História Cold - Quem é o Alpha?

-Seth! Seth! -Jake gritava. Eu estava assustado e confuso.
-Jake...-Sentei na areia e coloquei o rosto entre as mãos. -Eu a vi, num sonho...
-Que tipo de sonho, Seth? -Jake sentou ao meu lado e afagou meus ombros.
-Um sonho ruim, ela, definitivamente, vai trazer destruição a esse lugar. -Eu admiti com certa dificuldade, aquela garota me assustava mas é como se um imã quisesse me puxar até ela.
-Vamos interrogá-la, saber quem é e o que quer aqui, teremos ajuda dos Cullen também, vai ficar tudo bem! -Jacob deu seu cotidiano sorriso "tranquilizante" e se levantou, estendendo a mão para mim em seguida, peguei-a e lhe dei um meio sorriso, tínhamos uma loba amarrada na casa do pai do Jake para interrogar.
[...]
Acordei, um tanto quanto desnorteada, o cheiro era de madeira e cachorro molhado, com dificuldade pela claridade abri meus olhos e olhei em volta, era uma pequena casa, aconchegante até, haviam alguns pares de olhos curiosos em cima de mim e eu... Bom, eu era a híbrida idiota presa numa cadeira em cordas.
-Costumam receber seus visitantes dessa forma? -Eu disse, ainda meio tonta observando minha vestimenta: uma camiseta enorme e... Bom, era só isso mesmo mas com certeza era melhor do que estar nua, havia homens demais ali para uma casa só.
-Quem é você? -Um dos morenos foi direto.
Eu não era rabugenta ou grossa mas naquela situação, eu definitivamente lhe daria muitas patadas.
-Quem é você? O macho alpha? -Brinquei mas observando os garotos a minha frente, percebi que algo na minha piada afetou uma velha ferida. -Uau...-Eu dei uma leve risada.- Você era o alpha.
Eu já podia vê-lo ferver em raiva quando um outro garoto tomou sua frente.
-Sou Sam Uley, o alpha, agora nos diga, quem é você? -Ele tentou ser o mais educado possível mas sua cara fechada não ajudará muito.
-Sou Tris. -Respondi de forma rasa. Pude ver a porta sendo aberta e um garoto entrar, ele tinha por volta dos dezesseis ou dezessete anos, mesmo não sorrindo, seu rosto trazia um brilho alegre, brincalhão.
-Tris? É apelido? -Um dos garotos tentou quebrar o clima tenso.
-Sim, de Beatrice. -O garoto que entrou pela porta se pronunciou, lhe observei curiosa. Era a voz dele, a voz dele que eu ouvia...
-Como sabe? -Perguntei.
-Nós fazemos as perguntas. -Ele foi rude e de alguma forma isso me chateou. A intenção era ter respostas para o que estava acontecendo comigo e não estar amarrada numa cadeira quase nua com um bando  de garotos me olhando como se eu fosse uma ameaça.
Suspirei cansada.
-Tudo bem, o que querem saber? -Eu disse, enfim.
-O que faz em La Push? Você, definitivamente, não é da tribo. -Sam, o alpha, dizia.
-Estou atrás de respostas. -Esperei que mais perguntas viessem mas eles se mantiveram em silêncio esperando algo de mim. -Sou uma híbrida e desde que meus pais foram mortos, à alguns anos, eu venho tendo sonhos, ouvindo vozes, como se fossem visões ou algo assim, pelos olhos de outra pessoa. -Olhei diretamente pro moreno que havia acabado de entrar no cômodo.
-Espera que acreditemos nisso? -O outro garoto, o "ex-alpha" perguntou.
-Devem perguntar ao garoto que já sabe meu nome. -Sorri vingativa.
-Disse... Disse ser uma híbrida. -Sam parecia meio fora de órbita, curioso.
O "ex-alpha" veio até o ouvido de Sam e cochichou algo e, obrigado deuses por ter nascido híbrida, minha audição apurada pela parte vampira ajudava bastante.
-Como ela pode ser uma híbrida? A única híbrida que realmente conhecemos é Renesmee mas ela é parte humana e parte vampira...-Cochichou.
-Ah, eu posso, minha mãe era loba e meu pai um vampiro, incrivelmente forte, minha mãe sobreviveu ao parto mas passaram o resto da vida fugindo, minha mãe da própria tribo e meu pai, dos Volturi. -Interrompi.
-Nunca vimos isso acontecer. -Sam disse.
-Exatamente porque é proibido e porque são poucas as lobas em alcatéia, se fosse ao contrário, minha mãe uma vampira e meu pai um lobo, eu não existiria. -E mais uma vez, eu parecia ter mexido numa antiga ferida já que o "ex-alpha" saiu pela porta furioso. Eu só conseguia olhar pro garoto que havia entrado pela porta e isso estava me deixando agoniada, era como se eu precisasse estar perto dele.
-Soltem ela mas fiquem de olho, vou procurar Leah e pegar algumas roupas pra ela. -Os garotos assentiram e um deles veio me desamarrar.
-Sou Embry. -Ele sorriu entusiasmado.
-Obrigado Embry. -Sorri de volta. Rodei meus pulsos e estralei meu pescoço, estava presa ali tempo suficiente pro meu corpo estar dormente.
Um homem de meia idade saiu de um dos cômodos, tinha longos cabelos, moreno e andava numa cadeira de rodas.
-Sou Billy Black, pai de Jacob. -Me estendeu a mão e eu a apertei. Quem diabos era Jacob?
-Jacob, ou Jake, é o garoto que você chamou de "ex-alpha". -Embry riu. -Você é observadora, não? Venha. -Ele colocou as mãos em volta dos meus ombros e junto com os outros garotos fomos para fora. -Jacob, realmente é um "ex-alpha", ele renunciou e Sam passou a ser o alpha, certamente ele se arrepende. -Os garotos riram. -Estes são Paul, Quil, Jared e Seth. -Seth se mantinha quieto sentado na grama.
-Beatrice Appratto. -Sorri.
-É italiano? -Quil perguntou.
-Sim, nasci em Veneza. -Olhei em volta, o sol estava abrindo e minha pele começava a refletir.
-Uau, você realmente é como eles. -Paul comentou.
-Não é muito interessante brilhar no sol mas não me incomoda já que sou híbrida, então realmente, sou como eles e como vocês. -Retruquei e ri com sua cara fechada.
Observei duas figuras vindo em direção a nós, uma garota e Sam, ela mantinha o rosto fechado e eles não trocavam uma palavra sequer.
-Lá vem o ex-casal problema. -Jared abaixou a cabeça e sentou na grama.
-Vejo que existe muitos exs por aqui. -Comentei. Deduzi que a garota fosse Leah, ela trazia uma muda de roupas nas mãos e por um momento me senti envergonhada, a camiseta que eu vestia era grande mas mesmo assim, me sentia nua. Meu rosto ruborizou, céus!
-Leah, vai te acompanhar, espero que sirvam. -Sam disse e eu apenas assenti, Leah me calculou dos pés a cabeça e passou a minha frente, entrando na casa de Billy. Eu a segui e fomos até um tipo de quarto, ela me entregou as roupas e ficou me encarando, ela ficaria ali? Olhando?
-Vejo mais pessoas nuas do que você pode imaginar, relaxa. -Ela tentou me confortar com um sorriso, de costas pra ela, tirei a camiseta enorme e vesti as roupas que couberam perfeitamente.
-Não é nada de grife mas...
-Está ótimo, obrigado Leah. -Sorri ao me olhar no espelho, era como se ela já conhecesse meu gosto por roupas, trouxe-me uma blusa cinza de mangas compridas e um jeans escuro comum acompanhado de um par de tênis.
-Não tem de quê...
-Beatrice, mas me chame de Tris, por favor. -Sorri.
-Bom...-Ela estava meio perdida, ela parecia ser a única garota na alcatéia e contudo, parecia boa pessoa.
-Eu deixei minha mochila na floresta, pode vir comigo para encontrar? -Sorri.
-Ah claro, eu provavelmente ficaria de guarda mesmo. -Ela coçou a nuca e saímos para fora, os garotos já não estavam mais lá.
-Vamos andando, não quero perder mais um par de roupas. -Ela brincou.
[...]
-Então, é a única garota na alcatéia? -Perguntei.
-Sim, é raro as garotas que nascem com o genes de lobo, Rebecca e Rachel, por exemplo, irmãs do Jacob, não nasceram com esse gene, apenas Jacob se transforma. -Ela me explicou enquanto andávamos vagarosamente pela mata.
-Entendo, minha mãe era a única na alcatéia também e sem contar que era filha única do alpha, então quando meu avô morreu, ela teria de assumir o posto mas fugiu com meu pai. -Contei.
-E seu pai...? -Ela perguntou para que eu prosseguisse.
-Enzo Appratto, era um vampiro muito antigo, minha mãe foi seu primeiro casamento e eles adoravam me contar essa história. -Eu sorri lembrando de todas as vezes que papai me contava. -Esperou por toda sua existência o nascimento da minha mãe, de alguma forma ele sabia que ela nasceria e portanto, nunca se casou antes de conhecê-la.
-É nobre...-Leah disse de cabeça baixa.
-Ainda não sofreu seu imprinting? -Perguntei.
-Não sei, não sei qual é a sensação de um imprinting mas o que eu sentia por Sam era bem parecido, era amor mas ele não sentia o mesmo por mim. -Ela não parecia gostar de relembrar e eu entendo, devia ser horrível.
-Está ali. -Quebrei o clima tenso quando avistei minha mochila.
-Viajou apenas com uma mochila? -Ela parecia abismada.
-Eu não costumo passar muito tempo num lugar então apenas algumas mudas de roupas são o suficiente. -Sorri.
-Então não pretende ficar muito tempo aqui? -Ela perguntou.
-Sinceramente não, assim que eu souber o que é e como quebrar essa ligação com o lobo, Seth, irei embora. -Coloquei a mochila nas costas.
-Tem uma ligação com meu irmão? -Eu poderia jurar que seus olhos ficaram maiores que os meus.
-De alguma forma sim, posso ver pelos olhos dele e ouvir sua voz, foi por isso que cheguei até aqui. -Dei de ombros.
-Isso é esquisito, você já viu seu...? -Ela começou a rir antes de terminar a pergunta.
-Meu Deus, Leah! -Lhe joguei um graveto rindo. -Não, nunca, são apenas em situações específicas.
-Você pode sofrer um imprinting mesmo sendo híbrida? -Ela me perguntou assim que as risadas cessaram.
-Não sei, o que sei sobre mim e minha natureza foram descobertos pelos meus pais que me observavam noite e dia. -Disse enquanto olhava pros meus próprios pés. -Minha mãe achava que era possível porém de uma forma mais lenta, meu lado vampiro influencia no meu lobo, e vice-versa. -Continuamos a andar.
Leah seria uma boa amiga durante minha curta estadia.