História Colored Life - The Beginning

          May on

Essa história poderia ser de uma garota normal e... Bom, eu sou normal. Minha vida que não é nem um pouco. Me chamo May e bom, já morei em tantos lugares ao redor do mundo que se é até estranho para uma garota que ainda está na adolescência. Complicado, não? Não para mim.

Meus pais se separaram quando eu ainda era um bebê. Eu nasci no Brasil, mas minha mãe é estadounidense e meu pai francês. Ambos trabalhavam viajando, minha mãe era fotógrafa, e foi ai que eles se conheceram e me "fabricaram". Mas, antes que eu pudesse nascer, meus pais brigaram e se separaram. Minha mãe me assumiu, sozinha, enquanto meu pai viajou para a Austrália e por lá ficou. Já nós falamos algumas vezes, não muitas. Só sei que ele depositava certa quantia de dinheiro em uma conta no banco para minha mãe, que nunca se quer abriu essa conta. 

E foi ai que minha vida começou. Minha mãe viajou para o Brasil, era uma viagem rápida, mas, eu acabei nascendo, mais precisamente em Salvador. Passei um ano lá. Depois nós mudamos para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro. Quando fiz três anos, eu e minha mãe nos mudamos para os Estados Unidos. Ficamos um ano em Los Angeles, dois em Nova Iorque e por último, um ano em Boston. 

Com sete anos, nós mudamos para Paris, na França, e por lá ficamos dois anos. Depois fomos para Nice, uma cidade também francesa, onde ficamos até eu completar dez anos. Depois disso fomos para Portugal, ficamos dois anos lá. Já com meus doze anos, fomos morar em Londres, onde passamos três anos. 

Assim que fiz quinze anos nos mudamos para o Japão. O lugar onde eu mais senti diferença. E foi lá que meu pai resolveu dar sinal de vida e querer dar uma de "papai".

- O que??? - gritei ao ouvir o que ela tinha me dito - Eu não acredito! Ele passou praticamente todos os anos da minha vida sem falar nada e agora ele quer que eu vá morar um tempo com ele?

- Exatamente isso. - respondeu tranquila - Filha, eu acho que isso vai ser bom pra você. Até porque você já tem dezessete anos e nunca teve um contato com seu pai. E também porque eu irei ter muito trabalho por alguns meses e reconheço que você ficar mudando de escola a cada um ou dois anos não é bom. 

- Mãe, eu ainda não acho uma boa ideia. 

- Vamos filha! Será legal! - ela tentava me animar - Seu pai é uma boa pessoa e tem um coração bom. Além disso, ele sente falta de ter uma relação contigo. - disse ela ao se sentar ao meu lado. Relutante, coloquei a cabeça em seu ombro e com os olhos fixava o chão. Até que não poderia ser tão ruim assim.

- Ok, mãe. Quando devo ir?

- Daqui um mês. - sussurrou baixinho para que eu não pudesse ouvir, mas eu ouvi muito bem.

- O QUE? Mãe! 

- Filha! - ela parecia uma criança. Fiz a melhor careta que consegui - May, eu prometo que irei te visitar o quanto antes. Iremos nos falar todos os dias. E comprarei presentes pra você de todos os lugares que eu for. 

Respirei fundo e acabei aceitando, afinal não teria outro jeito. 

- Ok. - falei por fim. Ela abriu um sorriso e bateu palminhas. Às vezes minha mãe conseguia ser mais criança do que eu. 

- Vem cá. - abriu os braços e me abraçou - Eu te amo minha princesa.

- Eu amo mais, minha rainha. 

(...)

Depois de dar aquela última olhada para trás e encontrar minha mãe se acabando em lágrimas, mandei um beijo para ela e entrei no avião. 

Horas depois, eu acordei com o avião pousando. Depois de todo aquele corre de pegar a mala e achar a saída daquele lugar imenso, finalmente passei pela porta do desembarque e logo avistei um homem alto de olhos claros e cabelos castanhos, igual a foto que minha mãe havia me mostrado. 

Ele segurava uma plaquinha escrito "Minha filha linda, May", que me senti aliviada ao encontrá-la. Mas por dentro era uma explosão de sentimentos ao mesmo tempo. Algo dentro de mim se perguntava se eu ia gostar daquele lugar, das pessoas e do meu pai, mas parte de mim estava extremamente feliz de poder vê-lo. Não pude negar que também senti raiva por ele nunca ter ido me ver, mas sinceramente? Não era a emoção mais predominante no momento.

- Nossa! Não me lembro de você ter nascido com cabelos dessa cor! - disse simpático.

- Você não me viu nascer. 

- Isso não significa que eu não tenha visto fotos! - sorriu - Sei que isso é estranho, afinal é a primeira vez que nós vemos pessoalmente, mas eu realmente quero ser seu amigo, May. Ser seu pai, pelo menos por alguns meses. 

Percebi sinceridade em seu rosto. Quem sabe ele não era exatamente como eu pensava? Eu tinha que dar uma chance. 

- Ok, pai - era estranho falar essa palavra. Recebi um sorriso como resposta. Ele pegou uma de minhas malas e passou o braço pelo meu pescoço. 

Aqueles meses seriam longos.