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História Colors - A Máquina de Dinheiro...


Escrita por: lycorisrose

Capítulo 7 - A Máquina de Dinheiro...


 

 

2-D ajeitava o casaco vermelho de acordo com seu braço para não feri-lo, ajustando com o apoio da faixa para a imobilização diante do espelho do banheiro. Noodle já estava pronta usando as mesmas roupas do dia anterior, apenas esperando pela carona – que no caso seria Murdoc – para o tal estúdio. Ele não sabia como agiria dentro daquele lugar, não sabia as facetas que poderia encontrar nele, mas tinha seus braceletes de amizade no bolso e isso poderia ajudar caso criasse uma inimizade. 

– Apenas uma visita – repetiu para si mesmo – Apenas uma visita. 

Saiu da casa, trancando a porta junto. Virou-se e viu a nipônica sorrindo de modo terno para ele. Óbvio que o acontecimento anterior não seria esquecido, apenas guardado para o que pudesse vir pela frente. Ela estava mais carinhosa, mas era puramente sobre preocupação. 

Na calçada ele teve que encarar novamente o homem verde com aquele sorriso maldoso. Ele realmente era imortal, pois não mudava em nada sua aparência e arrogância. Na verdade, ele estava mais novo do que antes, se pudesse dizer, pois quando ele era o líder de Plastic Beach ele parecia um velho capitão e agora parecia ter voltado anos no passado. 

– Não acredito que você conseguiu, macarrão! – Murdoc disse para Noodle e deixou uma risada escapar, pegando a mão de 2-D e praticamente o puxando para perto de si. 

2-D sabia que ele estava sendo falso, mas já tinha dúvidas se ele estava agindo de maneira falsa ou havia sido substituído por um robô – algo que não acreditava ser impossível. Noodle o seguiu, puxando ele novamente para uma distância segura do Niccals. 

– Eu só vou dar uma olhada, nada de mais. – o azul revirou os olhos, algo notável pelos pequenos pontos vermelhos em meio a escuridão dos olhos fraturados. Noodle segurou Stu pelo braço e se acanhou nele. 

– Hai! – Noodle exclamou para o esverdeado em um tom nervoso – É só uma visita. Ele ainda não tem resposta. E tem que ser rápido! 

– Preciso ir no médico de novo, acho... – 2-D explicou, pondo sua mão com cuidado em seu ombro machucado. 

– Hum, pelo menos pode ver o nosso trabalho um pouco, você vai gostar de alguma parte dele. – Disse, retornando a neutralidade. – Então, nesse caso, eu sugiro que apertar o cinto – Murdoc sorriu com malícia e entrou no carro. Os dois também fizeram o mesmo para o banco de trás, com Noodle puxando seu cinto para segura-lo forte. 

2-D percebeu o ronco do motor, sentindo a familiaridade do som com algo de antes. Algo que poderia ser dito pelo modelo do carro, pela colcha de couro branco, pela tinta preta e a este branco na lataria... 

E havia uma estrela branca na pintura? 

– Eu não acredito. 

A arrancada foi forte. Seguindo pelas ruas, atravessando cada sinal vermelho, o camaro preto parecia estra em uma pista livre de corrida. Apesar de tudo que havia acontecido, o veículo conseguia demonstrar que continuava sendo o melhor para fugas, rachas ou perseguições no deserto. De qual forma, isso tornou a ida para o estúdio mais rápido que deveria ser, não só por terem acelerado a mais de cem em uma área urbana. Mesmo sabendo que aquele não era o original, ainda havia a energia do antigo. 

A brecada final antes de estacionar na frente do prédio foi violenta - e se nenhum deles estivesse usando o cinto poderia ter terminado com alguém atravessando o vidro. 

– Chegamos! – Murdoc exclamou calorosamente, saindo do veículo com seus braços abertos na frente do grande cubículo amarelo em meio a área comercial. Noodle deu um sorriso amarelo, suspirando e logo se virando para 2-D. 

– Olha, eu acho que você vai gostar do teclado lá den... – ela parou de falar ao visualizar a feição de Stu. – 2-D? 

Estava acontecendo. 

2-D se encontrava paralisado, sussurrando coisas para si ininterrupto, alheio ao que ocorria ao seu redor, tremendo incessante e balançando seu corpo para a frente e para trás. Seu olho esquerdo piscou rapidamente em devido momento, e nessa hora, ele soltou um grito e bateu a mão na janela. 

O som do estalo no vidro não se fez, e isso era positivo, mas ele ainda continuava a fazer aqueles movimentos estranhos, quase como se estivesse possesso por alguma entidade e Noodle via a cena boquiaberta, novamente sem saber o que fazer diante daquilo. 

– 2-D! – chamou novamente, dessa vez conseguindo chamar-lhe a atenção. Ele a encarou desnorteado, tentando se afastar da garota. – Dee... Dee! 

Stu a encarou assustado, apenas parando de hiperventilar naquele momento. Aos poucos sua respiração voltou ao normal, mesmo com alguns espasmos. Noodle o guiou para fora do carro em direção ao estúdio, na esperança de que ele pudesse melhorar. 

Um.

Dois.

Três.

2-D percebeu que a entrada era acolhedora e pequena, diferente da entrada dos Estúdios Kong. Iluminada por luzes de pisca-pisca amarelas, com diversas fotos de artistas – provavelmente parte da gravadora – nas paredes marrons, um tapete felpudo abaixo de seus pés, um ambiente calmo e pacífico. Aquilo lhe serviu para melhorar do pânico de antes, quase como o alívio que sentiu quando tomou um calmante pela primeira vez. 

– Noodle! Querida! – uma mulher caminhou até os dois. Sua pele era escura, seus olhos verdes e seu cabelo era de um rosa intenso. Estava usando um vestido curto amarelo com uma jaqueta de couro e salto alto vermelho. Ela abriu um belo sorriso branco ao vê-los. 2-D demorou para perceber que a japonesa estava praticamente sufocada nos peitos da mulher de cabelo extravagante rosa e corpo chocolate volumoso. – Oh, e quem é esse? Bastante familiar pra minha conta... Nós dois já saímos? 

– Nancy! – ela quase gritou de vergonha. – Esse é o 2-D que eu falava sobre, lembra? 

A mulher o encarou de cima para baixo e ficou em uma posição de pensamento com as mãos apoiadas no rosto durante um bom tempo, até arregalar seus olhos azuis em surpresa e começar a vibrar de alegria. 

– Então era esse o homem que tu vivia falando! – Nancy riu alto, deixando Noodle ainda mais desconfortável. – Não se preocupa querido, Noodle só falava coisa boa de você, e eu amo as suas músicas! 

2-D se virou para ver como a garota estava diante da cena e não conteve uma risada ao ver que Noodle estava encolhida em sua roupa, se escondendo de vergonha. Ele queria muito tirar uma foto daquela cena. 

– Escuta, o picles já foi pra área da banda de vocês. Ele tava falando no telefone com alguém de um jeito muito fofo! Eu quase desmaiei, nunca pensei que veria ele assim! – ela sussurrou a última parte olhando para os lados, como se aquele fato fosse ultra secreto. – Então 2-D, como é a sua primeira vez aqui, faço questão de te mostrar toda a gravadora! 

E era como dizem: as aparências enganavam. 

O espaço era gigantesco, com um andar abaixo do solo para compensar. Cada artista tinha um espaço para si que era decorado da forma que lhe fosse melhor. Para uma banda de heavy metal antiga, caveiras e panos pretos; para uma jovem cantora indie, flores e símbolo remetentes a paz; dois DJs novatos o cenário era cercado por LED e luzes piscantes. O cenário da banda era estranho, pois diferente do grande decoração dos outros, havia apenas a logo da banda de seu primeiro álbum e uma placa de aviso químico nuclear amarelo. Noodle sorriu ao ver a expressão confusa de Stu e abriu a porta para que ele pudesse ver o interior. 

Uma ampla mesa de som e mix ficava diante da sala repleta de instrumentos musicais. Haviam pufs, cadeiras, uma mini geladeira – vermelha e decorada para parecer o diabo – e um boneco tamanho gigante de um Pikachu. Do lado de dentro de um grande vidro na mesa, haviam caixas, mais instrumentos com a adição de microfones e componentes de palco. 

Murdoc estava sentado em uma cadeira giratória conversando com alguém no telefone, e desligou assim que percebeu a porta aberta. Ele sorriu de uma maneira estranha e se levantou, parando na frente de 2-D. 

– Então, o que achou? – ele se aproximou, repleto de expectativa. 

– Ele adorou! Precisava ter visto a cara dele quando eu falei sobre o andar inferior! – Nancy disse enquanto apertava as bochechas de Stu. – Menino, você precisa passar uma maquiagem nesse rosto, parece até um zumbi! – ela disse ainda apertando o rosto dele com mais força. 

- Eu gosto de zumbis – 2-D disse com a voz abafada pelos movimentos feitos em seu rosto. Murdoc ficou parado observando a cena, pois sabia que como a mulher era de grande ajuda para a produção e sempre gostava de ficar perto dos novatos e visitantes, entretanto Noodle não poderia estar mais vermelha com a situação. 

– Então, vamos falar de negócios, não vamos? – Murdoc se sentiu novamente na cadeira, mas dessa vez se virando para o de cabelo azul. 

– Eu só vim dar uma olhada, não fechar um contrato – 2-D falou com um certo desconforto na voz. Ele sentiu de novo o bolo na garganta quando costumava gaguejar na frente do mais velho, com a amarga sensação de discussões passadas retornando. Raramente ele as respondia, pois sempre costumavam terminando em espancamentos. 

– Eu sei, mas isso não impede de conversarmos sobre certas coisas, certo? – o verde respondeu simples, e 2-D se sentiu mais confuso do que antes. Noodle aproveitou o momento e pegou um violão que estava próximo de um dos pufs, se sentando nele e iniciando a tocar algumas notas. – Você não falou como estava depois de ser... Bem, engolido por aquela baleia. Sabe, um papo e nós dois podemos criar alguma sincronia! 

Se tinha uma coisa que Murdoc era bom, era a lábia. 

Ele sempre estava à frente nas entrevistas, fazendo comentários - por mais que alguns fossem degradantes e sujos -, explicando sobre o que estava acontecendo, sem papas na língua, e isso rendia alguns daqueles momentos constrangedores em algumas das entrevistas, como a vez em que ele parecia muito irritado na sessão de entrevista em Plastic Beach aonde o mesmo começou uma perseguição contra 2-D com um garrafa de rum na mão ou a outra em que ele e a Noodle – quando ela tinha quatorze anos – foram para um programa na TV e terminou com a menina o xingando até sua sétima geração por suas ações porcas durante a gravação. Ele era um depravado, mas, ele tinha o poder de chamar a atenção e focar todo o foco para ele, e era exatamente isso que ele estava fazendo naquela hora.  

– Ah, Murdoc, você não tem uma pausa – Nancy riu e se voltou para 2-D e Noodle. – Ontem de noite ele ficou passando uma água pelos corredores e me fez correr por cinco mercados para encontrar um saco de alho! Eu não sei dizer se essas conversas fazem parte do pacote de loucura desse cara. 

– Murdoc é pirado, isso a gente já sabe – Noodle disse ao fundo, claramente rindo daquela cena que se tornou mais cômica do que o esperado. 

– Bem, pelo menos ela não usou aquele termo para me definir. 

– Até parece que satanista é uma ofensa, Niccals – a japonesa revirou os olhos. 

– Mas pra muita gente é! – ele se levantou novamente. – Hey, 2-D. Eu tive uma ideia! Eu tenho uma letra aqui e queria muito ouvir- 

– Não. 

– Ora, se não quiser. Mas saiba que foi a própria Noodle que escreveu. Nós fizemos uma pequena instrumental que mistura temas espaciais com a bateria e baixo no fundo, coisa maravilhosa! – ele fez o sinal de "OK" com os dedos ao terminar de falar. Noodle se levantou também e tirou o papel da mão dele, balançando a cabeça negativamente. 

– Eu fiquei meio viciada em espaço, apenas. – ela riu baixo – E não, você não vai usar chantagem com ele pra gravar a música! – ela se dirigiu a Murdoc dessa vez, e uma discussão se iniciou. Nancy apenas encostou na parede, como se fosse esperar por alguma resposta, mas da parte de 2-D.  

É, ele havia usado de chantagem pra convencê-lo da maneira mais cara-de-pau possível. Mas se a música era da sua pequena, ele não teria problema. Mas ele não seria tão burro para ver dentro da sala de gravação. Ele aproveitou a cena e pegou o papel com uma incrível leveza das mãos dela, logo viu a letra que estava misturada de notas musicais, provavelmente para uma melhor compreensão de como o vocal deveria soar. Ele já havia feito aquilo antes, poderia fazer novamente. 

E então, começou a cantar. 

 

 


Notas Finais


Gente. 20 comentários. 22 favoritos. Mais de 400 visualizações. EU TO MUITO FELIZ ADORO VCS BRIGADA SÉRIO! AAAAAAAAAA e eu tô ficando abismada porquê eu acho que essa vai ser a minha primeira fic que eu vou começar e terminar sem ter que repostar ela ou excluir por falta de tempo. Gente cês tão me dando uma força que nem eu consigo descrever! Acho que foi por causa disso que esse capítulo saiu bom. EU ACHO NÉ.
E sim, eu coloquei um personagem original. Vai estragar o enredo? Nem pensar, mas ela tem uma certa importância no enredo.
Também estava pensando em fazer outras fics baseadas na fic (tipo prelúdios) focados nos outros personagens, que no caso seria Noodle, Murdoc e Russel, com capítulos bem curtinhos mas de bom entendimento. Isso rolaria depois que essa acabasse, mas pra isso teria que ter um grande pano de fundo com atmosfera pesada (no caso mais do que essa fic, que vai ficar pesada mesmo). Eu só preciso saber se, ao longo dessa, vocês gostariam de ler sobre. Vou deixar essa questão em aberto.
Mas enfim, eu espero que tenham aproveitado o capítulo!
Um abraço.
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p.s.: quem conseguir completar o quebra cabeça do que tá rolando com o Murdoc ganha surpresa.


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