História Colecionador de Lágrimas - Oitava Lágrima

Capítulo VIII : Oitava Lágrima.

 O branco silencioso da pequena sala de espera atraía tudo aos quatro jovens sentados nas cadeiras duras, menos a paz que aquela cor era destinada a transmitir.

 O loiro tinha em seus braços o corpo magrelo e frágil do alaranjado, esse que permitia receber afagos em sua cabeleira colorida e beijinhos na pontinha da orelha direita, como sempre Namjoon fazia consigo para acalmá-lo quando suas crises de asma resolviam atacar ou quando simplesmente se sentia totalmente fora de si, mergulhado em nervosismo. O que de fato, estava acontecendo.

 Seokjin e o rapaz de sorriso gentil e dentes grandinhos, o qual descobriu se chamar Jeongguk, permaneciam sentados lado a lado, de frente para os outros dois presentes ali.

 Vez ou outra, o olhar dos três se chocavam mas nada era dito, apenas desejavam que o médico voltasse logo com notícias boas de Hoseok e que Taehyung pudesse finalmente parar de chorar e dizer coisas incompreensíveis.

 - Eu vou comprar algo para comer, vocês vão querer algo? – Seokjin levantou-se, quebrando o silêncio do local, trazendo a atenção dos demais para si.

 - Não precisa. Tae não vai engolir nada até ver o Hoseok-hyung e eu estou sem fome, não se preocupe Jin-hyung.

 - Tudo bem então. – falou ao constatar que o laranjinha não estava em um bom estado para se alimentar e certamente colocaria tudo para fora se o fizesse. – E você Jeon, quer algo?

 - Vou com você para não ir sozinho. – permaneceu ao lado do mais velho que concordou.

 Caminharam até o lado de fora da ala de emergência, sentindo o vento gélido da madrugada dançar pelo rosto de ambos e um arrepio ligeiro subir pelo corpo de Seokjin, que se estremecia a cada passo que dava para fora do ar quente.

 Avistaram do outro lado da rua, uma cafeteria ainda aberta e logo trataram de ir até lá antes que fechasse. Em uma mesa vazia próxima a entrada, Jeongguk se sentou enquanto via o mais velho ir até o balcão fazer seu pedido.

 Desde o momento que colocara seus olhos no moreno, espantou-se com a tamanha beleza do mesmo, e sem entender sentia que precisava se aproximar mais daquele rapaz que lhe arrancava suspiros a cada vez que o via perdido em pensamentos, enquanto assistia as apresentações de rap dos garotos do underground.

 - Trouxe um cappuccino para você. – tirou o mais novo de seus pensamentos, sentando-se e colocando um copo com fumacinha sob a mesa. – Não sabia do que você gostava, mas precisa se aquecer, está frio.

 - Obrigado Jin-hyung. – sorriu largo pelo gesto carinhoso do mais velho.

 Nem mesmo Seokjin saberia explicar o porquê de estar sendo tão gentil e dócil com aquele jovem, que até duas horas atrás era um completo desconhecido para si e apenas um barman de um local que nunca estivera antes.

 Talvez pudesse ser gratidão em relação a sua ajuda por terem os levado até ali, mas aquilo não se dizia a respeito de si, levando em conta que só havia visto Taehyung apenas duas vezes e Hoseok uma única vez. Não era nem de longe do seu feitio fazer algo que não lhe traria algo em troca.

 E aquilo o estava assustando, sempre que se perdia em uma conversa sobre música com o de cabelos escuros e o via sorrir de uma forma tão infantil.

 Ainda mais quando o mesmo sem jeito e com as bochechas tão vermelhas e quentes quanto a bebida no copo descartável e a voz baixa, lhe convidou para assisti-lo cantar em um restaurante ali perto num final de semana qualquer, e Seokjin prontamente concordou.

 Aquele sorriso era completamente hipnotizante. Com certeza essa era a única explicação.

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 - Vocês são os responsáveis por Jung Hoseok?

 Um homem trajado de branco que aparentava ter no máximo quarenta anos e um óculos redondo sob o nariz, perguntou a um dos quatro presentes na sala, quebrando o silêncio do ambiente preenchido apenas pela conversa em sussurros de Jeongguk e Seokjin.

 - Sim! Sim! Sou eu! – Taehyung que até então estava apoiado no ombro do loiro, levantou-se rapidamente. – Como ele está doutor? O ferimento foi grande demais? Ele perdeu muito sangue? Eu posso vê-lo? Por favor, me deixe o ver.

 O rapaz apertava a barra do jaleco daquele a sua frente, se enrolando mais e mais em perguntas sem nem ao menos dar espaço para que o ahjussi pudesse lhe responder ou terminar de dizer o que estava prestes a falar antes de ser interrompido.

 - Calminha mocinho. Ele está bem sim, o sangue foi só um susto. – colocou as mãos no ombro de Taehyung para que parasse de tremer e se acalmasse. – Ele teve um ataque de cataplexia por conta de seu distúrbio, creio que pelo o que vocês me disseram, foi ocasionado por conta da emoção de estar cantando depois de tanto tempo.

 - Mas por que ele ficou desacordado? – Namjoon perguntou preocupado, acompanhado do olhar curioso de Seokjin e Jeongguk.

 - Como os joelhos dele ficaram fracos e ele caiu, acabou batendo a cabeça forte demais, por isso o desmaio temporário e o ferimento na testa. De qualquer forma ele já acordou e está descansando do susto de mais cedo.

 - Eu já posso entrar lá? – o alaranjado perguntou novamente com os olhinhos brilhando, queria ver logo seu hyung.

 - Claro que pode. – o médico riu baixo do desespero do menor. – É Taehyung, certo?

 - Sim. – respondeu acanhado.

 - O senhor Jung chamou por seu nome quando acordou.

 E sem pensar duas vezes, Taehyung saiu em disparada, deixando os demais para trás, subindo rapidamente os poucos lances de escada até o quarto em que Hoseok se encontrava.

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 - Hobi, você me assustou tanto.

 Taehyung estava deitado na maca junto do corpo do mais velho, exatamente como da primeira vez em que se conheceram no quarto branco da ala psiquiatra do hospital de Gwangju. Seus braços magricelos rodeava a cintura alheia, feito um perfeito coala, enquanto se afundava no pescoço descoberto do rapaz.

 - Me desculpe TaeTae, sabe como eu odeio quando me dá essas fraquezas muscular. – passou os dedos finos na bochecha do menor, limpando a lágrima tímida que ali escorreu. – E sabe também que odeio te ver chorar.

 - Eu só tenho medo de te perder hyung. – disse baixinho, mexendo nos fios caramelos em um carinho que tinha certeza que o dono dos mesmos adorava receber. – Vai que um dia você cai desse jeito e eu não estou por perto ou não tem ninguém pra te ajudar? Se não fosse por Jin-hyung e o mocinho do bar, nem sei o que a gente ia fazer, eu ia me sentir tão mal e culp...

 - Shh, meu amor, está tudo bem. – interrompeu o mais novo com um selar em seus lábios, percebendo o quanto o mesmo estava começando a ficar afobado e sem fôlego. – Eu estou melhor agora, ok?

 Recebeu um acenar positivo do namorado, enquanto esse brincava com a pulseira que havia lhe dado alguns anos atrás e que ainda se mantinha firme e enfeitando o pulso dos dois, até que alguns minutos se passaram e adormeceu sem nem ao menos perceber.

 Algumas batidas foram dadas na madeira e logo Namjoon, Seokjin e Jeongguk passaram pela porta, adentrando o quarto, assim que um entre baixo escapou da garganta de Jung.

 - Hoseok-hyung, como você está? – o loiro fechou a porta, se aproximando mais de onde o outro estava encostado, apertando a mão do amigo na sua.

 - Estou bem Nam, não se preocupe que foi apenas um susto. – lhe sorriu grande. – Obrigado por ter ficado com o TaeTae e o acalmado.

 - Sem problemas hyung, essas crises de asma desse baixinho não é brincadeira. – observou o alaranjado dormir no peito do outro. – Ia chama-lo para ir embora mas acho que ele passará a noite aqui. – riu baixo sendo acompanhado por Hoseok.

 - Jin-hyung, Jeongguk? – chamou, ganhando atenção dos dois que conversavam baixinho na outra extremidade do quarto. – Obrigado por me ajudarem e me desculpe por ter estragado a noite de hoje. – abaixou a cabeça, envergonhado.

 - Não precisa agradecer nem se desculpar, está tudo bem. – Seokjin tomou a palavra, tendo Jeongguk concordando consigo.

 Mais algumas palavras foram trocadas entre os dois amigos e um pedido que o de cabelos caramelos alimentasse Taehyung quando acordasse foi deixado para trás, e assim os três deixaram o quarto branco se dirigindo até o automóvel do mais novo entre eles.

 A partir daquela noite, novas mudanças estavam prestes a acontecer.

I’m sorry, I’m sorry, I’m sorry my brother

Even if I try to hide it and cover it up, it can’t be erased.