História Cold Water - Descobertas

                                                                                                                                            Selena

— Justin, o que está fazendo aqui? — Chaz disse tentando segurar o loiro provavelmente bêbado.

— Eu vim pedir desculpas, eu te amo Chaz— Justin abraçou com dificuldade meu noivo.

— Você está bêbado, volta para casa. Cara, estou ocupado aqui. — Chaz apontou para mim, nossos olhares se encontraram, Justin piscou para mim e foi então que eu percebi o quanto imbecil ele podia ser, ele estava fingindo tudo aquilo.

— Você vai me deixar aqui por essa piranha? — Confesso que suas palavras doeram. — Eu cheguei primeiro na sua vida! — Aquilo chegava a ser engraçado, se não fosse tudo uma farsa.

— Justin, você pode estar bêbado, mas eu não admito que fale assim dela. Vá embora! — Chaz disse irritado tentando empurrar Justin para fora do quarto.

— Chaz eu te amo, não me abandona— Ele entrou no quarto vindo em minha direção, tentei me cobrir com o lençol fino.

— Sel, vou levar ele para casa. Me perdoa! — Neguei com a cabeça, sentia meus olhos marejarem. Justin só queria ferrar com minha noite. Observei os dois saindo e coloquei minha roupa novamente. Peguei meu celular discando o nome de Ryan, após três toques ele atendeu.

— Sel? Porque está me ligando essa hora? — Pela sua voz ele provavelmente estava dormindo.

— Vem me buscar, por favor. — Não conseguia conter minhas lágrimas e soluços— Estou no motel Suker.

— Tudo bem, eu já estou indo. — Ele desligou o telefone, sai do quarto e desci no elevador. Porque Justin estava agindo daquela maneira? Eu não entendo, quando eu estava afim dele ele não dava a mínima para mim, e agora isso? Sentei em frente ao motel. Senti alguns pingos de chuva cair sobre mim. Ryan chegou depois de dez minutos e eu já estava ensopada. Entrei em seu carro sem me importar se eu estava molhando tudo. Ele não disse nada, muito menos eu, tudo que eu fiz foi encostar minha cabeça na janela de vidro e observar as gotículas de água cair no mesmo. Ao chegarmos em casa fui direto para meu quarto, Valentina dormia esparramada na cama de casal. Fui para o banheiro e tomei um banho quente, vesti meu roupão e enrolei uma toalha na cabeça. Peguei minha bolsa escolhendo um pijama, queria voltar para minha casa o quanto antes, e não passaria de amanhã. Não estava magoada com Chaz, ele não tem culpa de ser tão bobinho a ponto de não perceber que Justin é um canalha. Desci as escadas indo até a cozinha, peguei os ingredientes para preparar um chocolate quente. Me assustei ao ver Ryan sentado na bancada, coloquei a mão em meu coração.

— Pode me contar o que aconteceu agora? — Seu semblante mostrava seriedade.

— Justin aconteceu. Eu não sei o que deu nele, está tentando ferrar meu noivado e minha cabeça. Há alguns anos atrás ele não queria saber de mim, e agora vem querer demonstrar algum tipo de sentimento. Fodendo meu psicológico. — Suspirei derrotada. Chás me olhava sem entender nada. — Eu estava no quarto com o Chaz e ele apareceu lá se fingindo de bêbado.

— O Justin é um idiota, e você sabe disso. Vou conversar com ele, pedirei para que ele mantenha distância. Mas, você terá que contar uma hora ou outra que ele é o pai de Valentina.

— Eu sei Ryan, eu contarei quando estiver pronta. Eu não quero que Justin estrague minha vida, ele teve a chance dele e jogou fora, porque insistir no passado? — Falei confusa.

— Sel, ele sempre gostou de você. — O olhei assustada. — Eu sempre peguei no pé dele, ele era mais velho e você é minha irmã. Eu sempre soube que o Justin era um idiota e não queria que você se envolvesse com ele, não queria que ele partisse seu coração. Depois que você foi embora nós dois brigamos feiro, ele me disse que você procurou ele aquele dia, depois que você saiu do apartamento dele, ele deu um fora na Caroline para ir atrás de você e contar o que sentia, mas você sumiu e só voltou horas depois que ele já tinha desistido de esperar e ainda mais voltou soltando aquela bomba da gravidez, então você foi embora e o deixou desnorteado. Você foi o primeiro amor de Justin, eu fiz de tudo para ele não se aproximar de você, não deu muito certo já que vocês dois tem uma filha juntos. — Então Justin correspondia os sentimentos? Meu Deus! Fiquei paralisada olhando para um ponto fixo do chão.

— Eu não sabia, mas agora eu não posso ficar com ele. Eu vou me casar — Falei afastando os pensamentos da minha cabeça, me fiz de durona novamente.

— Você tem certeza que ama o Chaz? — Sua pergunta me pegou desprevenida e fiquei pensando longos minutos. — Tenho. — Só consegui responder isso, será que eu tinha certeza mesmo?

— Eu falo isso porque você só ama uma vez na vida, e se não for o Chaz — Interrompi sua fala.

— Não é o Justin que vai ser. Boa noite! — Falei rude, desisti de tomar meu chocolate. Fui para o quarto me deitando ao lado da minha pequena, puxei seu corpo para mais perto e dormi agarrada com ela.

Acordei sentindo um incomodo em meus olhos provocado pela frecha de luz que vinha da janela, notei que Vale não estava mais na cama. Observei um buquê de rosas vermelhas em cima da escrivaninha, me levantei indo até lá. Peguei o pequeno bilhete em mãos.

“Me desculpe por ontem, prometo fazer melhor hoje. Só que dessa vez, nós três! Como uma família. Eu te amo, tenha um bom dia! ”

Sorri ao ler aquilo, Chaz era um homem incrível. Fiz minha higiene matinal e desci as escadas encontrando minha filha brincando no tapete da sala. Ela correu até mim me abraçando forte.

— Bom dia mamãe, quando a gente vai voltar para nossa casa? Estou com saudades do papai. — Ela choramingou, que drama.

—Mas você o viu ontem. — Ri nasalado. — Seu pai está trabalhando agora, o que acha de tomarmos um café bem gostoso com a vovó, depois voltarmos para nossa casa e ainda fazer uma visita ao papai? — Ela assentiu batendo palmas. Nos direcionamos a cozinha.

— Oi princesa. — Meu pai falou sorrindo, retribui o sorrido para ele.

— Oi pai, bom dia! — Ele me olhou com a sobrancelha arqueada.

— Eu não falei com você, minha princesa é Valentina. — O olhei boquiaberta, Ryan começou a gargalhar forte fazendo com que se engasgasse com seu suco de laranja. Bati forte em suas costas e o mesmo reclamou da dor.

— Idiota. — Ele falou em um tom mais baixo, mas mesmo assim ainda dava para ouvir. Ameacei a dar outro tapa e o mesmo sorriu forçado. — Te amo maninha.

— Sei! Hoje voltarei para casa, tenho que começar os preparativos para o casamento. Isso com certeza vai me deixar acabada.

— Você ainda não fez isso? Você é muito lerda Selena, se quisesse mesmo se casar com o garoto já estava com tudo pronto. — Revirei os olhos enquanto minha mãe me dava sermão

Após o café, arrumei minhas coisas para voltar para casa. Despedi de meus pais e do eu irmão, e peguei um taxi. Ao chegar na enorme mansão tudo estava impecável. Valentina correu para seu quarto e eu percebi que sua saudade mesmo era de todos aqueles brinquedos. Notei que já estava quase na hora de almoço, dei um banho em Vale, vestindo um vestido vermelho e uma sapatilha preta, deixei seus fios loiros soltos. Vesti uma calça jeans com um cropped preto de renda. Fui até a garagem e peguei um dos carros que estavam lá, ajustei Vale na cadeirinha e dei a partida para a empresa de meu noivo. Ele era gerente de uma das filiais de arquitetura. Estacionei o carro no estacionamento do prédio, tirei minha filha da cadeirinha arrumando sua roupa amassada. Chamei o elevador que estava no térreo, entramos na caixa metálica e dei uma última conferida ano meu visual. Ao abrir a porta, os olhares foram direcionados para mim, algumas mulheres me olhavam com inveja e os homens com malicia. Uma loira interrompeu minha passagem.

— Senhora, não tem permissão de estar nesse andar, provavelmente deve ter errado. — Ela dizia debochadamente enquanto todo mundo parava de trabalhar para prestar atenção na conversa.

— Desculpe. — Olhei em seu crachá. — Sarah, você não me conhece certo? Eu não estou no andar errado, vim ver o meu marido. Charles Somers. — Ela me olhou boquiaberta. Passei por ela esbarrando em seu ombro, as pessoas ao redor cochichavam. Cheguei em frente a uma porta com o nome do Chaz. A recepcionista estava com a cabeça baixa falando ao telefone.

— Não pode entrar sem a permissão do Chaz. — Oh não! Aquela maldita não! — Virei irritada para ver mesmo se não era uma alucinação minha. Ao me ver sua feição de debochada apareceu e eu não estava conseguindo conter minha raiva, eu não estava acreditando que Chaz tinha contratado essa vagabunda para ser sua secretária.

— Caroline, querida eu não preciso de permissão. — Soltei um beijo no ar e ela me olhou com raiva. Abri a porta de Chaz com toda a força que eu tinha, isso fez com que ele se assustasse, e provavelmente já sabia o motivo. Valentina me olhava assustada.

— Amor, que surpresa. Não sabia que viria aqui hoje. — Ele tentou me beijar, mas virei o rosto. Valentina pulou em seu colo o enchendo de beijos.

— Quando pretendia me contar. — Sentei cruzando as pernas.

— Não fui eu que contratei ela, quando cheguei aqui ela já trabalhava. Me desculpa por não ter contado. — Ele colocou Valentina deitada no pequeno sofá azul que tinha na sala.

— Eu vim para almoçarmos juntos. — Disse fitando minhas unhas coloridas de vermelho.

— Eu não sabia e marquei de almoçar com Justin, você se importa? — O olhei com a sobrancelha arqueada.

— Não me importo não, eu vim aqui para almoçarmos juntos, como disse. E não vai ser seu amiguinho que vai me fazer desistir. — Peguei minha bolsa e Valentina correu novamente para o colo de Chaz. Nós saímos da sala e todos os olhares se voltaram para nossa direção novamente. Chaz cumprimentava algumas pessoas e exibia Valentina, assim como me exibia. Descemos no elevador e Chaz pegou seu carro, fui até o meu pegando a cadeirinha de Valentina, Chaz a ajustou na mesma. Entrei no banco passageiro e ele deu a partida.

— Você está linda! — Olhou para mim e eu sorri. Ele passou sua mão em minha coxa, deixando um apertão ali. Olhamos para trás e Vale estava cochilando na cadeirinha. Chaz enfiou a mão dentro da minha calça, ele começou a fazer movimentos circulares em meu clitóris, me fazendo ir a loucura. — Estou louco para foder com você, nada vai atrapalhar nossa noite hoje.  Assenti recebendo seu carinho na minha vagina. Chegamos no local em que ele marcou com Justin, Valentina despertou e eu a peguei no colo. Chaz foi na frente, logo eu apareci e os encarei na última mesa perto da janela. Valentina correu até eles, abraçando Justin, isso me pegou de surpresa porque não sabia que eles tinham ficado tão ligados. Andei lentamente até a mesa, o olhar de Justin veio sob mim.

— Espero que não se importe, Selena chegou de surpresa em meu escritório. — Chaz explicou.

— Não me importo, ainda mais porque você trouxe essa coisa linda aqui. Essa menina é um anjo. — Justin brincava com minha filha, Chaz pareceu ficar incomodado e observava calmamente tudo, ele começou a intercalar os olhos entre Justin e Valentina, as vezes olhava para mim e eu sorria nervosa, mas o garoto não me retribuía.

— Chaz? Está tudo bem? — Justin chamou sua atenção.

— Sim! Eu vou ao banheiro, podem ir fazendo os pedidos. — Assentimos e ele saiu olhando para trás.

— Tem certeza que ele está bem? — Pela primeira vez Justin se dirigiu a mim.

— Não! Eu sei o que deve estar se passando pela cabeça dele. — E não era coisa boa, Justin me olhou confuso. — Porque foi até aquele motel ontem, porque me chamou de piranha? Porque você quer ferrar meu relacionamento? — Soltei tudo de uma vez percebendo meus olhos marejados.

— Eu te quero novamente, eu preciso sentir seu beijo, seu corpo. — Valentina parecia prestar atenção.

— Não fale essas coisas na frente dela. — Ele assentiu e Chaz sentou novamente na mesa. — Garçom? — Chamei o rapaz que estava próximo a nossa mesa. — Por favor, traga uma salada para mim e um macarrão quatro queijos para minha filha. — Ele assentiu anotando. — Também traga um suco natural de laranja e uma taça do seu melhor vinho. — Os garotos me olharam.

— Eu quero macarrão à bolonhesa, com o mesmo vinho. Por favor! — Foi a vez de Justin pedir.

— Um whisky bem forte, com muito gelo. — Olhei para ele com seriedade no rosto. Ele deu de ombros e o garçom se retirou da mesa. Chaz continuava a olhar Justin brincando com Valentina e aquilo estava me matando por dentro. Seus olhos pareciam lacrimejar.

O garçom trouxe nossos pedidos, comi lentamente sem ter contato visual com nenhum dos dois. Apenas ajudei Valentina a comer seu macarrão. Chaz pediu três copos cheios de whisky e aquilo estava me irritando muito, eu sempre pedi para que ele não bebesse perto da nossa filha. No final do almoço eles foram pagar a conta, Chaz cambaleava um pouco. Tratei de tirar Valentina do restaurante e a coloquei no carro, peguei o tablete que estava na minha bolsa e coloquei o filme da princesa Elsa. No estacionamento, encostada no carro, notei os dois vindo em minha direção. Chaz sem condições de ficar em pé, whisky já era forte e tomar na hora do almoço ainda, de barriga vazia.

— Obrigada pelo almoço, teria como você me dar uma carona? Nesse estado sei que Chaz não voltara para a empresa. — Assenti.

— Pode dirigir para mim? Estou com a cabeça doendo. — Justin assentiu, entrei no banco traseiro ao lado da minha filha, enquanto Justin dirigia e Chaz ficava resmungando algumas coisas. Chegamos na mansão, Valentina dormia novamente. — Justin? Pode levar Valentina para seu quarto? Eu levo ele. — Justin assentiu pegando minha pequena em seu colo, ele acariciava seu pequeno rosto. Puxei Chaz para dentro, subimos as escadas com cuidado e o joguei em cima da cama, retirei seu sapato e sua camisa.

— Eu sei quem é o pai de Valentina. — Arregalei meus olhos. — Você também percebeu né, você sabe porque eu fiquei os encarando. Você sabe porque eu enchi a cara nesse almoço. Porque? Porque ele. — Retirei sua calça enquanto vestia seu moletom no mesmo.

— Não sei do que está falando. — Tentei me afastar, mas ele pegou forte no meu braço. — Me solte! Você está me machucando.

— Então me fale quem é o pai dela, diga que eu estou certo. Diga em voz alta. — Ele insistia.

— Eu não tenho nada para falar, me solta ou eu vou gritar. — Chaz riu, ele não estava em sã consciência.

— Fala em voz alta que ele é o pai dela, não mente mais para mim. Fala agora, sua vagabunda. — Ele me deu um tapa na cara, aquilo me pegou tão de surpresa, minhas lágrimas escorriam em minha face. — Você vai me falar, por bem ou por mal. Me fala agora Selena, fala que Justin é o pai dela. — Ele gritou.

— Sim, ele é o pai dela. Justin é o pai de Valentina. — Gritei sentindo minhas lágrimas caírem, olhei em direção a porta e Justin me olhava estático, ele se ajoelhou suas lágrimas rolavam em sua face. Ele descobriu, e foi da pior maneira.