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História Colega de Apartamento - Moments


Escrita por: kordeiseduzindo

Notas do Autor


Olá pessoas!
Aqui estamos novamente, capítulo I-MEN-SO. Ele é a junção de três capítulos pequenos que escrevi antes mesmo de começar a postar a fic e mais um pouco que escrevi essa semana. Demorei pra postar exatamente por isso, por ter acrescentado mais coisas (como um POV para uma suprema que ainda não teve nenhum POV) e ter que corrigir algumas outras.
Esse capítulo vai em especial a @ADlauren, nossa querida mama do grupo que estava aniversariando ontem (23/04) <3 Parabéns, mama!
Vou dedicar ele também pro meu amor, da qual tô sendo super otária e quando ela pediu um personagem com seu nome eu aceitei a ideia e bom, a personagem vai aparecer hoje. Na verdade, ela já existia, só não tinha um nome, vocês vão entender quando lerem.
Quero pedir desculpas pelo título horrível dado a este capítulo, mas como eu já disse ele é a junção de vários capítulos em sequência que eu tinha escrito e por isso tem vários acontecimentos distintos, daí como não tinha uma ideia melhor foi isso mesmo “Momentos”. Ele tem umas partes zoeirinhas, mas é porque a ideia inicial era fazer a fic bem zoeira e eu escrevi esse capítulo faz tempo como já citei, mas acabei mudando os planos e dando um ar um pouco mais sério pra fic, talvez vocês percebam uma escrita diferente nesse cap, minha antiga escrita. Também tem uma enorme quantidade de troca de POV, esperam que não se confundam.
Uma última coisa (porque já falei demais), a pessoa aqui além de ser Harmonizer (e Arianator incubada) é B-Army (fã da muda, Britney <3), por isso a escolha da música no início (que se encaixou muito bem, mas não precisa de música alguma nesse capítulo, ok?). Boa leitura <3

Capítulo 28 - Moments


Fanfic / Fanfiction Colega de Apartamento - Moments

Camila POV

You wanna

You wanna 

You want a hot body?

You want a Bugatti?

You want a Maserati?

You better work bitch 

You want a Lamborghini?

Sip martinis?

Look hot in a bikini?

You better work bitch 

You wanna live fancy?

Live in a big mansion?

Party in France?

You better work bitch 

You better work bitch

You better work bitch

You better work bitch

Now get to work bitch!

- Huuumm... droga! - sou desperta pelo som de meu celular. - O sono tava tão bom.

Já havia amanhecido, hora de levantar e voltar à rotina, agora era definitivo: as férias acabaram. Botei Work Bitch da Britney como toque do alarme do celular para eu já acordar inspirada, com vontade de fazer as coisas, mas não está dando muito certo.

Levantei, fiz minha higiene matinal, me vesti e fui em direção à cozinha. Lauren não estava lá. Fui ao seu quarto, mas ali ela também não se encontrava. Parti rumo ao banheiro da cozinha e bati na porta.

- Laur? - chamei.

- Sim?  - disse de dentro do banheiro.

- Eu vou na padaria. Já volto.

- Tá bom, vou estar te esperando. - sorri com isso.

Morar com ela era muito bom, apesar de difícil pelo fato de eu me sentir fortemente seduzida até quando ela boceja. Nossa! Ela fica tão linda bocejando, os olhinhos quase fechando, a mão encobrindo a boca, a carinha de sono. Como pode ser tão perfeita?

Na noite da pizzaria confesso que realmente me exaltei um pouco com ela e falei coisas que depois me arrependi, mas em nenhum momento falei mentiras. Não demorei mais de 10 minutos na padaria. Quando voltei ela já estava pronta, sentada no sofá, assistindo ao jornal da manhã... Totalmente linda, como sempre. Ela me viu adentrar pela porta e logo se levantou vindo em minha direção, me abraçando.

- Bom dia, Camz.

- Bom dia, Laur. Trouxe uma coisa pra você. - falei quebrando o abraço.

Ela ficou animada e curiosa. Fomos para a cozinha. Chegando lá, tirei da sacola uma porção de um pavê de chocolate com coco que ela amava (e eu também, mas essa comprei só para ela... seguindo meu plano de agradá-la). A reação dela foi... Nem sei dizer. Parecia uma criança que tinha ganho o brinquedo dos sonhos. Seus olhos brilhavam.

- Todo seu.

- OH MY GOD! CAMILA! Eu adoro você, garota!

- Eu desconfio que sim, - falei convencida. - mas não é pra comer agora, só depois que tomar seu café. Não quero você com dor de barriga na aula.

Tomamos nosso café num clima bem descontraído. Conversamos, rimos e quando estávamos saindo de casa ela se virou para mim dizendo:

- Hoje é você quem dirige. - finalizou me entregando as chaves do seu carro.

- Por quê? - perguntei confusa.

- Porque eu tenho que comer essa belezinha aqui. - apontou para o pavê. - E o seu? Deixou na geladeira?

- Não comprei pra mim.

- Por quê? - ela fez uma cara de assustada impagável.

- Que isso? Pra que essa cara? Parece que confessei um assassinato. Mas respondendo a sua pergunta, eu não estava muito a fim e quando vi lá, só lembrei de você.

Ela me agradeceu de um jeito fofo deixando um beijo em meu rosto e então entramos no carro. Eu gostava da sensação de dirigir um carro e ela estava me proporcionando isso. No meio do caminho para a universidade, ela começou a me dar colheradas de seu pavê em minha boca. Melou meu rosto várias vezes, já estava achando que ela fazia aquilo de propósito. Rimos durante todo o percurso. Era muito bom passar o tempo com ela, mesmo que nossa relação seja apenas de amizade.

Já na faculdade, a aula seguia normalmente... de vez em quando alguém fazia graça, eu ria e bancava a intelectual bagunceira que sou. Um pouco antes do intervalo foi entregue para cada um de minha turma a nova edição da revista da universidade contendo alguns projetos e também a última edição dos jogos que ocorreu no mês anterior. Eu apareci algumas vezes, como já imaginava, Lauren e Dinah também.

Durante o intervalo para o lanche, às 10 horas, eu e as meninas sentamos junto às amigas da Lauren e ela. Foi bem divertido, mas nada de gayzagens minhas com a Laur, na verdade, acho que só fazíamos isso quando estávamos sozinhas, ou melhor, eu só fazia isso (na maioria das vezes, há exceções) quando estávamos sozinhas porque várias vezes ela chegou me abraçando por trás e beijando meu rosto, me chamando de bebê na frente de outras pessoas.

Já havíamos terminado nosso lanche, apenas conversávamos quando percebemos a aproximação de três garotas. Uma delas Manuela Schultz, que agora estava com uma cor de cabelo bem chamativa: lilás. Usava também um casaco amarrado ao redor de seu quadril. Mas o que ela está fazendo aqui? Foi impossível não olhar para Dinah.

- Oi meninas. - a garota diz, aparentemente sem jeito. Todas na mesa pareciam surpresas, isso me inclui. Respondemos um "oi" praticamente em uníssono em resposta.

- Gostei do cabelo. - Lauren é a primeira a falar algo mais produtivo, um elogio.

- Obrigada. Perdi uma aposta pro Hérick. - diz sorrindo. - Deu nisso.

- O que você tá fazendo aqui? - Dinah pergunta chamando a atenção de todas na mesa, mas não foi rude em seu tom de voz.

- É sobre isso que quero falar com você. Não achei que seria adequado falar por telefone, se é que você não me bloqueou. Pode vir comigo um instante?

- Ainda anda com suas guarda-costas? - DJ pergunta debochada referindo-se as duas garotas que a acompanhavam, uma bem alta e magra, usava óculos, se não me engano seu nome era Lua. A outra não conheço por nome.

- Talvez eu tenha medo de ficar sozinha com você. - Manu diz irônica passando a mão pelos cabelos e todas gargalhamos, por que será? - Tentei ser discreta, mas pelo visto todo mundo já sabe que eu apanhei de você. - finaliza divertida.

Dinah revirou os olhos e sorriu pelo comentário da garota. Nesse instante meu coração de shipper começou a bater animado. Dinah sorriu para a garota. Aquilo era uma conversa paralela entre as duas, apenas observávamos.

- Todo mundo não, só as meninas dessa mesa, a não ser que elas tenham contado para outras pessoas e assim se espalhado a história. Não pode falar aqui mesmo o que tem para me dizer?

- Posso. Mas eu queria conversar direito com você, uma outra hora, em particular. Por agora só passei para avisar que voltei a estudar aqui, não me adaptei aos meus coleguinhas de lá. É isso.

Por essa não esperávamos. O jeito como ela se despediu de Dinah meses atrás através daquela mensagem no celular de minha amiga dava a entender que nunca mais ambas se veriam (com exceção dos eventos da universidade, como os jogos, que vez ou outra poderiam se cruzar), mas até que Dinah reagiu bem a nova notícia. Nenhuma demonstração de irritação ou algo semelhante.

 

Dinah Jane POV

Manuela está de volta, justo agora que minha mágoa cessou e estou saindo com Patrick, mas o fato de minha mágoa ter diminuído não significa que voltaremos a ser amiguinhas, não mesmo. Acabei me convencendo de que ela realmente disse a verdade durante nossa briga no banheiro tempos atrás, porém, ninguém precisa saber disso, muito menos ela, principalmente agora que a mesma voltou.

Com relação à Patrick, ele realmente é um fofo, sua timidez o faz ser fofo, no entanto, é uma lesma. Não sei se o relacionamento vai pra frente, mas estou aproveitando enquanto não me enjoo de sua lentidão. Em nosso primeiro encontro até que consegui fazê-lo falar bastante, mas do que eu imaginava, tínhamos algumas coisas em comum e isso facilitou o diálogo, mas se não fosse por mim, nem sequer um beijinho no rosto haveria acontecido. Só conversamos durante todo o encontro e quando o mesmo me deixou em casa, só disse um "até mais" e já virou-se a caminho de seu carro.

Oi? Ele desfruta da minha ilustre presença e nem sequer um beijinho no rosto eu receberia?

Contive minha indignação por saber da grande timidez do rapaz, então apenas o chamei pelo nome, fazendo-o se virar novamente para mim e apontei para meu rosto, insinuando que ele deveria beijar-me ali. Ele sorriu e veio até mim, aproximou-se um tanto receoso e quando seus lábios estavam bem próximos de minha bochecha, virei o rosto colidindo nossos lábios, felizmente ele não recuou e aprofundou o beijo, que por sinal foi ótimo. Cheguei até a pensar que o mesmo era BV tempos atrás, mas nesse dia tive a certeza que não era. Agora só acho que ele virgem, mas isso eu descubro depois.

Após esse primeiro beijo o coitado confessou-me que várias vezes pensou em desistir de ir ao encontro por conta do nervosismo. Eu iria dar tanto na cara dele se o mesmo houvesse feito isso só por estar nervoso. Acho que eu ando muito violenta ultimamente. Tenho que parar com isso.

Quando a aula termina eu e minhas amigas nos encaminhamos até o estacionamento, Camila e Lauren pareciam aqueles casais adolescentes iludidos com o primeiro amor. Deviam se assumir logo. Essas brincadeirinhas de ambas soam muito reais, não só para mim.

Antes que eu pudesse chegar em meu carro, Manu vem correndo em minha direção com os cabelos soltos ao vento - que por sinal ficou lindo na cor lilás - chamando a atenção de minhas amigas que passaram a observar tudo atentamente.

- A gente pode conversar agora?

- Agora é meu horário de almoço, depois tenho que ir pro trabalho.

Eu estava ocupando o cargo que antes era de Lauren no escritório da doutora Roberta a quase um mês. O palmito, vulgo Lauren Jauregui, ainda está indo ao escritório me dar uma força até que eu me acostume com a rotina de lá e eu a agradeço muito. Eu tinha um carro agora, não queria depender dos meus pais para os gastos que eu teria com o automóvel, já basta os outros gastos que têm comigo. Já passava da hora de eu voltar a trabalhar, o último emprego que tive foi antes da faculdade.

- Você tá trabalhando, que ótimo. Olha, se não se importar, nós po-podemos almoçar juntas. - sugeriu. Fiquei encarando-a, não de forma intimidadora, mas sim pensativa, porém, ela pereceu se arrepender do que disse. - Acho que não foi uma boa ideia, né? Tá, tudo bem. Eu vou indo.

- Não. Espera! - ela me olha esperançosa. - Meninas, podem ir sem mim. Tenho que resolver umas coisas com ela. - resolvo expulsar as bisbilhoteiras. Elas logo assentiram.

- Qualquer coisa, liga pra polícia, Manu. - minha melhor amiga diz divertida, mas não achei graça. Mani andava toda piadista ultimamente, aquele branquelo safado faz bem pra ela.

- E usem camisinha. - Vero diz bem alto antes de entrar no carro da namorada. Reviro os olhos pelo seu comentário.

- Quando eu for presidente do mundo e mandar tacar fogo em todas as plantações de maconha existentes no planeta tu vai achar ruim. - respondo no mesmo tom.

As garotas apenas riem da situação e logo se retiram, restando apenas eu e Manuela.

- Então... - começa sem jeito. - É... eu tô de carro. Vamos?

- Agora eu tenho um também.

- Como é? - pergunta assustada. - Seus pais te deram um carro? - por que as pessoas se assustam quando eu digo isso?

- Eles me deram de aniversário.

- Eu lembrei do seu aniversário, a propósito. Pensei em te dar os parabéns pessoalmente durante os jogos, mas quando você jogou contra minha equipe estava quase me batendo quando nos cruzávamos na quadra, imagina fora dela.

- Vai ficar fazendo piadas sobre minha agressividade até quando? - pergunto começando a perder a paciência. Ela iria responder, mas a interrompi. - Esquece. As meninas foram almoçar no Hérick, nós vamos onde almoçávamos antes, você no seu carro e eu no meu. Nos vemos lá.

Ela bateu continência - sempre engraçadinha - e eu segui até meu carro assim como ela seguiu até o seu. Em pouco tempo já estávamos no local nos acomodando em uma mesa. Decidimos deixar a conversa para o final, nos alimentamos primeiro e só então iniciamos.

- Você nunca respondeu aquela minha última mensagem e até hoje não sei se estou desculpada ou se você continua me odiando e está apenas fingindo simpatia, o que não é típico de você.

- Eu não conseguiria te desculpar naquela época. Nós duas erramos. Eu pensei tanto sobre toda essa situação durante esse tempo. Você fez tudo aquilo, mas eu realmente não deveria ter te agredido daquela forma, você era minha amiga antes de tudo acontecer. Eu deveria ter tido uma conversa amigável com você em respeito a amizade que tínhamos, e não sair no tapa por causa de um garoto que eu nem gosto mais tanto assim. Ele é um fofo, boa companhia, mas...

- Espera. - interrompe-me. - Vocês estão saindo juntos?

- É, faz pouco tempo. Enfim, nem foi tanto por ele que te agredi, foi por eu ter te achado uma vadia falsa, que apunhala as amigas pelas costas.

- Nossa! Foi isso que pareceu, não é? - assenti. - Desculpa. Eu não sabia como contar, a verdade é que eu não queria sentir isso e logo por você, olha no que deu? Fiz uma das maiores burradas da minha vida e ainda perdi sua amizade.

- Desculpa pelo que fiz no seu cabelo.

- Aquilo doeu. - sorriu sem graça. - Mas cabelo cresce e nem sequer dá pra ver, você pegou esses mais próximos da nuca, dei sorte, ou não, porque doeu. Mas não precisa pedir desculpas, eu fui a culpada de toda a situação, porém, se você precisar que eu te desculpe, então eu te desculpo. - ela não pode ser fofa assim comigo, não comigo. Ela deveria me odiar pelo que fiz com ela.

- Hérick disse que eu machuquei muito você, e ele não estava falando fisicamente.

- Você estava com muita raiva, eu achei que fosse morrer ali naquele banheiro porque eu simplesmente não conseguia me defender de você e eu sei me defender, fiz aulas de defesa pessoal, mas eu não conseguia mover um dedo em sua direção.

Eu só consigo me sentir pior a cada instante, cada palavra dita por ela.

- Eu fui horrível com você. Te chamei de coisas horrendas depois que você foi embora daqui.

- Eu imagino, - sorriu. - mas a otária está aqui com você agora, não está? - ela pergunta e eu sorrio sem exibir os dentes. - Me dá uma chance, Dinah? - arregalo os olhos o máximo possível pelo meu espanto. Ainda bem que almoçamos antes da conversa, caso contrário talvez eu tivesse perdido a fome ou esquecido de comer tamanha minha surpresa. - Olha, eu sei que é estranho pra você porque é estranho pra mim também, mas eu gosto de você e gostaria de tentar, tentar com você.

- Não é tão simples assim.

- É sim. Já somos adultas.

- Não creio que eu sinta o mesmo.

- Eu sei que não, mas pelo menos deixa eu te mostrar que... - para um instante, respirando fundo. - Eu vou ser melhor pra você do que ele.

Começo a rir. Eu não tenho nada sério com Patrick, quem sabe mais à frente.

- Como pode ter certeza? - questiono.

- Eu conheço você, sei o que te agrada e o que te deixa puta. Tenho certeza que a lentidão dele deve te dar nos nervos algumas vezes. - vagabunda. Ela tinha razão. - Mas me fala, como foi pra vocês chegarem um no outro?

Ela me pede uma chance e depois pergunta sobre meu relacionamento com outra pessoa. Essa garota é inacreditável. E lá fui eu contar toda a história, a idiota não parava de rir e ainda fazia as piadinhas típicas dela, me fazendo rir junto. Não posso negar que senti falta disso, das suas piadas idiotas, seu jeito louco e espontâneo. Pagamos a conta e decidi me despedir.

- Eu tenho que ir agora, o trabalho me espera, e só pra você ficar feliz, até que esse almoço foi divertido.

- Mas é claro, fiquei inflando seu ego várias vezes.

- Eu tô falando sério, sua ridícula. - falei divertida. - Senti falta de rir com você.

- Bom saber. - diz maliciosa.

Manu insistiu em me acompanhar até meu carro e eu não podia fazer nada para impedi-la. Ela era insistente.

- É... Chegamos. Eu vou indo, tchau.

- Até amanhã, DJ. - diz deixando um beijo em meu rosto e sem que eu esperasse, sussurra algo em meu ouvido. - Eu vou lutar por você e eu vou fazer certo agora, nenhuma loucura, eu prometo.

Ela se afasta dando meia volta e eu fico parada, lutando para não exibir um sorriso que sei lá por qual razão queria ser exposto, mas eu não consegui, acabei sorrindo negando com a cabeça. Eu realmente nunca pensei que passaria por isso algum dia, uma amiga que se diz apaixonada por mim, é uma situação um tanto complicada. Eu estava tão entretida com meus pensamentos a respeito disso que nem notei quando ela se aproximou novamente, mas assim que ouvi sua voz redirecionei meu olhar para a mesma.

- Uma última coisa... - pausa e olha para os lados. - Eu não sou como o Patrick. - foi a última coisa que ela disse antes de me dar um beijo... NA BOCA. Ela segurou meu rosto com as duas mãos e me puxou para um beijo.

Eu fiquei sem reação, quando dei por mim afastei-a olhando para os lados quase que de forma desesperada com receio de alguém ter presenciado aquilo, mas felizmente não havia ninguém que estivesse olhando. Eu teria ficado mais envergonhada do que já estava, provavelmente corei.

- Manu, voc-

- Acho que acabei de quebrar minha promessa de não fazer nenhuma loucura. Desculpa. - ela dá alguns passos para trás com um largo sorriso no rosto e logo dá meia volta novamente seguindo até seu carro.

Louca.

 

Camila POV

Pouco mais de uma semana se passou desde que as aulas voltaram, era quarta feira.

Após o intervalo do lanche Ally, Dinah e eu voltamos para sala e fomos informadas que algumas turmas seriam "obrigadas" a assistir uma palestra e a ouvir alguns comunicados no auditório da universidade a respeito de alguns projetos da mesma, minha turma estava inclusa. Só fiz guardar as coisas na mochila e fui falar com as meninas.

- E aí, vamos?

- Mila, eu e a Dinah não vamos, pedimos dispensa do professor pra concluir nosso trabalho na biblioteca. Queremos terminar ainda hoje pra nos livrarmos logo. - Ally explica.

- Também não vou, Mila... - Normani disse me olhando meio sem jeito.

- Por que? Terminamos nosso trabalho adiantado, aliás, super adiantado.

- Eu sei, esse é um dos muitos lados bons de fazer dupla com você... É que falei com o Hérick durante o lanche. Lembra aquela hora que fui ao banheiro? - assenti. - Pois então, eu liguei pra ele, conversamos e aí quando soube que teríamos que ir nessa palestra não pensei duas vezes e mandei um SMS perguntando se ele queria companhia. Sorry...

- Tudo bem, aproveita. Depois eu repasso pra vocês o que foi avisado lá.

Recebi um beijo estalado da morena em meu rosto como forma de agradecimento, logo após fiz meu caminho até o auditório e para minha surpresa a turma de Lauren também estava lá.

Assim que adentrei o auditório a enxerguei. Era difícil não reconhecer aqueles cabelos negros em contraste com sua pele branquinha. Ela estava com seu grupinho de amigas e mais algumas outras pessoas de sua turma. Sentei no bloco das cadeiras do meio só que um pouco mais atrás em relação a localização de Lauren, não tinha quase ninguém na minha fileira, melhor assim, eu estava com uma leve dor de cabeça e quanto menos conversasse, melhor, acho que eu nem sequer conseguiria prestar atenção, mas iria tentar. Ela estava no bloco de assentos à minha esquerda, umas 6 filas mais à frente comparada à minha, gesticulava com os braços enquanto falava algo. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela.

"Tô te vendo miss sete anões" - Camila

Ultimamente nosso grupinho (Ally, Dinah, Keana, Lauren, Lucy, Normai, Vero e eu) pegou a mania de chamar as pessoas de miss e mister alguma coisa, tudo por chamarmos Ally de miss simpatia.

Redireciono meu olhar para a morena vendo-a pegar o celular e logo em seguida olhar para os lados. Acho que estava me procurando, mas eu estava quase deitada ali. Em seguida olhou para a tela do celular novamente e segundos depois recebo uma mensagem dela.

"Tá aqui no auditório? Onde? Que parte?" - Lauren

"Bloco de assentos à sua direita, algumas fileiras atrás em relação a você... Se mesmo assim não me ver, eu sou a solitária da fileira que parece estar no sofá de casa :) " - Camila

Enviei e fiquei observando-a, ela pegou o celular logo após, percebi que sorriu olhando para a tela do aparelho, depois se levantou, virou-se - eu podia vê-la de frente agora - e ficou me procurando com o olhar, mas ainda no seu lugar. Quando me achou flexionou levemente os joelhos, franziu o cenho, cerrou os olhos, apontou para mim e disse "achei você", no entanto, tive que fazer leitura labial, pois não consegui a ouvir falar. Talvez ela tenha apenas dublado mesmo ou sussurrado, mas isso não importa. O que importa é que foi engraçado e eu acabei soltando um largo sorriso na hora, que a fez sorrir também.

Ela focou no celular novamente.

"Por que está sozinha? Onde estão as meninas?" - Lauren

"Tô com um pouco de dor de cabeça, gosto de me isolar quando tô assim. E quanto às meninas, Dinah e Ally foram terminar um trabalho na biblioteca, e a Mani foi se agarrar com o Hérick em algum lugar..." - Camila

Depois que recebeu minha mensagem, pegou sua mochila, se despediu das amigas e veio em minha direção. Entrou na minha fileira e sentou-se do meu lado, fiquei me questionando o porquê disso.

- Não querendo ser grossa, mas... Por que veio aqui comigo? - perguntei confusa.

- Vim cuidar de você, ué. - disse como se fosse óbvio.

- Cuidar de mim?

- Sim, oras. Você não está com dor de cabeça? - assenti positivamente. - Pois então. Quer que eu te leve pra casa?

- Não... Não precisa, eu realmente quero assistir essa palestra e ouvir os comunicados, espero que a dor me deixe prestar atenção.

- Eu não tô muito a fim não, mas o professor disse que colocaria falta em quem fosse embora e aqui estou eu, esperando começar essa coisa que pra mim vai ser tediosa. - ela disse me fazendo soltar um riso nasal.

- Garanto que vai ser bem mais tedioso se ficar aqui do meu lado, que provavelmente não vou falar uma palavra. Vai lá com as suas amigas, garanto que elas vão te entreter, eu vou ficar bem.

- Você também é minha amiga! Eu já disse que vou ficar aqui e ninguém vai me fazer mudar de ideia. - eu ri, mas concordei em deixa-la ali. - Já tomou algum remédio?

- Não gosto de tomar remédio pra conter qualquer dorzinha que eu sinto, daqui a pouco passa.

Ao terminar de falar, o reitor e alguns coordenadores sobem ao palco e iniciam o que tinham para falar. Eu assistia atentamente, Lauren até tentou, mas não conseguiu e ficou no WhatsApp. O tempo previsto da palestra era uma hora e meia. Os primeiros 30 minutos se passaram e Lauren me cutucou.

- Olha só o contraste das cores da nossa pele. - disse rindo. Ela tem tantos assuntos nada a ver quando está entediada.

Nossos braços estavam lado a lado apoiados nos braços de nossos assentos. Eu era uma branca bronzeada e ela uma branca, branca. Acabei encostando mais os nossos braços e fui surpreendida quando de repente ela pegou na minha mão e entrelaçou nossos dedos. Meu coração disparou.

Não era a primeira vez que entrelaçávamos nossos dedos, a primeira vez foi na festa da Alexa, já que estávamos fingindo ser um casal, no entanto, era provavelmente a primeira vez que nossas mãos se tocavam dessa maneira, sem motivo algum. Eu nem sequer conseguia olhar para ela, olhava apenas para nossas mãos entrelaçadas, meu coração batia forte, minha respiração estava anormal e minha mão que segurava a dela estava começando a suar, mesmo tendo uma quantidade enorme de ar condicionado ali. Senti todas essas sensações durante os poucos segundos que se seguiram desde o momento em que ela entrelaçou nossos dedos, e então ela resolve falar...

- O contraste ficou mais bonito agora, não é mesmo, Camz? - engoli em seco, tinha que tentar disfarçar meu estado, afinal, para ela isso tudo parecia normal.

- É... fi-ficou bonito sim. - droga! É assim que vou disfarçar? Gaguejando?!

- Sua mão é macia, - disse fazendo carinho no dorso de minha mão com o polegar. - mas ela tá suando e você gaguejando, tem certeza que essa dor de cabeça não é nada? Você está bem mesmo?

Ah, é claro, Lauren. CLARO QUE NÃO ESTOU BEM E A CULPA É SUA! Eu apenas pensei, não diria isso.

- Tô sim, é só... frio. - menti e como sempre foi uma boa mentira, ou melhor, teria sido se eu não estivesse transpirando pelas mãos.

- Mas sua mão está suando, bebê. - ela nota.

- É que... eu tenho... problemas de... excesso de transpiração nas mãos. - digo dando pausas. - Independente de o clima estar quente ou não. - menti de novo, mas eu realmente tive esse problema na adolescência. Não sei de onde tirei coragem para olhar nos olhos dela e dizer o que eu disse em seguida. - Acho bonitinho você se preocupando comigo.

Ela deu aquele lindo sorriso tímido sem amostrar os dentes que me fazia ficar boba. Acho que eu estava corando e então desviei meu olhar do dela, na tentativa de esconder minha vergonha. Quando eu menos espero, sinto seus lábios no meu rosto, um beijo calmo e carinhoso. Ela desgrudou os lábios da minha pele e disse quase que num sussurro, com os lábios ainda próximos da minha bochecha:

- A gente tem uma a outra agora. Você cuida de mim, e eu de você.

Depois dessa eu tenho certeza absoluta que corei. Só então percebi que nossas mãos ainda estavam juntas, mas logo ela soltou. Também, tadinha, eu devo ter dado um banho de suor nela, que vergonha.

Mais alguns minutos se passaram, Lauren comia um pacote de biscoito recheado que havia retirado de sua mochila e compartilhado comigo. Agora era eu que já estava me entediando. Ok, o assunto me interessava, mas eu não consigo ficar prestando atenção a todo minuto para as coisas e quando percebi, estava olhando para o teto, perdida nos meus pensamentos, segurando uma bolacha na mão. Voltei a olhar para o palco a frente comendo o biscoito recheado que antes eu segurava. Foco na palestra, Camila.

- O teto não estava interessante? - Lauren me pergunta se segurando para não rir mais alto e chamar a atenção de todos.

- Besta. - sorri.

- Eu tô com sono. - disse de repente. - Com licença! - ao dizer isso deitou sua cabeça em meu ombro.

Eu queria ter coragem para deitar minha cabeça na dela, mas eu sempre travava quando o assunto era ela. Que ódio! Minha alternativa foi apelar pro humor, como Ariana me sugeriu uma vez.

- Quer dizer que agora sou um travesseiro, dona Lauren?

- É sim, macio e gostoso. Ou melhor, macia e gostosa. - ela diz manhosa e nem tive como me intimidar.

- Você tá extremamente gay hoje.

- Na verdade eu sou bi, você sabe. - diz ironicamente pegando meu braço esquerdo e pondo ao redor de seus ombros.

- Lauren. Isso realmente tá MUITO gay. O que as pessoas vão pensar?

Eu nunca fui de ligar para a opinião das pessoas a respeito de nada, mas eu estava nervosa com aquela situação.

- Vão pensar que estamos assumindo nosso amor. - disse com a voz meiga, me fazendo rir horrores, só não sei se era de nervoso ou porque realmente foi engraçado. De qualquer forma, resolvi entrar no joguinho dela.

- Eu não sei se tô pronta pra assumir nossa relação pro mundo, Lolo.

Eu estava rindo internamente de mim mesma e mais uma vez ela vem e quebra todas as minhas estruturas. Aproximou seus lábios da minha orelha e sussurrou:

- Não se preocupa, eu vou estar do seu lado. - e então entrelaçou sua mão esquerda na minha mão esquerda que estava sobre seus ombros. Ela parecia até estar falando sério. Mas eu não posso me iludir achando que ela está me dando mole. Eu definitivamente não podia entrar nesse tipo de brincadeira com ela. Não mesmo.

E assim ficamos até o final da palestra, meu braço ao seu redor e nossos dedos entrelaçados, felizmente eu não estava mais transpirando nas mãos. Nem consegui mais prestar atenção na palestra, só conseguia me concentrar no cheiro dos seus cabelos enquanto pensava em como seria incrível se nossas brincadeiras não fossem brincadeiras, mas sim realidade.

(...)

Poucos minutos depois de sairmos do auditório esbarramos com Ally e Dinah saindo da biblioteca. Nos disseram que tinham acabado de terminar o trabalho delas e que iriam atrás do professor tirar uma última dúvida. Pediram para que nós às esperássemos, provavelmente para jogar conversa fora, eu e Lauren topamos. Ficamos próximas à biblioteca e logo Vero e outras amigas da Laur chegaram e começaram a conversar com a gente, acabei sentindo sede e fui a um bebedouro próximo dali. Quando estava bebendo água senti mãos em minha cintura. Tremi involuntariamente.

Só pode ser ela.

Olhei um pouco para trás, por cima do ombro, e constatei que realmente era ela.

- Que susto, menina. - falei dando um gole em meu copo d'água logo em seguida.

- Vero e as outras acabaram de ir e te mandaram um beijo.

Ela acabou me abraçando de vez, por trás, e não pude deixar de ficar feliz com aquilo, sentir os braços dela à minha volta é sempre o paraíso, em contrapartida, também não pude deixar de fazer uma observação, que aliás, seria a única coisa que explicaria ela estar agindo assim.

- Lauren, tô achando você muito carente. - ela sorriu no meu ouvido ao me ouvir dizer isso.

- Por que diz isso? - questiona.

- Porque eu tô literalmente sentindo sua carência na minha pele. - falei rindo. - Não que eu esteja reclamando, de maneira alguma, afinal, eu amo abraços, você sabe... Mas sei lá, acho que você deveria voltar a sair, se divertir, p-pegar alguém.

Confesso que tive uma certa dificuldade em dizer essa última parte, mas tenho que me conformar que somos apenas amigas, enquanto eu não obtiver coragem o suficiente para sair dessa zona em que me impus, é assim que vai ser.

 

Lauren POV

Depois dela comentar sobre minha "carência", começamos a caminhar para onde nós estávamos antes e com isso a soltei do abraço, mas eu precisava fazer um comentário a respeito do que ela disse.

- Não tô mais tão a fim de sair... - ela me olhou assustada no mesmo instante. - O que foi? Não me olha assim, vai. É sério. Acho que uma menina tá gostando de mim. - eu estava falando dela.

- E...?

- E que eu tenho um enorme carinho por ela, acho que tô gostando dela na verdade. Eu demostro afeto e as vezes ela corresponde na hora, mas outras vezes parece que fica receosa.

- Eu conheço?

- É... podemos dizer que sim. Mas a questão é que eu queria que ela viesse falar o que ela sente pra mim, porque eu realmente tenho dúvidas. - resolvi ir dando uma deixa para ver se ela se tocava. - Eu percebo que ela tem dificuldades de admitir os sentimentos até para si mesma.

A respeito disso eu nem podia reclamar muito pois estava na mesma situação, mas ela não precisava saber dessa parte.

- Isso é complicado... Eu meio que tenho dificuldades em demonstrar meus sentimentos quando tô gostando de alguém, então posso dizer que eu entendo essa garota. - ai, como é ingênua! - Mas você por acaso já deixou no ar assim pra ela falar? Tipo uma deixa.

- Sim, hoje mesmo. Acho que ela nem percebeu. - suspirei derrotada. - As vezes sinto que ela fica me dando mole, mas tenho medo de ser apenas coisa da minha cabeça e ela não estar interessada em mim, enquanto eu fico cada dia mais encantada por ela, mesmo eu não querendo.

Ela apenas ficou em silêncio. A verdade é que eu já tinha praticamente certeza que ela estava gostando de mim, mas eu precisava de uma confissão, mesmo que fosse inconscientemente, já que ela não assumiria seus sentimentos e eu não a pressionaria contra a parede perguntando se ela realmente gostava de mim de um jeito diferente. Isso poderia estragar nossa amizade e eu não quero isso. Já basta a vez que eu perguntei se ela me beijaria. Obtive um sim, o que não serviu de nada até então. A própria já disse que ficaria comigo, o que também não deu em nada. Eu achava que eu era complicada, mas ela está de parabéns, me superou.

- E você, Camz? Tá gostando de alguém?

Ela pareceu ficar nervosa, se atrapalhava com as palavras. Mais um ponto pra mim.

- A-ah. Eu, é... Eu... - a interrompi.

- Pode falar Camz, você pode confiar em mim. Não precisa me dizer o nome da pessoa. Só quero saber se tá interessada em alguém. - eu tinha que ir aos poucos.

- Ah... Bom, é que... Tá bom, eu falo. Eu estou sim... gostando... de alguém. Já faz um tempinho, na verdade. Cadê as meninas que não chegam, heim?

- Não muda de assunto Camz. - ela bufou. - Mas me diz uma coisa... É do Tyler que você tá falando? - perguntei só para ver a reação dela e foi hilária.

- O QUÊ? - falou bem alto e só se tocou disso quando percebeu que algumas pessoas a olhavam e logo voltou ao tom normal. - Não. Claro que não.

Perguntei para ela se a pessoa por quem ela estava interessada sabia dos sentimentos dela, e como eu imaginava, a resposta foi não. Fui fazendo mais algumas perguntas até que consegui arrancar algo dela...

- Eu tento agradar ela faze-

Tive que interromper.

- PARA TUDO! Você disse ELA?

- Hã? NÃO! E-eu quis di-dizer ela no sentido de pessoa... ELA a PESSOA. Entendeu? Eu não quis dizer que é uma me-menina. - esclareceu, bem nervosa por sinal. Era lindo vê-la gesticulando freneticamente com as mãos.

- Aham, sei...

Comecei a gargalhar, foi inevitável, o rosto dela estava corado, eu quis beija-lo, mas resolvi me controlar e nem sequer sei porque fiz isso, afinal, eu estava tão atiradinha ultimamente. Enfim as meninas apareceram no fim do corredor, eu ainda estava rindo de Camila e disse antes das meninas chegarem até nós:

- Esse assunto ainda não acabou, Camilinha... Ainda vou arrancar mais coisas de você. - ela me olhou com desdém, como se quisesse dizer: "tente, daqui não vai sair nada."

Acabamos indo almoçar com as meninas, menos a Mani que estava em algum lugar com o Hérick e não era naquele restaurante. Passamos a almoçar no restaurante dos garotos agora. Como sempre, jogamos conversa fora, falamos mal de alguma vagaba atirada, - o que é estranho porque atualmente eu estou desempenhando essa função com a Camila, mas a diferença é que não estou me oferecendo para Deus e o mundo como a menina de quem falávamos - nos entupimos de comida (porque isso é lei) e logo depois fomos cumprir nossos compromissos. Pensamos em marcar de sair, mas a verdade é que ninguém estava totalmente disposta e, sendo assim, deixamos para o fim de semana, no sábado, afinal, ainda era quarta feira.

No caminho para deixá-la no trabalho estávamos muito caladas, então resolvi ligar o rádio e minutos depois estávamos cantando juntas, a música era Pity Party da Melanie Martinez. Teve um momento, quando o sinal estava fechado, que elevamos uma de nossas mãos em direção ao teto do carro, totalmente envolvidas pela música e quando percebemos, nossas mãos estavam entrelaçadas numa altura pouco acima de nossas cabeças.

Quando terminou essa música, começou You and I da Lady Gaga. Eu nem sabia que essa música ainda tocava nas rádios. Foi estranho aquela música começar a tocar justo agora que eu estava a sós com Camila, mesmo que a letra da mesma não tivesse praticamente nada a ver com minha relação com ela, foi estranho, talvez pelo título da música, mas comecei a cantar assim mesmo, ela apenas me observava e me ouvia. Eu cantava olhando para frente todo tempo, mas percebia o olhar dela em mim.

 

Camila POV

Era quinta-feira à noite. Faculdade e trabalho haviam nos consumido, o dia tinha sido exaustivo para ambas. Eu e Lauren decidimos pedir uma pizza e assistir algum filme aleatório que estivesse passando na TV. O filme era até legal, mas nem prestei atenção no nome.

A terceira parte do filme estava se encerrando. Os comerciais começaram a ser exibidos e uma mulher surgiu dizendo que antes de tomar um tal remédio lá, estava quase com depressão, não tinha mais vontade de sair, não sentia desejo sexual e essas coisas todas que esse povo fala nos comerciais para vender seus produtos. Estávamos no mesmo sofá, em extremidades opostas e entre nós, a caixa de pizza. De repente, Lauren resolve falar.

- Falando nisso, nem lembro qual foi a última vez que transei.

Mas eu tenho uma ideia de quando foi. Pensei.

- Com certeza não faz tanto tempo quanto minha última vez. - falei tranquilamente.

- E quando foi sua última vez? ­

- Aah, não sei... Em minha vida passada, talvez.

- Ah, fala sério, Camila. Não deve fazer tanto tempo assim.

- Mas eu tô falando sério, Lauren. - disse séria na tentativa de demonstrar sinceridade.

Ela parou de rir por um instante e me encarou. A encarei de volta, arqueando uma de minhas sobrancelhas.

- Não, não pode ser... - começa a negar com a cabeça. - Não pode ser o que eu tô pensando. Tá de sacanagem, né? - continuei sem expressão alguma no rosto. - Camila, você é virgem? - parecia indignada.

- Sim. - respondi como quem não quer nada.

- POR QUE? - perguntou em voz alta, claramente espantada. Eu sinceramente não vejo motivo para esse escândalo todo.

- Porque eu quero. - respondi naturalmente.

- Falta de homem eu sei que não foi. Eu mesma já vi você dispensando uns caras na facul, alguns bem gostosinhos, por sinal. Isso pra mim já classificaria você como lésbica.

Realmente, olhando por esse lado... Mas eu apenas ri do comentário dela. As vezes acho que tenho medo dos rapazes, como se eles não me passassem confiança o suficiente para eu ter algo mais a fundo com eles além de amizade, mas alguns poucos felizardos conseguiram.

- Talvez eu esteja esperando o cara certo.

- E o que seria o cara certo? Aquele com quem você vai casar, ter filhos e viver feliz para sempre? - perguntou-me irônica.

- Talvez.

- Talvez... talvez... talvez. - falou aparentemente irritada, mas percebi que essa não foi a intenção, pois ela logo mudou o tom de voz, passando para algo parecido com pena(?). - Você é tão... Incerta sobre si mesma.

- Eu sei... - suspirei. Se tinha algo naquela conversa que era verdade, essa verdade é o fato de eu ser incerta.

- Mas voltando ao assunto sexo... Já vi e ouvi você falando sobre o assunto com tanta veemência... Quem vê jura que você tem experiência.

- Eu leio sobre as coisas. Posso não saber muito sobre a prática, mas sobre a teoria...

- Não saber muito sobre a prática? Anjo... Desculpa se vou parecer grossa, mas, você não tem experiência alguma, nunca fez. - disse soltando um riso nasal.

- Eu nunca disse que não havia feito.

- Você disse que era virgem. Isso automaticamente julga, classifica você como inexperiente, certo?

- Você acreditou mesmo nisso?

- Nisso o que?

- Que eu sou virgem.

- Você é ou não é?

- MEU DEUS! VOCÊ ACREDITOU. Não, Lauren. Eu não sou virgem. Agora pode confessar que eu sou ótima com mentiras, eu deixo. - digo convencida, ela apenas revira os olhos.

 

Lauren POV

Após ser trolada, continuamos a assistir o filme que algum tempo depois se encerrou. Camila levantou-se do sofá, foi em direção à cozinha e disse:

- Agora só falta você me dizer que ficou com medo desse filme e que não vai conseguir dormir sozinha essa noite.

Logicamente, ela estava me zoando, e eu, obviamente, entrei na brincadeira.

- Mas é claro, Camila. - coloquei a mão no peito fingindo indignação. - Aquela cena em que a menina beija o garoto vai ficar pra sempre em minha mente. Que coisa horrível! Nunca vou esquecer, terei pesadelos eternos, nem sei se conseguirei dormir com as luzes apagadas novamente algum dia.

- Lauren, seje menas! Você já foi bem melhor em inventar desculpas pra dormir comigo. E sabe? Pensando agora, nossa conversinha de minutos atrás me deu mais certeza da sua carência. Você precisa transar, Jauregui. TRAN-SAR! E não se enroscar em mim durante a noite. Não que eu esteja reclamando, dormir com você é divertido. - finalizou me mandando um sorriso, mas isso não me impediu de ser atirada.

- Ótimo! Então essa noite vamos fazer diferente. Hoje nós iremos transar! Eu e você, você e eu, na minha cama, já, já. Você dá pra mim e eu dou pra você, fechado? - como estou promíscua. Confesso que eu estava morrendo de rir internamente, mas por fora eu estava séria.

- HÃ? - me perguntou quase gritando, seu rosto estava vermelho, dessa vez não consegui me segurar, comecei a rir tão descontroladamente que quase caio do sofá.

Ela estava visivelmente sem jeito, rindo meio sem graça, com o rosto fitando o chão. Resolvi me controlar e pedir desculpas. Não queria que ela se sentisse desconfortável, mas queria ver como ela reagiria. Não foi bem como eu esperava. Esperava que ela me perguntasse "tá falando sério?", esse é o tipo de pergunta que, na minha opinião, claramente expressa uma dúvida esperançosa, ou seja, a pessoa fica dividida entre o sim e o não; ela levemente acredita que aquilo pode ser real assim como tem consciência que pode não ser, mas ela disse apenas "hã?", como se não tivesse entendido. Eu sei que ela entendeu, fui bem explícita, aliás, explicitíssima (se é que isso existe). Mais explícita que isso só se eu ficasse nua na frente dela apontasse para minha perseguida - como diz Vero - e dissesse: insira seus dedos aqui.

Olha só... Um sorriso malicioso surge em meus lábios. Isso de ficar nua me deu uma ideia.

(...)

No dia seguinte, sexta-feira, não haveria aula para nós, mesmo assim acordamos cedo, pouco mais de 8h, afinal, as crianças de 22 e 23 anos ainda gostam de assistir desenho animado.

Ficamos na frente da TV até as 10h, quando decidimos fazer o almoço. Depois de almoçarmos, tomamos um banho e nos arrumamos para irmos para o trabalho. Deixei ela na escola e fui para o meu último dia naquele escritório. Hoje eu teria que dar um jeito de sair mais cedo e chegar em casa antes de Camila, fazia parte do meu novo plano, não que fosse necessariamente importante eu sair mais cedo para fazer isso, mas quando eu pensei nesse plano, eu pensei nele assim, com esse detalhe, e aparentemente estava perfeito, então decidi deixar do jeito que estava.

Falando em plano, ainda tenho que pensar em algo para amanhã à noite, já que combinamos de sair com Ally, Mani e DJ, mas vou deixar para pensar nisso mais tarde, depois que eu executar esse primeiro plano.

O que eu tinha que pensar no momento era numa desculpa para sair do trabalho mais cedo, por mais que quem estivesse pegando no pesado mesmo seja Dinah e que eu não fosse mais tão necessária ali. Pensei em inventar que algum parente estava no hospital, mas isso é o tipo de coisa que não se brinca, então, risca.

Tive também a ideia horrível de dizer que minha casa estava pegando fogo, mas só de pensar nisso me deu uma agonia. Camila era tão boa com mentiras, eu raramente encontrava lacunas nas mentiras dela, algumas eu sabia que era mentira porque eu conhecia a rotina dela, outras só descobria porque ela me contava depois. Vou levar ela como inspiração na vida.

Depois de muito pensar tive a brilhante ideia de dizer para Dinah e minha chefe que eu estava com uma cólica horrível, que já havia tomado remédio, mas que não havia surtido efeito algum e que geralmente só faz efeito quando eu durmo. Disse isso tudo com uma cara bem abatida e triste, para ninguém botar defeito, Camila sentiria orgulho se me visse atuando assim.

A Dr. Roberta, como mulher, disse que me entendia completamente, até me deu algumas dicas; acabou se comovendo, mas só me liberou às 15:30h. Já Dinah não acreditou muito.

- Pra mim você não precisa mentir, eu sei bem que você quer chegar cedo em casa pra fazer uma surpresa pra sua namoradinha. Assumam-se logo.

Saí do trabalho com a intenção de ir direto para casa, estava morta de fome, no entanto, não podia dar mole e ir na padaria próxima do escritório. Resolvi ir naquela que fica na rua do apartamento. Camila sai do trabalho somente às 17h30, dava tempo de eu dar uma bela lanchada. Lanchada? Que palavra horrível. Já de estômago cheio, fui para casa, tomei um banho rápido, vesti um short jeans escuro e na parte de cima apenas um sutiã preto com o feixe na frente - esse detalhe é fundamental para o meu plano.

Segui para a sala, me joguei no sofá (o que fica de costas para a porta) e mandei uma mensagem para Camila avisando que eu havia saído mais cedo do trabalho. Ela me mandou uma mensagem de volta perguntando se eu poderia buscá-la, já que eu estava livre. Eu queria muito ir, muito mesmo, mas tive que responder que não por causa do que eu havia planejado e isso me doeu. O "porquê" doeu, isso eu não sei, mas foi estranho.

Fiquei deitada lá, mexendo no meu celular, até que, às 17h47, ouço a porta sendo aberta. Guardo meu celular e finjo estar tirando um cochilo, logo ela passa por mim e começa a falar sem parar sobre algo que aconteceu na escola sem perceber que estou "dormindo". Dou um gemido manhoso e então ela me olha percebendo que eu estava "cochilando".

- Ai desculpa, Laur! Eu acordei você, né?! - pergunta-me toda preocupada, sentando-se perto de mim no sofá em que eu estava.

- Não, não, sem problemas. Eu nem deveria estar dormindo uma hora dessas.

- Pra começar, você não deveria estar dormindo com sutiã, Lauren. Isso faz mal.

- Tudo bem, se quiser eu tiro. - sentei me no sofá e fiz menção em tirar meu sutiã ali mesmo. Essa parte não estava planejada, mas foi ótimo, ela quase teve um ataque.

- NÃO!!! Você é louca? Eu tô aqui sua maluca.

- Não vejo problema, somos duas mulheres, o que eu tenho você tem. - como eu sou cínica, viu?! - Tô te zoando, besta. - falei e deitei novamente.

Ela foi na cozinha e aproveitei para aprontar mais um pouquinho, testar o tipo de reação dela. Agora sim era meu plano. Abri meu sutiã, deixando um dos meus seios bem à mostra. A intenção era que quando ela voltasse visse essa cena e foi o que aconteceu. Eu estava fingindo cochilar novamente, só que com os olhos levemente abertos, assim como anteriormente, apenas uma pequena fresta me deixava enxergar, afinal, eu precisava ver a cara dela. Foi HI-LÁ-RI-O!

Vi a mesma fazer um "o" com a boca seguido de um oh meu Deus mudo, como se estivesse dublando.

- La-La-Lauren?!

- Huum. - respondi com um gemido manhoso, me controlando para não rir e só Deus sabe como isso foi difícil.

- Seu su... tiã. Ele... tá aberto.

Abri os olhos rapidamente, direcionei-os aos meus seios e, fingindo espanto e surpresa, sentei num pulo só no sofá. Eu estava tão sonsiane ultimamente. Se tudo der errado vou ser atriz de TV, os exclusivamente de teatro são meio who's - pelo menos eu acho - e eu quero que o mundo conheça esse meu talento.

- Ai, caramba! - disse fechando meu sutiã. - Me desculpa, Camila. Juro que isso não foi intencional. Isso que dá dormir com a porra desses sutiãs com feixe frontal.

Ela apenas disse "tudo bem". Essa menina não se revolta com nada não? Acho que a única vez que a vi com sangue nos olhos foi no dia em que entrou naquela briga por mim, na faculdade, a um tempo atrás. Eu nunca vou esquecer disso. Isso foi o bastante para eu querê-la por perto pelo resto da minha vida. Ainda não consigo acreditar que ela botou a boa reputação dela em risco para me defender.

Depois do episódio do meu sutiã, ela contou-me como havia sido seu dia de trabalho e logo em seguida foi tomar um banho. Ela tinha algumas provas para corrigir e me ofereci para ajudar. Tinha cada erro inacreditável de alguns alunos que doía lá nos meus neurônios, misericórdia. Durante a correção das avaliações resolvi falar a "verdade", comentar um pouco sobre o porquê eu havia chegado mais cedo do trabalho.

- Sabe, eu menti pra minha chefa pra sair mais cedo hoje...

- Sabia que tinha algo errado nisso, você nunca saiu esse horário durante o tempo que mora aqui, mesmo agora que só está lá pra ajudar a Dinah nesse primeiro mês. Pode ir contando. Foi bem se agarrar com alguém pra tirar o atraso, né safada?

- Não é nada disso, Camila. Deus! Eu só estava com sono e resolvi inventar uma mentirinha para vir dormir... - ela não parecia estar acreditando. - É sério, eu disse que estava com uma cólica insuportável, que já havia tomado uns remédios lá, mas que não haviam surtido efeito. Eu fui tão convincente, você precisava ver. Sentiria orgulho de mim.

- Você não presta Lauren. - disse rindo. - Mas você tá mentindo pra mim, não sei exatamente em que ponto da história, mas está...

- Eu não tô mentindo pra você. - defendo-me.

- Acabou de mentir de novo. Segunda vez no mesmo dia. Isso tá ficando cada vez pior. - diz divertida.

Mas o que? Será que minto tão mal assim ou ela que é boa demais em mentiras?

(...)

Como nenhuma de nós estava a fim de cozinhar novamente, decidimos jantar fora. Dessa vez não fomos no Duarte's (restaurante de Diogo, Hérick e Mah) e que eles não fiquem sabendo disso, mas ultimamente eu queria passar meu tempo com Camila sem a presença de pessoas conhecidas que pudessem me encher o saco por eu estar com ela.

Tudo corria bem, conversávamos, ríamos, brincávamos de ser um casal, o que já estava virando rotina, até que, no final do nosso jantar... Adivinha quem avistamos lá? Sim, ele mesmo. O projeto de mister perfeição que deu errado, vulgo, Tyler. E o pior, estava acompanhado de uma loira linda e ainda veio falar conosco. Juro por Deus que tô pegando um nojo desse garoto. Ok, ele é lindo e se eu não o conhecesse, não pensaria duas vezes antes de dar em cima dele, mas eu o conheço e não gosto do jeito dessa relação dele com minha Camz, não mais.

Ultimamente quando Camila ligava para ele, a mesma me relatava que Tyler estava um tanto arrogante, mas relevava pelo fato do que aconteceu com a irmã do mesmo, a garota ainda estava no mesmo estado, mas isso não é desculpa para ele tratar Camila de forma estúpida.

- Oi, meninas! - ele disse todo sorridente.

- Oi, Tyler! - Camila respondeu animada, mas senti que isso era fingimento.

- Oi. - respondi seca, e como presente, recebi um chute de Camila por baixo da mesa que me fez gemer baixinho de dor.

- Que coincidência a gente se encontrar por aqui?! - ele falou.

- Nem tanto, né?! Eu e Camila já frequentávamos aqui antes do restaurante dos meus amigos inaugurar, e ela comentou outras vezes que já veio aqui com você anteriormente, então não é tanta coincidência assim. - falei de forma um tanto rude. Preciso dizer que levei outro chute? Esse eu acho que não mereci.

- Verdade. - Tyler falou, coçando a cabeça, meio desconcertado. - Aah, essa aqui é a Giovana, uma amiga. Giovana, essas são Camila e Lauren. - disse apresentando a loira, que deu um oi para nós. Dessa vez eu fui a simpática e Camila a fria. Aproveitei e descontei um dos chutes que ela me deu e a mesma acabou me respondendo em voz alta, deixando Tyler e a amiguinha escutarem.

- Ai, Lauren. Para! - os dois, Tyler e a loira, se entreolharam, como se perguntassem um ao outro, pelo olhar, o que estava acontecendo ali.

- Viu como é bom? Não esqueça que foi você quem começou! - rebati.

- Perdemos alguma coisa? - ele pergunta.

- Sim, perderam sim. Aliás, tá ali naquela mesa. - apontei pra uma mesa vazia. - Vão lá, quem sabe vocês encontram. E se não encontrarem não precisa voltar aqui não, tá?! Fiquem por lá mesmo.

Todos ficaram visivelmente surpresos com minha resposta. A tal de Giovana estava a ponto de pular no meu pescoço, tenho certeza. Tyler devia estar se controlando para não ser enquadrado na lei Maria da Penha.

- Lauren!!! -  Camila me repreende. - Desculpa pessoal. Essa agressividade toda deve ser porque ela tá com abstinência sexual. - finalizou exercendo toda a sua filhadaputagem.

- Eu não tô em abstinência sexual, Camila! - falei um pouco alto demais e algumas pessoas de outras mesas começaram a olhar.

- Se não é abstinência, é TPM. - ela rebateu, com o tom de voz um pouco mais baixo, só para me provocar.

- Aaah... a gente vai indo pra nossa mesa. Nos vemos qualquer dia. E Lauren, cuida dessa agressividade aí, tá?! Esse negócio de ficar brava sem motivo nenhum é estranho.

Até que enfim esse carrapato foi embora. Não era possível que eles ainda ficassem ali com a gente depois de toda a minha doçura. Quem não estava com o semblante muito feliz era Camila. Acho que alguém quer me estrangular. Mas quer saber? Se eu tivesse a oportunidade de fazer isso tudo de novo, eu faria, e ainda faria pior. Acredito que ainda fui muito simpática.

- Lauren, que porra foi essa, heim? - ela me pergunta bem irritada. E sobre eu ter dito mais cedo que ela não se irritava com nada: eu estava enganada.

- Que porra foi essa, Camila? - refiz a pergunta, calmamente fazendo ênfase na palavra "essa", para logo depois refazer a pergunta novamente, só que num tom mais agressivo. - "Que porra foi essa?" é o tipo de pergunta que você tem que fazer pra ele e não pra mim! O garoto aparece aqui como se não tivesse acontecido nada esses dias, com uma menina linda, sendo que vocês têm um... Sei lá que diabos vocês dois tem, e ele ainda vem aqui na nossa mesa apresentar a garota pra você? Nojento! Ridículo! Te tratou mal esses últimos dias, não se desculpou, veio apresentar a outra ficante e você ainda vem perguntar pra mim "que porra é essa?". Seja menos otária, Camila. Eu sei que você não é burra.

Ela apenas ficou calada, de cabeça baixa. Droga! Acho que eu vou fazê-la chorar. Essa nunca foi minha intenção, mas talvez eu tenha pegado pesado demais no meu discurso, porém, eu não aguentava mais isso.

 Eu sei que ela ficou mexida quando o viu com a loira bonitona; que ficou claramente sem jeito quando ele nos cumprimentou e eu senti sua frieza, aliás, eu, o carrapato e a própria garota sentimos a frieza e desdém de Camila ao cumprimentar a moça. Ela não estava confortável com aquela situação.

Depois de um tempo de silêncio entre ambas, resolvi falar novamente.

- Olha Camila, - falei com a voz bem suave, pondo minha mão sobre a dela em cima da mesa, mas ela retirou sua mão. - me desculpa, tá? Eu não quis te magoar. Me perdoa?

- Você tem razão, Lauren. - disse em voz baixa, levantando-se em seguida. - Eu vou ao banheiro, já volto.

Assenti e a acompanhei com o olhar. Fiz bem em fazer isso, pois logo depois que ela entrou no corredor que dava nos banheiros, o carrapato levantou-se e foi na mesma direção.

Ah, mais eu não vou deixar esse filho da mãe sozinho com minha menina de jeito nenhum. Pensei.

Peguei minha bolsa e fui atrás deles. Antes mesmo de eu dobrar para o corredor, já podia ouvi-los discutindo. Fiquei escutando de lá mesmo. Esses garotos da vida da Camila só me dão raiva, com exceção do Phelipe. Aquele Austin também é outro ridículo.

- Ela é só uma velha amiga que eu não via há anos e voltou esses dias pra cidade. - se Camila cair nessa, juro que vou tacar um machado na cabeça dela para abrir e ver o que tem dentro, porque não seria possível ser um cérebro.

- Ah, claro. - zombou. - Quer saber? Faz o que você quiser. Nós nunca tivemos nada de mais mesmo, né?

- Como não? Achei que a gente tivesse um lance, sabe? Quase um namoro, na verdade. - que cara de pau!

- Namoro? - ela disse mais alto que o normal. - Olha, a minha definição de namoro passa bem distante disso.

- Não faz assim Camila, eu tô com tanta saudade de você... De te beijar, te abraçar... - foi se aproximando dela, mas ela desviou, graças ao altíssimo.

Mesmo depois de Camila desviar, deixando claro que não queria beijá-lo, acreditam que o safado tentou beijá-la à força? Tive que intervir. Eu já estava fumaçando de raiva, - tipo o Majin Boo do Dragon Ball Z - minha mão estava coçando para voar na cara dele.

- Hey! Larga ela, seu ridículo! - cheguei quase que dando uma voadora, mas foi apenas um empurrão que o afastou dela. Me botei na frente de Camila, o que me lembrou novamente da briga na faculdade, só que agora, os papéis estavam invertidos.

- Lauren, volta pra sua mesa, vai. Isso aqui é coisa de casal. De NA-MO-RA-DOS. - Tyler falou.

- Casal é minha mão na sua cara! Eu dou muito mais valor e atenção à ela do que você. E nem ouse se considerar namorado dela, porque até eu sou mais namorada dela do que você.

- Falou a sapatão. - ele disse revirando os olhos. Filho da mãe, duas caras! SAPATÃO, NÃO. Eu nem sequer sabia que o mesmo estava ciente sobre meu gosto por garotas. - Qual o seu problema comigo?

- Não fala assim com ela, seu imundo! - Camila praticamente gritou, passando a minha frente. Isso me surpreendeu. Ela afrontando seu quase mister perfeito dessa maneira era inimaginável.

Sapatão foi a gota d'água. Só quem é sapatão pode me chamar de sapatão. Eu nem estava tão a fim de bater nele, mas... Mentira! Eu estava sim.

Voei na direção dele e acertei um soco em cheio no seu rosto que o fez cambalear e quase cair no chão, só não caiu porque se apoiou na parede. Eu nem sabia que tinha força para derrubar um cara assim. Camila ficou tão surpresa com isso quanto eu. Quando ele voltou seu olhar para nós, seu nariz estava sangrando. Ele percebeu isso e se irritou.

- SUA VAGABUNDA! Eu vou acabar com você, Jauregui. - ele disse em voz alta e veio na minha direção, e que viesse porque eu estava pronta para quebrar todos os ossos daquele lindo e escultural corpinho dele.

Antes do imundo chegar em mim, alguns funcionários do restaurante apareceram. Achei que demoraram foi muito, levando em conta que a gritaria já havia começado a um bom tempo. No final, ainda saímos de vítimas. Expulsaram Tyler de lá e deixaram nosso jantar por conta da casa. Nos perguntaram até se gostaríamos que chamassem a polícia, mas optamos por não chamar. Já tinha acontecido coisas demais naquela noite.

Não sei como ainda tivemos estômago para terminar nosso jantar, mas como ia ser de graça mesmo, pedimos até sobremesa. Um pavê divino de chocolate e coco, eu sou viciada nisso.

Depois da briga não nos falamos mais direito. Fomos para casa e o caminho todo foi puro silêncio. Será que ela ainda está chateada comigo? Independente da resposta, aproveitei para pensar no plano de amanhã, isso se ela ainda quiser sair amanhã.

Depois de tanto pensar, concluí minha estratégia. O plano consistia em eu fazer ela beber e logo depois, quando ela estivesse mais vulnerável, eu faria algumas perguntas, como quem não quer nada, sobre a pessoa que ela gosta e que supostamente sou eu. O problema é: Camila não é de beber. Ela não suporta o gosto. A única coisa puramente alcoólica que ela toma deve ser champanhe e vinho. No entanto, eu sou um gênio. Caso ela protestasse, e eu sei que ela o faria, usaria a desculpa de que ela experimentou poucas bebidas e que com certeza tem várias que ela ainda não experimentou e poderia gostar, fora que é legal ficar meio louquinha e eu gostaria que ela experimentasse pelo menos uma vez na vida essa sensação.

Quando chegamos em casa, mal estacionei o carro e ela já foi tirando o sinto e abrindo a porta, mas eu não podia deixar ela ir agora.

- Espera! - disse segurando seu braço de leve. Ela sentou de volta e fechou a porta. - Você tá bem? - perguntei insegura.

- Não muito, mas eu vou ficar.

- Desculpa, tá bom? Eu não queria que essa noite fosse assim e...

- Obrigada, Laur. - disse pousando uma mão em meu ombro.

- Hã? Obrigada por que? Graças à mim nosso jantar foi um desastre.

- Graças a você nosso jantar não foi um desastre. Foi um pouco conturbado, é claro, mas se você não estivesse lá, quem iria me animar sendo doce como um limão com o novo casal lá, heim? Não vou negar que me senti desrespeitada quando o vi com aquela garota, nós costumamos avisar o outro e ele não fez isso. Se você não estivesse lá, quem iria me falar aquelas verdades que eu já sabia, mas precisavam ser ditas na minha cara? - ela baixou a cabeça por um instante e levantou logo em seguida, continuando. - Se você não estivesse lá, - suspirou. - talvez ele realmente tivesse conseguido me agarrar à força. Nunca imaginei que ele pudesse fazer uma coisa dessas. Obrigada, Jauregui.

Dito isso, me lançou o sorriso mais meigo do mundo em forma de agradecimento. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, a única coisa que eu podia fazer agora era abraçá-la, e assim o fiz, inalando o maravilhoso aroma de sua pele. Um abraço demorado, cheio de lágrimas de ambas, carinhoso, afetuoso.

Nos separamos, saímos do carro e entramos em casa. Ainda era cedo, cerca de 21h40, entramos nos nossos quartos, trocamos de roupa e fomos para a sala. Assistimos um programa qualquer só para passar o tempo. Não sei se era o certo perguntar isso agora, mas eu precisava saber se ela ainda iria querer sair amanhã à noite.

- Camz?

- Sim?

- Diante de tudo que aconteceu a pelo menos uma hora atrás, não acho que seja o certo perguntar isso, mas... Ainda tá de pé o programa de amanhã à noite? Eu, você e as meninas?

- Claro, preciso me divertir. - disse sorrindo no final.

- Ótimo! Tô planejando umas coisinhas pra amanhã. Você vai gostar.

Ela tentou me convencer de contar o que eu estava planejando, mas é lógico que eu não falaria. Uns 30 minutos depois, desligamos a TV e fomos em direção aos nossos quartos, mas antes que eu adentrasse no meu, ela me chamou.

- Laur?

- Fala, anjo.

- Me dá mais um abraço?

Droga. Ela estava frágil. Espero que essa noite de sono a faça esquecer de tudo.

- É claro. Vem cá!

Nos abraçamos fortemente. Ela encaixou seu rosto em meu pescoço e disse:

- Você cheira bem. - sorri com aquilo.

- Quer que eu durma com você? - disse fazendo carinho nos seus cabelos.

- Não precisa... - disse e continuamos abraçadas, em silêncio, até que ela fala novamente. - Laur?

- Huum?

- Eu quero você pra sempre na minha vida. - sussurrou no meu pescoço, ainda durante o abraço. Foi inevitável não sorrir. Ela é a pessoa mais amável do mundo, como alguém tem a cara de pau de magoá-la assim?

- Eu também te quero pra sempre na minha vida, Camz. -  confesso beijando o topo de sua cabeça, me separando do abraço.

Sabe de uma coisa? Eu tenho que parar de me enganar e negar. Vero e as garotas têm razão, eu tô gostando da Camila de um jeito bem diferente. O que eu sinto não pode ser só amizade. O que eu sinto por Camila é diferente do que sinto por todas as minhas amigas. Na verdade, é diferente de tudo que já senti por qualquer pessoa que eu conheço, talvez seja por isso que eu não saiba definir/nomear o que eu sinto realmente por ela.

- Eu adoro você, Laur. Boa noite.

- Boa noite, anjo.

Dito isso, entrei em meu quarto, tranquei a porta, me joguei na minha cama de qualquer jeito e fiquei rindo que nem uma idiota, olhando para uma foto nossa que havia num porta-retratos, na mesinha ao lado da minha cama - sim, havia uma foto minha com ela num porta-retratos em meu quarto.

Enquanto admirava a foto, falei a mim mesma:

- Camila, Camila. - cantarolei seu nome. - Nesse momento só tenho certeza de uma coisa: você provavelmente nem imagina, mas muito em breve eu ainda vou beijar sua boca, e não vai ser só uma vez. 


Notas Finais


É isso gente. O que acharam? Podem meter o cassete se tiver ruim (vai que eu faço um remake e talz).
Ah, se alguém tiver uma ideia boa pro título desse capítulo pode sugerir aqui, vou agradecer muito.
Não sei mais o que falar, sempre esqueço o que dizer, mas acho que vocês vão gostar bastante do próximo capítulo, me diverti bastante escrevendo ele. O grande momento se aproxima... Até a próxima, beijos <3


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