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História Colors - Carmim


Escrita por: lycorisrose

Notas do Autor


(EU QUERO GRITAR) Ok, desculpa a demora mesmo! Eu quero bastante pedir desculpas - eu costumo demorar muito pra postar mas eu fiquei realmente brava com a demora nesse - o capítulo estava praticamente pronto mas o site travava sempre na hora de enviar, MAS teve outros imprevistos nesse meio tempo. Essa semana foi bastante difícil, eu teria postado mais cedo se não fosse ele.
Bem, eu tive uma crise e eu ainda estou tendo, mas já estou melhor do que estava durante segunda/terça. Espero que compreendam.

Enfim, o capítulo foi feito com outra ideia misturada que eu achei que seria relevante para o enredo (acho que vai ficar mais explícito no próximo).
Tenham uma boa leitura.

Capítulo 3 - Carmim


 

A noite no centro de Londres não costumava ser agitada em períodos próximos ao fim de ano, apenas quando realmente era o final do ano e ocorria as comemorações de natal e ano novo. Entretanto, parte do país estava em festa devido a acertos políticos no parlamento. Agora Londres se encontrava mais viva a noite do que durante o dia entre gritos e festas. 

Um desses lugares era uma boate noturna de grande demanda, um lugar amplo aonde jovens iam para se divertir e adultos iam para aproveitar a juventude. Alternado em cores de vermelho e branco, a casa era o ponto mais alto durante aquele curto período de festa antes da real comemoração natalina/festiva. 

Ela lá que 2-D se encontrava. 

Haviam se passado uma semana desde o reencontro. Foi um baque tão imenso na frágil mente de Pot que jurava que seria seu último dia vivo na casa. Mas ver que Noodle e Russel estavam bem, salvos, vivos, isso o aliviava tanto depois de anos achando as teorias da internet eram verdadeiras, estava novamente em carne e osso diante de si e não poderia pensar em outro assunto novamente. 

Mas, infelizmente, durou pouco. A proposta de retornar a banda foi certeira - como já imaginava -, e ele recusou, com os punhos que criou ao longo dos anos para o dia que já esperava chegar. 

O bom foi saber que Murdoc não havia insistido tanto como na penúltima vez - a última havia sido um sequestro - o que o aliviava bastante, e também que mesmo tendo negado naquele dia, estava mantendo contato com a japonesa e o afro-americano de modo diário durante certos períodos do dia. Ambos viviam juntos agora em uma kitnet, como um pai e filha, algo que ambos sempre foram de coração durante aqueles anos. 

Ah, era algo positivo com toda a certeza. Porém Murdoc havia deixando a questão em aberto, o que deixou-o em uma corda bamba de não e sim. Sim, pois a banda era algo da qual já havia se acostumado. Mas não, era uma mentira, iria tudo voltar a estaca zero assim que aceitasse. 

"Como sempre sendo um indeciso." 

2-D terminava de beber mais um copo no bar da boate. Ele já não conseguia mais sentir o gosto do que ingeria, mas estava lúcido. Depois de anos experimentando bebidas diferentes, era normal o efeito do álcool não lhe alcançar com tanta facilidade. 

"Claro, quantas vezes você já não virou um garrafa de vodca inteira?" 

As luzes do local poluíam sua visão cansada, ele queria ir para casa, mas também queria manter-se ali e ver todos ao seu redor. Era algo engraçado de se ver. Na pista de dança as diversas pessoas dançavam como loucas com uma energia que ele já não tinha há muito tempo, ele sentia falta disso, porém apenas vendo aqueles loucos se jogando um em cima do outro o fazia mudar de ideia. 

Pediu mais uma bebida ao barman, a sua saideira para poder ir para casa e dormir um pouco. Costumava ter cansativas ressacas, porém as aproveitava com longas horas de sono - isso quando não acabava tendo uma maldita insônia. 

Uma garota se aproximou, tentando puxar assunto literal, mas ele recusou com um suspiro pesado. Ela havia reconhecido sua aparência deveras peculiar e perguntado sobre a banda, o que lhe deixou muito surpreso por pessoas ainda saberem sobre Gorillaz, "uma banda morta". Pôde ver o olhar decepcionado ao ter negado, mas preferiu apenas confortá-la e deixá-la ir, a mesma riu com o jeito engraçado dele e foi. 

Depois daquela, precisaria de um cigarro. Para sua sorte, era permitido fumar dentro do estabelecimento. Quando colocou a barra entre os dentes e acendeu o isqueiro, outra pessoa se aproximou dele, sendo mais convidativo e colocando suas mãos nos ombros do azulado, com unhas compridas sentidas além dos dedos ao longo do tecido. 2-D virou para também recusar a pessoa, mas quando viu... 

- Estava te procurando 2-D. - Murdoc disse encarando-o fixamente por cima. 

- Mas que diabos..? Você é real? - ele se virou incrédulo. O esverdeado aproveitou e se sentou ao lado dele em outra cadeira. 

- Mais do que você pensa! - ele sorriu, mostrando um pouco da língua para ele. Murdoc encarou a mesa e não deixou de ficar surpreso com a quantidade de copos à sua frente. - E eu achando que estava no fundo do poço. 

- Engraçado como sempre - 2-D o ignorou, bebendo mais um pouco do conteúdo da garrafa. Murdoc apenas suspirou, virando-se para o lado e pegando um drink de outra pessoa.  

- Acho melhor você ir com calma - disse com o tom neutro, vendo a reação do outro ser exatamente a qual não esperava. 

- Corta essa porra, Murdoc. - 2-D ironizou - Desde quando quer me controlar? Nunca se importou. 

Dito isso o azulado se levantou, coçando o cabelo e ingerindo direto a bebida que havia acabado de ser posta no balcão perto de si. O satanista se virou de lado, vendo a expressão estressada de 2-D que alertava de todos os modos que aquele não era, de longe, o momento certo para falar daquele assunto, mas, não, era óbvio que ele iria falar. 

- Quer saber? É, eu nunca me importei, mas é se eu te disser que é diferente agora, você acreditaria? 

2-D pegou um dinheiro em sua carteira e o jogou no balcão, se levantando com um olhar fulminante direcionado ao satanista. 

- Não. 

Sem esperar, ele andou em passos rápidos até a saída, sentindo de cara a brisa gelada de outono da cidade ao abrir a grande porta. Se acolheu no casaco azul, pronto para ir para casa. Aquela havia sido a gota d'água, e o pior era que havia desperdiçado um cigarro. 

A dor de cabeça batia com força, 2-D apenas tentou ignorá-la. Iria para casa e tomaria algumas pílulas para dor e sono. 

- Não acreditou quando falamos sobre isso dois dias atrás. 

Se virou novamente e viu Murdoc parado com os braços cruzados. A risada seca vinda do de cabelo azul foi surpresa para ambos. 

- O que você esperava? - perguntou, esperando alguma resposta, porém, nada. - Exato. 

O esverdeado deu alguns passos próximos, chegando perto das costas do outro. Ainda na tentativa de formular uma frase completa que não fosse um xingamento ou aleatoriedade, ele começou a falar algo. - Quero recomeçar, sabe, não ser tão... Rígido, não ser um... 

- Cruel, egoísta, narcisista, imbecil e principalmente, um abusador que não se importa com nada? - as palavras escaparam de sua boca. 2-D com certeza estava se sentindo orgulho de não estar gaguejando ou se submetendo as ralas palavras do homem atrás de si. - É, eu realmente preciso ir com calma. 

- O que você quer de mim afinal? Eu já me desculpei! 

- Mas não é um perdão! Não é uma explicação para tudo que você fez comigo! 

- Contigo? - Murdoc estreitou o olhar, avançando perigosamente para cima de 2-D. - Eu tenho muito mais a carregar nas costas além de um garoto idiota com o cabelo azul! 

Em um ato sem pensar, Murdoc levou uma das mãos ao rosto, mais especificamente a boca. 2-D piscou, ainda carregando aquela informação. O esverdeado percebeu a coloração da pele do outro mudar de bege clara para avermelhada rapidamente, as grossas sobrancelhas pretas se abaixarem e os olhos completamente pretos se estreitarem deixando uma feição de fúria no rosto do de cabelo azul direta para o velho. A respiração se acelerou, os punhos se fecharam. Não, ele não iria bater, não era de sua natureza, muito menos vontade, porém, ele ainda tinha uma arma. 

- Então por quê você fica me perseguindo?! - 2-D bateu de frente, ficando próximo do rosto deformado de Murdoc, sentindo o bafo quente em seu rosto e ignorando-a. A raiva saía com força em suas palavras, a voz do ex-vocalista ainda era potente mesmo com todos os problemas de gagueira e outros, era como se agora estivesse em um concerto musical, cantando entre gritos a sua raiva. 

- Sabe do porquê eu ter negado a proposta? Eu não quero mais isso! Uma vez mesmo você havia dito que se conseguiu substituir Noodle poderia me substituir! Por quê não fez? Eu não sou um robô para seguir as suas ordens! - 2-D respirou fundo -  Eu tenho a porra dos meus sentimentos, e se você não dá a mínima para isso por quê eu deveria dar para os teus de querer a banda de volta se você não dá um pingo de consideração para seus companheiros, seus parceiros?! - 2-D dizia aos berros, disposto para que todos pudessem ouvir sua voz. - Você não se importou com Noodle, para Russel, para mim e nem para mais ninguém além de si mesmo! Essa sua ideia de fama doentia acabou corrompendo a minha vida! Desde aquele dia na loja de teclados! Desde aquela ordem judicial! Desde aquele segundo acidente quando você me arrastou e viu como algo útil e começou toda essa merda! 

2-D não tinha ar em seus pulmões, tudo havia saído de si como uma cachoeira despejando a água do alto. Algumas pessoas haviam parado para ver a cena, boquiabertas com as últimas frases. Ainda em ecstasy, o azulado ajeitou o casaco em seu tronco e se afastando de maneira gradual. Mesmo depois de 2-D ficar fora de sua vista, Murdoc permaneceu parado naquela mesma posição. Riu fraco, fechando os olhos e balançando de leve a cabeça. 

- Eu sinto muito. 

Iria segui-lo, e assim fez. 

 

Murdoc havia se perdido duas vezes enquanto procurava a casa de 2-D, já que não havia memorizado o nome e número então apenas seguia pelo que se lembrava, fora que o havia perdido de vista, o que lhe rendeu meia hora dando voltas pelas mesmas ruas. Ele realmente queria falar direto com ele, e também despejar seus podres para ele assim como havia acontecido pouco menos de meia hora atrás, mas falar direito era o foco. 

Reconheceu a rua próxima da casa após pegar um atalho que dava a volta pelo quarteirão, chegando perto da casa dele. Ao ver, porém, que a casa estava com as luzes apagadas, se confundiu. Ele havia dormindo ou talvez tinha ido beber em outro lugar. 

Uma garota passou correndo e bateu no ombro do baixista, que o encarou raivoso. A garota não disse nada, apenas continuou a correr. Sua visão periférica fez notar que ela parecia aterrorizada. 

Virou de lado, vendo uma estranha movimentação na esquina da rua. Alguns homens saíam de lá gritando em escadarias, alguns menos batendo os punhos e esticando as pernas como se tivessem saído da academia. Se sentiu atraído por aquilo, pois eles se assemelhavam a pessoas de seu culto na igreja satânica. Quando chegou mais próximo, porém, eles já estavam em uma considerável distância. Não eram do culto, realmente. 

Um deles colocou uma arma no alto e disparou alguns tiros. Isso fez Murdoc arregalar os olhos em surpresa - e talvez uma admiração por ele ter uma arma de fogo? 

Agora ele estava parado na frente daquele beco vazio e escuro, completamente desperto do que estava fazendo ali antes. Pensou um pouco até conseguir se lembrar com um estalar de dedos. 

- Oh, verdade! D! 

Iria caminhar novamente para a residência quando ouviu um gemido fraco a distância. Ignoraria o mesmo achando que era apenas um simples mendigo ou bêbado, mas a voz era familiar. 

Muito familiar. 

Voltou-se na direção do beco, adentrando em passos lentos, vendo cada com cuidado pela sua visão não estar sendo facilitada naquela escuridão. Uma mão se revelou, encostada próxima ao latão de lixo, tremendo levemente. Era de lá que a voz vinha. A figura estava encolhida, trêmula, fraquejando sem parar em gemidos incessantes de dor, chorando baixo com o mínimo de forças que ainda lhe restava. Ao reconhecer a figura, Murdoc sentiu o desespero bater a porta. 

- Stuart! - berrou em surpresa. Sem esperar um minuto, tratou de ajudar 2-D a se levantar, recebendo de volta gemidos de pura dor nas áreas doloridas. 

Na hora não entendeu direito. Um olho inchado e escurecido, uma boca ralada com diversos arranhões, uma blusa e casaco rasgados e manchados de carmim... Ele havia sido espancado com intensa brutalidade. Quem poderia ter batido de modo tão brutal ao ponto de deixá-lo em um estado muito pior de quando ele mesmo batia no garoto? O pensamento deixou Murdoc com um leve enjoo, mas a questão ainda era válida. 

A imagem dos homens saindo do beco voltou a mente. Aqueles caras não pareciam ter razão aparente para nada, só estavam por aí para farrear sem escrúpulos. Bêbados, qualquer coisa já servia como desculpa para brigar, e para o azar de 2-D, ele foi uma dessas desculpas. 

- Desgraçados... - praguejou enquanto posicionava um dos braços de 2-D ao redor de seu ombro, segurando o quadril do outro para poder carregá-lo melhor. Ouviu o cantor murmurar algo antes de amolecer, caindo para o lado dele desmaiado.

Inspirou fundo, contando até dez para não perder o juízo diante da situação.

E ele ainda tinha a maldita impressão de que tudo aquilo era apenas o começo.

 


Notas Finais


....Desculpa?

Espero que tenham curtido, foi bastante complicado a ideia sair em palavras, mas eu estou bastante empenhada em Colors. Nos vemos no próximo capítulo!


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