História Colecionador de Lágrimas - Sexta Lágrima

Capítulo VI : Sexta Lágrima.

 As mãos de Namjoon tremiam sobre o mogno da mesa escura, seu coração estava prestes a pular para fora de seu peito de tão rápido que batia dentro da caixa torácica, algumas gotículas de suor começavam a se formar em suas têmporas, consequentemente, molhando alguns fios loiros próximos ao local. Exageradamente, segundo o próprio, o que estava passando por seu corpo, era a sensação de se estar quase morrendo.

 A iluminação do local estava baixa e a pouca luz que preenchia o ambiente era a que vinha do palco pequeno e improvisado daquela ‘boate’.

 Estava sentando em uma das mesas um tanto afastada para o escuro do lugar, porém, de forma que poderia ter uma perfeita visão da parte mais elevada de lá. Seokjin ao seu lado, encostado na cadeira, possuía em mãos um copo que continha uma mistura de bebidas alcoólicas coloridinhas.

 Antes do mais velho estar engolindo aquele líquido, o loiro espantou-se por um 'ser sagrado' estar bebendo daquela forma, mas segundo Seokjin, era pra ele relaxar que ainda eram jovens para se preocuparem com isso, fazendo logo Namjoon também juntar-se ao outro com uma garrafa de cerveja, assim que algumas apresentações se iniciaram, mais por nervosismo do que qualquer outra coisa.

 Namjoon estava em uma enorme briga interna se deveria ou não subir naquele palco e soltar todas as palavras que havia escolhido com calma em casa e as treinado durante aquele sábado inteiro, até mesmo no chuveiro.

 Levantou-se indo em direção ao balcão, onde um rapaz de cabelos pretos e um sorriso com dentes grandinhos se encontrava, logo pedindo por mais uma garrafa de bebida da qual a sua havia acabado, e aproveitando para fazer algumas perguntas sobre a movimentação e as apresentações de lá ao jovem, que prontamente lhe respondeu.

 - Ah cara, não precisa ficar nervoso assim, apenas suba lá e mostre o que você sabe. – riu para Namjoon enquanto passava um pano úmido pelo balcão, o limpando. – Não tem segredo.

 Fez mais algumas perguntas sobre o local para tentar, ao menos um pouco, eliminar o nervoso em que se encontrava.

 Agradeceu pela garrafa logo voltando para onde estava sentado, percebendo ainda enquanto caminhava, a presença de mais uma pessoa na mesa conversando junto de Seokjin, de costa para si.

 Reconheceu o cabelo laranja gritante e inconfundível de Taehyung e tratou de bagunçá-los assim que chegou perto do menor.

 - O que quer? – disse com a voz grossa, levantando-se realmente bravo, virando para trás a fim de tirar satisfações com quem é que seja que havia tocado em seu cabelo, dando de cara com o loiro. – Ah, Joonie-hyung é você, pensei que fosse de novo o engraçadinho que veio antes zoar meu cabelo.

 - Calma aí, garotão! – riu alto bagunçando novamente os fios alaranjados. Sabia o quão diferente e irreconhecível Taehyung poderia tornar-se quando estava irritado, desde o primeiro ano do ensino médio, quando viu o menor praticamente desfigurar o rosto de um rapaz duas vezes maior que si quando o mesmo zombou de Jung – Ah Tae, conseguiu convencer Hoseok-hyung a vir?

 O loiro viu um sorriso pequeno formar nos lábios do menor no momento que lhe fez a pergunta, tirando um risinho baixo de si pela reação do outro.

 - Consegui Joonie-hyung! – respondeu alegre – Ele foi ao banheiro antes de entrarmos, já, já volta.

 Namjoon assentiu sorrindo, sentindo-se um pouco mais ansioso para reencontrar o amigo que não via por tanto tempo, desde que se mudou para sua atual casa pequena, um tanto longe da casa dos outros.

 Seokjin estava focado em cada garoto que subia naquele palco, questionando-se internamente como seria a vida de cada um deles se fosse levar em conta através das palavras que soltavam junto da batida ritmada. Imaginou o quão instável seriam aqueles jovens correndo atrás de seus sonhos e muitas das vezes falhando na busca deles.

 Mas de alguma forma, não conseguiu imaginar como seria se ele os acompanhasse assim como faz com Namjoon, o que imediatamente o assustou, pois naquele momento, sentiu como se talvez não conseguisse mais se imaginar como alguém sem o loiro no caminho.

 Perdidos na apresentação da dupla que acabara de retirar-se do palco, nenhum dos três havia percebido a presença próxima de Hoseok a caminhar até a pequena mesa onde estavam.

 Namjoon assim que viu a figura do amigo parar próximo ao seu lado, o abraçou tão forte que poderia muito bem esmagar os pulmões do mais velho e até mesmo lhe quebrar algumas costelas.

 - Hoseok-hyung, quanto tempo!! – apertou mais ainda o enlaço arrancando uma risadinha rouca do rapaz de fios cor de mel.

 - Namjoon você está me machucando. – riu dando tapinhas na costa do loiro para que afrouxasse o abraço e assim fez – Eu também senti a sua falta. – afastou-se para lançar seu melhor sorriso ao amigo, Namjoon havia sentido tanta falta daquela expressão característica no rosto dele.

 Passou os olhos pelo rosto de Hoseok percebendo que o mesmo estava um tanto pálido e ironicamente, havia algumas olheiras roxinhas abaixo de seus olhos castanhos. Devia ser proveniente da situação em que sua saúde se encontrava, mas apenas por estar ali, já era um avanço enorme, pensou o loiro.

 O castanho claro logo se sentou ao lado de Taehyung, depositando um beijinho tímido na bochecha do mesmo, cumprimentando Seokjin de forma gentil, o que prontamente lhe retribuiu com um sorriso e um acenar de cabeça.

 Conversaram bastante com o objetivo de colocar em dia os acontecimentos recentes da vida dos amigos de longa data e a Seokjin que fora, vez ou outra, bombardeado com algumas perguntas dos outros garotos para que pudessem, segundo eles, “se conhecerem melhor”.

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 - Como anda o emprego novo, Nam? – Hoseok perguntou enquanto bebericava um pouco da água em sua garrafa. – Taehyung me contou que você saiu do posto.

 - Está sendo legal, comecei no início da semana e está bem tranquilo até agora. – sorriu para o mesmo lembrando-se de como estava feliz naquela segunda-feira.

 Os dois haviam deixado Seokjin e Taehyung sentados à mesa e ido até o lado de fora do local, para ‘tomarem um ar’, o que significava que Namjoon queria conversar com Hoseok de forma mais reservada, e sem tanto barulho para que os atrapalhassem, ou que o mesmo se sentisse constrangido de falar sobre determinados assuntos em um ambiente um tanto cheio, como lá dentro.

 - E você Seok-hyung?– encostaram-se a parede fria, lado a lado, sentindo um ventinho gélido lhes cortarem o rosto. - Como anda?

 - Ah, você sabe, né? O mesmo de sempre... – viu o abaixar o olhar e encarar os próprios dedos – Consegui me estabilizar em um turno durante a tarde, naquela biblioteca lá perto da pracinha. – seus dígitos agora faziam movimentos rápidos e inintendíveis em puro sinal de inquietação. – Taehyung está cuidado bem de mim.

 - Isso é bom. – disse referindo-se ao emprego do rapaz. – Taehyung me contou todo orgulhoso por estar te ajudando a cuidar tão bem de sua saúde. – sorriu sem mostrar os dentes ao lembrar o sorriso do de cabelos laranja. – Ele é um bom rapaz.

 - É sim, com certeza, às vezes acho que até demais, sabe? – encarou os olhos questionadores do loiro por alguns instantes, desviando logo em seguida, sabia que o mesmo estava esperando alguma resposta de sua parte. – Quero dizer, às vezes ele deixa muita coisa dele de lado e coloca as minhas sempre em prioridade, entende? E esses dias estava até mesmo falando em deixar de lado a faculdade de pedagogia, por não querer ir à capital e me deixar aqui, acredita nisso?

 - Hoseok, você sabe o quanto o Tae te ama, não é? – viu o mesmo balançar a cabeça em afirmação – Então sabe que tudo o que ele está fazendo, é uma forma de demonstrar isso. Se ele quiser seguir mesmo com essa decisão e preferir deixar algo que ele goste muito de lado para que possam ficar juntos, apenas o apoie. Taehyung é teimoso que só, e você sabe bem disso. – riu baixo arrancando um riso de Hoseok.

 - Conversarei com ele depois. – encarou o movimento da rua mais a frente, mudando de assunto. – E você, vai subir ao palco hoje, hein Runch Randa? – gargalharam alto por lembrarem o apelido aleatório que o loiro havia escolhido para seu personagem quando ainda estavam no fundamental, e foram jogar maplestory depois da aula.

 - Você não esquece nunca disso Jung?! – deixou um soquinho leve no ombro do outro. – Pelo amor eu tinha só 13 anos na época, pare com isso. – ria mais ainda.

 - Ah, mas você sabe que foi justo naquela época que você se juntou comigo para o rap, né? – falou tentando recuperar o fôlego por ter gargalhado tanto. – Mas, de qualquer forma, pretende mesmo se apresentar hoje?

 - Se você souber que passei o dia todo praticando e eu não for subir lá, vai querer me bater – riu por saber que o amigo realmente seria capaz de bater em si – Mas Seok estou tão nervoso, parece que vou colocar pra fora tudo o que comi só de imaginar. – colocou a mão sobre a barriga encenando dramaticamente.

 - É normal cara, depois que se está lá em cima e deixando a música passar pelo corpo, se esquece de tudo em volta e é só você, a batida e o rap. Ouvi que tem alguns olheiros lá dentro, pensa bem.

 - Sim, eu sei. – passou as mãos sobre o rosto. – É só estranho.

 Trocaram mais algumas palavras, até escutarem Taehyung os chamarem para que entrassem.

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 - Se não quiser ir hoje, podemos voltar amanhã... – Seokjin tirou a atenção do loiro de um garoto com um microfone em mãos que possuía uma voz hipnotizante – Claro, se você não for um covarde, Nammie. – riu baixinho brincando com o outro.

 O mais novo não funcionava sob pressão e certamente não tomava as melhores decisões nesses momentos, e isso só havia sido provado por não ter ido ao palco até agora.

 Namjoon queria muito que esse receio fosse embora de si, mas sabia que se não tentasse não saberia se daria certo ou não. Não havia focado tanto em suas escritas durante esses anos todos, muito menos que iria jogar fora todo o preparo de antes, para simplesmente virar as costas de lá e ir embora feito um verdadeiro 'covarde'.

 - Não sou isso, você sabe, estou apenas nervoso. – respondeu dando uma golada em sua bebida, aquilo já estava o enlouquecendo.

 - Então – o mais velho disse parando frente a frente com o de pele bronzeada, o encarando o mais perto possível. – Me prove.

 Encarou o moreno intensamente que lhe lançava seu sorriso convencido e ladino, ah, aquele sorriso...

 - Com prazer.

 Em um impulso rápido, levantou-se do móvel em que estava sentado antes, contornou a mesa e caminhou por entre a multidão com o destino direto até a parte de trás do pequeno palco, ao constar que não havia ninguém em cima do mesmo, escutando pelo caminho a voz de Taehyung gritar palavras que pensou serem de apoio, como sempre fazia.  

 Ao chegar lá, subiu os dois pequenos degraus da escadinha que separava o chão plano da área elevada, deparando-se com a escuridão até que viu um pouco mais ao lado a luz que certamente vinha do outro lado da estrutura.

 Avistou o garoto que estava cantando até alguns minutos atrás e aproximou-se até o mesmo, que logo o entregou o microfone um tanto gelado em mãos. Na verdade, não sabia se era o objeto dono de uma temperatura baixíssima ou se era ele mesmo que estava suando tanto naquele momento.

 Olhou desde a frestinha entre as paredes falsas para as pessoas que certamente esperavam para quem é que fosse, subisse logo, até sua camiseta neutra, alisando a de nervoso.

 Respirou fundo tantas vezes seguida que provavelmente já teria estoque de ar por mais vinte anos de sua vida.

 Sem controle algum em suas pernas, três passos foram dados o revelando para as pessoas que o esperavam lá embaixo.

 Depois que se está lá em cima...

 Sentiu olhos julgadores e de espera sob si e por um momento, pensou em pular de lá mesmo e correr até sua casa, mas sabia que precisava vencer aquele medo.

 Apertou mais ainda o microfone entre a palma e as pontas dos dígitos, com certeza ficaria a marca de suas unhas curtas ali.

 Varreu os olhos pelo local pouco iluminado, encontrando os três sorrisos que tanto precisava no meio daquele tanto de gente, para seguir em frente naquele momento de tensão.

 Se esquece de tudo em volta...

 Fechou os olhos com força escutando a batida simples ecoar por seus ouvidos.

 E é só você,

 A batida,

 E o rap...

 E naquele momento, quando as borboletas de seu estômago criaram vida e resolveram dançar no ritmo que a batida tocava, Namjoon finalmente deixou sua voz sair para quem estava disposto a lhe dar a chance de escutá-la.

Às vezes eu levanto minha cabeça para olhar as estrelas

Querendo saber, onde minha vida está chegando?

Incerto do meu futuro

O tempo voa muito rápido, você não pode nem notar

Não pare de encontrar-se

Não perca a confiança

Você ainda tem um longo caminho a percorrer

Escreva suas emoções em música ou um rap, e deixe-os ir

Se eu não tenho música, não posso viver.

 Quem o via ali em cima, com toda sua presença de palco e perfeito domínio em cada movimento, em cada palavra, em cada emoção e sentimento que transmitiu com sua voz rouca diante daquele microfone barato, até achariam que o mesmo estava tão acostumado de estar naquela posição da mesma forma que se era fácil respirar.

 De olhos fechados, pôde escutar vozes começarem um tanto altas sob o local e após os abrir, teve a atenção de todos para si. Aquilo o deixou tão quente por dentro e estava completamente desnorteado de todos os sentidos existentes em seu corpo.

 Estava em puro êxtase.

 Permitiu que um sorriso enorme lhe preenchesse o rosto, dando total visão se suas tão familiares covinhas, assim que um homem baixinho de cabels coloridos sentado em uma mesa próxima lhe perguntou seu nome, e sem sequer hesitar, levou o microfone até os lábios puxados pelo riso.

 - Runch Randa.

 Procurou pelos olhos de Hoseok assim que proferiu aquelas palavras, o encontrando sorrindo com suas bochechas marcadas e volumosas e tornando seus olhos perfeitos riscos, poderia dizer que naquele exato momento, viu estampados em sua face orgulho, conforto e principalmente o que mais precisava, apoio.

 Taehyung também não estava para trás na situação, viu o alaranjado gesticular os braços de forma afobada enquanto certamente estava comemorando pelo ocorrido.

 Procurou pelos olhos do moreno entre os três, percebendo que o mesmo não piscava, estava estático, estava sem nenhuma reação sequer. Aquilo era bom?

 Virou-se de costa para a ‘plateia’, logo deixando o microfone na mão de um rapaz alto que o esperava atrás da parede falsa para que pudesse se apresentar.

 Fez o mesmo caminho que usara para ir até lá, dessa vez, voltando para a mesa.

 Assim que chegou perto dos amigos, sentiu Taehyung pular em si, com um abraço apertado dizendo o quão orgulhoso e feliz estava pela apresentação do loiro, apertando cada vez mais suas bochechas coradas.

 Hoseok logo passou um braço pelos ombros do de pele bronzeada, depois que se sentaram, em uma forma de satisfação enquanto proferia palavras de conforto ao mesmo.

 Olhou para o rosto de Seokjin vendo-o encarar tão profundamente que poderia sumir e voar feito pozinho mágico por lá mesmo. Era impossível tentar decifrar o que aquelas esferas escuras estava tentando lhe dizer. 

 Não sabia o porquê, mas apesar de todas as palavras que escutou de Hoseok e Taehyung, ainda queria ouvir algo sair da boca de Seokjin, aquele silêncio do mais velho estava lhe corroendo os órgãos internos. Era como se estivesse esperando a aprovação de seu progenitor que nunca iria chegar.

 - Você foi bom, Nammie. – finalmente falou próximo ao ouvido do menor por conta da voz alta do garoto em cima do palco. – Ainda bem que eu consegui te arrastar até lá em cima.

 Namjoon viu o olhar e sorriso convencido de Seokjin serem lançado para si como sempre fazia e pela primeira vez e talvez a única, não sentiu vontade de arrancá-los de seu rostinho bonito.

 Afinal, era tudo por causa dele.

 Com os olhares trocados entre o mais velho, sem nem sequer perceber, avistou a figura de Hoseok levantar-se e correr até onde estava minutos atrás. O castanho iria mesmo se apresentar? Fazia tanto tempo que não o via naquela situação.

 Namjoon e Taehyung não poderiam estar mais felizes e gritarem mais alto, por verem o sorriso enorme que o rapaz deu ao subir na parte elevada do local e segurar o microfone em mãos.

 Hoseok era tão cheio de confiança e personalidade, quando o assunto era jogar para fora tudo o que sentia em forma de palavras rimadas por cima de uma batida sincronizada, que naquele momento, Namjoon o invejou como fazia quando eram colegiais e o amigo já era dessa mesma forma. J-Hope não havia mudado nada, pensou o loiro.

J-HOPE eu começo com o meu nome

Eu vou colocar toda a minha paixão, espero que você perceba quando escutar

Não uso máscara, esse é o meu lema

Feche a sua boca e ouça enquanto eu faço esse verso

A atmosfera desse flow é como uma saudaç...

 Como se todo aquele momento seguinte girasse em câmera lenta, poderia ser muito bem comparado, por qualquer um, a uma perfeita cena de filme estrangeiro.

 Onde a frase de Hoseok não pôde ser finalizada conforme suas pernas em questões de segundos perdesse toda a força e seus músculos o esquecessem naquele exato momento, levando seu corpo magro para frente, chocando-se fortemente ao chão gelado e oco daquele palco improvisado, assim como um castelo de cartas soprado pelo vento.

 No seguinte segundo em que Taehyung correu, empurrando e esbarrando em todos que pudessem estar em sua frente, e lhe impedindo a passagem para que chegasse rapidamente até o namorado. Acompanhado do desespero ao chegar perto do mesmo e o encontrar desacordado, tendo como companhia sua testa manchada pelo vermelho sangue que escorria sob seus supercílios.

 Passando para a próxima cena em que Namjoon puxava para si o alaranjado que se debatia com lágrimas banhando seus olhinhos escuros o impedindo de surtar, e Seokjin carregava para fora do local o corpo do castanho mel nos braços, tendo o olhar de todos ali presente em cada movimento dos três.

 Namjoon tentava a todo custo acalmar o amigo mas estava sendo em vão.

 Seokjin ainda tendo nos braços o corpo do rapaz, não sabia o que fazer a partir do momento que atravessou a porta de saída daquele lugar. Estava de noite, a rua estava vazia e certamente o hospital daquela região devia ser muito longe para que fossem a pé até lá.

 Até que como se alguém lesse seus pensamentos por uma alma que fosse lá para ajuda-los, o mocinho de dentes grandinhos do balcão, como havia o apelidado quando fora pegar um copo de bebida, chamara os três que estavam sem alguma direção naquela calçada, para que os acompanhasse até o estacionamento atrás da boate, dizendo que os levaria de carro até a emergência local.

 Destrancou o automóvel escuro e o moreno repousou o corpo de Hoseok deitado no banco de trás, com a cabeça apoiada no colo de Taehyung que não parava momento algum de inundar suas maçãs do rosto com a água salgada que lhe descia as esferas.

 Namjoon fora atrás tentando a todo o momento tranquilizar Taehyung para que o mesmo não provocasse suas crises fortes de asma e piorasse ainda mais a situação daquele carro em velocidade.

 - Não o deixe morrer, não o deixe morrer hyung, por favor, não o deixe morrer. – Taehyung tremia e repetia sem parar em puro desalento, olhando para o sangue que não parava de escorrer pela face de Hoseok e banhava suas palmas pálidas.

O peito de Namjoon doía tanto por estarem naquela situação, que estaria mentindo se dissesse que gostaria de nunca ter subido naquele palco antes.

The me who could only see deserts and seas is now looking up at the universe

Too many stars, too many dreams, the reality is in front of these things I’m just a speck of dust.