História Cold Water - Garotas crescidas não choram

                                                                             15 de junho de 2016 —  Canadá       

                                                                                         Selena                                                                                      

Depois daquele pedido inesperado todos foram para suas casas ficando somente Justin, Chaz e meu irmão. Às vezes eu o pegava me olhando ainda sem acreditar que eu estava ali em sua frente. Estava cansada de ouvir histórias do passado deles e resolvi sair para tomar um ar, a noite estava bastante agradável, o céu cheio de estrelas e uma lua maravilhosa. Sentei em uma cadeira que tinha no jardim observando o céu, senti uma presença do meu lado e logo suspirei.

— Você mudou, está mais madura agora. — Justin disse olhando para o céu. Sorri para o mesmo.

— Você também mudou muito, lembro que você tinha muitos ciúmes daquele topete. — Ele sorriu e me olhou nos olhos.

— Muita coisa mudou depois que você partiu, porque se foi? Aquele dia você estava tão desesperada e eu não ajudei, eu fui muito idiota. — Ele abaixou sua cabeça.

— Eu precisei partir, aquela noite eu estava precisando de você. Talvez se você tivesse me ouvido tudo teria sido diferente hoje. Mas não importa agora estou aqui, vou me casar com Chaz e temos uma filha linda juntos. Não preciso de mais nada. — Sorri para ele.

— Era sobre isso que eu queria falar, você acredita que quando eu vi aquela criança pensei que pudesse ser minha filha? — Arregalei os olhos e ele riu de minha cara. — Eu sei, é loucura. Depois que eu soube que você foi embora eu fiquei muito chateado, descobri que você era muito mais importante do que eu pensei que fosse. — Ele se aproximou de mim e eu me perdi no castanho dos seus olhos. — Você está tão linda, sinto muito as coisas terem ido para um rumo diferente. — Cada vez mais ele se aproximava, comecei a recuar para trás na tentativa falha de me afastar dele, o mesmo meu puxou para um abraço apertado depositando um beijo em minha nuca que me fez arrepiar por completo. — Sel, descobri que tenho uma queda por você e esses anos longe foram uma tortura.

— Justin. — Disse me afastando do mesmo. — Você sabe que agora não podemos, estou noiva do seu melhor amigo e além do mais tudo que tínhamos no passado vai ficar lá. Se me lembro bem, foi um erro o envolvimento que tivemos, não é? —  Lembrei da frase que o mesmo disse anos atrás, me levantei e o deixei ali sozinho. Voltei para dentro da casa notando que Chaz já se despedia dos pais e de meu irmão.

— Onde estava? Estou te procurando faz um tempo. — Ele disse beijando o topo da minha cabeça.

— Precisava tomar um ar, não estava afim de ouvir coisas sobre as noitadas de vocês. — Ele sorriu e olhei para o meu irmão que me olhava com seriedade, ele me conhecia bem e sabia que eu estava com Justin. — Onde está Vale? — Olhei para meu noivo que mexia atentamente em seu celular.

— Lá em cima com minha irmã. Vou chama-la. — Ele se levantou e subiu as escadas.

— Eu sei que estava com ele, por favor não pise na bola com Chaz, ele é um bom garoto. — Ryan disse sério.

— Eu sei, Justin só foi me cumprimentar. Não passou disso, e não vai passar. Aquela paixãozinha coisa de adolescente ficou no dia em que fui embora.

Chaz voltou para a sala já com Valentina em seus braços, seu rosto estava todo maquiado e ela ria contando o que fez com Jade no andar de cima. Justin apareceu chamando a atenção de todos.

— Você sumiu, onde esteve? — O olhei esperando que sua resposta não fosse a respeito de nós dois.

— Estava conversando com Caroline no telefone, sabe como ela é né. — Ele disse debochando da minha cara.

— Ainda tem rolo com Line? Você não muda mesmo em Justin? — Chaz riu e fiquei sem entender o motivo do apelido.

— Pelo visto ainda lembra de como chamava ela, velhos tempos. — Meu sangue começou a ferver.

— Não diga isso na frente dela, você sabe que não quero ser lembrado dessa história. — Estava com tanta raiva a ponto de explodir.

— Mas vocês não vão noivar? Tem que contar tudo para ela, ou você não disse sobre ela? — Justin implicava cada vez mais me deixando nervosa.

— Chega Justin, esse assunto tem muito tempo. Não tem o porquê de revive-lo. — Ryan se intrometeu.

— Eu só estava brincando. — Ele deu de ombros e sai sem dizer nada, preferi esperar Charles no carro.

Cheguei em casa, no caminho foi um total silencio. Durante três anos nunca ficamos chateados um com o outro, brigávamos sempre por coisas bobas. Chaz tentou conversar comigo mas disse a ele que estava cansada demais e não queria discutir na frente de Valentina. Tomei um banho e vesti minha camisola de seda, comecei a passar creme em minhas pernas e senti a presença de Chaz atrás de mim.

— Eu sei que está chateada pelas coisas bobas que o Justin disse, ele é assim mesmo. — Ele beijou minha nuca, o que me fez lembrar do ato de Justin mais cedo.

— Não estou chateada, você sabe que eu nunca fico. — Sorri sem graça e deitei na cama pegando o livro que estava terminando de ler.

— Estava pensando em curtir minha futura noiva. — Ele fechou o meu livro e colocou na cabeceira da cama.

— Sua futura noiva está tão cansada. — Ele me olhou decepcionado. — Mas, talvez eu possa recompensá-lo esta noite. — Chaz sorriu me beijando.

De início seus beijos eram calmos, mas começamos a esquentar. Chaz começou a me despir deixando-me nua. Começou a beijar meu corpo por completo até parar na minha intimidade. Senti seu hálito quente próximo a região e logo ele já estava abocanhando minha intimidade, arqueei as cortas sentindo aquele prazer imenso. Ele chupava meu clitóris enquanto penetrava dois dos seus dedos dentro de mim. Chaz subiu em cima de mim se posicionando na minha entrada, ao sentir seu membro me invadir nossas respirações pararam por um segundo, nossos corpos se arrepiaram e seus movimentos me proporcionavam sensações maravilhosas. Depois de muitas investidas de ambos, chegamos nos nossos limites juntos. Chaz deitou ao meu lado, seu cabelo estava grudado na testa por conta do suor.

— Eu te amo! — Ele disse me olhando nos olhos.

— Eu também te amo Chaz. — Selamos nossos lábios e acabamos pegando no sono abraçados.

Acordei sentindo uma agitação na cama, abri os olhos lentamente tentando me acostumar com a claridade, vi Valentina pular na cama na tentativa de me acordar.

— Bom dia mamãe, finalmente acordou. — Sorri para minha pequena notando que Chaz não se encontrava na cama. Escutei o barulho da ducha e deduzi que o mesmo tomava seu banho matinal.

Depois de uns cinco minutos, ele saiu do banheiro sem a toalha e Valentina tampou os olhos fazendo nós dois rimos.

— Eca papai, porque não veste uma roupa? — Ainda com seus olhos tampados ela fala.

— Já vesti meu amor, pode tirar suas mãos do rosto. — Chaz fala se aproximando de nós, sela nossos lábios e em seguida beija a testa da nossa pequena.

Levantei da cama indo até o banheiro, fiz a minha higiene matinal amarrando meu cabelo em um coque frouxo. Desci as escadas sentindo um cheiro agradável vindo da cozinha. Chaz fazia panquecas com a ajuda de Valentina.

— Que cheiro maravilhoso, estou faminta. — Eles sorriram e se juntaram a mim na mesa. Servi suco para mim e para Vale, depositei calda de chocolate nas panquecas e saboreei aquela delicia.

— Amor, vou ao shopping hoje com Chris, Justin e seu irmão. Quer ir? —  Chaz perguntou dando um gole em seu suco.

— Ah! Acho melhor não, só vão os garotos e não me sentiria bem no meio de vocês. — Sorri para o mesmo que me olhava com uma certa tristeza nos olhos.

— Posso ao menos levar Vale comigo? —  A menina arregalou os olhos e me olhou como se estivesse implorando.

— Mas é claro, não precisa perguntar amor. Ela também é sua filha. — Vale bateu palminhas nos fazendo rir.

— Não se preocupe, vou arrumar ela. — Assenti observando os dois saírem da cozinha, segui terminando o meu café da manhã.

Depois de vinte minutos, Chaz desce as escadas seguido por Vale, estava sentada no sofá vendo um programa de fofocas qualquer. Valentina usava um short jeans com um cropped florido que havia ganhado de minha tia, nos pés seu par de vans rosa e no cabelo uma tiara cor azul. Segurava sua inseparável boneca da Barbie.

— Como estou mamãe? — Ela disse dando uma volta para que eu a visse por completo.

— Está linda meu amor, uma verdadeira princesa. — A abracei forte e observei Chaz mexendo em seu telefone, nunca fui uma pessoa ciumenta, que pegasse o telefone do marido e fuçasse em tudo, mas as vezes ele me irritava. Ficava de risadinhas pelos cantos e aquilo me tirava do sério. Ele percebeu que o olhava e guardou o aparelho em seu bolso.

— Vamos? — Ele estendeu a mão para nossa pequena. — Voltamos as seis amor, almoçaremos em algum restaurante por lá, não se preocupe. — Selou nossos lábios e eu os acompanhei até a porta. Avistei os dois virarem a esquina e entrei para casa. Hoje seria um dia longo, sem vários nadas para fazer. Peguei meu telefone olhando meus contatos, disquei o número de minha mãe.

— Mãe? — Falei assim que ela atendeu.

— Oi meu amor, como vai? Está se adaptando a nova casa? — Sentei na poltrona enquanto a ouvia.

— Um pouco, ontem quando eu vi Justin fiquei meio desconfortável. Eu sabia que iria encontrar com ele, mas justo no dia em que eu volto? Isso é sacanagem. Acredita que ele disse que pensava que Vale é filha dele? —  falei olhando fixamente para o nada esperando sua resposta.

— O que você disse? Vai contar a ele a verdade? Eu sei que o Chaz registou a menina, mas ele tem que saber que é o pai e Chaz também, isso não é justo com ele. — Suspirei.

— Eu sei mãe, mas não agora. Eu não estou preparada. Mas, eu não liguei para isso. A senhora sabe se Louisa mora no mesmo lugar? Queria fazer uma visita. — Fazia tanto tempo que não a via, perdemos o contato assim que me mudei.

— Mora sim meu amor, ela morre de saudades suas, o tempo dela é tão corrido. Vá mesmo fazer uma visita, ela sumiu daqui de casa. Tenho que desligar agora, seu pai está precisando de ajuda no jardim. Eu te amo meu amor, passa aqui mais tarde.

— Pode deixar mãe, mande um beijo para ele. Eu amo vocês. — Por fim desliguei, subi as escadas e fui até o banheiro, precisava tomar um banho. Entrei no box e liguei o registro sentindo a água quente relaxar meus músculos. Passei shampoo em meus cabelos massageando os mesmos. Depois de mais alguns minutos sai me enrolando no roupão, fui até o closet para escolher uma roupa confortável. Peguei uma saia e um cropped azul marinho com um all star preto de cano médio. Passei uma leve maquiagem no rosto e deixei meus cabelos soltos. Peguei minha bolsa colocando dinheiro e meu celular.

Sai de casa e fui até a praça principal para pegar um táxi, observei um livre e o chamei. Entrei no veículo amarelo, indicando para o senhor onde queria ir. Depois de uns vinte minutos chegamos na casa de Louisa, paguei o moço e desci do veículo. Toquei a campainha da casa amarela esperando que alguém atender. A porta foi aberta revelando Louisa de roupão com os cabelos molhados.

— Sel? Meu Deus, é você mesmo? — Ele disse me abraçando forte.

— Sim, sou eu. Você sumiu, achei que te encontraria no dia em que cheguei. Ryan não te contou? — Ela me convidou para entrar.

— Não foi só com você que perdi o contato, mas sua mãe me disse que iria chegar. Eu só não quis ir e evitar um clima desagradável. — Franzi o cenho sem entender nada.

— Eu e Ryan tentamos ter um relacionamento sério, porem ele me traiu com Caroline. Brigamos feio, ele ameaçou me bater. — Ela disse com lágrimas nos olhos.

— O que essa garota tem? Primeiro Justin, Chaz e agora Ryan? Eu não acredito que ele fez isso. Eu vou ter uma séria conversa com ele. — Falei sentindo a raiva tomar conta de mim.

— Falando em Chaz,me conta a história garota. Eu fiquei sabendo, conta tudo. — Rimos e comecei a contar a história minha com Chaz.

Ficamos colocando o papo em dia que acabamos perdendo a hora do almoço. Então eu a convidei para irmos almoçar fora, ela aceitou é claro. Fomos andando mesmo, fazia tempo que não andava pela cidade, tudo estava tão diferente. Chegamos no restaurante que ficava perto do shopping onde Vale estava, não fui até eles. Hoje eu queria passar o dia com minha amiga.

— Eu não acredito que o Justin ainda teve a cara de pau de ir lá. — Ela disse se referindo a noite em que eu cheguei.

— Dá para acreditar? Ele ainda ficou tentando me agarrar. Ele ainda tem rolo com Caroline? — Perguntei fazendo com que ela me olhasse com um ar de desconfio.

— Por que quer saber? Não vai me dizer que ainda sente algo pelo Justin. — Revirei os olhos.

— Claro que não, ele disse que estava no telefone com ela. — Ela me encarava sério.

— O que eu sei é que ela estava grávida a uns dois anos atrás. Mas perdeu o bebe, não sei se era do Justin, nunca mais soube dos dois juntos. Talvez seja só pregação. — Ela deu de ombros. Esse assunto ficou martelando minha cabeça por todo o almoço. Será que Justin era o pai da criança? Mas, porque será que isso me incomodava tanto? Balancei a cabeça espantando os pensamentos.

Depois que saímos do restaurante resolvemos ficar sentadas na pracinha vendo as crianças brincarem no parquinho que tinha mais à frente. O sol estava se pondo e achei melhor ir para casa.

— Lou, nosso dia foi maravilhoso. Mas, eu tenho que ir. Chaz já deve estar chegando, se não já chegou. — Ela sorriu. — Podemos marcar outro dia?

— Claro meu amor, fiquei muito feliz em vê-la. — Ela disse chamando um táxi, entrou no mesmo e mandou um beijo no ar para mim. Avistei os meninos com Valentina, porém não vi Chaz. Me aproximei deles.

— Oi meninos. — Toda a atenção foi voltada para mim, assim que Vale me viu correu para os meus braços. — Onde está Chaz? — Eles engoliram a seca e se entreolharam.

— Ele foi... foi. — Ryan disse gaguejando e procurando palavras para dizer.

— Foi? Onde ele foi? Que falta de irresponsabilidade deixar Valentina sozinha. — Já estava começando a ficar irritada.

— Ela não está sozinha, olhe só para nós três. Somos alguém. — Justin falou e revirei os olhos.

— Vocês não sabem nem cuidar de si mesmos quem dirá uma garotinha de três anos. — Ryan ria da cara que Justin fez.

— Papai! — Valentina gritou, os garotos arregalaram os olhos e me virei para ver o que estava acontecendo. Chaz conversava com uma mulher loira, prestei mais atenção e era Caroline. Ele se despediu dela com um abraço e um beijo no rosto, porem ela virou e acabaram dando um selinho. Caroline abriu os olhos e me viu, piscou para mim e aprofundou mais o beijo. Meus olhos estavam marejados, eu só queria sair dali e foi o que eu fiz, puxei minha filha pelos braços e sai o mais rápido que eu podia. Não iria permitir que ninguém me visse chorar, porque garotas crescidas não choram, ou eu pensei que não chorassem.