1. Spirit Fanfics >
  2. Colecionador de Lágrimas >
  3. Especial - Promessas floridas de Inverno

História Colecionador de Lágrimas - Especial - Promessas floridas de Inverno


Escrita por: bulletproof-

Notas do Autor


oláaaa
quem é vivo sempre aparece, não é?
leiam as notas finais, por favor, é importante...

até lá embaixo, boa leitura!

Capítulo 7 - Especial - Promessas floridas de Inverno


Fanfic / Fanfiction Colecionador de Lágrimas - Especial - Promessas floridas de Inverno

Capítulo Especial - Promessas floridas de Inverno.

 

 

 Os finos flocos de neve caiam sob a cidade pequena, fazendo com que um mar de branco tomasse conta dos telhados das casas que passavam pela vista do garoto de cabelos castanhos esverdeados, através da janela embaçada do ônibus.

  Com sua parada próxima, TaeHyung, pôs-se de pé para que logo atravessasse a porta automática do transporte e estar firmemente em solo plano.

  Alguns pontinhos brancos pintavam seus fios amarronzados, de modo que um perfeito contraste se iniciasse na cabeleira do rapaz. Suas botas negras afundavam na pequena camada de gelo que havia se formado pela calçada, a qual seguia rumo a entrada do hospital principal da cidade de Gwangju.

  Ir até aquele local era um hábito que estava seguindo há um ano sempre que chegava ao distrito para as férias daquela época. Não importando como o clima estava nesses seus dias de visitas, TaeHyung sempre estaria lá com um sorriso estampado no rosto.

  Cumprimentou a senhora da recepção que já o conhecia, de maneira que, apenas um adesivo com sua identificação fosse colado em seu casaco claro e pesado.

  Apertou o botão do elevador esperando pelo mesmo para que pudesse se encaminhar ao andar acima do atual, e finalmente encontrar quem tanto ansiava ver e era o motivo de suas idas até ali.

  Honestamente, TaeHyung odiava hospitais em geral. Odiava o cheiro que emanava pelas salas do local e principalmente, odiava o clima de tristeza e morte que o ambiente carregava, afinal, ninguém ia ao hospital para fins bons. Talvez, sua presença por vontade própria e saudável fosse uma das poucas que iam até ali para algo realmente confortável.

  A porta metálica logo se abriu, revelando ao jovem mais a frente, o andar da ala infantil.

  As paredes daquela área eram decoradas com desenhos coloridos e chamativos para os olhos dos pequenos que passavam por lá. Segundo o garoto, aquele andar era o mais alegre e cheio de vida de todo o hospital, mesmo que alguns estivessem dando seus últimos suspiros. Era palpável em como as crianças - independente dos motivos de estarem ali - possuía grande esperança e força para enfrentar as dificuldades, mesmo sendo tão pequenas, puras e inocentes. E era isso que mais gostava nelas.

  Caminhou para a sala principal daquela área, já sendo recebido por gritinhos de animação e mãozinhas lhe puxando pra baixo, para que pudesse ficar a altura dos demais.

  - Hyung! Você veio?! - um garotinho de poucos cabelinhos lhe chamou. DoHyun era uma das crianças com o maior risco de saúde daquela sala por conta do tumor presente em seu pulmão, porém, tirando os tubos de oxigênio e algumas falhas em sua cabeleira, era impossível identificar sua doença, de tão alegre que ele era.

  - Claro que vim pequeno, alguma vez prometi vir e não apareci? - sentou-se no chão ao lado dos menores, recebendo um negar com a cabeça. - Então, eu sempre vou cumprir com o que falo, certo?

  As demais crianças sentaram-se em uma roda e umas até iniciaram birrinha para saber quem ocuparia os espaços ao lado do mais velho.

  Brinquedos, caixas de lápis, papéis e livros infantis foram espalhados pelo chão e todos passaram a se entreter e se divertir entre si, ao ponto de já não notarem a falta da presença de TaeHyung, quando esse levantou-se para ir ao corredor pegar um copo d'água para si.

  Voltando com um pequeno recipiente descartável em mãos, pôde - só naquele exato momento, em que cruzou a porta e varreu os olhos pela extensão da sala - perceber a presença de um garoto de cabelos caramelo, sentado em uma cadeira próxima a janela da sala, observando a vista de lá fora. O que TaeHyung sabia ser um lindo e amplo jardim, pois adorava fazer a mesma coisa quando as crianças dormiam.

  Passou despercebido por entre os pequenos no chão e caminhou até o canto do local, sentando-se logo em seguida em uma cadeira um tanto afastada do rapaz.

  Seu semblante estava sério e vago, distraído. Não era por menos, afinal a visão através daquele vidro era incrível, ainda mais com a neve cintilando de branco as folhas verdes do gramado e das flores.

  TaeHyung chutou mentalmente que o jovem a sua frente deveria ser no máximo um ano mais velho que si, tendo então uns 17 anos de idade.

  Seus cabelos eram castanhos e aparentavam estarem ressecados. Suas mãos descansando sob seu colo, possuía dedos compridos e muito magros. Seu rosto era longo e dono de belas proporções. Suas bochechas eram volumosas e marcadas, o que certamente, deveria ser adorável quando um sorriso lhe preenchia a boca. Seus lábios eram finos e atraentes, tendo um pequeno sinal delicado acima do superior. Seu nariz era claramente o formato mais bem desenhado que já vira em todos os seus 16 anos de vida. E seus olhos... eles possuíam uma cor tão incrivelmente bonita, principalmente, por ter como reflexo o mar de neve lá fora.

  Era de certa forma extremamente relaxante observar aquele sentado a sua frente.

  Porém, no momento que a atenção do rosto oposto foi voltada a TaeHyung, o mesmo pôde ver como as esferas alheias carregavam em si uma grande bola de tristeza e desespero, elas não tinham brilho nenhum, pareciam até não ter vida.

  Sentiu seu peito apertar e ficar sufocado com aquele par de olhos lhe encarando de forma tão angustiante e intensa. Seu coração estava esmagado apenas por ver como aquele desconhecido sentado ali, carregava fardos pesados para aguentar sozinho, suas expressões denunciavam estar tão abalado e sem direção. TaeHyung até mesmo conseguiu sentir em si tudo o que a alma do outro emanava.

  Piscou algumas vezes voltando a respiração que mal percebera ter segurado. O olhar ainda estava parado sob si sem nenhuma reação. Respirou fundo sentindo suas costelas doerem com o ato.

  O que aquele garoto havia feito consigo? O que estava acontecendo?

  Era surreal o que sentia apenas por uma troca de olhares. Talvez isso se devesse pelo fato de TaeHyung tentar ao máximo manter-se feliz da maneira que não houvesse espaço para tudo aquilo que evitava se apossasse de seu corpo, e aquele rapaz a sua frente era tão diferente, tão... contrário.

  O choque daqueles dois opostos poderiam ser de grande semelhança.

  - Olá! - lançou seu melhor sorriso retangular - Sou TaeHyung - puxou a cadeira para mais perto do parapeito da janela, ficando assim frente a frente com o outro - Kim TaeHyung! - estendeu a mão para que fosse apertada, mas nenhum movimento foi esboçado.

  O esverdeado recolheu sua palma que até então estava esticada, desviando o olhar para a janela, assim como o outro fizera depois de lhe recusar contato.

  Estava se sentindo um completo idiota por ter o ficado analisando daquela forma, com certeza fora invasivo demais com aquelas atitudes.

  Só ele mesmo pensava que por estar naquele ambiente sempre sorrindo e sendo simpático com todos, que os demais seriam da mesma forma. Eles estavam em um hospital, nunca é um lugar bom para se estar.

  - Err... Me desculpe. - levantou-se rápido, curvando desajeitadamente em um pedido formal de desculpa.

  À medida que seu calcanhar virara para seguir caminho ao tapete vermelho junto dos menores, viu a cabeça do jovem sentado pender para o lado e os olhos fecharem pesadamente, como se o corpo ali presente tivesse se desligado totalmente do mundo, da realidade.

  Apagado completamente.

  TaeHyung entrará em desespero, chegando perto do outro.

  O que era aquilo?

  Colocou as mãos trêmulas uma em cada bochecha volumosa e gélida, apertando as fracamente, enquanto o chamava com a voz falha.

  Sua invasão foi tão grande ao ponto de o deixar daquela forma?

  - Ei moço, por favor, abra os olhos - dava batidinhas leves no rosto do outro - Acorda, por favor, eu não quero que morra, moço, por favor...

  Sem TaeHyung nem perceber as pernas do outro já estavam entre as suas próprias, e lágrimas finas e discretas lhe caíam pela face em um ato repleto de nervosismo, não podia ter matado aquele ser.

  No momento que ia se afastar para correr até alguma enfermeira que pudesse o ajudasse, os olhos apagados e escuro se abriram, o encarando.

  Estava perdido.

  - Meu deus você tá vivo! - TaeHyung sorriu largo, apertando as bochechas do castanho, formando um pequeno biquinho nos lábios finos do mesmo - Você me assustou. Está tudo bem? O que você tem? Não faça mais isso comigo, entendeu? Meu coração quase parou menino, ainda bem que você acordou. - falou rápido. Sem nem pensar, depositou um beijo carinhoso e alegre na testa do rapaz, mas logo se afastou ao perceber o que tinha acabado de fazer.

  Xingou-se mentalmente por ter feito a burrada de beijar um desconhecido que até então, já deveria o odiar por tamanha invasão de sua parte, e agora isso? Não faltava mais nada mesmo...

  TaeHyung, que ainda estava parado frente ao outro sentado, preferia se jogar daquela janela do que ter o olhar caído do jovem sob si, como se o julgasse.

  Voltou a realidade após o desconforto de ser observado atingir seu limite. Deu as costas para a janela, já se afastando novamente, mas ao escutar - pela primeira vez desde todas as besteiras que já havia feito no dia - a voz vacilante e baixa do amarronzado lhe atingir os ouvidos, apenas TaeHyung e os céus sabem como foi difícil negar o que foi pedido.

 

 

  - Fique aqui, por favor.

  Encarou o olhar de suplica, retornando pela segunda vez seu caminho, sentando-se novamente na cadeira perto da janela, frente a frente com o outro.

  Ficaram quietos com os olhos fixos na paisagem que lhes eram concebida. TaeHyung desviava vez ou outra, seu olhar para que o mesmo repousasse naquele que fazia companhia. Ele continuava da mesma forma que o havia encontrado, a única diferença que poderia ser notada, era que seu rosto possuía um tom de vergonha em suas expressões. Será que ele não queria que ninguém o visse daquele jeito que o esverdeado presenciou?
 

 

 

  - Narcolepsia.

  Duas batidas falharam em seu coração. Uma pelo susto de ter escutado novamente seu timbre ecoar pelo silêncio que se estendia entre eles. Duas pela resposta a sua pergunta desesperada.

  Puxou o ar novamente, só então parando para entender o que lhe foi dito. Agora sim compreendia o porquê do outro ter se desligado do mundo tão de repente assim. Já havia escutado algo sobre esse distúrbio, e até mesmo conhecido pessoas com o mesmo, mas nenhuma outra se assemelhava ao garoto a sua frente.

  - Você se sente melhor agora? - TaeHyung perguntou ainda preocupado com o outro, recebendo um aceno de cabeça positivo. - Desculpe-me por ter agido tão intimamente assim...

  - Tudo bem. Não se preocupe comigo, já estou acostumado. - um sorriso sem visão de seus dentes foi dado e TaeHyung poderia até mesmo, colocar na mão a tristeza que saia desse ato. Não estava nada bem com ele. - Me chamo HoSeok, Jung HoSeok.

  TaeHyung pôde ver a destra de HoSeok ser erguida a sua frente, repetindo seu mesmo gesto anteriormente. Por alguns segundos se assustou com a atitude tão visivelmente diferente do Jung.

  Levantou seu braço, tocando seus dedos quentes aos gelados do rapaz, lhes causando um arrepio tremendo pelo contato.

 

-

 

  - Você conhece alguma das crianças? - o mais novo perguntou ao se sentar em uma poltrona clara.

  Os dois estavam na ala psiquiátrica do hospital, em um quarto branco e pequeno, onde o nome de HoSeok estampava a frente da porta, e lhe foi apresentado como seu "lar eterno".

  Aquilo apertou o coração do mais novo dos dois. O outro parecia não ter mais vontade de viver a vida, apenas observá-la acabar. Sabia que pessoas com essa doença poderiam muito bem viver como qualquer outra, mesmo com os pequenos "cochilos" que poderiam dar, elas poderiam adaptar-se, contanto que se medicasse corretamente. Alguma coisa a mais devia estar aí.

  - Não, não. - encostou-se a cabeceira da cama ao lado da poltrona clara. - Descobri que a paisagem daquela sala é melhor do que a visão da rua vazia da janela daqui do quarto.

  - Você tem que ver aquele jardim na primavera, o cheiro das flores dá pra sentir até mesmo do lado de dentro, acredita?! As crianças ficam loucas correndo atrás das borboletinhas. É tão legal!

  Os olhos de TaeHyung brilharam ao lembrar das aventuras com os menores e contar as visões que já havia tido daquele local na primavera passada, nem se deu conta que sua voz saía por sua garganta em um tom de empolgação evidente.

  - Você realmente gosta de crianças, não é? - perguntou encarando o mais novo.

  - Gostar é pouco, eu as adoro. Elas são tão puras e inteligentes, é impossível não se apegar a elas. Penso daqui uns anos, em cursar pedagogia para sempre estar próximo delas. - sorriu distraído, pensando na faculdade que tanto ansiava fazer para seguir seu sonho ao lado dos pequenos. - E você hyung, o que pretende fazer?

  HoSeok travara com a pergunta. Nunca havia parado para pensar em alguma coisa a seguir desde que desistirá de se adaptar ao seu distúrbio que tanto praguejava, achava ser algo distante e impossível de se alcançar. Como poderia se formar em algo sério, se não conseguia nem ao menos manter-se ativo para seguir o que queria? Como poderia realizar seus sonhos se as pessoas sempre o evitava por 'sempre estar entediado' e 'nunca prestar atenção nas conversas'? Nem uma vida social decente ele conseguia ter, por que raios, conseguiria ter algo profissional?

  - Não acho que consiga me formar em algo com todo esse sono. - riu sem graça pela piada infame, tentando esconder o que se passava em pensamento.

  - Mas isso não é motivo para não tentar.

  Soltou a frase no ar, fazendo mais coisas passarem pela mente de HoSeok. Não havia tentado algo mais sério, além de dedicar-se, a alguns anos atrás, ao rap e hiphop com um antigo amigo quando estavam no ensino fundamental e ainda morava em Ilsan. Nunca tentará um caminho que não fosse um simples hobby que pudesse levar adiante e dedicar todo seu sangue e suor. Deveria ao menos cogitar a ideia de uma nova estrada?

  - Eu escrevia alguns raps quando menor. - finalmente disse depois de se perder novamente em seus próprios pensamentos. TaeHyung tinha o poder de o fazer se questionar sobre inúmeras coisas que pareciam ter sido tampadas por uma muralha, o impedindo de enxergar a capacidade em si.

  - Oh, jura? Isso é demais! - lhe olhou em entusiasmo. - Um amigo meu ama hiphop e escreve muitas letras boas e tem um ótimo flow, acho que você adoraria conhecer Jonnie-hyung.

- "Jonnie-hyung"? Joon? - virou o rosto em expectativa - Namjoon???

  Não podia ser...

  - Sim, Kim Namjoon - lhe olhou confuso - Você o conhece?

  - Se for o Namjoon de Ilsan, que vivia tirando notas altas na escola e que agora não deve mais usar aqueles óculos redondos e horrorosos, o meu Runch Randa, então, acho que estamos falando do mesmo Kim.

  - Eu não acredito! Então foi você quem apresentou o rap a ele e fez surgir esse nome todo estranho? - colocou seu tronco mais para frente, recebendo um sim como resposta. - Uau, esse mundo é tão pequeno...

  Agora TaeHyung podia entender o porquê do melhor amigo viajar de Ilsan, repentinamente até Gwangju sem lhe dar muitas explicações, deveria ir visitar HoSeok. Por um momento se sentiu enciumado e excluído da vida do Kim, mas não poderia ser egoísta, talvez o mesmo viesse até aqui para cuidar do outro e apenas quisesse zelar pela saúde e imagem do Jung.

  - Como vocês se conheceram? - HoSeok pediu, depois de ver o semblante confuso de TaeHyung desaparecer.

  - Atualmente ainda moramos em Ilsan e estudamos juntos desde o começo do ano passado. Como eu consegui pular uma série, ele me ajudou com algumas coisas, para que eu me adaptasse melhor no primeiro ano do médio. - respondeu nostálgico, lembrando de como o amigo fora gentil consigo naquela época e como uma pequena faísca de amor diferente do normal entre os dois se criou com a amizade de ambos. Um "romance" de adolescentes.

  - Ele sempre foi mesmo muito prestativo, não é? Faz algum tempo que não o vejo nem nos falamos...

  - Ah sim, Joonie-hyung está ocupado trabalhando agora e não ganha muito, talvez o celular dele tenha dado algum problema e não teve como se comunicar. - explicou ao rapaz para que não achasse que Namjoon tivesse o deixado. - A última vez que falei com ele foi na estação, antes de viajar para cá em Gwangju passar as férias com alguns primos.

  HoSeok balançou a cabeça mostrando que havia entendido a história da amizade dos dois. Sentia falta do amigo e dos dias que beiravam seus 13 ou 14 anos, em que iam parar na diretoria por se juntarem no fundo da sala para montar algumas letras, ou das vezes que iam até a lojinha de conveniência da rua comprar picolé e passavam a tarde inteira jogando MapleStory, pensar naquela época era reconfortante para si.

  Imaginava como poderia ser bom para si se pudesse voltar a morar em Ilsan e cursar na escola, para que vivesse ao lado de Namjoon tudo o que perderam desde que voltará obrigado por seus genitores a sua cidade natal, em busca de melhores tratamentos. Se ao menos soubesse que eles apenas iam o jogar naquele hospital, teria se segurado em Namjoon com todas as suas forças. Ansiava para que sua maior idade chegasse logo no começo do ano seguinte e pudesse finalmente largar aquele local que tanto lhe roubava a liberdade, mas com isso, se perguntava, se saísse dali, para onde iria?

  Não sabia mais nem ao certo como eram as coisas fora daqueles muros altos que cercavam a estrutura hospitalar. Ir atrás de seus familiares estava fora de cogitação, todos os repugnavam por ser "estranho" e fora do ideal de todos os primos perfeitos e bem sucedidos que tinha. Correr para baixo dos braços de Namjoon era o mesmo que jogar uma bomba nas costas do amigo, já sabia que ele não possuía muito dinheiro proveniente de um trabalho não muito bom, não poderia pedir que o mesmo o abrigasse em sua casa e o sustentasse, porque afinal, quem contrataria alguém que poderia cair no sono a qualquer momento? Talvez a melhor opção era permanecer ali, com a companhia de cápsulas de remédios e mais remédios, esperando que seu corpo definhasse e sumisse.

  Voltou do labirinto de sua mente quando percebeu que TaeHyung observava a paisagem monótona pela janela do quarto. Ele estava tão entretido com a visão que HoSeok estranhará que aquela rua vazia e acinzentada pudesse prender tanto assim a atenção de alguém, ele a odiava.

  - Você gosta do inverno hyung? - questionou de repente sem tirar os olhos dos flocos de neve que caíam e tocavam o vidro.

  - Mais ou menos, prefiro o verão ou a primavera, a sensação é melhor que o frio. Por que pergunta?

  - Eu queria que você pudesse sair para esquiar, é a minha estação preferida do ano...

  - Esquiar não seria uma boa ideia, é alto demais e eu não me dou muito bem com altura. - tirou um risinho abafado do outro pela confissão besta. - Mas você me falou tanto do jardim da ala infantil quando está florido, que eu fiquei com vontade de ir... Quem sabe na próxima primavera você possa me levar lá.

  - Eu adoraria, mas tenho certeza que você estará saudável e nem vai mais estar aqui nesse hospital na próxima primavera. - lhe sorriu ternamente.

   - Queria tanto acreditar em suas palavras, Tae.

  A mistura de seus pensamentos anteriores junto daquelas palavras que lhes eram direcionadas, fez com que uma lágrima fina e brilhante escorresse pelas maçãs cheinhas de seu rosto, quando o olhar desviou do rosto do menor a sua frente. TaeHyung até teria gostado de ver as esferas de HoSeok brilhando pela primeira vez, se não fosse pelas gotinhas molhadas que inundavam sua face.

  Desencostou-se rapidamente da parede onde se apoiara para observar a janela e sentou-se na cama ao lado de HoSeok, puxando seu corpo magro contra o seu, em um abraço forte e repleto de carinho.

  Odiava ver pessoas chorando.

  Acariciava os cabelos secos e apagados do mais velho, sentindo seu casaco branco ser molhado por lágrimas.

  - Eu sou um fardo. - soluçou. - Todos já desistiram de mim, ninguém mais quer perder tempo com alguém que só dá trabalho. Nem mesmo meus pais! - agarrou mais ainda nos braços do esverdeado. - Eles falam que é  drama de gente besta, mas se pudesse eu não seria a porra de um depressivo por causa dessa doença do inferno. Não aguento mais, não quero mais essa vida. - enterrou o rosto da curva do pescoço alheio para que, inutilmente, seu choro fosse abafado. - Eu sou um fodido, Tae.

  O mais novo estava estático. Seus olhos já estavam ameaçando a acompanhar HoSeok em um choro interminável, mas sentia que deveria ser forte por ele, mesmo sendo completos desconhecidos até algumas horas atrás, se ele havia confiado em si para contar tudo o que lhe aborrecia, deveria valer a pena aquela confiança.

  - Ei, não diga essas coisas Seokkie - disse em um tom sereno, puxando o rosto do mais velho pelo queixo para que lhe encarasse, depois de seu choro ter se acalmado. - Agora eu estou aqui com você, não estou? - recebeu um 'uhum' baixinho como resposta. - Pare de chorar, está bem? Vamos fazer assim então, - limpou os trilhos do líquido salgado em sua face. - Me promete que nunca mais pensará em acabar com sua vida, e eu prometo que sempre irei cuidar de você, estamos certo?

  Viu confusão ser estampada no rosto de HoSeok, e sabia que talvez estivesse se antecipando quanto sua promessa, mas também sabia que se tinha algo que ele nunca fazia era descumprir com uma.

- Certo Tae.

  E pela primeira vez desde que pusera seus olhos no rosto de Jung, pôde comprovar que suas bochechas ficavam realmente adoráveis com o sorriso grande e sincero, que preencheu os lábios finos do mesmo. Não pôde deixar de sorrir na mesma intensidade que o outro, depositando um beijinho tímido na ponta de seu nariz arrebitado.

  HoSeok deitou-se na cama, puxando TaeHyung junto de si, em um pedido mudo para que ele fizesse o mesmo, de modo que, os dois dividissem o travesseiro e o colchão de solteiro do quarto.

  As respirações se misturavam e nem mesmo os donos sabiam qual delas lhes pertenciam. Alguns longos e arrastados minutos se passaram, nem um dos dois sabiam dizer precisadamente quantos foram, mas certamente saberiam quantas vezes mais rápido as batidas de ambos corações atingiram, por apenas deixar que seus olhares se encontrassem e sorriso sinceros fossem trocados.

  - Seok-hyung, seu sorriso é tão bonito. - comentou quando enterrou os dedos longos na cabeleira castanha escura, causando um par de bochechas em tom carmim pelo elogio - Sorria mais vezes!

  - Yah menino, pare de falar essas coisas. - abraçou mais forte a cintura do mais novo, apoiando o rosto no espaço vazio de seu pescoço. - Não ria de mim, eu sou se hyung, me respeite.

  - Um hyung bobo que fica todo vermelho quando recebe elogios.

  Recebeu um tapa leve em sua cabeça de HoSeok, o que fez as gargalhadas de ambos preencherem o ar.

  Ficaram abraçados daquela forma, até que uma enfermeira da ala, abrisse a porta branca e avisasse que o horário de visitas estava quase acabando daquele dia. Os dois não deixaram de perceber o espanto da mesma quando os viu abraçados e deitados, principalmente, por ter sido a primeira visita de HoSeok.

  - Eu já vou indo Seok-hyung. - levantou-se contra gosto por ter que se separar do enlaço de ambos os corpos. Estava tão quentinho naquele abraço, que ter que sair na neve gelada que caia lá fora lhe deixava completamente desanimado.

  - Você virá mais vezes? - TaeHyung viu o olhar do mais velho sustentar uma mistura de insegurança e expectativa tremenda, e a tristeza voltar novamente para suas esferas escuras.

  - É claro que sim hyung, temos uma promessa, ou se esqueceu dela? - riu do sorriso bobo que adornou o rosto doce do outro.

  - Não, não me esqueci dela.

  - Amanhã a gente pode brincar com as crianças, o que acha? Elas com certeza irão adorar conhecer você.

  - Seria uma ótima ideia, Tae.

  TaeHyung calçou os sapatos que havia sido retirados para que pudesse deitar-se à cama. Ajeitou o casaco em seu corpo que estava um tanto desajeitado pela posição anterior.

  Sentou-se ao lado de HoSeok que estava de olhos fechados e encostado à cabeceira do móvel. Olhou para seu próprio pulso esquerdo, observando duas pulseiras semelhantes lhe enfeitar por cima das veias azuladas. Retirou uma delas, colocando no pulso direito de HoSeok, fazendo o mesmo abrir os olhos em surpresa, logo explicando para o mesmo, que aquilo era para ele não se sentir sozinho até que voltasse no dia seguinte e quando não estivessem juntos.

  O mais novo sentiu dedos finos tocarem seus fios da franja castanhos misturados com verde, em um carinho confortável como se os alinhasse pela bagunça de estar deitado.

  - Sabia que verde é minha cor favorita? - viu o olhar do mais novo sob si, enquanto ainda acariciava as madeixas do mesmo.

  - Estava pensando em pintar de laranja, mas já que gosta tanto dessa cor, posso deixar pra você. - sorriu retangular.

  - Se fizer isso, talvez eu passe a gostar mais de você do que da cor em si...

  HoSeok lançou a frase baixinho mais para si do que para o outro, porém, a distância entre os dois corpos não era tão grande assim, e o mesmo pôde escutar. As bochechas dos dois foram pintadas de vermelho e um sorriso brotou nos rostos quentes pela vergonha.

  TaeHyung levantou-se tendo o olhar atento do acastanhado sob si. Inclinou seu tronco um pouco para que pudesse ficar na mesma altura do rosto do rapaz. Deixou um selar terno de despedida, um tanto perto do canto da boca do de lábios finos.

  Caminhou silenciosamente até a porta, abrindo a mesma e parando logo em seguida entre o batente e o mogno claro, voltando o olhar para aquele que estava deitado.

  - Até amanhã hyung.

  - Até TaeTae. Cuidado com o frio, não fique resfriado.

  Acenou positivo tendo estampado na face um sorriso sincero.

  Seu corpo estava quente com o olhar que o outro trocava consigo, que nem mesmo os flocos gelados de neve poderiam lhe congelar.

  O que eram aquelas sensações estranhas que aquele garoto estava lhe causando?

  Acenou então em despedida para o mesmo, e logo tratou de fechar a madeira branca atrás de si.

 

-

 

  Na estação florida seguinte, como se TaeHyung pudesse prever o futuro no inverno passado, HoSeok já não permanecia deitado naquela cama do quarto branco, onde se iniciou a ligação inquebrável entre os dois.

  A primavera colorida que enfeitava Ilsan era acompanhada das flores cheirosas e da grama verdinha, tendo como o melhor complemento, a chegada de um sorriso retangular do, agora, alaranjado e o olhar carregado de brilho e felicidade de um acastanhado. A partir daquele momento, tornavam-se a junção de duas almas prontas para um novo começo.

  No caminho até a casa do amigo platinado que tanto sentiam saudades, ambos sabiam que no instante que deixaram Gwangju para trás, uma nova vida se construiria.

  Dessa vez, juntos.











 

   Como o prometido.


Notas Finais


Gostaram??? Me digam o que acharam desse passado VHope (e VMon tbm néeeeee hehehe) e como tudo começou, quero saber o que vocês tem a dizerrrrrrrr
Mataram a lombriga de saber o "problema" do Hoseok? auznaiznjznxa Quem aqui apostou certo? o/
Se a formatação da história estiver meio bostinha ou algum erro grotesco aparecer, eu tive que escrever e postar o capítulo pelo celular, então, não sei como estará ai para vocês e nem tenho ideia se a quantidade de palavras está boa p um especial, maaaaas quando puder entrar pelo note, ajusto tudo bonitinho e troco essa capa horrível, sim?


Vamos falar sério agora, eu devo muitas, muuuuuuitas explicações a todos que acompanham a fanfic e meu deus eu me sinto totalmente envergonhada pelo tempo que fiquei sem aparecer ou sequer dar uma explicação a vocês.
Hoje, exatamente, completam um mês e um dia que Colecionador de Lágrimas não recebe nada da minha parte, um mês gente, um fucking mês... Posso dizer que para mim passou tão rápido que eu nem ao menos acreditei quando entrei aqui hoje e vi a data da última postagem. Um mês.........
Eu peço inúmeras desculpas por toda essa espera, desculpa por não ter vergonha na cara e ter conversado com vocês ou ao menos desse uma resposta para esse sumiço. Todas essas desculpas não são suficientes para expressar o quão triste eu estou por ter feito isso com vocês.
E o que mais me doeu foi uma leitora ter vindo aqui dizendo que estava com saudades, eu me senti mal por ter feito vocês esperarem tanto.
Minha mente nos últimos tempos não está lá muito boa para me dedicar a isso, porque, eu gosto de postar coisas legais e acreditando que todos irão ao menos gostar... Vocês sabem como sou insegura quanto as minhas palavras.
De qualquer forma, obrigada por não terem desistido de mim, obrigada por esperarem tanto tempo essa otária aqui, muito obrigada mesmo, cada comentário e favorito me deixam realmente feliz.
Espero não demorar da próxima vez, e por favor, tenham paciência comigo, ok? Obrigada!

beijos pra vocês!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...