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História Colors - Dia 1: Segunda-feira — preto e branco.


Escrita por: douxmari

Capítulo 2 - Dia 1: Segunda-feira — preto e branco.


Fanfic / Fanfiction Colors - Dia 1: Segunda-feira — preto e branco.

- Qual é, vadias! Estamos atrasadas! – Lauren gritou, sua voz ecoando pelo corredor vazio, todos os alunos em suas respectivas salas de aula.

Tirou com agilidade seus livros e notebook do armário, o trancando com o cotovelo, uma de suas manias, enquanto que deixava a caneta brincar entre seus lábios despreocupadamente, ela andava com sua sapatilha fechada pelo longo corredor de chão incinerado e tão limpo que era como uma regra do colégio particular.

Normani e Dinah, as suas melhores amigas que eram tão inseparáveis como uma família, correram para ficar lado a lado da garota, que revirou os olhos. Elas sempre chegavam atrasadas na aula de geometria porque esta semana era de revisão e era tão chata quanto qualquer outra. Para Lauren e suas notas altas por causa de sua bolsa que exigia um rigoroso empenho, a semana de revisão era apenas para cumprir tabela. Ela estava praticamente liberada das provas por seus incríveis A .

- Vocês souberam que Brad terminou o namoro? – Normani perguntou, todas há alguns metros da sala de aula.

- Mentira! Como assim, é sério isso? – Dinah exclamou com surpresa, enquanto que soltava os cabelos claros e ondulados.

- Sim! Ele pegou a Vero beijando outra garota! – Normani respondeu com empolgação.

- Mas não é de hoje que todos sabem que ela gosta de meninas e, aliás, ela estava atrás da Lauren há uns dias – Dinah disse, dando uma leve cotovelada na garota, que parecia estar mais preocupada nos livros pesados que segurava.

- Você deveria dar uma chance pra ela – Normani dizia, agora um pouco mais baixo ao pegar na maçaneta da porta.

E com a mesma expressão blasé, rolou os olhos com despreocupação, apenas dizendo em um sussurro:

- Eu não dou chance pra ninguém porque não tenho tempo pra isso, garotas. E chega desse papo porque me dá tédio.

*

Agora era aula de literatura clássica, uma das poucas aulas que realmente fazia Lauren se interessar no que estava ouvindo. Aquela semana começou tão lenta e tediosa que via ali como um alívio e refrigério.

A professora pediu para que ela lesse um trecho de O Morro dos Ventos Uivantes, livro do mês e que estava sendo debatido todas as segundas. Aquela história realmente interessava a garota, que começou a ler em voz alta para que a classe escutasse:

- (...) Meu amor por Linton é como a folhagem de um bosque: o tempo o transformará, tenho a certeza, da mesma forma que o inverno transforma o arvoredo. Mas o meu amor por Heathcliff lembra as rochas eternas: proporciona uma alegria pouco visível, mas é necessário. Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, mas sempre, no meu pensamento; não como uma fonte de satisfação, que eu também não sou para mim mesma, mas como eu própria. Por isso, não torne a falar da nossa separação: ela é impossível e (...)"

- Espere, senhorita Jauregui. Deixe a aluna Cabello que como sempre chega atrasada, nos dar a honra de sentar em seu lugar – a professora com tom de voz rígido, disse.

Lauren, ainda não tirando os olhos do livro, esperou. Rolou os olhos, mesmo que por um instante, porque não gostava de pessoas que chegavam tarde e ainda interrompiam uma leitura. Camila Cabello sempre fazia isso, se atrasando nas aulas preferidas dela e por esse motivo sempre causou certa repulsa na de olhos verdes. A verdade era que ela poderia enumerar diversos defeitos que a aluna latina tinha, mas nunca chegou ao ponto de pensar sobre essa lista. A garota era desinteressante o suficiente para que ela prestasse atenção e desse seu tempo para isso.

A leitura então prosseguiu e foi aberto o momento dos comentários sobre o livro. Uma garota na primeira fila comentara sobre sua decepção em achar que a obra era um romance tão belo quanto Romeu e Julieta porém estava errada não concordando com as atitudes dos seus protagonistas Heathcliff e Catherine.

Logo, Lauren levantou o braço para ter seu ponto defendido. Ela dissera que o amor não era um conto de fadas como mostrados em certos contos clássicos. Ele pode ser vingativo, egoísta e desprovido de final feliz como o amor do casal principal. Enquanto que Catherine visou apenas o sua vida material, se casando com alguém que não era o amor de sua vida, Heathcliff tratou de voltar para fazer sua vingança. Os dois eram apaixonados mutualmente, mas isso não foi o suficiente para que permanecessem juntos.

Ela defendeu esse seu pensamento até o fim, ganhando a aprovação de sua professora, fazendo seu orgulho próprio crescer ainda mais. Ela tinha essa visão de romances e clássicos e esperava nunca mudar de ideia.

*

A segunda-feira correu em passadas curtas. Por mais que Lauren fizesse suas atividades – que eram muitas – ela se via distraída pelo tédio e rotina. Porém não reclamava, ela amava aquela vida de líder estudantil, da equipe de eventos e da torcida. Quanto mais atividades preenchidas em seu campo de trabalho no currículo, mas fácil de entrar em alguma universidade de nível alto, assim como Lauren se considerava. Suas notas eram perfeitas, suas roupas sempre engomadas, seu uniforme de torcida azul se destacava no fundo claro e limpo dos impecáveis corredores.

Os garotos babavam enquanto que ela corria entre eles com pressa, sua saia rodada da torcida se movimentando enquanto que segurava os pompons azuis, desaparecendo pela porta para enfim entrar no ginásio. Se sentou na arquibancada com as demais garotas e era tão cobiçada quanto qualquer outra menina uniformizada naquele campo, porém o contrário das outras, parecia que era intocável.

Todos a conheciam como "a garota que não se apaixonava" e isso tinha um motivo: Ela nunca teve aquele momento de frisson, aquela fixação por alguém. Nunca se permitiu ter. Suas amigas tentavam ,mas a garota era tão inalcançável quanto o monte Everest.

Lauren sabe bem como isso começou. Ou pelo menos suspeita.

Sua mãe, Clara, foi abandonada com Lauren ainda bebê. Ele simplesmente arrumou as malas e foi embora sem nunca olhar para trás. Não se importou com a esposa, muito menos com o bebê que havia chegado. A garota nunca se quer se importou de saber o nome dele, apenas tinha a sensação de que nunca iria querer saber nada sobre ele. Nem mesmo o seu nome. Tinha consciência que ele jamais voltaria e tinha o pensamento formado de que um dia apareceria em sua porta, formada e com a vida estabilizada e jogaria tudo para fora em um vomito contido e rápido.

Ela o descobriria e diria tudo que estava guardado, toda mágoa e infelicidade de alguém que fez algo tão desprezível. E talvez tenha sido por esse motivo de Lauren não se sentir atraída ou sentimental por alguém. Suas distrações em vida escolar sempre a deixavam alheia aos garotos do time que a desejavam. Até as meninas tinham uma queda por ela após ter sua bissexualidade assumida em um textão reflexivo que ela divulgou no jornal da escola.

E então chegamos ao ponto principal de tudo isso: Lauren dividia seus sentimentos através de cores. Sua representatividade na música e como elas se encaixavam pra definir estados de emoções deixavam a garota intrigada, curiosa.

Musicas de todos os gostos e estilos brincam com as colorações. Por exemplo, elas definem estar apaixonado em vermelho carmim e estar triste e de coração partido em azul.

"But love him was red... Burning red" (ama-lo era vermelho. Vermelho ardente) de Taylor Swift...

"What can i do, honey? I feel like the color blue..." (O que posso fazer, querida? Eu me sinto como a cor azul), do Aerosmith que sugere que ele está triste como a cor azul.

Quem definiu tudo isso? Porque cores precisam ser mostradas dessa forma pra mostrar um estado de espírito ou onde tudo pode começar a ser sentido no coração? Lauren não queria essas colorações porque quando queria deixa-las entrar, o impedimento da história de seus pais a bloqueava.

Pra ela apenas existia preto e branco. Dois pesos e duas medidas, como em uma balança de sentimentos por alguém onde apenas um lado se destacava. Você estava apaixonado ou simplesmente não estava. Como cara ou coroa. No caso aqui, nosso ponto central: as cores. Preto e branco eram a representatividade de Lauren agora. Sempre foi, e ela não achava que mudaria.

Estar atraído, apaixonado ou qualquer coisa que fosse, tinha o preto e o branco se encaixando em sua visão de sentimentos. Não existia um calidoscópio de cores e sensações abstratas onde ela não saberia discernir porque apenas duas cores era tão mais fácil. Ela não sentia sua alma chamar por alguém e diferentes cores brilharem em seu interior como fogos de artifícios. Aquilo era tão distante quanto encontrar um pote de ouro no fim do arco íris. E esse prêmio ela não estava disposta a encontrar porque nunca existiu.

Sua mãe nunca a ensinou dessa forma sobre o amor, mas essa era o único jeito que via e sentia sobre isso.

E então mais um dia chegaria e uma nova cor se apresentaria no meio das duas cores que se fazia presente em seus sentimentos.


Notas Finais


Babes, comentem...
Me deixem saber o que vocês pensam sobre essa história, ok? 😚😚


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