1. Spirit Fanfics >
  2. Colors >
  3. O silêncio de um furacão.

História Colors - O silêncio de um furacão.


Escrita por: lycorisrose

Notas do Autor


E aqui vamos nós.

Capítulo 13 - O silêncio de um furacão.


Fanfic / Fanfiction Colors - O silêncio de um furacão.

 

Murdoc estalou a sua longa língua em derrota. Era a terceira vez seguida que tentara melhorar as coisas e por causa de seu ego havia arruinado tudo. Bem, já era algo normal na sua vida, mas dessa vez realmente parecia ter tido algum exagero. 

Se sentou no sofá em um semblante cansado, apenas encarando a imagem da jovem psicóloga ainda desmaiada na cadeira. Sinceramente, se fosse ele naquela cadeira lidando com dois loucos, também cederia a tensão. Era um velho verde ranzinza e isso não se podia negar. 

A pegou com os braços e a endireitou no sofá, com cuidado para não tropeçar nos pedaços da pequena mesa. Suas costas ainda doíam como o inferno em brasa e apenas sentia a dor por causa da baixa de adrenalina. Porra, ele não era mais um garotão para ficar em situações do tipo. 

– Martha? Viva ou morta? – Usou sua unha pontuda para tocar no rosto da mulher, que aos poucos foi despertando daquela situação. 

– Que?.. Espera, não... O que aconteceu?! – Ela se levantou afobada e quase caindo no chão, isso se não fosse Murdoc a segurando. 

– Em resumo? Em, depois que você caiu, ele e eu discutimos mais um pouco e então ele saiu fora. – Cruzou os braços em seu jeito casual. – Foi mal pela mesa, e pelo resto. 

– Isso foi um presente do hospital, não importa muito. – Ela colocou as duas mãos no rosto, controlando o estresse. – Tem ideia do que acabou de acontecer aqui? 

– Bem, você viu um pouco, não viu? – Ela fez sinal negativo, ainda sentindo a tontura. Murdoc apenas bufou e se ajeitou no sofá. 

– Não muito, Niccals, mas foi o suficiente para eu ter medo. 

– Medo de que? – Arqueou uma sobrancelha. – O Dents é meio doido, mas eu acho que se rolar uma consulta particular ele pode ficar melhor, não? 

– Não falo disso, mas sim do estado mental dele. – Ela apontou para a sua própria cabeça, sua expressão mostrava uma extrema preocupação. Murdoc apenas parou para ouvir, não sabia se estava diante de ais uma loucura ou alguma informação útil. Afinal, se é algum problema mental, com certeza é louco, em suas próprias palavras. Ele mesmo se definia assim. 

Até aquele minuto. 

– Eu vou falar algo aqui, mas é muito delicado... – De novo com sua prancheta, a profissional procurou entre os finos papéis um que possuía o histórico dos pacientes. – Ele estava muito alterado quando começaram a discutir, parecido quanto no dia em que ele teve um tipo de colapso no hospital por causa de um enfermeiro idiota. Eu acabei deixando-o ir achando que poderia ser melhor e no dia seguinte eu soube que um vizinho o impediu de se matar com uma faca. Isso o deixou internado na ala de pessoas mentalmente instáveis durante semanas e desde então eu tenho feito um tratamento intensivo para impedir ações do tipo, mas agora parece que não adiantou de nada. 

"..." 

Murdoc conseguia ouvir cada som entre o silêncio. Sua respiração, o som do ventilador quase parado ainda girando, a respiração descompassada de Martha. Balançou o cabelo preto de maneira frenética, sentindo o latejar de seus olhos em seguida. Fitou o chão, fazendo a questão de lembrar todas as palavras na ordem em que foram ditas. 

De todas as probabilidades que imaginou, queria que a de 2-D ter vindo para a consulta bêbado e estivesse apenas um pouco alterado minutos atrás fosse a verdadeira, mas não era. 2-D estava sóbrio e falando a verdade que vinha de dentro dele. Ele realmente queria morrer. 

– Ele estava falando sério então? Aquele papo de não se importar com a vida era verdade?! Ele realmente tá tão fodido assim?! 

– Niccals, eu só estou falando disso com você porquê percebi que os dois se conhecem e muito. Seu amigo, companheiro... Não sei, mas ele está em uma situação que nem eu posso dizer quais podem ser as consequências. – Martha suspirou exausta, e em seguida se virou para ele. – Problemas graves que precisam ser resolvidos. 

– Eu também tenho problemas. 

– Acho que a maior parte dos seus problemas envolvem Stuart. Ao invés de permanecer no erro e tentar apagar tudo, por que não tenta se reconciliar com ele de uma forma menos abrupta? 

Ele se calou, apenas grunhindo  um 'vou pensar nisso' e pondo seus dedos em suas têmporas, deveras confuso. 

Ouviu batidas na porta. O tempo da sessão havia acabado. 

 

~*~ 

 

Noodle encarou uma última vez o celular na esperança que alguém pudesse responder. Nem Russel, nem Murdoc, e muito menos 2-D. 

Estava apreensiva, por mais que sua fala atual estivesse focada em palavras de calma. A chave estava posicionada na maçaneta e pronta para trancar a porta, isso com ambas as mãos. Respirou fundo, ajeitando o casaco de couro para se adequar ao vento frio. 

Se estava certa, ao tempo em que Alex havia chegado na casa e dito sobre o horário, a esse ponto a consulta com o médico havia terminado, então talvez poderia ter um tempo para talvez fazer uma surpresa. Surpresas são boas em seu geral. 

"– Espera, 2-D e Murdoc estão com a mesma psicóloga? – Piscou em confusão. O homem apenas de ombros, novamente verificando o celular. 

– Sim, eu perguntei e ela acabou deixando escapar. – Coçou a nuca, voltando a olha-la. – Sabe, eu sei o nome dele de tanto que o Murdoc fala, ultimamente inclusive. 

– Isso não vai acabar bem... – Disse em voz alta, fazendo uma auto censura em seguida diante de Alex, que provavelmente não entendia sua preocupação. – Mas bem, que horas termina? 

– Por volta das seis, seis e dez da tarde. Geralmente mais cedo. 

Noodle sorriu. – Entendi. Foi bom te ver." 

A nipônica encarou a calçada com leves rachaduras, sentindo a garoa do início da noite. O coração estava acelerado e sua cabeça latejava sem razão aparente como um baque, o que a deixava tonta enquanto andava. Era uma mistura de sensações desagradáveis. 

O telefone tocou, era Russel. O berro que ela deu foi alto para quem estava ao redor. 

– Russ, aonde 'cê tá? 

– 'Noodle-gurl, me desculpa. Fiquei resolvendo alguns assuntos com a Nancy. Eu devia uns favores para ela, mas eu acabei me distraindo.'  Russel tentava soar o mais gentil possível, por mais que estivesse respirando como um louco no telefone, deixando em aberto. 

– Ah, eu acho que entendi... – Noodle riu, recebendo um novo som abafado como resposta. 

– 'Não é o que está pensando agora, garotinha! Esses assuntos aqui são perigosos, e eu não estou na casa dela.' 

Noodle ergueu uma sobrancelha, aumentando a velocidade que andava involuntária, virando a esquina e se aproximando da área residencial vizinha. Ouviu uma voz feminina, e teve quase certeza que se tratava de Nancy pelo tom agudo. Tais peças pareciam se referir ao sexo de maneira óbvia, mas o jeito que Russel tentava acobertar a situação era anormal. Não sabia se esse pensamento havia feito a dor de cabeça aumentar, mas algo estava fazendo. 

– Russ, eu estou indo para a casa do Dee. 

– 'Por que?' 

– Razões. Eu não estou muito bem pra explicar, mas eu tranquei a casa, ok? 

– 'Eu não levei a chave.' 

– Isso já não é problema meu. – Ela disse distraída. Estava se aproximando. 

– 'Noodle!' Ele exclamou do outro lado ainda sério.  'Eu vou passar aí para te buscar então, mas por favor não faça nada de errado, pois já não basta o que um está me fazendo passar. Não gostaria de te pegar em uma situação desagradável ou ruim pois eu juro que faria picadinho do 2-D na janta.' 

Ela continuou ouvindo o discurso de pai velho pelo resto da caminhada até alcançar a área da calçada referente a casa. Inflou o peito, deixando o sorriso de uma pessoa que não está sentindo nada de mais estampar seu rosto. Se despediu de Russel, abriu o portão, subiu a escadinha e bateu na porta. 

Tentou bater, pois a porta estava com um pequeno feixe aberto, o que apenas fez a madeira ranger enquanto reagia a batida. 

Ela parou de sorrir. 

Trincou os dentes, encarando o chão do corredor como um robô automático. Não havia nenhuma luz além da que estava na porta da frente e do próprio corredor, o resto da casa se encontrava em um breu. Ponderou em sequestro, mas sabia que Murdoc não seria burro para repetir o erro. Roubo? Não, tudo estava ali. 

Adentrou ainda mais, dessa vez caminhando pela casa, indo para a ala dos quartos. A única que tinha luz era a porta fechada do banheiro. Não sabia se eram pelas finas gotas e marcas de molhado que estavam no chão e que eram apenas visíveis pelo feixe, mas ela sabia que havia alguma coisa errada. 

– Toochi? – Bateu na porta devagar, com a mão firme na maçaneta. – Dee? Eu sei que você está aí. Eu posso entrar? – Bateu com mais força, girando a peça de metal na mão. – 2-D! 

Abriu a porta em um estrondo, a madeira branca se chocou com força no azulejo. As batidas do coração se aceleraram, pois quando percebeu que não havia alguém na sua frente ou no chuveiro, ela estava em baixo. 

E estava. 

– 2-D... – Sibilou rouca. – Não... 

Forçou um passo para a frente, junto com outro, e outro. Quando percebeu estava de frente para ele, segurando os ombros encostada em seu peito, sentindo as fracas batidas que o coração ainda persista em continuar fazendo. 

Arregalou os olhos, encarando o cenário bizarro ao seu redor. 2-D sangrava pela nuca e pela testa, e a poça ao redor dele já era maior do que a de um simples acidente. Seu primeiro ato foi pegar a toalha que estava jogada no canto, amarrando na cabeça dele. 

– 2-D, fala comigo, qualquer coisa, fala! – O balançou, mesmo sabendo que a essa altura ele não poderia responder. Olhou para o chão, vendo os cacos de vidro ao escarlate, traçando um caminho para o vidro quebrado. Olhou novamente para o chão, vendo os frascos que estavam caídos no chão. Eram muitos, suficientes para contar. As peças se encaixaram logo ao ver o frasco laranja ainda estar próximo de uma de suas mãos. 

Segurou o rosto dele, sentindo a pele sem calor entre seus dedos. Arfou, piscando diversas vezes para poder ter sua imagem focada. Estava chorando. 

Era uma situação e vida ou morte, não podia deixar que a morte vencesse, principalmente diante de alguém tão importante para si. Pegou o telefone com a mão livre e iniciou a ligação de emergência, agarrando o corpo frio em seus braços como uma criança sendo ninada e tomando cuidado para não gaguejar.  

'Emergência, qual a sua–' 

– Por favor, mandem ajuda! – Noodle suplicou para a mulher do outro lado da linha, se obrigando a se recompor para poder dar o endereço da rua para ela. Ao ouvir que havia uma ambulância a caminho, não se deu o respirar aliviado. Ele estava morrendo e mais um minuto de demora poderia ser o pior. 

O apertou com força em seus braços na vertical, apenas se perguntando em como caiu tão rápido. A cena de quase 20 anos atrás retornava a sua mente, com a súplica, em como dizia com sua voz alta ainda em japonês, implorando para que ele não pulasse. A cena havia se repetido, mas agora ela não conseguiu chegar à tempo. 

A dor de cabeça agora era uma pancada contínua insuportável, o que tornava tudo mais distante e difícil de se fazer. O mínimo som da ambulância na distância em que estavam já a fazia perder a audição, rapidamente retirando todos os seus sentidos. Quando os paramédicos chegaram, a ação foi quase desesperadora, com os primeiros socorros sendo efeituados em 2-D com pressa, reconhecendo a falência nos órgãos internos. Noodle estava anestesiada de dor, o que fez um dos paramédicos a examiná-la, e conseguir segurá-la antes que ela desmaiasse no chão. 

Ambos foram levados. 

 

~*~ 

 

– Eu temo. Qualquer merda que possa acontecer com ele depois que ele saiu daquele prédio vira responsabilidade minha, em parte. 

– Murdoc, isso é sério? – Alex o encarou incrédulo. 

– Ele pode fazer uma loucura, uma loucura! – Murdoc passou as unhas pelo couro cabeludo, o arranhando com força. 

– Como se matar? – Perguntou com a voz embargada. O satanista parou de andar, o olhando diretamente em seus olhos. 

– Esse foi o tópico final da discussão que tivemos, lindo, não é? – Murdoc poderia ter dito aquilo com rispidez ou ironia, mas aquele maldito olhar não enganava. Murdoc estava preocupado, nervoso, e isso tudo tinha como razão principal 2-D. 

Ele não seria capaz de fazer tal loucura de novo, seria?

 


Notas Finais


Primeiro de tudo, gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando. Sim, eu falo isso toda vez, mas acho muito importante ver todo o carinho que está sendo dado, pois eu não esperava tais resultados.
Segundo, sobre as postagens. Elas demoram, e ainda por cima são irregulares. Veja: esse último mês eu tive um bloqueio criativo horrível, e ele só passou de verdade nessa semana. Para não deixar muita coisa em aberto, eu criei uma pequena marca: os capítulos serão postados mensalmente, e caso venham a ter mais de um em um mês, não significa que possa acontecer o mesmo no próximo. Em resumo: capítulos mensais. Essa foi a única solução que eu tive diante dos problemas comigo.
Obrigada por lerem. Nos vemos no próximo capítulo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...