História Colors - Capítulo 22

Mal as férias chegaram e eu já estava pousando em Londres. Foi um voo longo e nem consegui descasar, estava ansiosa para ver Zayn. Ele me esperaria no aeroporto, e a primeira coisa que fiz assim que passei que peguei minha mala, foi procurar por ele entre a multidão. Assim que visse seus volumosos cabelos castanho-escuro, correria e pularia em seus braços, lhe dando um beijo de tirar o folego, porque era assim que me sentia por dentro, a ponto de cometer uma cena de filme romântico.

- Oi linda.

Virei surpresa por ouvir sua voz atrás de mim, e iria pular em seus braços quando me virei, mas me surpreendi ao ver que ele estava diferente. Ainda era meu Zayn, eu acho, mas agora tinha um olhar diferente, um pouco mais triste e perdido, e seu cabelo estava mais baixo, aparados do lado e atrás, além de platinado.

- Oie. – sorri surpresa pela mudança.

- Gostou? – ele sorriu meio sem graça passando a mão pelo cabelo.

- Sim, é só... fiquei surpresa.

- Era meio que essa a intensão. – sorriu abertamente.

Sorri também e me aproximei lhe dando um beijo leve, nada do que planejei no fim das contas. Ele laçou minha cintura e me aperto num abraço longo. Inspirei seu cheiro e percebi que não era o mesmo de antes. O que será mais que havia mudado nele? Eu realmente tinha medo dessa resposta.

- Senti sua falta. – disse contra meu pescoço, me causando um arrepio.

- Também senti a sua. – fecho os olhos ignorando tudo que estava me fazendo sentir que ele estava diferente – Achei que morreria sem você ao meu lado.

- Shhhh, não fala uma bobagem dessas. – ele me apertou um pouco mais, fazendo o ar dos meus pulmões sumirem e então me soltou, segurou meu rosto e deu um rápido beijo – Vamos? Mamãe preparou um chá da tarde pra você.

Sorri segurando sua mão enquanto ele pegava o carrinho onde estava minhas duas malas e começou a empurrar para a saída.

- Uau. Já terei meu primeiro chá da tarde na terra da rainha? – brinco e ele ri.

Andando com ele até o carro enquanto comentamos sobre chá da tarde. Isso quase faz tudo parecer normal, mas bem no fundo ainda me sinto levemente incomodada por sua mudança. Não que estivesse feio. Por favor, meu bem, ele era Zayn Malik, impossível ficar feio. Mas aquilo significava algo, que possivelmente eu não gostaria quando descobrisse.

Zayn e a família moravam em uma luxuosa cobertura em num prédio antigo não muito longe do centro da cidade. Tinha tudo o que uma cobertura precisava, moveis caros, quadros e esculturas de grande valia e bastante espaço. Aziz me deu um abraço forte e cumprimentei a mãe deles quando os encontrei na varanda da sala. Ela parecia realmente muito bem, comparado a como estava quando a vi pela ultima vez, mas ainda podia notar o pesar que havia em seu semblante. Mas a mulher havia organizado uma verdadeira festa do chá, com direito a bolinhos e uns três tipos de chá para que eu experimentasse algum. E posso confessar algo? Café na veia.

A conversa girou sobre mim. Questionamentos sobre faculdade, a vida em Nova York e o estágio. Eu ainda tinha mais um ano de faculdade pela frente, e o estágio estava do mesmo modo de sempre, cheio de coisas para fazer, e por sorte era no laboratório da faculdade, ou eu nunca teria podido sair nessas férias. Depois o tema da conversa mudou para Londres e aproveitei para questionar sobre tudo da cidade, o que os três parecem satisfeitos em me contar. Eu tinha curiosidade em saber como estava a vida deles após a tragédia, pois as informações por telefone não eram as mesmas dadas ao vivo, mas não questionei sobre isso, apenas engoli minha curiosidade e aproveitei o momento.

Após o chá e o bate papo, Zayn me levou para seu quarto, não tinha porque fazermos cerimonia ficando em quantos separados se sabíamos que fugiríamos um para o quarto do outro durante a noite, além do mais, já havíamos morado juntos. Quando entramos no quarto, imaginei que ele iria me agarrar e beijar com desejo assim que fechasse a porta, como costumava fazer antes, mas pelo contrario, ele apenas fechou a porta, acomodou minhas malas num canto e disse que eu poderia colocar coisas no closet.

Suspirei pesadamente e me sentei na cama, o encarando bem.

- O que há de errado, Zayn?

- Como assim? – me olhou confuso.

- Você está estranho. Parece tão distante. – levantei e fui até ele – Ainda está de luto por seu pai?

Ele olhou para o lado e negou com a cabeça.

- Só estou meio cansado, a empresa ainda está tirando um pouco do meu sono.

Beijei seu queixo e depois seus lábios enquanto enroscava meus dedos nos seus e passei a o puxara a cama.

- Vem. Vamos deitar. Vou fazer uma massagem em você e depois dormimos um pouco.

- Isso parece bom pra mim. – ele sorriu parecendo mais animado.

Sorri e o ajudei a retirar a camisa. E para minha surpresa, seu corpo estava com algumas tatuagens. Olhei todas elas. Havia uma arma próxima de uma frase que dizia “don’t think I won’t”; um yin yang no pulso esquerdo; duas caveiras, uma em cada lado do ombro; um tigre no braço esquerdo; varias no braço direito, como um “bang” e outro caveira; mas a que mais me chamou atenção foi a que estava bem no centro do seu peito, a marca de um beijo com asas. Passei a mão por cima dessa e olhei para ele.

- São seus lábios. Mandei fazer com base em uma foto sua. – disse ele meio culpado.

- São lindas, mas... Porque não me disse que as fez? – assim como não me disse sobre o cabelo, acrescentei mentalmente.

- Não sei, minha cabeça está meio confusa por causa do trabalho. – ele deu de ombros.

Poderia ter comentado que esse trabalho não era tanto motivo de reclamação durante nossas conversas por telefone, mas preferi deixar isso para lá.

- Tudo bem. Deite e vou fazer sua massagem. – sorri.

Ele fez o que eu disse e vi uma andorinha próxima a sua nuca. Reprimi um suspiro e sentei a seu lado, iniciando a massagem. Minha mente tentando não trabalhar nas coisas que ele ainda podia estar me escondendo.

- No que está pensando? – perguntou após um tempo de silêncio.

Olhei para ele que tinha a cabeça virada para meu lado, os olhos curiosos e culpados. Sorri e deitei a seu lado, ele dando mais espaço na cama pra que ficássemos mais confortáveis.

- Em como senti sua falta. – menti.

- Não acho que sentiu tanta assim. Te liguei algumas vezes e não me atendeu. – reclamou fingindo desgosto.

Ri e balancei a cabeça.

- Você sabe que existe fuso horário e ainda sim me ligou em horários que não posso atender.

- Touché.

Sorrimos e ficamos nos olhando por um momento. Eu me sentia meio estranha ao lado dele. Qual era o problema? Porque essa sensação? Por telefone as coisas pareciam tão normais ainda.

Ele aproximou o lábio do meu e me beijou longamente. Fechei os olhos me entregando ao beijo e pelo menos isso ainda parecia o mesmo, e correto. Logo as mãos de Zayn estavam em meu corpo e me puxando para ele. Fizemos amor e depois deitei a cabeça sobre seu peito. As coisas agora pareciam bem mais normais, eu me sentia mais confortável ao seu lado, mas ainda havia algo no fundo que estava estranho.