POV JungKook – Seul
Nem sempre temos tudo aquilo que queremos, as vezes nós temos que batalhar para conseguir, e nem assim conseguimos. Eu nunca me imaginei acordando as sete da manhã para ir trabalhar em uma cafeteria. E eu nunca estive tão exausto como estou agora, ontem no trabalho foi tão exaustivo. Estou me culpando até agora por ter pedido hora extra por falta de dinheiro em casa.
Estava andando sobre as ruas de Seul tranquilamente. Passei por um posto com um papel colado, é a terceira vez que passo por um poste com o mesmo assunto, peguei o papel, dobrei e guardei no bolso das minhas calças. Olhei no meu relógio de pulso e arregalei meus olhos, merda. Sete e cinquenta e dois. Apressei meus passos e fui de encontro ao metro.
Cafeteria – A Twosome Place – 08:25 AM
Entrei correndo no local lotado como sempre, e o cheiro forte de café impregnava tudo. Passei pela porta do balcão apressado passando pelos fundos, acabei esbarrando em Hoseok que estava mexendo nas máquinas de café. Seu olhar em cima de mim continha curiosidade. Senti a mão quente do meu amigo pesar no meu ombro.
– Você tem sorte que o Kwan não notou a sua falta. – Depois de falar ele continuou o que estava fazendo. – Você vai ter que entregar os pedidos hoje, Sun Hee está doente e não pode vir. – Concordei com um aceno na cabeça e fui para o balcão esperar Hoseok terminar os pedidos.
Observei todos que estavam naquele ambiente hoje, são sempre os mesmos rostos, no meio de todos eles encontrei Jimin bebendo uma xicara de café, junto de um garotinho que comia loucamente um cookie, provavelmente é seu filho. Essa é a primeira vez que o vejo com alguém aqui, mesmo que seja uma criança, nunca o vi fazendo seu papel de pai. Olhei para todo o seu corpo, seu cabelo havia mudado de cor novamente. Dessa vez seu cabelo marrom claro e, como todas as vezes que o vi aqui, ele está usando terno e lendo um livro.
Jimin. O homem mais fodidamente gostoso que eu já vi na minha vida. Todos querem ser ele, e não é pra menos, dono da empresa Colors, e de vários corações partidos e desiludidos.
Senti alguém cutucar meu braço esquerdo, olhei e vi Jung Hoseok com pedidos da mesa seis para mim entregar, peguei a bandeja a equilibrando em uma de minhas mãos e fui em direção a mesa.
7 horas depois...
Tirei meu avental e o coloquei no pescoço. Me sentei em uma das mesas vazias e esperei Hoseok terminar suas tarefas para irmos embora.
– Nossa cara, a parte que mais amo nesse trabalho é a parte da troca de turnos. – Dei risada do modo como sua voz cansada soou. – Qual é?
– Você tem razão. – Disse e saímos juntos do local, sentindo finalmente o cheiro do ar livre. – Vamos comer na sua casa hoje ou na minha? Não me leve a mal, mas eu to’ com tanta fome que comeria uma vaca viva.
– Então... – Olhei para o seu rosto e vi seu olhar animado
– Vai sair com ele de novo? – Perguntei e vi seus lábios se alargarem em um sorriso, deixando seus dentes brancos amostra. Iluminaria até os lugares mais escuros – metaforicamente falando – do mundo.
– Sim, eu gosto do Tae e não vejo a hora de você conhecer ele. Kookie, ele é incrível.
– Mal posso esperar.
Depois disso nós seguimos caminhos diferentes, Hoseok foi sair de novo com Taehyung, e eu fico feliz que ele finalmente tenha encontrado alguém que cuide dele, e o ame como todos devem ser amados.
Coloquei a mão no bolso e senti algo, tirei de lá o papel de mais cedo, desdobrei e comecei a ler atentamente o anúncio de alguém muito desesperado.
É sobre o Jimin, ele precisa de babá pro filho dele no horário da manhã. E vai pagar uma grana alta por dia, pelo ao menos é mais do que eu recebo. Eu não sou mulher, mas... Eu poderia tentar. Eu até queria outro emprego, mas o Jimin me dá medo, ficar na mesma casa que ele, olhar seu rosto todos os dias. Isso realmente me assusta.
Atravessei a rua e cheguei no portão de casa, abri o mesmo e o ouvi ranger. Subi as escadas no corredor apertado, chegando no final dele, peguei minha chave e abri a porta. Fui em direção ao meu quarto e procurei minha carteira, olhei dentro e vi se tinha dinheiro para comprar comida. Peguei a nota de dez reais na mão e a encarei, ótimo. Parece que é sem comida hoje.
Ouvi batidas na porta, olhei em sua direção e depois fui até ela. Coloquei meu rosto perto da porta e vi no olho mágico, Mark. O dono da minha casa, mesmo sem abri a porta, já sei que me veio cobrar o aluguel atrasado.
– Oi Mark... – Cocei a nuca – É... – Antes de mesmo começar a falar ele me cortou
– Olha Jungkook, eu não posso esperar mais, se você não me pagar amanhã, eu vou ser obrigado a te despejar. – Suas frases sinceras me deixaram abalado.
– Mas Mark – Insisti
– Sem mas! São as regras, eu esperei o quanto podia. – Merda.
– Eu vou dar um jeito! – Afirmei e ele saiu.
(...)
Antes de esse dia começar, eu realmente não sabia que no fim dele, eu estaria no imenso portão da casa de Park Jimin. Tocando no seu interfone. Eu juro que em toda a minha vida, eu nunca vi uma casa como essa, tenho medo de encostar em algo e quebrar. Se acontecesse, eu teria que vender minha alma para pagar. Ouvi um barulho no aparelho a minha frente, era voz de uma mulher.
Quem é?
Droga o que eu falo? Sou Jungkook? Vim fazer a entrevista?
– Eu vim pra entrevista de emprego de babá. – Depois de falar senti a boca do meu estômago gelar.
Oh, a senhora pode entrar, vou mandar abrir o portão.
S-senhora?
O portão abriu e os brutamontes que estavam na minha frente, deram espaço pra mim passar, por trás daquele portão tinha um jardim, tudo tão alegre e cheio de cor.
Olhei em volta e vim uma mulher gordinha e baixinha correndo em minha direção.
– Você... Não é uma mulher! – Afirmou quando me alcançou, balancei a cabeça negativamente
– Não, me desculpe
– Não se desculpe, vamos logo com isso, o chefe está nervoso. – Disse ela arrumando minha roupa e meu cabelo enquanto entravamos na casa. – Você pode não ser uma mulher como ele queria mas, foi o único que veio. – Arregalei meus olhos com a informação. – Não deixe ele intimidar você. –Disse
– Porque está me dizendo essas coisas? – Perguntei e vi ela sorrir de uma forma doce, mas sem mostrar os dentes
– Porque você é um garoto bom, mas tem voz de mulher. Então espero que se dê bem. É na segunda porta da direita que ele está te esperando.
A agradeci e fui em direção a porta que ela me disse pra ir. Andei vigorosamente até a porta, quando fiquei de frente com ela, respirei fundo, então é agora.
Bati na porta e depois de alguns segundos a voz grossa de Jimin gritou pra mim entrar. Abri a porta e o vi sentado em uma poltrona escrevendo algo em um caderno. Seu olhar subiu até mim e ele se surpreendeu, de um olhar surpreso foi para um sorriso, que não consegui decifrar o que diabos quer dizer esse sorriso.
– Você não é uma mulher!
– E você é a segunda pessoa que me diz isso hoje.
– Tanto faz. Ah, o emprego já é seu. – Disse voltando sua atenção ao caderno e eu arqueei as sobrancelhas.
– Tão fácil assim? – Perguntei e ele me olhou de novo, dessa vez levantando seu corpo de onde estava sentado.
– Queria que fosse difícil? Você queria que eu fizesse o que? Tanto faz se você não quer ficar aqui, quem vai sair ganhando vai ser você por não ter que acordar cedo e ter que vir aturar aquela criança chata e mimada todos os dias. – A cada palavra dita seu corpo se aproximava mais do meu, me deixando sem saída. –O problema é todo seu. Eu não me importo.
– Mas eu quero. – Seus olhos encararam o fundo dos meus, pude sentir ele enxergando o fundo da minha alma.
– Então você começa hoje. – Depois de dizer se afastou e voltou para a sua poltrona. Assim que seu corpo se relaxou sobre a grande poltrona ele me pegou o encarando. – O que você ainda faz aqui? Vá conhecer Jiang Li, saia da minha sala.
Me desculpei e saí de sua sala, e eu juro, que eu nunca me imaginei na casa de Park Jimin, prestes a conhecer seu filho, quem eu passarei a tomar conta. Eu não gosto dele, sua arrogância me deixa desconfortável, mas isso não muda os fatos de que ele é fodidamente gostoso.
Você está gotejando como um nascer do sol saturado
Você está derramando como uma pia transbordando
Você está rasgado em cada extremidade mas você é uma obra-prima
E eu estou chorando por entre as páginas e tinta
- Colors - Halsey
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