May on
Sidney havia amanhecido fria. Talvez tenha sido pelo chuva do dia anterior e da noite inteira. Com certeza aquela era uma manhã que eu faria de tudo para não levantar tão cedo. Mas eu tinha.
Tomei um banho. O mais demorado de todos. A preguiça realmente não queria largar meu corpo. Escovei meus dentes e andei até o meu quarda roupa. Estava indisposta até para isso.
Resolvi pegar uma calça skinny preta, coturnos da mesma cor. Uma blusa de lã preta com listras brancas e uma clara por cima. Por último coloquei um gorro bege e um óculos escuros. Poderia estar frio mas eu não saíria sem eles. Passei uma maquiagem simples e saí.
Pela primeira vez sentei na mesa e comi o sanduíche e o bacon que Meg havia feito pra mim com o suco de uva. Mas, em compensação, tive que sair um pouco as pressas já que, eu já começava a estar atrasada.
Cheguei com o meu bebezinho na escola e o estacionei. Passei pelo corredor com a minha mochila nas costas, encontrando uma Amber agoniada na frente da sala.
- Aonde você estava May!! - a morena correu até mim - Hoje é o dia da apresentação de redação!
- Eu sei Ambi - entramos e nos sentamos - Cadê os meninos?
- Não sei!! - ela já estava desesperada - Michael ficou com o nosso trabalho! Se ele não chegar ou vim vou levar um zero! Logo na matéria que eu mais gosto!
- Respira Amber, que eu não estou muito diferente - passei os olhos pela a sala - Vou ligar para o Calum.
Procurei o número do mesmo no celular e liguei. Tocava e tocava mas ninguém atendia. Tentei mais uma vez. Nada. Tentei para o Michael. Também nada. Onde eles haviam se metido?
- Cheguei!! - gritou o colorido, enquanto passava pela porta e corria até nós. Pude ouvir o suspiro de alívio de Amber.
Em seguida entrou o Luke que foi falar com uma garota, provavelmente era a sua dupla. Na verdade, ela quase esfregava o seu decote na cara dele. Percebi que o loiro tentava falar sério e não olhar para o seios da garota, o que só deixava a cena mais engraçada.
- Do que está rindo, Foguinho?
- Ah, de nada não Mike - parei de olha-los - Você sabe onde está o Calum?
- Não - respondeu breve e voltou a se concentrar em Amber e no trabalho. Ou pelo menos tentava também, já que sua mente parecia voar quando ele olhava para ela. Sorri novamente comigo mesma.
- Olá alunos!! - entrou a professora - Sentem-se por favor!
Me sentei e olhei para Amber. A mesma olhou de volta e sussurrou um "não sei onde ele está".
- Michael! - o chamei baixinho e o mesmo se virou - Cadê o Calum?
- Não sei, May - respondeu meio impaciente, já que, eu já havia feito essa pergunta antes.
- Senhorita May, já que está conversando tanto, acho que quer ser a primeira a apresentar o trabalho!
- Não professora, eu estou bem aqui e minha...
- Eu insisto! - olhei para Amber e Michael mais uma vez e levantei. Levei meu caderno junto até a frente da turma. Me apoiei na mesa da professora - Cadê a sua dupla, senhorita May?
- Minha dupla está... - a porta se abriu, revelando um Calum ofegante. Soltei todo o ar dos meus pulmões em alívio - Aí.
- Senhor Hood, o senhor está atrasado, e muito - repreendeu a professora.
- Desculpa, professora. Não acontecerá de novo - o garoto tinha uma expressão de cansado.
- É a terceira vez que o senhor diz isso esse ano.
- Ta, prometo que hoje será a última vez - ela o analisou. Parecia querer tira-lo da sala, mas pensou duas vezes antes.
- Está bem. Da próxima, o levarei para a diretoria.
- Valeu professora!
- Okay, okay. Ande rápido. Suponho que a senhorita May é sua dupla e ela já ia começar a ler o trabalho sem o senhor - Calum me olhou por um tempo, colocou sua mochila na cadeira e andou até a frente.
- Desculpa - sussurrou ele, no pé do meu ouvido, quando chegou perto. Sorri como resposta e lhe entreguei o caderno.
Calum leu o texto que não foi nada difícil de se fazer. Sentamos em nossos lugares. Depois de algumas duplas, era a vez de Amber e Michael.
Os dois andaram até a frente. Eles iam começar a ler quando o Michael virou para a Amber e disse "você lê". A garota então rebateu dizendo que ele iria ler já que ela havia escrito a maior parte. Michael então questionou e começaram uma baixa discussão, ali na frente de toda a turma.
Por mais que a cara da professora fosse séria, eu, o Calum e o Luke não aguentavamos mais prender o riso. Eles brigavam até de uma forma fofa. Michael não queria ser grosso e ela queria ter a razão.
Eles nasceram para ficar juntos.
- Parem vocês dois! - interviu a professora - Senhor Clifford, por favor comece.
Amber sorriu vitoriosa e Michael começou a ler. Depois disso a aula passou rápido. Outras duplas foram para a frente, incluindo a do Luke. Descobri que o nome da menina era Paty. E pelo texto, acho que eles não ficaram apenas fazendo o trabalho, se é que me entendem.
- Cal, pode começar - falei para o garoto assim que a professora saiu da sala.
- Desculpa, May! Foi que... Foi que ontem eu fui em uma festa com o Luke...
- Agora eu entendi a cara de sono, e ressaca - olhei para o lado.
- Foi mal mesmo!
- Por que não me chamou?
- Eu sei... - ele parecia que ia pedir outras desculpas até analisar o que eu havia falado - Está falando sério?
- Por que não estaria? Cal, não é porque sou menina que eu não gosto dessas coisas. As vezes é legal curtir com os amigos.
- Você bebi? - ele parecia mais impressionado do que quando eu contei para a minha mãe do meu primeiro beijo. Sorri aquele sorriso que dizia "não devia, mas as vezes acontece", que ele entendeu na hora - Até que não estou surpreso.
- Sua cara não diz o mesmo.
- Já falando sobre festas... - entrou o unicórnio na conversa - Vai rolar uma na casa do Collin, daqui a alguns dias, estão afim de ir?
- É, pode ser - concordei enquanto Amber balançava a cabeça negativamente - Vamos Amber! Vai ser legal!
- Ta bom, May. Depois conversamos.
A abracei de lado e sorri. Ela ia a essa festa.
(...)
Dirigia a caminho da casa dos meninos. Eu havia combinado com o Calum que iriamos fazer a segunda etapa do projeto de redação na casa dele e naquela tarde.
Estacionei o carro na rua e logo já estava na porta tocando a campanhia. Enquanto esperava, me peguei, me perguntando o por quê deles dividirem uma casa, e não terem preferido um apartamento. Mas meus pensamentos me repreenderam dizendo: "isso não é da sua conta"
- Ah. É você - o loiro abriu a porta, encerrando, de vez, os meus pensamentos.
- Desculpa não ser uma de suas vadias que vieram de satisfazer Luke, mas o Calum está aí? - atiçei. Afinal, eu amava botar lenha na fogueira e eu via que ele ficava uma fera com aquilo.
- Ah sua...
- Ei May! - o colorido interrompeu, levantando do sofá e olhando mortalmente para Luke. O mesmo revirou os olhos e saiu, subindo as escadas em seguida - Foi mal, May. Lembra do que eu te falei sobre ele?
- Fechado com quem não conhece. É, eu lembro Mike. O problema é que só a presença dele me irrita. Foi mal, mas é a verdade.
O mesmo encolheu os ombros e fez gestos para eu entrar. Entrei. Olhei ao redor, alisando cada detalhe daquela sala. Eu era assim. Tinha mania de olhar tudo e reparar nos mais pequenos detalhes.
- O Calum está lá em cima. Primeiro quarto a esquerda - Mike voltou a se jogar no sofá e jogar o seu vídeo-game. Assenti.
Subi as escadas devagar. Ouvi alguns acordes de violão e do nada, do outro lado, ouvi gritarem "não é essa nota" e dei uma risada. Cheguei perto do quarto, onde Calum tocava um violão.
Ele estava tão concentrado que nem me viu chegar e apoiar na porta. Fiquei o vendo dedilhar os acordes, parecia tentar criar algo. Uma música. Até, depois de algum tempo ele me perceber ali e dá um sorriso sincero.
- Olá May. Não te vi chegar.
- Percebi - me sentei ao seu lado - Continua.
Assim ele fez. Comecei a fazer alguns barulhos com as mãos e depois cantarolar uma letra qualquer.
- Nossa, você canta bem May.
- Eu não estava cantando. Mas falando em cantar... - uma idea surgiu - Cadê aquele seu caderno? O que você escreveu algumas musicas.
- Pra que?
- Aonde está? - insisti.
- Ali em cima - apontou para a sua escrivania. Andei até lá, mexi em alguns papéis, finalmente o achando.
- Toca de novo.
- Eu não estou enten...
- Vai logo.
Sem muita reação, começou a tocar. Segui o ritmo e comecei a cantar a letra. Ela encaixou perfeitamente na melodia, quase como uma luva.
Calum me observava atento. Talvez, impressionado, mas afinal, a letra e a melodia eram dele.
- Ual... Quer dizer, ual... - ele tinha a boca aberta - Como você fez isso?
- Ah, não sei. Só assimilei a letra com a melodia e... Foi isso.
- Você é uma gênia!
- Na verdade, foi você que escreveu a letra, e criou a melodia.
- E você juntou uma coisa que eu nunca saberia que daria certo! - fiquei vermelha. Com certeza não me dava bem com elogios.
- Qual vai ser o nome?
- Não sei... Vou pensar em um.
- Como já perdemos muito tempo, sugiro começarmos a fazer o trabalho.
- Claro! - colocou seu violão de lado e pegou uma caderno. Peguei o meu também e começamos a fazer - Que tema.
- Eu acho um bom tema, afinal todos temos ódio de alguma coisa - no mesmo momento uma música começou soar do quarto da frente.
- Luke.
- Exatamente. Esse é o meu ódio - Calum soltou uma risada gostosa.
- DESLIGA ISSO LUKE! - gritou, mas o garoto pareceu nem ouvir - LUKE!
Cal então, levantou e andou até o quarto da frente mandando o amigo abaixar o som. E foi o que ele fez, até Calum conseguir fechar a porta e sentar na cama. A música agora soava por toda a casa.
- Que menino chato! - reclamei.
- Relaxa, May. Ele só... - a música aumentou.
Olhei de relance para Cal e levantei. Andei até o quarto do loiro, abri a porta, fui até aquele mísero som e o tirei da tomada.
- Ei! - questionou ele, se sentando na cama - Ta louca, garota?
- Sempre fui - sorri falso e fechei a porta o mais forte possível.
Ele quer jogar? Nós vamos jogar.
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