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História Cold blood (pernico) - Limiar


Escrita por: redwolfblood

Capítulo 15 - Limiar


Fanfic / Fanfiction Cold blood (pernico) - Limiar

Subitamente, acordei. Como um homem deve descrever uma experiência que nem ao menos sabe se foi fruto de sua mente? Deveria eu dar-me ao luxo de acreditar em um mártir, em algo extrafísico, cuja manifestação aconteceu para que meus olhos pudessem visualizar? Os estudiosos das ciências ocultas defendem a existência de um mundo intramental, explicitando que as consciências individuais constituem seu próprio universo interior. Em nível inconsciente, é possível constatar que cada ser vivo integrante dessa grande cadeia em que vivemos possui sua própria forma de moldar o cosmos. As estrelas que somos capazes de vislumbrar em meio ao céu noturno são reminiscências de estrelas já mortas... Porém foram essas mesmas estrelas que permitiram que nosso universo emergisse da escuridão, e são essas mesmas estrelas as percussoras dos elementos químicos que fluem e são parte do corpo humano.

                Ao menos em minha própria concepção, desespero-me em saber que não conheço realmente a minha mente, por mais que teoricamente seja o indivíduo que a controla. Não me cabe a tarefa convencer e efetivamente provar a veracidade dos relatos que aqui estou inserindo. Existem certas coisas que estão além de minha compreensão e aceitação, entretanto a forma que escolhi lidar com os acontecimentos ao longo de minha vida moldaram quem eu sou hoje. O conhecimento que adquiri ao longo dos anos são limitados, visto que um homem só possui duas pernas, e está fadado a andar uma estrada por vez. Entretanto, existem vivências que somos obrigados a enfrentar não com uma arma empunhada em mãos, e sim com os olhos fechados. Existem batalhas que travamos dentro de nossas mentes, pois é onde o caos de fato reside.

  Ao abrir meus olhos, senti-os pesados, como se não quisessem permitir meu retorno do mundo dos sonhos, como se a realidade fosse ultrajada e pobre de espírito. Afirmaria perante meu sangue que encontrava-me no limiar entre os mundos, e meu corpo foi tomado de um intenso terror ao ver o rosto que estava empenhando-me para apagar de minhas memórias... Aquela que eu realmente amei... Mas que se sacrificou em prol do bem maior.

  “Seu caminho não foi tomado de você. Não entregue-se para a morte desde já. Acorde e fuja. Acorde!”

  Essa última palavra pareceu reverberar nas paredes de minha mente, ondulando meu interior. Me recompus e um impulso de medo tomou conta de meu âmago, pondo-me a correr ao som de tiros. Eu perdi o sentimento de possuir um coração constantemente batendo, tudo que eu de fato via eram as folhas do outono espalhando-se a medida em que eu corria. Foi então que os barulhos de tiros debruçaram-se sobre os meus ouvidos, e eu fui de encontro com o solo.

“Vasculhem o território. Não hesitem em atirar, não importa quem for.” Escutei uma voz ao longe, encolhendo-me no grosso tronco de um pinheiro. Eu imediatamente reconheci a voz, um dos ex-seguidores de Anahí.  Isso só poderia significar uma coisa: estavam atrás de nós. Eu precisava avisar Percy.

  Respirei fundo, e pensei em alguma coisa. Esgueirei-me por entre os troncos, precisava pensar em algo. Rápido. Respirei fundo e olhei novamente para os homens. As chances eram mínimas, mas eu não tinha escolha. Subi em uma árvore, e pulei de um tronco para outro, silenciosamente. Eu necessitava separá-los, ou ao menos afastá-los, pois eles estavam muito próximos da casa de Percy. Ache uma brecha entre as chamas e então, pule a fogueira. Esforcei-me para quebrar um galho grosso porém maleável o suficiente para arrancar com as mãos. Era difícil parti-lo com as mãos sem fazer barulho, então eu subi sobre o galho, segurando-me no tronco da árvore, e pisei sobre ele com os pés. Quebrei o topo do galho, então puxei o resto com as mãos. Dividi o galho ao meio. Era pesado o suficiente.

 Avancei entre as árvores, tomando cuidado para esconder-me entre as folhas. Cheguei o mais próximo que as condições físicas me permitiram, e então, lancei um dos galhos para o outro lado da floresta.

  “Vou conferir” Avisou um homem de jaqueta de couro, empunhando uma escopeta. Primeira parte do plano: sucesso.Dois garotos foram deixados para trás, aguardando que o mais velho voltasse. Atirei-me sobre o mais baixo, e ele desmaiou instantaneamente. Olhei de relance para o outro garoto, que estava distraído. Ele não poderia me notar. Eu precisava ter cuidado.

   Avancei entre as árvores novamente. Então percebi que seria muito arriscado sair de meu esconderijo, caso o outro retornasse. Bati com o galho na árvore atrás de mim, e me escondi mais para frente, agachado. Esperando pela vítima. Como imaginei, ele se aproximou. Então bati com um pedregulho em sua cabeça, com muita força. Quando ele desmaiou, vi sangue. Não parei para ver se estava vivo.

  Lancei-me a correr em direção a casa, e passei pelo homem que estava segurando a escopeta. “Ei, garoto!” gritou ele.

  Continuei correndo, então tive uma ideia para despistá-lo, escondendo-me no chão. Ele passou reto, e nessa hora, arranquei-lhe sua arma. Apontei para ele.

“Mãos onde eu possa ver” disse eu.

“Vou te mostrar on...”

“Agora”

Eu estava convencido de atirar. Puxei o gatilho. Mas hesitei por um milésimo de segundo. E isso estragou tudo.

 O homem tinha um canivete na mão, e segurou a lâmina contra minha garganta.

“Pare de brincar comigo. Devolva a minha arma.”

Eu rapidamente apontei a arma para sua cabeça, e esgueirei-me da faca, mordendo sua mão até sentir o gosto de seu sangue. Cuspi. Ele gritou. Então eu atirei em sua cabeça,e o silêncio predominou novamente. Por alguns minutos, eu encarei seu corpo no chão. Quanto mais vidas eu tirava, mais me sentia morto por dentro. Por um instante desejei não ter o feito.

Quando cheguei na casa, não acreditei no que vi. Entrei correndo no jardim, e estava determinado a fugir com Percy e Sally dali... As ilusões por vezes tomam conta de nós. Acreditamos no que queremos acreditar. Eu realmente não tinha intenções de deixar as únicas pessoas com quem me importo para trás, pois sentia que devia algo a eles. A sensação de amar alguém sem ansiar por algo em troca pode ser reconfortante, mas ao mesmo tempo destrutiva.

 Percy estava ajoelhado e amordaçado. Meus batimentos se aceleraram e eu senti minhas pernas ficarem pesadas, e minha garganta secou. Corri até ele, tremendo. Seu rosto estava plácido, e ele não tentava se soltar. Então,quase que imediatamente, tive meus cabelos puxados violentamente, e fui atirado ao chão. A dor ao bater a cabeça foi excruciante. 

“Agora, vocês não tem quem lhes proteger.”  Disse o meu agressor. “Mas dessa vez, não serão sacrificados, não haverão cerimônias. Matem o intruso.” 



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