo.

-De abelhinha.

-Ah, as abelhas também me dão medo!

-E os doces dão caries- Disse Nancy entrando na conversa.

-Está vendo ela, Holly? Ela não vai ter que se fantasiar. Ela já é uma bruxa!

Holly começou a rir e Nancy me repreendeu com  um olhar serio.

-Você sabe que vai ter que levar ela para pegar doces, não sabe? Eu vou sair com o Steve...

-O que?

Nancy tirou Holly de meu colo e começou a descer as escadas rindo da minha cara. Corri atrás delas. Minha mãe estava fazendo ovos mexidos e meu pai estava lendo um jornal.

-Mãe, tem Waffles?- Perguntei.

-Não, acabou.

-Tem o que?

-Suco, torrada, geleia...

-Mas não tem Waffles?!

 -Michael, apenas senta e come!- Disse minha mãe me entregando um prato com torradas- Eu compro Waffles amanha.

-Amanha?

-Hoje os mercados estão fechados, querido.

Me sentei na mesa e peguei um copo de suco de laranja. Fiquei me perguntando se Eleven já tinha acordado. Eu queria descer e conversar com ela, mas minha mãe estranharia.

-Ted, cade a roupa do Mike e da Holly?

-Em cima do sofá- Respondeu meu pai sem tirar os olhos do jornal.

Era a oportunidade perfeita de descer até o porão. Peguei algumas torradas e um copo de suco e sai da mesa.

-Aonde você vai?- Perguntou meu pai.

-Só vou ver as fantasias...

-E vai levar comida para a sala? Se você sujar, você vai limpar- Falou minha mãe.

Assenti com a cabeça. Eu sabia que se eu sujasse eu não iria limpar e minha mãe também sabia disso. Desci para o porão. El estava acordada sentada em uma cadeira mexendo no jogo Dungeons & Dragons.

-Qualquer dia eu te ensino a jogar...

-Mike!- Ela sorriu ao me ver e foi correndo me abraçar.

-Cuidado! Aqui, trouxe o seu café- Coloquei o suco e as torradas sobre a mesinha.

-Cade Waffles?

-Você comeu tudo ontem.

-Quase tudo.

-Okay. Os meninos e Max comeram o resto, mas você comeu quase tudo!- Falei, brincando, em tom de acusação.

-Engordar...

Eu ri e disse:

-Comer é bom, engordar nem tanto. El, desculpe... Tenho que subir para arrumar as coisas do Halloween. Daqui a pouco eu volto.

Subi as escadas correndo e quando cheguei lá em cima havia uma pessoa sentada no sofá, ao lado das fantasias. Reconheci assim que vi a mascara.

-Max! Que fantasia maneira!

-Ficou boa?- Ela perguntou tirando a mascara.

-Você parece um menino.

-Eu perguntei se ficou boa! Aqui, trouxe essas fantasias para a Eleven- Ela me esticou uma sacola cheia de roupas- Eu as usei em Halloweens passados.

-A El vai adorar!

-Posso descer para falar com ela?- Max me perguntou sussurrando.

-Claro... Já leva- Entreguei a sacola devolta.

Max desceu. Liguei a TV para ver o que passava no noticiário de sábado e a moça do Jornal da Manhã disse:

-Na tarde de Quinta-Feira havia suspeitas de que Romani Danish havia fugido do sanatório. Ontem a noite foi confirmada a sua fuga. Os detetives de Hawkins já estão a sua procura. Lembrando: Romani sofre de transtornos piscicologicos e mentais e pode ser muito perigoso. Caso você veja esse homem nas ruas ligue para a delegacia.

Olhei para a foto do homem que apareceu na tela. Ele me lembrou alguém. Seu rosto era familiar. Parecia ser alguém bem próximo de mim.

-Mike, gostou da fantasia Michael Myers?- Perguntou meu pai da cozinha.

-É muito legal!- Menti, nem tinha visto.

Precisava conversar com Lucas, Dustin e Will. Fui até a cozinha onde Holly se sujava de geleia de uva.

-Não, querida. Não faça isso. Nancy, pega um pano- Pediu minha mãe enquanto tentava tirar Holly da cadeirinha.

-Mãe, vou me encontrar com os meninos... Posso levar a fantasia?

-Você tem que estar de volta as 17:00 para levar a sua irmãzinha para pegar doces- Foi o que ela me respondeu.

Voltei para a sala e tirei da sacola a minha fantasia. Realmente, era muito legal. Desci até o porão para chamar as meninas.

-Vê essa!- Disse Max oferecendo um vestido verde longo cheio de brilhantes para Eleven.

-Eu gostei dessa- Comentei.

-Usei ela no ano passado.

-Então ela combinou com o seu cabelo!

-Não exatamente. Ano passado meu cabelo estava roxo...

Fiquei tentando imaginar uma Max de cabelo roxo. Seria estranho ver ela mudar de verde para laranja no ano que vem...

-Mike, quem são elas?- Perguntou uma voz fina.

Droga, havia esquecido de fechar a porta do porão. Holly descia as escadas pulando de um em um degrau.

-Eu só te conto se você prometer não contar para ninguém!

-Não conto- Falou ela levantando as mãos para mostras que não cruzava os dedos.

-Mas é para ninguém mesmo! Nem para a mamãe! Só para a Nan.

Ela assentiu com a cabeça.

-São algumas amigas, Max e Eleven. Esta- Falei apontando para Max- é a nosso nova vizinha.

-Seu cabelo é verde!- Holly começou a rir e Max sorriu para mim.

-Você gostou?

-Sim... Você também é bonita- Ela apontou para Eleven que sorriu.

-Obrigada.

-Holly, agora eu e as meninas vamos nos encontrar com o Dustin, Lucas e Will. Lembre-se: Não é para contar. É um segredo entre irmãos.

-Certo.

Max enfiou todas as roupas de volta na sacola de fantasias dela. Subi primeiro, tentando não fazer barulho e Max e El vieram logo atrás. Decidi sair pela porta de trás.

-El, sobe na minha bicicleta... Max...

-Espera, vou pegar o meu Skate.

Alguns minutos depois Lucas e Dustin já estavam conosco.

-Por que o Will tem que ser o que mora mais longe?- Perguntou Dustin.

Continuamos pedalando por mais uns 7 minutos até que chegamos na casa de Will. Lucas tocou a campainha.

-Oi, Sinclair.

-Essa é a usa fantasia? Que da hora!

Will estava vestindo uma camisa escura com uma capa marrom clara. Ele segurava em uma das mãos um sabre de luz e na outra uma mascara verde com orelhas pontudas.

-‘’Faça ou não faça. A tentativa não existe’’ Mestre Yoda- Falou Will.

-Tambem tenho!- Eleven esticou a sacola cheia de fantasias de Max.

-Podem ajudar ela a escolher uma?- Perguntou Max rindo.

Entramos na casa de Will. Não havia ninguém. Ficamos basicamente a tarde toda trocando de fantasia uns com os outros para no final voltarmos ao que estávamos no inicio. Olhei para o relógio que estava pendurado na parede e já era quase 17:30.

-Meu Deus! Eu tenho que voltar! Eu vou ter que levar a Holly para pegar doces com a gente...

-Eu gosto dela- Falou Max.

-Informação desnecessária- Dustin abriu um largo sorriso.

Max o encarou por alguns segundos e então disse timidamente:

-Você não tem alguns dentes...

-Não... É uma doença chamada Displasia Cleidocraniana- Respondeu Dustin dando de ombros.

-Já estou indo, nos encontramos na loja de conveniência- Avisei.

Estava saindo quando alguém me agarrou. Era El.

-Que foi?

-Posso ir?- Perguntou ela quase no mesmo tempo que eu fiz a pergunta.

Afirmei com a cabeça. Saimos e ela subiu na parte de tras de minha bicicleta... Quando cheguei em casa já devia ser quase 18:00. Abri a porta e pedi para a El ficar do lado de fora.

-Não- Foi o que ela me respondeu.

-Por que?

-Meu cabelo...

-Que tem o seu cabelo?

Ela ficou seria e o brilho que eu via em seus olhos nas últimas horas desapareceu. Entrei primeiro, deixando El atras de mim e gritei:

-Mãe!

-Ela não está. Saiu- Me respondeu Steve.

-O que você esta fazendo aqui?- Perguntei surpreso ao ve-lo.

-Eu ia sair com a Nancy só que a sua mãe também tinha que sair e você ainda não tinha chegado para levar a usa irmã menor para pegar doces, então eu fiquei aqui com Nancy esperando você chegar...

-Valeu, cara... Você e a Nancy já podem ir.

Nancy apareceu descendo as escadas com Holly no colo.

-Finalmente! Da próxima chegue mais cedo!

Ela deixou Holly sentada no sofá e saiu com Steve, me deixando sozinho junto de Eleven.

-Holly, a gente já vai pegar doces, só vou resolver uma coisa com a El...

Eleven subiu as escadas e foi até o meu quarto e eu a segui.

-O que você esta fazendo?

Ela estava se encarando no espelho do banheiro do meu quarto.

-Bonita?

-Bonita.

-Não, Mike...

Ela abriu um armário do banheiro e tirou uma tesoura e me entregou. Eu entendi o porque ela queria vir comigo...

-Você quer que eu corte o seu cabelo?- Perguntei mesmo já tendo certeza da resposta.

Ela confirmou com a cabeça. Olhei para o reflexo dela. Os cabelos castanho-claro batiam na altura do queixo. Abri a tesoura e a fechei cortando uma mecha de seu cabelo que caiu no chão. Fiz o mesmo com todo o cabelo até que só sobrou um pouco de cabelo que eu não conseguiria cortar.

-Espere...

Sai do meu banheiro e fui até o quarto dos meus pais. Comecei a vasculhar varias caixas dentro do guarda-roupa deles até que achei o que eu procurava e voltei para o meu banheiro.

-Isso é uma maquina de raspar cabelo.

Liguei na tomada e ela começou a fazer um zunido. Passei cuidadosamente a maquina na cabeça de Eleven para não a machucar. Notei que o corte de antes de ontem já cicatrizava.

-Pronto- Eu disse tirando a maquina da tomada.

Ela se olhou novamente no espelho e eu senti uma onda de medo atravessar o meu estomago.

-E agora?- Ela perguntou.

-El, não importa o que você faça ou como você esteja, você sempre será bonita!

Eu me aproximei dela e a beijei. Ela retribuiu o beijo. Queria congelar aquele momento, não queria deixar ele passar, mas não podia. Me afastei dela e disse:

-A gente ainda vai no Baile da Neve juntos?- Perguntei.

-Você prometeu, Mike...

-Amigos não mentem.

***

Minha sacola laranja já estava ficando pesada, mas Holly não se cansava de bater na portas das casas pedindo doces.

-A sua irmã vai ter diabetes!- Falou Lucas rindo.

-Ei, pessoal!- Gritou uma voz feminina.

Jennifer veio correndo até nós, ela estava vestida de vampira.

-Que fantasias legais! Michael Myers, Freddy Krueger, Jason Voorhees, Frankenstein, carinha verde de Star Wars e Sarah Sanderson, uma das três irmãs bruxas de Salem.

Mestre Yoda!- Corrigiu Will.

-Desculpe, mas o resto eu acertei, certo?- Jennifer olhou para El e perguntou- Eu não te conheço, qual o seu nome?

-Ele...

-Eleanor!- Eu falei antes que El conseguisse terminar- É uma prima minha.

-Vocês duas são muito parecidas!-Disse Jennifer apontando para El e para Max- Bom, eu tenho que ir pegar mais doces. Tchau, gente!

 Jennifer se virou e bateu na porta da casa que estava mais perto. Caminhamos por mais algum tempo, acho que uns 20 minutos, até que Max começou a empalidecer.

-Esta tudo bem?- Perguntou Lucas.

-Eu estou com frio...- Ela respondeu.

-Mike... Mike- Eleven me chamava.

-O que foi?

As luzes do poste começaram a piscar. Corri para agarrar Holly que caminhava um pouco mais a frente que eu e a segurei no colo.

Ouvi gritos.


Notas Finais


Valeu por ler o cap3 de: Coisas estranhas voltam a acontecer.
O proximo capitulo sai Domingo, lembrando que talvez eu passe o prazo dado.
Até lá :)

Ass: Biscoita e Bolacha


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