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História Colors - Dia 3: Quarta-feira — vermelho


Escrita por: douxmari

Notas do Autor


Gente, quase esqueci de postar pra vocês ><' Mas aqui está. Nos vemos novamente lá embaixo.

Capítulo 4 - Dia 3: Quarta-feira — vermelho


Fanfic / Fanfiction Colors - Dia 3: Quarta-feira — vermelho

Lauren poderia se imaginar em mais um dia comum. Se levantaria da cama mais cedo, colocaria a comida da sua gata Meredith, se preparando para mais um longo e tedioso dia.

Porém isso não aconteceu, tudo virando do avesso de repente. Acordou quase caindo da cama com sua mãe a chamando com pressa no pé da escada, sua voz ecoando pelo pequeno corredor que dava acesso ao seu quarto. A garota franziu o olhar, vendo sua janela clara demais para seu gosto, de repente olhando para o seu relógio de cabeceira. Ela tinha apenas quinze minutos para estar pronta e ir para a aula.

Mas como isso aconteceu? Ela jurou a si mesma que sempre acordaria no horário, sua vida sempre sendo meticulosamente traçada e seus horários sendo pontuais e certeiros. Isso não aconteceu agora, um erro de calculo talvez. Se poupou de se exigir tanto assim, se despreguiçou e bocejando, pulou da cama enquanto que via sua gata um pouco perdida, a procurando pelo corredor. Correu para o banheiro e fez sua higiene pessoal e com agilidade colocou seu uniforme e surgiu na cozinha, ainda surpresa por estar despreocupada pela hora.

Sua mãe a olhou com estranheza por perceber que a garota não estava agitada por estar atrasada. A viu sentar no balcão e colocar seu cereal e leite, enquanto que seus olhos claros viam Meredith, sua gata, comer com delicadeza sua refeição no canto da cozinha próximo a porta dos fundos.

- O que há com você hoje? Está diferente... - Clara Jauregui disse com uma expressão de cumplicidade e satisfação - você deveria ser mais assim.

- Mais assim como? - perguntou com curiosidade, sua boca um pouco cheia ao falar.

- Mais leve - sentou no banco a sua frente, se debruçando sobre a bancada - não pense tanto. Você me disse que não há mais necessidade de se esforçar em ter notas altas nesse semestre. Tente se divertir mais, ser menos Lauren e mais uma garota comum.

A menina levantou as duas sobrancelhas, o canto de seus lábios se curvando.

- Acho que tem razão - dizia ao dar outra colherada - me preocupei muito nesses semestres, ta na hora de apenas não me esforçar tanto - falou enquanto que mastigava.

Sua mãe apenas assentiu e assim foi a rápida conversa que teve com a filha.

Dessa vez ela não chegou no horário e o ônibus escolar partiu sem ela, que pela primeira vez também não se importou. Se fosse começar a ser mais indisciplinada, tinha que não se importar tanto com isso. Pegou um táxi e em menos de quinze minutos estava na escola, sua inseparável Polaroid descansando em seu pescoço.

Encontrou suas duas inseparáveis amigas no banco em frente ao jardim da escola, quase ao pé da entrada principal, que agora não tinha ninguém porque todos estavam dentro de suas salas de aula.

- Meu Deus, o que aconteceu com você? Foi abduzida? - Normani quase gritou.

- Só me atrasei, ué - Lauren respondeu sem se importar.

- Só? - Dinah fez uma careta - mulher, tu não é de se atrasar. O que deu em você?

Lauren rolou os olhos.

- Não preciso ser tão perfeita sempre - deu de ombros - e, aliás, vamos hoje no tal treino dos garotos no campo. Quero uma folga das aulas de reforço.

Dinah colocou a mão no peito exageradamente, como se não acreditasse no que ouvia.

- Lauren Jauregui faltando as aulas de reforço escolar? Espera, me deixem absorver o que estou ouvindo, Normani me segura!

- Por que eu acho que isso tem a ver com Camila Cabello? - Normani perguntou como se já soubesse a resposta.

Lauren não respondeu, porém o meio sorriso a denunciava, fazendo suas amigas se olharem entre si, descobrindo que o comportamento novo da garota estava ligado de repente a menina latina que subitamente a interessou.

- Vamos apenas aproveitar essa Lauren mais desapegada então. - disse menos dramática que Dinah que fingia querer desmaiar ao seu lado com exagero por entender as intensões da garota, causando risinhos de Lauren.

Antes de entrar na sala onde a garota sabia que Camila estaria assim como todos os outros dias comuns, pediu para que Normani abrisse seu armário onde tinha o seu tão sagrado espelho e batom cor mate e o colocou, desenhando bem seus lábios cheios e destacando sua boca.

Enquanto que ela comprimia os lábios ainda em frente ao espelho para espalhar o excesso, as suas amigas estavam com a boca meio aberta num movimento sincronizado como dois bonecos ventríloquos.

Ao entrar na sala - com atraso, porém era semana de revisão e isso deixava os professores complacentes -, Lauren decidiu não sentar em sua banca diária. O lugar tinha algumas carteiras sobrando e uma delas no fim da última fileira, dessa vez bem longe do professor de história, que estranhou sua mudança. A garota avistou ao longe a menina latina próxima a janela, mais uma vez compenetrada em algo no seu caderno e que Lauren imaginava ser mais um estranho desenho com frases aleatórias. Ou talvez não tão aleatórias assim.

Pegou sua caneta vermelha e tentava acompanhar o que tinha escrito na louça porém era em vão porque seus olhos a pegavam desprevenida e sempre continuava a observar a menina latina não muito longe dela, como se estivesse em seus mundinho particular. Lauren se viu mergulhada nessa intensa curiosidade que aos poucos a dominava e a fascinava como uma chama viva dentro dela. Algo imediato e tão presente quanto uma cor intensamente forte.

Ela não conseguia esconder o meio sorriso que pairava em seus lábios com cores mais intensas dessa vez, mudança essa que apenas fez e não pensou realmente sobre isso. Não sabia se aquilo era para chamar a atenção da latina ou apenas por capricho, mas em algum lugar dentro dela, percebia que de alguma forma queria ser vista por aquela garota fechada e reclusa. Mordia a ponta vermelha da tampa de sua caneta, distraída e ainda olhando para a menina, criando dezenas de possibilidades de conseguir algo para que lembrasse do seu rosto. Uma mania sua e de quem era acostumada a fotografar e guardar memórias de lugares, ambientes e pessoas. Era como se sua Polaroid estivesse quase gritando para ser usada, sua lente louca para transmitir e gravar o rosto ou pelo menos o perfil da latina ao longe.

A manhã passou como em um piscar de olhos, diferentemente das últimas semanas onde praticamente se arrastava em seus minutos. Foi em seu armário com agilidade e quase correndo e pegou sua câmera fotográfica com pressa ao ver ao longe a garota ir para o refeitório almoçar. Dinah e Normani a acompanhou em passos de tartaruga, as duas bocejando em tédio e cansaço, algo normal para a dupla dinâmica que sempre estavam com sono depois de aulas longas e cansativas. Lauren colocou sua câmera pendurada em seu pescoço, as três assim partindo para suas refeições diárias.

Sentaram dessa vez no lugar onde Lauren queria, um pouco mais próximo da porta de entrada, onde é claro, a latina sentava as vezes sozinha, as vezes com seu único casal de amigos. Mais uma vez ela estava sozinha, sem nenhum livro de leitura, apenas aproveitando a comida e o tempo livre com tranquilidade. Lauren parecia que tinha pressa em entender a menina que para os olhos de praticamente todos da escola não tinha nada de atraente ou de interessante, porém sua curiosidade mágica e atração inesperada - muito inesperada, aliás -,a fez criar suposições a respeito dela. A imaginou sendo alguém sozinha e que veio para a cidade de interior sem realmente ter vontade e forçada pelos pais, a garota que não queria se misturar com as pessoas caipiras porém em seu coração havia alguém especial ao mesmo tempo que misteriosa.

Lauren tinha consciência que estava imaginando demais e criando coisas em sua cabeça que talvez não existissem mas gostava de ter essa visão inicial da menina latina.

- Por que não vamos até lá e sentamos com ela? Socializar é bom pra o convívio amigável de todos - falou Normani, ao dar uma garfada em sua torta de maçã.

- Não podemos ir lá - Lauren disse de repente, saindo de suas divagações a respeito da garota.

- E por que não? - rebateu Normani.

- Porque simplesmente não podemos ir e sentar na mesa dela assim do nada - explicou Lauren como se fosse obviamente claro o que dizia.

A sua amiga olhou para Dinah, que levantou uma sobrancelha em resposta.

- Minha querida Lauren... - começou Dinah e Normani rapidamente criou um ar de riso em suas feições - por acaso você é alguém do mato e que não pode falar com ninguém? Onde está a garota da torcida, a líder do conselho estudantil e do comitê de festas? Eu não te criei pra ser assim, não é mesmo discípula Normani?

- Sem dúvidas, ó rainha Dinah - concordava Normani, seu tom de voz zombeteiro.

Lauren ficou calada, nada saía dos seus lábios e tudo o que se fez foi silêncio. Pela primeira vez se encontrava sem resposta, ao mesmo tempo que uma timidez sem tamanho a cercava de todos os lados. Ela não sabia de onde essa nova Lauren estava vindo, mas a acertou como uma marreta. Não estava preparada para ter uma conversa e ser gentil com a latina depois da primeira impressão que ela tinha sua. Com certeza de alguém intrometido e bisbilhoteiro. Coisa que Lauren nunca foi, é claro. Apenas aquela ridícula e inevitável curiosidade que não a deixava em paz quando se tratava da latina.

De repente seus olhos se esbugalharam ao ver as suas amigas se levantarem calmamente, pegarem suas bandejas e seguirem em direção a mesa de Camila. Ela quase engasgou com sua salada ao ver aquilo. Não teve nem a chance de reclamar ou de perguntar o que estavam fazendo, quando sem pensar, se levantou e fez o mesmo, as seguindo.

Seu coração batia a mil por hora com essa simples ação e há cada hora que se passava daquela estranha quarta feira em que algo inflamou em seu coração. Era algo tão novo que até o seu coração batendo tão forte era novidade e sentido como se isso fosse raro e esquisito. O que realmente era. Entretanto, toda aquela peculiaridade de emoções nunca antes sentidas estava sendo apreciada há cada instante. Lauren sentia aquela faísca que se contavam nos livros, a eletricidade em suas veias e identificar cada vibração que ocorria dentro de si era algo espantoso, ao mesmo tempo que prazeroso. Há cada segundo ela queria mais daquilo, daquela adrenalina de sensações inéditas.

Ao se aproximar da mesa, ouviu Dinah perguntando se o lugar estava vago e a garota apenas assentindo com a cabeça e de repente a olhar com certa surpresa nas feições porém foi muito rápido. Quando Lauren sentou na sua frente, ela tirou de sua mochila um livro pequeno que Lauren não identificou, e enquanto que comia batatas fritas, começava a ler com certo tédio enquanto que a a dupla dinâmica ao lado de Lauren falava pelos cotovelos uma com a outra, com certeza tentando deixá-la mais confiante e a vontade ali em frente da menina que ela estava interessada.

Enquanto que a refeição se desenrolava do jeito mais enfadonho e monótono possível, veio então uma pergunta direcionada para Camila e que Lauren estava louca para perguntar. Na verdade ela estava louca para perguntar qualquer coisa para a menina, ou pelo menos dizer um "oi eu estou aqui" para enfim ser notada.

- Você não me parece ser daqui, Cabello. De onde veio? - perguntou Dinah na cara dura.

A verdade era que todas ali na mesa sabiam que ela era latina mas não de onde veio especificamente. Então a menina levantou seus olhos, deixando de lado seu livro, ainda mastigando sua refeição e com certa tranquilidade, respondeu:

- Sou de Cuba. Me mudei para Nova York um tempo atrás porém não gostei das escolas de lá, então vim parar nesta que é mais sossegada - disse com educação, olhando diretamente para a amiga de Lauren, para a infelicidade da garota. Camila rejeitou qualquer contato visual com ela, como se a conversa fosse apenas entre Dinah e ela, o que a causou certa inquietação.

Dinah apenas assentiu e continuou comendo, Normani ao seu lado olhando para uma Lauren tímida apenas observando o seu prato. Ela não conseguia acreditar na nova reação da garota. Onde estava a Lauren cheia de si quando mais precisava?

A garota pouco se movimentava, seus olhos inseguros não demonstravam sinais que iriam parar nos da latina que estava atenta ao seu livro que pelo visto era super interessante. Dinah e Normani se olharam, rolando os olhos em reprovação ao que via e deixou como estava. Não iriam forçar nada quando Lauren também não contribuía para o bom andamento da conversa.

- Lauren, porque não coloca sua câmera em cima da mesa? Vai acabar sujando ela de comida pendurada assim no pescoço - observou Dinah distraidamente ao terminar sua salada de frutas.

Ela apenas seguiu suas instruções, colocando a câmera sobre a mesa ao lado de sua bandeja do almoço ao qual ganhou pela primeira vez a atenção de Camila.

- É uma Polaroid? - a latina perguntou de repente para ela.

Normani e Dinah que conversavam amigavelmente entre si, como sempre foram indiscretas e pararam subitamente o diálogo, as duas olhando com rapidez para Camila, suas cabeças se movendo em sincronia novamente.

- Sim - respondeu apenas e quis bater em sua cabeça por não ter algo a mais para falar.

- Esse é um item bem raro de conseguir - seu tom de voz saía interessado.

Normani mordia compulsivamente o garfinho de plastico ao qual comia o seu pudim de leite que foi totalmente esquecido por ver a latina conversando com Lauren. Ou pelo menos tentando ter algum diálogo porque novamente os segundos se passaram e a menina não falou mais nada, nem se quer continuou a conversa, não puxando mais nenhum papo. Dinah e ela queria matá-la por de repente ser tão tímida e ser a vergonha do trio ternurinha.

- Gosta de fotografia, Camila? Lauren adora fotografar até as flores que tem no jardim da frente da escola - Normani tentou novamente uma comunicação.

- Na verdade meu pai gostava - dizia com seriedade ao mesmo tempo que a mesma tranquilidade estava sempre presente em seu tom de voz - cresci o vendo comprar várias câmeras fotográficas como um hobby - deu um meio sorriso no fim ao lembrar disso.

Pela palavra "gostava" dita no passado, as meninas e principalmente Lauren se dava conta que seu pai havia falecido. Mais um ponto sobre a garota que ela deveria se lembrar e anotar mentalmente. Pela sua maneira de falar aquilo, de um jeito tão respeitoso ao mesmo tempo que nostálgico, deixou a garota impassível ao que estava sentindo por ela. Estava se sentindo cada vez mais firme e inalterável. Como algo crescente e inabalável. Era claro que a latina tinha um completo amor pelo seu pai e consequentemente pela sua família. Isso era algo agradável de se imaginar sobre alguém e principalmente sobre a pessoa que a interessava.

- O seu pai, ele... morreu? - Lauren se viu falando alto seus pensamentos e curiosidades em e no mesmo segundo se repreendeu, colocando a mão na boca, o que fez Camila ver e contrair a teta em seriedade.

- Não se preocupe, pode perguntar. E sim, ele morreu - a latina deu um suspiro - foi um pouco antes de vir para cá. Talvez seja esse um dos motivos de eu ter ido embora de Cuba.

E enquanto Camila respondia, Lauren deu uma garfada sem pensar em seu purê de batatas, porém estava concentrada demais nas palavras da garota ao fazer isso. Um silêncio vagou pela mesa, mas o burburinho estava alto no refeitório. As meninas ficaram caladas e sem jeito depois do que ouviram, Camila observando pela primeira vez Lauren um pouco mais de atenção, a menina olhando para o seu prato de repente parou nos avelãs da morena.

Oh merda, ela está olhando pra mim, faça algo sua idiota! Pensou.

Mas tudo foi tão rápido que se deu conta que a menina direcionou seu dedo indicador para seu próprio queixo, indicando assim que Lauren estava suja de purê próximo a sua boca. Ao se dar conta, pegou o guardanapo e limpou com agilidade antes que suas amigas percebessem porque estavam distraídas olhando para a mesa do time de basquete. Normani e Dinah nunca a perdoariam por dar uma de panaca em frente da garota que estava interessada. Camila então deu uma piscadela em resposta, se levantando, colocando seu livreto dentro da mochila e pegando sua bandeja.

- Com licença, meninas. Tenho que ir - disse com educação, enquanto se afastava da mesa com sutileza.

As amigas de Lauren juntamente com ela própria, observavam a menina se distanciar e jogar sua bandeja na lata de lixo ao longe e colocar sua mochila jeans nas costas da mesma forma tranquila que estava há minutos atrás com ela na mesa. Parecia que ela era tão inabalável quanto impenetrável, pensou a jovem Lauren. Era como se a menina não pertencesse a aquele lugar, estando apenas de passagem e por isso não quisesse fazer amizades. Porém pareceu ser tão aberta a conversa como qualquer outra pessoa sem timidez e espontânea, deixando as meninas intrigadas.

- Ela me parece ser gente boa - Dinah disse, comendo o resto do seu Doritos jogado de qualquer jeito na bandeja.

- Porque ela não tem tantos amigos aqui? - Normani perguntou, ainda com seu garfinho de plástico entre os dentes, agora todo torto - ela me parece ser tão comum quanto nós.

Lauren permaneceu calada até ver o ultimo estante da menina, ao sair por um lugar diferente, que dava acesso ao campo de futebol e pista de corrida.

A garota franziu o cenho ao olhar em seu relógio de pulso e se dar conta que em menos de meia hora se iniciava o treino de futebol, porém nunca ia porque essa era justamente a hora em que começava suas aulas extras curriculares. Deu um meio sorriso ao se dar conta que não tinha a miníma vontade de ir, pelo contrário, queria seguir a latina por onde quer que ela estivesse indo agora mas tentou não aparentar tanto interesse para suas amigas. Fez uma rápida careta ao pensar sobre isso. Quem ela queria enganar, afinal? Suas amigas sabiam a real intenção dela com a latina, não havia motivos para se reprimir.

Seus sentimentos há cada segundo que se passava afloravam cada vez mais e impossibilitava da garota pensar em mais nada. Pelo menos não naquela semana que era uma novidade de reações e que estava sendo um caleidoscópio de novas cores para sobrepor o desinteressante preto e branco tão defendido por ela.

E lá estavam elas aproveitando a brisa de começo da tarde e da primavera que cercava o campo lotado de garotos do principal time de futebol, onde se concentravam amontoados ao redor do preparador técnico, todos compenetrados no que ele dizia, com exceção de Brad, que olhava ao longe o trio ternurinha sentado na arquibancada, a sombra as fazendo companhia, Normani encostada preguiçosamente na grade de proteção que dava acesso ao campo, conversando algo com um garoto que estava no time reserva e sentado no banco.

- O que tanto ela conversa com aquele menino? - Lauren disse, mirando o olhar através de sua Polaroi, ela apontando a lente para tudo o que achava interessante.

Via o Sol se mostrar timidamente entre nuvens brancas, o céu azul mas ainda sim cheio de nuvens e seus formatos derivados que poderiam criar uma nova atmosfera para o dia tranquilo e menos agitado para a garota que sempre se encontrava ocupada e lotada de obrigações. Mas naquela semana ela apenas seria a Lauren não convencional onde suas amigas poderiam aproveitá-la porque realmente se sentia mais leve e sem todo o peso do mundo em suas costas.

- Apenas quer ter mais informações da sua garota - Dinah respondeu, agora tomando sorvete porque ela não parava um instante de comer na hora do intervalo.

O coração de Lauren pulou erradamente quando ouviu o tal "sua garota". Era tão errado isso, mas a garota deu um meio sorriso. Ela realmente estava caindo de paixão por aquela latina.

Deixou um pouco suas câmera de lado ao ver Normani chegando e sentando entre elas, arrancando um grunhido baixo de chateação de Dinah ao perceber que a morena não tinha modos ao sentar e esbarrou com força nela.

- Descobri algumas coisas da Camila - colocou seus dois braços ao redor do pescoço das duas meninas e as trouxe para perto - todos os dias ela corre na pista principal de corrida como se fosse um treino particular para manter a forma. É pontual e sempre está por aqui quando o treinamento do time se inicia, é algo como o seu ritual particular.

O canto dos lábios de Dinah se curvaram.

- Além de bonita é atlética. Lauren você tem mesmo bom gosto - seus olhos castanhos se direcionaram para o outro lado - vejam só, falando nela...

Lauren e Normani viraram rapidamente suas cabeças em sincronia e viram a garota andando em passos lentos ao mesmo tempo que colocava seu headphone branco na cabeça e ajeitava seu rabo de cavalo no alto, seus fones de ouvido combinando com sua camiseta regata de mesma cor branca. Shorts pretos curtos de corrida finalizavam com tênis de mesma cor. Ela estava com as principais cores que Lauren tinha adquirido no começo de tudo isso: preto e branco. Talvez isso pudesse dizer alguma coisa para ela mas não quis realmente pensar sobre isso. Seus olhos quase não piscavam ao ver a latina se alongando ainda com aquela mesma feição e atitude de quem estava sempre despreocupada e tranquila quanto ao que a cercava. Ela soava tão natural e sem tantos filtros ou máscaras que Lauren estava cansada de ver ao seu redor. Camila Cabello era apenas ela mesma.

As meninas ficaram em silêncio, enquanto que Lauren sacava novamente sua Polaroid e começava a tirar fotos da latina. Tentava conter o sorriso por finalmente estar fazendo isso, a sua vontade sendo preenchida desde que teve essa ideia na sala de aula, querendo gravar o desenho do seu rosto, as formas do seu corpo. A menina começou a correr, primeiro apenas um trotar em que aparentava com facilidade que estava confortável ao fazer aquilo, Lauren percebendo que a garota balbuciava algo, provavelmente acompanhando a música que tocava em seus ouvidos.

O tempo passou e Lauren não soube ao certo quantas voltas a garota deu no campo, mas para ela pareceu poucas ou talvez seja o fato de que ela realmente queria ter mais tempo a observando mesmo que ao longe. A viu entrar para os vestiários e imaginou que iria se lavar, ao perceber suas amigas também se levantando para ir embora, Normani bocejando em tédio.

As deixou ir na frente para a próxima e última aula do dia. Deu um tempo ali querendo aparentar inocência porém foi sem pensar em direção ao vestiário feminino. Uma vontade maluca que ela não sabia de onde vinha em tirar mais fotos dela, a sensação boa de fazer algo proibido como tirar fotos de alguém que não sabia que estava sendo observado, correndo em suas veias. Finalmente uma adrenalina e atração a envolvendo de um jeito tão inexplicável que ainda não acreditava no que estava fazendo.

Cruzou a entrada e espreitou entre os armários a garota que naquele horário estava sozinha. Todos os alunos com exceção do time que ainda estava no treino, se encontravam em suas salas estudando suas matérias, o que causou uma pontada de culpa em Lauren. Culpa essa que se esvaiu tão rapidamente quanto chegou, ao ver Camila sair do chuveiro sem roupa e pegando uma tolha para se secar.

Respirou fundo e molhou os lábios com a ponta da língua ao tirar a primeira foto daquilo. Não havia nenhuma pontada de culpa, de medo ou de receio por está fazendo aquilo. Pela primeira vez deixava suas vontades e desejos que julgava estarem mortos, saírem e a dominar. O desejo, a luxúria, a atração.

E finalmente a paixão. O vermelho intenso, vivo e forte que a cortava em duas naquele instante enquanto que tirava fotos, pegando com agilidade a imagem que deslizava pela máquina, as deixando sobre a bancada ao seu lado. Lauren não queria parar agora quando estava tão perto do que queria. Havia imagens perfeitas para que ela se lembrasse da latina por toda a noite e deveria sair dali o mais depressa possível mas não conseguia. Seu coração batia tão forte e enfurecido que ela tinha certeza que seria pela adrenalina, se não fosse pelo real motivo: ver a garota tão perto e de um jeito tão sexy enquanto que enxugava seus cabelos, a fez ter uma vontade implacável de beijá-la.

Preto, branco e cinza não mais a satisfazia naquele momento. Percebia que mais uma cor viria para complementar seu mais novo arsenal de cores: o vermelho.

Não aquele vermelho vinho, algo escuro e sem vida. Nada disso. Era um vermelho carmim, tão forte e tão estrondoso que apareceu como um temporal e destruindo todas as suas barreiras como uma explosão abrasante e cheia de desejos.

Um vermelho que arde em sua pele como brasa, desenfreado, descontrolado. Você não consegue evitar porque é muito mais forte. Você apenas o deixa ser envolvido por ele. Então Lauren sentia novamente que uma nova cor se estabelecia dentro dela agora, que passava por todo o seu corpo como eletricidade até chegar em seus olhos, os fazendo arder como brasas.

Lauren se dava conta e realmente entendia a representação do vermelho vivo. Vermelho era o que ela sentia no pulsar do seu peito, na corrente sanguínea que liberava adrenalina o suficiente para fazer aquilo que nunca esperou fazer antes. Vermelho era o que a sustentava no exato momento em que cruzou a barreira das novas cores. A estranha sensação de ser atingida por novos caminhos de emoções que a cercavam como numa ilha de inexplicáveis novos tons. Ela o sentia em seu interior como uma simbiose, como uma nova pele, uma parte descoberta de si mesma e isso a fez tremer.

Como em um click seu único pensamento era de estar apaixonada pela latina enquanto que saía dali quase correndo com um sorriso satisfeito nos lábios.

Então mais um dia chegaria e em breve mais uma cor se apresentaria no meio das quatro cores que agora se fazia presente em seus sentimentos.


Notas Finais


Oi oi, bebês.. Gostaram?
Me deixem saber o que estão achando, por favor.

Ah... Outra coisa: iniciamos a contagem regressiva pro fim desse primeiro livro de Colors. Temos mais 3 capítulos, todos prontinhos.

Qualquer coisa, chamem aqui ou tt @douxlauren / @kmilalais


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