História Collide - Secret - Christmas Special

“Your happy ending may not be what you expect. That is what will make it so special.”

“Seu final feliz pode não ser o que você esperava. É isso que o torna tão especial.”

— Snow White(Once Upon a Time)

Colin O'Donoghue

9:21

Revirei-me na cama novamente e continuei tentando aquecer-me naquela época fria demais, certo tempo depois ouvi passos por meu quarto e não demorou para que o garotinho loiro pulasse sob mim com animação.

— Papai! — abri meus olhos devagar, tentava me acostumar com o brilho matinal quando senti Evan tirando minhas cobertas — Acorda logo papai, hoje é natal! — meu corpo arrepiou-se em contato com o ar gélido daquela manhã, passei a mão em meu rosto antes de olhá-lo com o olhar de reprovação.

— Evan! — puxei o cobertor peludo para cima de mim novamente — É véspera de natal. — ele começou a pular sob mim, agarrei e deitei-o ao meu lado — E o papai noel não gosta quando você me acorda, sabia?

Os cabelos loiros caiam sobre os olhos azuis, e estes me olhavam com graça, o sorriso singelo de meu filho era uma das coisas mais preciosas da minha vida e ele estava dando um destes ao me olhar ainda sonolento.

— Só estava fazendo o que me pediram, não conte para o papai noel. — disse manhoso, assenti com a cabeça e ele levantou correndo com seu pijama de dinossauros.

— Diga a ela que não é justo usar você para me acordar! — a criança loira saiu do quarto rapidamente descendo as escadas.

Levantei cambaleando e fui até o banheiro para realizar minha higiene matinal, desci as escadas em direção a sala onde a árvore-de-natal decorada encontrava-se pronta para receber os presentes. Ouvia as vozes vindas da cozinha, um cheiro característico de omelete e bacon exalava do cômodo, recostei-me no batente da porta observando as figuras loiras que conversavam animadamente enquanto a maior agitava os ovos em uma frigideira.

— Não é assim que o papai faz. — resmungava o mais novo com os olhos grudados nos movimentos ágeis da mulher ao seu lado, o bacon estava dentro do omelete e por isso o pequeno contestava — Não vai dar certo.

— É assim que a tia Jen faz. E por isso que vai dar certo! — ela apertou sua bochecha com um sorriso, continuei em silêncio observando o que parecia ser o resto da minha vida, agradeci mentalmente por ter chegado a esse estágio de felicidade.

Aproximei-me devagar sabendo que ambos estavam entretidos demais com o derreter do queijo e a textura do bacon para notarem minha presença, Jennifer tinha seus cabelos ainda com os cachos das gravações de ontem e o rosto completamente sem maquiagem deixava seu sorriso ainda mais sincero. O pijama verde e coberto de dinossauros que usava era a réplica do de Evan, uma mania estranha que aqueles dois detinham era usar sempre o mesmo pijama para combinar, toda vez que tentava me juntar ao grupo seleto dos pijamas era excluído sem justa causa e mandado para a ala dos pijamas de adultos normais.

— Você acordou ele? — jogava um pouco de orégano sob que cozinhava e depois levava um bocado a boca para provar, pedindo sempre a opinião do loiro ao seu lado.

— Ele não quer levantar, tirei suas cobertas e pulei em cima dele mas nada funcionou hoje. — desligou o fogão, estava posicionado logo atrás da loira de olhos verdes e ela virou-se para pegar um prato trombando em meu peito.

— Bom dia. — Evan dava risada da cara de brava que ela fazia.

— Estava aqui a quanto tempo?

— Ouvi a parte em que combinaram de usar pijamas do Bob Sponja na semana que vem. — o mais novo me olhou preocupado confirmando minhas suspeitas e foi minha vez de rir, rodeei Jennifer com meus braços a abraçando carinhosamente.

— Tia Jenny está fazendo uma coisa nojenta para o café da manhã.

— Você é puxa-saco de tudo que seu pai cozinha, não conta. — falou com o rosto ainda enterrado na curvatura de meu ombro, beijei o topo de sua cabeça e nos separamos para que eu pudesse abraçar Evan.

Peguei-o no colo enquanto protestava o que a loira acabara de dizer, coloquei-o no chão e fomos arrumar a mesa para o café, Jen terminava de passar o café quando notei seu rosto mais pálido do que o normal e pedi para Evan ir colocar ração para Ava.

— Jen? — abracei-a por trás, um suspiro quase inaudível de alívio escapou por seus lábios e senti seu corpo relaxar em meus braços — O que você tem?

— Nada. — a loira parecia fraca demais ao colocar o café em duas canecas, virei-a para mim delicadamente e passei meu polegar pelo contorno de seu rosto devagar — Só estou cansada de ontem. — se referia ao dia intenso de gravações que teve e ainda um jantar com os produtores antes de podermos finalmente descansar, selei nossos lábios por um instante pois não conseguia resistir a sua boca.

— Eu sei, achei que dormiria mais comigo hoje. Por que acordou tão cedo? — me afastei um pouco dela para servir o copo de leite que Evan tomava pela manhã, sua expressão era delicada e tentava esconder uma preocupação que eu ainda tentava identificar — Ele te acordou?

— Não. Só fiquei sem sono e resolvi levantar. — não me convencia com esta resposta, sabia que tinha algum problema e ela não estava me contando porém antes de questioná-la novamente ouvimos ele chamar para o café da manhã.

Parei-a no meio do caminho, entre uma faixa de luz solar que adentrava a janela e a mesa de jantar onde Evan já estava devidamente sentado, selei nossos lábios demoradamente e sussurrei em seu ouvido após beijar sua bochecha: “eu te amo”. Pude ver o sorriso bobo e o corar de suas bochechas ao retribuir minhas palavras, Jennifer tinha uma estranha facilidade em ficar com suas bochechas coradas e achava isso adorável apesar de ganhar sua “encarada mortal” por tentar fazer o fato acontecer muitas vezes por dia.

14:56

— Oliver! — Evan correu em direção a seu fiel escudeiro que brincava com alguns bloquinhos no chão da enorme sala, cumprimentamos Ginnifer que parecia atordoada com os preparativos da noite de natal e seu olhar demonstrava o quanto se arrependia de preparar uma festa de natal totalmente sozinha.

— Olá Evan. — o garoto loirinho acenou para a morena quando já estava sentado ao lado de Oliver — Entrem, sentem-se e por favor me ajudem! Lana está lá na cozinha pegando vinho e Josh saiu para comprar algumas coisas que precisamos para hoje a noite.

— Relaxa Gin, vai dar tudo certo. — Jennifer dizia segurando o braço da amiga com leveza, ela sabia que a morena ficava nervosa muito facilmente e exatamente como acalmá-la. Sentamos no sofá com Ginnifer atenta aos empregados que passavam para lá e para cá levando coisas de um lado ao outro da casa, Jen levantou-se e Ginnifer tentou acompanhá-la porém a loira a impediu tocando em seu ombro — Você precisa de uma taça de vinho, espera aí.

As crianças brincavam a nossa frente, espalhadas no grande tapete, virei meu rosto para o nervosismo frenético dela e soltei uma risada. Ela me olhou espantada e segurei seus ombros para olhar em seus olhos, “você tem que se acalmar, estamos aqui Gin” disse confiante e esperei por sua reação que foi um suspiro longo e aliviado.

— Isso é muito pior do que um parto. — nós dois rimos e lembrei-me de que havia usado estas mesmas palavras quando estávamos no quarto do hospital, sete centímetros de dilatação e um Josh encharcado de suor marcaram os momentos do nascimento de seu segundo filho.

Jennifer estava demorando na cozinha e presumi que era porque Lana também estava lá, ajeitei-me no sofá seguindo o olhar da morena aos nossos filhos que agora discutiam sobre qual super herói era o melhor, entre Batman e Superman certamente escolheria Superman e sorri ao perceber que Evan o escolhia também.

— Eles cresceram não é? — suas palavras vinham em um tom de melancolia, entendia o sentimento de sinonimo de ficar pasmo diante do passar do tempo então assenti com a cabeça. — Obrigada! — ela agradecia a loira que a entregava uma taça com vinho tinto e depois sentava-se ao meu lado, a morena beijou minha bochecha e se juntou a nós no sofá.

— Um vinho faz tudo ficar melhor. — disse Lana com sua própria taça em mãos, acariciei o ombro de Shadow que recostava-se em mim e observava Ginnifer beber tudo de uma vez arrancando uma risada de Lana. — Vai com calma!

— Tem muita coisa pra fazer, nunca organizei mais do que um pequeno almoço na minha casa e então decido fazer uma festa de natal para famílias e amigos, onde estava com a cabeça? Ai meu deus!

— Calma. Me diz o que podemos fazer? — Jen levantou-se e notei certo desequilíbrio, ela estava tonta novamente, sentei mais para perto da beirada do sofá e segurei sua mão. Shadow é uma das pessoas mais altruístas que já conheci e sabia que ela faria tudo para ajudar Ginni porém uma preocupação constante com suas tonturas rondava meus pensamentos.

— Você vai sentar um pouco e ficar relaxando enquanto cuidamos de tudo para você. — disse levantando-me, ela hesitou por um momento e insisti. — Por onde começamos?

— Jen pode me ajudar mostrando aos empregados onde colocar as coisas lá no pátio e você pode achar aquele loiro com quem me casei, ele saiu a uma hora para comprar as coisas e ainda não voltou! Preciso dele aqui.

A loira ao meu lado me deu um breve selinho e saiu em direção ao pátio da casa, Lana enchia mais uma vez o copo de Gin e beijei o topo de sua cabeça antes de sair da sala. O carro de Josh estava parado logo atrás do nosso e em frente a casa, caminhei até ele procurando a figura de olhos azuis e cabelo loiro que acabei encontrando do outro lado da rua bebendo uma garrafa de cerveja.

O dia estava ensolarado, a neve derretia-se aos poucos e a cerveja gelada não parecia uma boa opção mas o ver os olhos cansados de Josh mostrava que era exatamente o que ele precisava, algo ruim.

— Colin? — encostei-me na cerca em que ele também estava encostado e penso se seu vizinho não iria se incomodar.

— Dia difícil? — era uma pergunta retórica que foi respondida com um longo gole em sua cerveja e um aceno de cabeça — Sabe, Gin está procurando você. — cocei minha barba devagar, cogitando se deveria olhá-lo com reprovação e desistindo da ideia ao ouvir suas palavras.

— É demais. Tudo é demais. — seus olhos perderam-se no chão branco — O. tempo. todo. — a pausa entre suas palavras reforçava o quanto ele estava exausto.

— No início é sempre assim Josh, leva tempo para vocês se adaptarem a ele e ele a vocês.

— Não é sobre ele, é sobre Gin. — mais um carro carregado de caixas estacionava a nossa frente —Ela está feliz Colin, ela está fazendo tudo e mais um pouco. Está exausta o tempo todo e mesmo assim consegue estar incrivelmente feliz.

— E isso é ruim? — indaguei confuso.

— Não. Eu a amo. Quero que ela seja muito feliz mas… — ele abaixou sua cabeça antes de continuar e respirou fundo ao levantá-la novamente — Isso faz com que seja minha obrigação estar feliz, faz com que me sinta culpado por reclamar ou por parar para tomar uma cerveja em um dia frio ou por brigar com Oliver quando ele faz bobagens. Faz com que me sinta culpado por não conseguir sentir mais nada nesse momento além de exaustão — suas olheiras fundas encaravam-me quando passei meu braço por seu ombro e abracei-o de lado.

— Ginnifer é muito mais forte do que você, em muitos sentidos dessa palavra, e ela é boa em organizar coisas e dar broncas em Oliver, ela consegue dormir por apenas três horas e parecer melhor do que você em sua melhor noite de sono — houve um rugido dele ao ouvir a última parte embora soubesse que ele sentia orgulho de ouvir — E você não pode se sentir culpado por isso, não pode tentar acompanhá-la porque você não consegue. Pra falar a verdade acho que ninguém tem essa habilidade — rimos — Gin precisa de você nos momentos em que ela está pirando porque cuida de muitas coisas e a insegurança é o mal do século, você precisa descansar para poder sentir a felicidade que esta aí e para que a morena linda sentada naquela sala bebendo taças e taças de vinho não se descontrole — apontei para a janela da sala — Lana. — soltamos outra risada companheira antes de adentrarmos a casa, juntos.

20:30

Saímos da casa de Gin eram seis da tarde, estava tudo preparado perfeitamente por uma equipe boba e desengonçada de atores porém Ginnifer parecia satisfeita com tudo que tínhamos feito e o sorriso em seu rosto ao nos ver ir embora resultou em uma sensação de dever cumprido. Deveríamos começar o jantar as oito horas em ponto então logo que chegamos em casa fomos tomar banho, coloquei minha roupa e em meio a grunhidos de protesto quanto a sua própria roupa consegui vestir Evan em tempo para sairmos de casa as 19:40, estávamos sentados na sala esperando ansiosamente Jennifer quando ela desceu as escadas fazendo minha boca abrir em um '‘O’' perfeito. Seu vestido era em um tom vermelho vinho de meia manga, um decote em V marcava seus seios volumosos e em sua barriga o vestido ficava justo, caindo perfeitamente sob suas pernas e logo abaixo do joelho de maneira rodada. Os cabelos dourados estavam com cachos pouco definidos que pareciam muito com seus cachos naturais, em um penteado adorável[notas finais] que ressaltava o rosto delicado e incrível que ela tinha, a maquiagem em tons claros deixava tudo ainda mais perfeito ao acrescentar um batom cor de cereja a seus lábios[mesma imagem das notas finais]. Ela usava um colar com pequenos diamantes que iam até quase o fim de seu decote, brincos pequenos também de diamantes e um salto alto preto com o bico fino que dava o toque final ao seu visual inacreditável.

— Uau papai. — Evan dava tapinhas em meu ombro para que eu olhasse em sua direção mas não conseguia desviar-me de Jennifer, seu sorriso iluminou-se ao nos ver admirando-a, ela aproximou-se me deixando ainda mais encantado de perto. — Tia Jen está muito muito muito muito muito muito linda.

— Obrigada Evan. — ela disse com seu sorriso estonteante e envergonhado, daqueles em que seus olhos desviam-se ao chão e suas bochechas coram levemente — Vamos?

— Você está maravilhosa. Incrível.

Levantei olhando-a mais uma vez, Evan já caminhava em direção a porta quando toquei a cintura dela, acentuada pelo lindo vestido, e beijei seus lábios rapidamente sussurrando o quanto ela estava linda em seu ouvido.

Quem abriu a porta para nós foi uma moça de cabelos avermelhados e olhos fundos, sua expressão simpática parecia tão natural que fui obrigado a sorrir em retribuição, ela ajeitou o uniforme preto e nos convidou a entrar. A sala de Ginnifer tinha um toque refinado e muitas pessoas andavam por ali sentando-se no sofá e agradecendo o vinho que eram servidas, não demorou para encontrarmos Rebecca sentada sob a poltrona da lareira fazendo uma das suas famosas imitações de personagens, acenamos e ela soprou um beijo.

Evan soltou-se de nós e correu em direção a Oliver, ambos usavam roupas formais e se sujariam em menos de uma hora de festa, atrás do mais novo uma figura morena de cabelos curtos conversava com meu pai e ele sorria em nossa direção.

— Agradeço a esses dois por terem me ajudado, não teria festa sem eles Sr. O'Donoghue. – abracei meu pai e quando me virei em direção a Gin, olhou-me de cima a baixo — Seu filho é um pedaço de mal caminho hein?

— Puxou ao pai. — dizia ele com o sorriso orgulhoso, ao ouvir a conversa Josh se aproximou, agora com uma expressão tranquila e passou seus braços na cintura de Gin. — Você tá querendo alguma coisa com a minha esposa Pirata?

— Puxou mesmo. – antes que eu pudesse responder Josh minha mãe se aproxima de nós sorrindo boba, nos cumprimenta com um abraço e sela seus lábios os de meu pai rodeando seu pescoço com as mãos. — A festa está linda, parabéns Ginnifer.

— Eu estava nesse momento contando ao Sr.O'Donogue — meu pai a interrompeu para pedir que o chamasse apenas de Con — Ao Con, que esses dois aqui me ajudaram muito a produzir isso. — ela estendeu a mão para Jen que a apertou e então Gin olhou mais uma vez para Jen, soltou um suspiro de admiração — Você está deslumbrante!

Passei minhas mãos pelas costas de Jennifer, observando mais uma vez a beleza daquela mulher, os anfitriões pediram licença e foram circular pela casa conversando com os outros convidados. Meus pais continuavam a nossa frente, nos encarando sorridentes, acenei para o outro casal mais velho que bebericavam em suas taças e andavam em nossa direção.

— Mãe! — a loira ao meu lado soltou-se de mim para abraçar sua mãe e pouco tempo depois seu pai. — Pai! — cumprimentei ambos com um abraço — Vocês vieram.

— Claro que sim, bobinha. — Judy apertou o nariz de Jen levemente.

— Estávamos morrendo de saudades e você está linda, filha. — David tocou a bochecha corada dela, olhou em volta da sala procurando por alguém — Julia está por aí em algum canto.

— Judy, você está muito bonita, como sempre. — disse atraindo um sorriso de todos a minha volta, incluindo meus pais — Jen tem a quem puxar.

— Obrigada querido, você é um príncipe. — Shadow abraçou-me e respondeu ao elogio de sua mãe com um — Você quis dizer pirata né? — todos nós rimos e ela deu uma olhada em volta de nós antes de perguntar — E o Dan?

— Ele está com a esposa, na casa dos pais dela. — minha sogra pigarreou para conseguir pronunciar as palavras e soube que não estavam felizes com a decisão de Daniel.

— Sentimos muito que o seu irmão não esteja aqui. — meu pai disse praticamente titubeando e seu olhar era em algum ponto do chão, senti meu coração contrair-se com suas palavras pois não sabia se ele estava falando com ela ou comigo.

Um garçom jovem que mascava chiclete passou ao nosso lado e ao perceber que não tínhamos bebidas tratou de perguntar o que desejávamos beber, solicitei uma taça de vinho e esperei que a loira ao meu lado me acompanhasse porém ela decidiu beber uma água.

“O que está acontecendo com ela?”

Jennifer adora uma boa taça de vinho, principalmente em noites frias em que a neve cai lá fora, olhei-a novamente e sua expressão era nervosa, como se estivesse escondendo alguma coisa. Estava perdido em pensamentos quando Lana apareceu ao nosso lado, seu vestido sensual e o rosto iluminado marcavam presença, ela nos abraçou e sem falar qualquer outra coisa, cochichou no ouvido e levou Jennifer para um canto da sala onde podia ver Julia conversando com uma mulher mais velha de cabelos pretos.

23:53

A noite passou rápido, a festa estava agradável com convidados animados e simpáticos, o local previamente decorado dava um ar aconchegante para aquele natal e passei boa parte do jantar estudando as possibilidades do que Jen poderia esconder de mim. Pouco antes da meia-noite todos se reuniram em volta da árvore enorme de natal que havia na sala, caminhei até a cozinha e encontrei a funcionária que abriu a porta para mim, ela servia alguns doces em sua bandeja e parecia bastante concentrada.

— Olá.

Ela me olhou um pouco assustada e tentei sorrir para amenizar o susto, perguntou se desejava alguma coisa e começou a servir uma taça de água para alguém que já tinha a pedido, suspirei antes de tomar coragem para perguntar.

— Você sabe quem Jennifer é? — assentiu com a cabeça, desculpou-se por ter que sair da cozinha e andei junto com ela até o pilar de entrada da enorme sala, os convidados reunidos do outro lado, perto da grande árvore detinham uma linda loira entre eles, apontei para ela indicando de quem estava falando para a moça ao meu lado. — Você serviu algum vinho para ela hoje?

Ela demorou um tempo pensando na informação, arrumei meu blazer impacientemente e procurei Evan pela sala vendo-o ao lado de Ginnifer mordendo um doce, a mulher ao meu lado estalou os dedos como se tivesse subitamente lembrado-se de algo.

— Sim. Sim. Eu a servi vinho algumas vezes, quando ela estava no pátio. Era só isso senhor? — fiz que sim com a cabeça e ela foi levar seus doces para outros convidados, me aproximei de Jennifer abraçando-a por trás e esperando a contagem regressiva.

“Ela não está grávida. O que será que aconteceu então?”

Evan veio correndo em nossa direção quando o relógio marcou meia noite e peguei-o no colo, colocando-o entre eu e ela e afundando meu rosto no pescoço do pequeno, disse “feliz natal” para os dois que me abraçavam e senti meu peito inchar-se de orgulho. O loirinho beijou minhas bochechas e desceu do colo para correr em direção a Oliver, aproveitei o momento para segurar a cintura de Jennifer com minhas duas mãos e beijar seus lábios delicadamente.

— Feliz natal Shadow. — o brilho nos olhos dela era maior do que jamais havia visto, ela sorriu de canto a canto.

— Feliz natal Colin.

Após felicitar nossos amigos e familiares senti uma mão puxar a minha, Jen segurava minha mão e me guiava para o pátio que agora estava vazio. Era, sem dúvida, o lugar mais bonito da casa nesta noite com sua árvore-de-natal incrivelmente grande e enfeitada, coberta com tufos de neve que cobriam toda a extensão do quintal, com suas luzes piscantes que pareciam formar um ambiente natalino perfeito, seus flocos de neve que caíam geladamente sob nós dois e com a mulher mais linda do mundo parada a minha frente.

Shadow tentava espantar o frio com o movimento frenético de suas mãos em seus braços, tirei meu casaco e a enrolei nele aconchegando nossos corpos, ficamos ali por certo tempo apenas respirando o ar em nossa volta e sentindo o calor de nossos corpos se mesclando.

— Tenho que te falar uma coisa. — ela separou-se de mim.

— Sabia que tinha um segredo pra mim! — a loira bateu em meu braço de brincadeira e tomou coragem para pronunciar as palavras, seus olhos perdiam-se nos meus e ao ouvir o que me dizia senti meu corpo todo em uma confusão de sentimentos. Naquele momento, despertei de um sono profundo.