História Collide - Where You Belong

“At some point, you have to make a decision. Boundaries don't keep other people out, they fence you in. Life is messy, that's how we're made. So you can waste your life drawing lines or you can live your life crossing them. But there are some lines that are way too dangerous to cross. Here's what I know. If you're willing to throw caution to the wind and take a chance, the view from the other side... is spectacular."

"Em algum momento, você tem que tomar uma decisão. Os limites não mantêm as outras pessoas fora, elas cercam você. A vida é confusa, é assim que somos feitos. Então você pode desperdiçar suas linhas de desenho de vida ou você pode viver sua vida atravessando-as. Mas há algumas linhas que são muito perigosas para atravessar. Aqui está o que eu sei. Se você está disposto a jogar a cautela ao vento e ter uma chance, a vista do outro lado … é espetacular.”

— Meredith Grey

Colin o'Donoghue

A chuva passeava lá fora, parava meu carro no estacionamento do set e molhava o banco dele com meus cabelos ainda pingando do banho, via algumas pessoas com seus guarda-chuvas caminhando em direção a entrada e outras desprotegidas da chuva correndo na mesma direção.

Sacudi meus cabelos com a mão e agarrei o celular que acabara de tocar com a outra, o número de meu advogado brilhava na tela quando atendi sua ligação saindo do carro, os pingos finos caíam sobre mim no curto trajeto até meu trailer.

— Oi Michael, tudo bem? — acenei para algumas fãs que mesmo na chuva estavam lá naquela manhã agitada de gravações — Ah, sim. Sim. — joguei minhas chaves no balcão, dei uma olhada nos papéis espalhados ali em cima notando ser o script de hoje e minha cabeça latejou ao pensar na cena que tinha que gravar com ela — Então está tudo encaminhado? — esperei pela confirmação dele e agradeci desligando o celular.

“Quando tudo ficou tão complicado?”

Levantei minha cabeça ao ouvir a voz de Ginnifer na porta de meu trailer, segurando seu guarda-chuva e agitando suas mãos no casaco grosso, peguei meu script e alcancei o celular saindo do trailer e a abraçando.

— Hey weirdo. – passei o braço por seu ombro e andamos assim por entre as poças de água, resultantes da neve que se derretia e da chuva que ainda caia sobre nós. — Porque saiu tão cedo? Você sabe que mi casa es su casa!

Há dois dias, depois de pedir o divórcio a Helen consultei meu advogado e meu empresário sobre a decisão que tinha tomado e ainda dentro do carro fui aconselhado a ir para a casa de algum amigo pois a imprensa cairia em cima caso um hotel fosse reservado em meu nome. Passei duas horas sentado dentro de meu carro em frente ao prédio de Jennifer, pensando se poderia de alguma maneira resolver a situação naquele momento e após três tentativas de criar coragem e ir falar com ela acabei indo embora, Ginnifer me recebeu de braços abertos e insistiu que eu ficasse ainda que o clima entre mim e Josh estivesse complicado.

— Tive um encontro com meu advogado antes de vir, queria resolver isso o mais rápido possível. Você entende né? – a verdade é que tinha me encontrado com o advogado cedo naquela manhã e ele mesmo já havia reservado um hotel para mim, onde tomei um banho e vim para cá. Gin pareceu fingir acreditar que tinha tomado banho em sua casa o que era evidente que não devido à umidade de meu cabelo, ela apenas sorriu e continuou andando comigo.

— Ele já entrou com a papelada?

— Sim mas a burocracia impede que seja tão rápido, me disse que em umas duas semanas vai marcar uma reunião entre nós e Helen com seu advogado para discutir os termos do contrato.

— Como Helen está em relação a tudo isso? – chequei meu relógio, olhei-a inseguro com sua pergunta e depois de pensar por um instante respondi: “Ela está chateada pela separação mas parece aceitar a situação como pode.”

A rua principal de Storybrooke estava repleta de pessoas passando de um lado ao outro, preparavam-se para intensas gravações, nos aproximamos da banca de café que estava na entrada da sala de reuniões e pedimos dois expressos.

Ginnifer abaixou a cabeça, pensando talvez se deveria perguntar o que tinha vontade e então ao pegar seu café e beber um longo gole ela olhou para mim cautelosa e indagou:

— Jennifer sabe sobre o divórcio?

— Eu liguei mil vezes e acabei deixando uma mensagem de voz. – bebi um gole do café em minhas mãos, Jared vinha em nossa direção correndo e ao passar por nós acenamos com um sorriso – Jay-D! – adentramos a sala de reunião e ela largou seu guarda-chuva no primeiro canto que encontrou — Fui ao apartamento dela naquele dia porém não tive coragem de entrar e também quis dar espaço e ela.

Haviam poucas pessoas na sala de reuniões pois as filmagens já iriam começar, revistei o salão com meus olhos a procura dá figura loira e a encontrei com a cabeça recostada ao ombro de Lana que conversava animadamente com Josh, Gin andou até eles e a segui ficando um pouco atrás dela. Os olhos verdes fitavam Josh desanimadamente, sabia como ela ficava irritada com o frio, principalmente se houvesse umidade e chuva, esboçava um sorriso fraco e provavelmente forçado apenas para despreocupar nossos amigos. Jennifer é a pessoa mais altruísta que já conheci, mesmo chateada ela continuava tentando fazer todos se sentirem confortáveis e pelo que percebi havia desculpado seus amigos, ela é incrível demais para descrever.

— Ele passou a noite toda me cutucando, está em uma fase: não sei dormir quieto.

— Você tá com uma cara de acabado mesmo!

— Estou voltando do Underground querida, quis poupar os maquiadores. – Josh fingia jogar o cabelo por cima do ombro, Lana dava uma gargalhada alta e Jennifer ria silenciosa, Ginnifer abraçou seu marido pelas costas e vi a expressão de Jen mudar ao me ver.

— Você é um palhaço mesmo né? Casei com um palhaço.

— Bom dia Colin. – Lana desviou minha atenção dos olhos esmeralda que fitavam o chão, Josh notou minha presença ao ouvir o cumprimento dela, virou-se para mim e beijou minha bochecha.

— Bom dia Lana. Bom dia meu amor. – retribui o beijo na bochecha do loiro e relaxei um pouco o receio que estava em fazer parte daquela conversa.

— Tenho que ir gente, ainda preciso me transformar em Emma Swan. – beijou a bochecha de Lana e passou ao meu lado de cabeça baixa em direção aos figurinos.

Eu era o motivo de ela ter saído daquela conversa, todos ficaram em silêncio e deixei minha cabeça tombar para baixo e o peso de meus erros tomar minha consciência. Não demorou para Ed vir nos mandar parar de “conversinha” e ir trabalhar.

Jennifer Morrison

As coisas voltavam ao normal gradualmente, mordi um pedaço de minha maçã e levei a mão ao sobretudo preto que Emma usava, na tentativa de espantar o nervosismo sobre a próxima cena e olhando-me no espelho para checar a maquiagem. Suspirei fundo pensando em como seria beijá-lo novamente, joguei o resto da maçã no lixo ao lado de porta e sai de meu trailer.

— Está pronta? – Bex me esperava lá fora, assenti com a cabeça sem ter a certeza de que algum dia estaria pronta para voltar a velha rotina — Eles vão fazer um ensaio primeiro, teve algum problema com o gancho do Killian, estão te esperando.

— Como você está? Faz tempo que não conversamos. – íamos até o cemitério, Bex encaixou seu braço no meu e começou a contar sobre o intenso desejo de ser mãe que estava tendo e como ela se sentia insegura sobre isso pois era um grande passo – Você vai ficar bem, tenho certeza de que se é isso que você quer vai ser uma ótima mãe. As vezes é difícil tomar grandes decisões – falei olhando na direção do moreno de olhos azuis que conversava com o diretor e me separei da ruiva andando até eles.

— Jennifer!

— Olá. – via a marcação que havia no chão mostrando onde deveríamos ficar, tentava de tudo para não olhar nos olhos do Colin então foquei no homem de olhos verdes que começava a explicar para os câmeras como seria a cena.

— Vocês leram o script certo? Sabem o essencial dá cena mas quero demonstrar aqui no cenário como vai ser pois no papel é uma coisa e na realidade é outra! — falou com um sorriso e mandou que fossemos para nossas posições, estava de costas para a lápide de Killian e os dois estavam afastados de mim, um sobre o xis vermelho traçado no chão e o outro ao seu lado decifrando quais movimentos viriam a seguir. — Emma vai estar chorando ao olhar para o túmulo de seu amor, confirmando que aquele era realmente o fim, e então Killian vai ser mandado para a Terra nesse exato ponto. E é claro, vamos usar efeitos mas vocês não se preocupem com isso. Vamos ter que fazer muitas vezes pois queremos os ângulos diferentes, ok? — assentimos — E então ela vai virar-se pensando estar ouvido coisas em sua cabeça, vai ver ele parado ali e dizer seu nome com uma melancolia enorme. Ela está pronta para chorar novamente quando corre até ele, os braços abertos para abraçá-lo assim como os dele. Jen, preciso que você venha direito e o beije, sei como consegue se conectar com a personagem e sentir como Emma está se sentindo, expresse isso. — ele fez sinal para que eu me aproximasse, olhei-o de longe e percebi que sua aliança não estava em seu dedo. Foquei minha atenção ao detalhe do anel porque seus olhos eram perigosos demais caminhei até eles ficando frente a frente com o moreno — Colin precisa segurar você com carinho e ao mesmo tempo com força, lembrem-se que é um reencontro entre duas pessoas que achavam que nunca mais iriam se ver. Jen vai abraçá-lo pelo pescoço, — sabia como funcionavam os ensaios, Craig me olhou indicando que deveria fazer Emma, meu coração acelerado por estar tão perto dele praticamente saiu por meus lábios ao enlaçar seu pescoço com meus braços e sentir os seus apertarem minhas costas, nossos olhos se tocaram — Eles vão se beijar com paixão. Mas Colin — ele analisou nossa posição atual — Puxe ela mais para você, eles precisam um do outro. — senti nossos corpos colando-se mais e quase perdi a respiração — Ao longo do beijo sintam-se livres para tocar os ombros, o rosto, a nuca, quanto mais proximidade conseguirem melhor ficará a cena. Como é apenas um ensaio quero dar uma olhada em como está ficando a primeira parte, fiquem paradinhos aí que vou checar.

Ficamos paralisados naquele momento, atados um ao outro naquele dia frio, sentia nossos corações baterem forte demais e sabia que seria ainda mais difícil tocar seus lábios, o diretor andou para longe de nós procurando o melhor ângulo para filmar. Respirava com dificuldade e ao olhar em seus olhos tomei coragem para sussurrar:

— Porque está sem sua aliança? — seus olhos não se desgrudavam dos meus e seus dedos acariciavam minhas costas.

— Eu pedi o divórcio.

Parei de respirar por alguns segundos após ouvir aquilo, o diretor sentou-se em sua cadeira e ordenou que voltássemos as posições iniciais e obedecemos ainda atordoados com a presença um do outro. Era tudo verdade. Virei-me de frente para a lápide fechando os olhos, milhões de lembranças passavam por meus pensamentos, todos os nossos abraços, todos os nossos beijos em cena, milhões de risadas e de vezes em que desejei que o mundo parasse para que pudesse estar ao seu lado. Tudo revirou-se dentro de mim e em uma fração de segundos abri os olhos sentindo o impulso virar meu corpo e correr em direção a ele, colocando meus braços na volta de seu pescoço e sentindo-o retribuir o carinho antes de alcançar seus lábios e beijá-lo intensamente. Nossas línguas travavam uma árdua batalha e minhas mãos tocavam sua nuca aproximando-o ainda mais, queria sentir seu corpo fundir-se com o meu para que nunca mais nos separássemos. Ao cessar o beijo e abrir os olhos encontrei a imensidão azul brilhando, um sorriso de canto fazia-se presente nos lábios dele, ele sabia.

— PERFEITO! — gritou Craig aplaudindo de sua cadeira.