História Cold - Imprinting.

-Ser diferente não é ruim. -Eu tentei conforta-lá.

-Mas eu me sinto tão fora dos padrões, não me encaixo em lugar nenhum. -Ela disse tristemente.

-Claro que se encaixa, você é uma híbrida, como eu e como muitos outros espalhados por aí. -Eu afaguei seu ombro. 

-Desde que eu e Jacob criamos esse laço afetivo, eu me sinto indefesa e diferente, eu o amo mas não tem sido fácil.

-Nunca é fácil principalmente sabendo que você é o imprinting dele. -Eu disse como se fosse óbvio. 

-O que? -Ela questionou confusa. 

Droga. Ninguém contou pra garota que ela era o imprinting de Jacob.

-Puta merda. -Murmurei me levantando. -Não te contaram? 

-Não que eu saiba. -Ela parecia ainda mais confusa. 

-O imprinting é algo exclusivo dos lobos, intenso, que os fazem proteger e amar incondicionalmente seu par. -Eu expliquei.

-É por isso então que...-Ela pareceu ligar todos os pontos e compreender. 

A dor de cabeça voltou e eu pude ouvir a voz de Seth, eu queria vê-lo e dormir aquela noite nos braços dele mexeu comigo. 

-Eu vou indo, preciso pensar, se cuida Nessie e vai pra casa. -Eu dei um leve sorriso e sai andando. Graças ao meu lado vampiro, eu cheguei rapidamente a casa dos Clearwater. Bati na porta de madeira envelhecida e esperei que Leah abrisse mas me surpreendi quando Seth apareceu na porta usando uma regata sem costura nas mangas, uma bermuda e um tênis. 

-O-Oi Seth. -Eu já estava envergonhada só pelo seu cheiro forte de perfume masculino e suor. 

Ele me deu seu habitual sorriso e passagem para eu entrar. 

-Leah me contou que foi ver os Cullen. -Ele disse indo pra cozinha e eu o acompanhei encostando no batente de braços cruzados. 

-Fui, eles me convidaram pra ser parte do clã. -Eu disse e Seth me olhou com os olhos arregalados. 

-V-Você aceitou? -Foi sua vez de gaguejar.

-Claro que não, e onde está Leah? -Eu perguntei. 

-Foi correr o perímetro e fazer o que faz de melhor, remoer como Sam a deixou. -Seth suspirou. 

-Tente entendê-la, ela não pode puni-lo de outra forma e ele quebrou seu coração. -Eu disse. 

-O amor é difícil. -Ele tentou brincar enquanto mordia seu sanduíche. 

-A gente precisa conversar. -Eu disse me sentando na mesa. 

-O que houve, Tris? -Ele pareceu preocupado.

-Minha ligação com você Seth, ela me trouxe aqui e tem me dado náuseas e dor de cabeça. -Suspirei.

Apesar de tudo, eu queria voltar pro Hotel, pra Veneza. 

Eu estava tão dividida, indecisa.

-Como é essa ligação, exatamente? -Ele perguntou sentando na minha frente me olhando no fundo dos olhos. Aquilo me fez vibrar. 

-Eu vejo pelos seus olhos e ouço pelos seus ouvidos quando está longe. -Eu expliquei batucando os dedos na mesa. 

-Então fique perto. -Ele disse baixo. 

-Eu tenho uma vida Seth e ela não é aqui. -Triste. Dividida. Confusa. E mesmo não querendo admitir, eu estava apaixonada por Seth, pela sua beleza, pelo seu cheiro e até pelo calor de seu corpo. 

Seth Clearwater. 

Quando ela disse que precisaria ir embora, foi um tiro no meu peito.

Ao olhar no fundo de seus olhos eu pude ver o que eu procurava, o que eu tanto procurava em outras garotas. Carinho, amor, afeto e o que faltava em mim. Senti um vazio sendo preenchido e então eu entendi o que todos na matilha sentiam. 

Eu entendia o que Quil, Sam e Jacob diziam. 

Eu precisava dela perto de mim, precisava do seu corpo mesmo ele sendo frio de certa forma, precisava cuidar dela e protegê-lá mesmo sabendo que ela é forte o suficiente pra fazer isso sozinha. 

-Não vai, por favor. -Eu pedi colocando um mecha do seu cabelo atrás de sua bochecha. 

Ela tocou minha mão e a segurou contra sua bochecha, dando um leve sorriso. 

Ela suspirou fundo e pareceu voltar pra vida real, tirou a mão da minha e voltou a batucar os dedos na mesa e eu trouxe minha mão de volta pro meu sanduíche. 

-Me sinto estranha aqui e confusa, é péssimo. -Ela disse e olhou pro meu rosto, rindo feito uma louca e eu comecei a rir junto, ela era contagiante. -Tem molho na sua boca todinha. -Ela continuou rindo mas trouxe sua mão até meu rosto e com o dedão limpou meu lábio inferior. -Então, foi pra escola? 

-Sim, é o último ano. -Sorri. -Quando é seu aniversário? -Puxei assunto. 

-28 de novembro. -Ela respondeu. -Se bem que eu não envelheço mais então não muda muita coisa. 

-Claro que muda, são seus 17 anos, certo? E só faltam alguns dias. -Eu sorri. -Fica aqui, até seu aniversário. 

-Ah...-Ela fez manha. -Okay, até meu aniversário. 

-Vou te dar motivos pra ficar. -Fiz carinho em seu rosto e terminei meu sanduíche. 

Ela se levantou na mesa, ela nem sequer parecia pisar no chão, sua silhueta lindamente flutuava. 

O corpo dela era algo inexplicável, lindo, suas curvas eram bem acentuadas e os cabelos escuros num corte reto cobria as costas.

Ela vasculhou sua mochila e pegou um moletom cor de vinho. 

-Vamos dar uma volta? -Ela perguntou contente. 

E então eu tive uma ideia. 

Fui até meu quarto e coloquei umas roupas na mochila. 

-Toma, leva isso. -Joguei a mochila pra ela que pegou no ar. 

Ela sorriu maliciosa e entendeu o que eu quis dizer. 

Corri pra fora e me transformei. Olhei pra ela ainda na porta, era uma sensação única admira-lá. 

Ela subiu nas minhas costas e segurou firme nos meus pelos. 

-Não me deixa cair. -Ela pediu e então eu corri. 

Corri por entre a floresta.

Pro nosso lugar.