Eu me mantive brincando com meus dedos e olhando pra água, sentia o olhar de Seth em cima de mim e isso fazia meu corpo ferver.
-Então, vai mesmo ficar aqui? Logo vai anoitecer e ficará frio. -Ele me deu um leve sorriso.
-Acho que preciso ficar aqui um pouco, se quiser voltar, vá, tudo bem. -Lhe devolvi o sorriso.
-Então ficarei também. -Ele respondeu brincalhão me dando uma cutucada na costela e eu ri, me encolhendo em cócegas.
-Então, Seth, como é a vida em alcatéia? -Questionei puxando assunto.
-Nunca viveu em alcatéia?
-Não é como se eu pudesse me encaixar em uma, desde que meus pais morreram eu venho morando num hotel em Veneza, viajei alguns lugares mas sempre volto pra lá. -Eu disse mordendo a parte interna das minhas bochechas.
-Vai voltar dessa vez? -Ele questionou.
-Com certeza, duvido que eu consiga ficar aqui, Jacob me odeia. -Eu ri.
-Jake não te odeia, ele só tem medo.
-Medo? -Franzi o cenho.
-Desde que ele teve seu imprinting, sua vida tem sido proteger Renesmee e isso vem o deixando louco, não só porque ele a ama mas porque ele a deseja mas a garota ainda é uma criança.
-Já teve seu imprinting, Seth? -Perguntei. Por longos segundos ele se manteve olhando no fundo dos meus olhos, vidrado.
Olhando seus olhos castanhos claros, eu me senti fora de órbita, ele era lindo. E eu sentia, novamente, um vazio sendo preenchido. Então sua voz me trouxa direto para a vida real.
-Acho que não, todos dizem que o imprinting é algo único. -Ele disse olhando pra água. -E você, é capaz de passar por um imprinting?
-Talvez sim, meus pais morreram antes de descobrirem essa minha possível capacidade, talvez seja menos intenso. -Dei um meio sorriso.
-Gostava muito deles, não? -Ele afagou meu ombro levemente e aquele carinho foi o suficiente para que eu sorrisse.
-Com certeza, os amava. -Suspirei fundo.
-Me fala sobre você. -Ele sorriu e veio para mais perto de mim.
-E por que eu deveria? Hoje mais cedo você quase me matou no olhar, sem contar que, como sabia meu nome? -Lhe dei um empurrãozinho com o ombro.
-Acharia estranho se eu falasse. -Suas bochechas ruborizaram.
-Eu sou uma híbrida, quer algo mais estranho que isso? -Eu ri.
-Sonhei com você, gritava seu nome.
-Gritava meu nome?
-Sim, você... Trazia algo ruim, um sentimento ruim, eu não sei. -Engoli em seco, me senti definitivamente um peixe fora d'Água. Levantei-me rapidamente e dei algumas batidinhas na blusa para ajeita-la.
-Não se preocupe, amanhã mesmo volto pra Veneza. -Sai andando pela floresta.
-Me desculpa Tris, eu não queria te chatear. -Seth dizia vindo atrás de mim.
-Não chateou. -Respondi.
-Não parece. -Ele disse me alcançando.
-Seth, não sou bem-vinda aqui, Jacob me odeia e ainda por cima querem me levar aos Volturi, eu não enfrentei os Volturi para ter que voltar a eles! -Eu cuspi as palavras.
-Me desculpa. -Ele colocou as mãos em meus ombros. -Leah pediu para que dormisse em casa, com certeza vai ser mais confortável do que ficar aqui.
-Leah pediu?
-Ela gosta de você.
[...]
-Obrigado Leah. -Agradeci.
-Dormir no sofá não é o mais confortável mas é o que posso por agora. -Ela sorriu.
-Está ótimo. -Sorri.
-Bom se quiser algo, está tudo na cozinha. -Assenti.
-Boa noite, Tris. -Seth gritou de seu quarto.
-Boa noite, Seth. -Eu respondi rindo.
-Boa noite, Tris. -Leah disse rindo da situação.
-Boa noite, amiga. -Sorri e esse gesto fez Leah sorrir mais ainda.
Todos viam Leah como uma pessoa má e amargurada mas nunca sequer tentaram mudar isso nela ou explorar seu lado bom. Ninguém merece passar pelo que ela passou.
[...]
Liguei a tela do celular, era 4:31, eu não conseguia sequer pregar os olhos então fui até a cozinha, vagarosamente fiz leite com chocolate.
-Ok, missão silêncio cumprid...-O barulho do microondas era quase uma sirene de bombeiros, corri para desligar e tirar o leite dali. -Missão silêncio falhou. -Sussurrei para mim mesma. A luz da cozinha então acendeu e eu quase cai de costas quando vi aquela figura musculosa aqui, com cara de sono, me encarando.
-Você não dorme não? -Ele disse passando por mim e pegando um copo de água.
-Estou sem sono. -Dei de ombros, ele sentou na pequena mesa de madeira e olhou cada centímetro do meu corpo. Meu moletom e o short não ajudavam muito, minhas pernas estavam expostas.
Terminei meu leite.
-Vem, dorme comigo. -Ele disse se levantando e colocando os braços em volta dos meus ombros.
-Seth! -Repreendi.
-Vamos logo, você com certeza vai dormir melhor. -Ele deu um meio sorriso. -E vamos apenas dormir.
Suspirei pensando se eu realmente deveria ir, e não, eu não deveria mas eu iria de qualquer forma.
Ele deitou primeiro e eu me mantive em pé, uma parte querendo correr pro meu confortável sofá e a outra querendo deitar ali.
Em passos lentos, deitei-me, ele deixou que eu usasse seu braço como travesseiro e não demorou muito para que o sono chegasse até mim.
[...]
Os raios de sol atingiram meu rosto em cheio e com dificuldade por causa da claridade abri meus olhos.
Senti o vazio ao meu lado da cama.
Sai do quarto olhando pra todos os lados.
-Como foi a noite hein? -A voz de Leah soou brincalhona.
-Eu dormi feito uma pedra, obrigado. -Rimos.
-Então meu irmãozinho se mantém virgem, que pena. -Ela fez biquinho e eu ri.
-E onde ele está, falando nisso? -Eu perguntei pra ela enquanto dobrava os cobertores que eu havia deixado jogados no sofá.
-Colégio. -Ela respondeu simples, colocando o café a mesa. -Um passarinho me contou que você pretende ir embora hoje.
-Passarinho fofoqueiro. -Eu dei um meio sorriso triste. -Pretendo, não sou bem-vinda aqui,Leah e pode ser que eu cause problemas.
-Esse passarinho quer que fique e eu também quero, você veio por um propósito Tris, não deixe o Jake te abalar por causa do imprinting idiota dele. -Leah disse.
-Seu passarinho teve um sonho ruim comigo antes que eu chegasse. -Eu disse cabisbaixa. -E se isso for um aviso?
-Por enquanto, é apenas um sonho Tris e nada mais que isso, fique, por favor! Mamãe está sempre na casa do Charlie e faz tanto tempo que não tenho uma amiga...-Ela dizia coçando as têmporas.
Então eu vi ali, um motivo para ficar: amizade, família.
Coisa que eu não tinha a muito tempo, era reconfortante ter alguém que mesmo que pouco, se importava comigo.
-Vou me desculpar com Jacob. -Eu disse subitamente.
-Vai? -Ela me olhou com os olhos arregalados.
-Vou ficar Leah, por um tempo, mas se for para ficar preciso fazer isso. -Sorri. Fui até minha bolsa e peguei uma muda de roupas, tomei um banho e me vesti.
-Tem uma ideia de onde ele está a essa hora? -Perguntei a Leah.
-Se não estiver na casa do Billy, estará na casa dos Cullen, só seguir o cheiro de gente morta que você chega lá. -Ela me deu um abraço e eu sai, coloquei os fones e andei vagarosamente, sentindo o cheiro de pinho e flores silvestres.
Jacob estava lá, na frente da casa brigando com sua moto que não ligava nem a pau.
-Tá difícil? -Brinquei.
-Se for pra encher o meu saco, pode dar meia volta. -Ele bufou.
-Ah, eu até ia perguntar se seu ombro estava melhor mas...-Fui dando meia volta fazendo biquinho.
-Diz logo o que quer. -Ele revirou os olhos.
-Jacob, não começamos muito bem então quero me desculpar, se quiser me levar aos Cullen, ótimo mas não aja como um imbecil, você é mais do que isso, tenho certeza. -O encarei esperando uma resposta.
-Eu te desculpo se você realmente for até os Cullen, eu sei que parece idiota mas me preocupo com Renesmee e você... É diferente. -Ele tentou achar as palavras.
-Eu entendo. -Disse agachando ao lado de sua moto, mexi em alguns fios e então ela ligou. -Vamos? Estou curiosa para conhecê-los.
-Agora? -Ele parecia abismado.
-Vamos logo. -Sorri e subi na moto. Eu estava disposta a ficar e isso começaria pelos Cullen.
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