História Com Amor, Lee Woojin - Aquilo que mudou em dezessete meses (Woojin)

Aquilo que mudou em dezessete meses (Woojin)

─ Acho eu meu debut vai ser com o conceito sexy. ─ Dongsun disse, animado, virou-se para mim e fez uma careta. ─ Eu sou sexy, você não acha?

Hum... Não.

─ Eu acho que você é a personificação do capeta.

─ Para de ser chato, Woojin. Aliás, deveria ter um “hyung” nessa sua frase, não? Cadê o respeito com os mais velhos? ─ Ele resmungou, fingindo estar irritado e bagunçou meus cabelos. Se fosse qualquer dia, eu reclamaria com ele por fazer aquilo, porém nem estava prestando atenção no que ele dizia ou fazia. ─ Você está bem? Parece está distante... Hum.. Como foi a conversa ontem com o amor da sua vida?

Eu corei ao ouvir aquilo. Que droga. E eu não podia nem discordar daquilo. Se eu falasse que não amava Kang Daniel hyung, estaria apenas mentindo para meu próprio coração.

─ Eu acho que me descontrolei... Disse que ainda o amava e... Aish, se eu pudesse, chutaria meu próprio traseiro.

─ Se quiser, eu faço isso... ─ Parou de falar, quando percebeu que eu não estava com humor para brincadeiras. ─ Se acalme Woojin, vai dar tudo certo no final.

─ Dongsun, você acha realmente que eu tenho sorte nessa vida? ─ Eu o encarei. ─ Eu, Lee Woojin, pareço ter sorte?

Antes que Dongsun pudesse responder, meu celular, que estava em cima da cama tocou e a música Baby ecoou pelo quarto.

Estávamos no meu pequeno dormitório. Aliás, pequeno era um grande eufemismo para descreve-lo. Tinha apenas um quarto, com uma cama de solteiro e uns cabides com roupas (Além de algumas estantes, onde eu colocava os presentes que havia ganhado). O banheiro era menor ainda, mas pelo menos tinha água quente (E esses últimos dias estavam tão frios que eu sentia vontade de dormir debaixo da água). A sala e a cozinha eram juntas, eu tinha uma miniatura de geladeira e um fogãozinho de duas bocas. Não precisava ter muitas coisas, pois era solista, além disso, passava a maior parte do tempo no dormitório de Dongsun com os meninos (Aliás, Aiden, a mãe do grupo que Dongsun fazia parte, era quem me alimentava na maioria dos dias).

Pequei o celular quando a música ainda estava no início e atendi, ouvindo a voz apressada do meu manager do outro lado da linha.

─ Oi?

─ O The Best Idol vai ser lançado hoje. Você sabe disso, certo? ─ Ele disse. Tinha alguns barulhos de carros e buzinas, então conclui que ele estava dirigindo enquanto falava comigo. ─ Originalmente, os MCs seriam dois membros de BTS, mas aparentemente eles acabaram de ligar para cancelar, pois teriam que fazer uma apresentação de última hora. Enfim, a produção do programa acabou de ligar para a nossa empresa, perguntando se sua agenda estava cheia hoje, eles querem que você seja um dos MCs hoje, está entendendo, Woojin?

─ Sim.

─ Estou chegando no seu dormitório para te buscar e levar até a gravação. Já esteja pronto quando eu chegar aí, entendeu? Ligarei para a produção para dizer que você confirmou presença.

─ Certo. Até daqui a pouco, hyung. ─ Encerrei a ligação, encarando Dongsun, que estava me fitando curioso. ─ Vou ser MC. É a primeira vez que vou ser MC... Aish, estou nervoso e ainda preciso procurar uma roupa.

─ E o Lee Woojin neurótico retornou. Se acalme, vamos encontrar uma roupa para você.

Vinte minutos e muitas combinações de roupas depois, eu estava pronto e entrando no carro do manager. Dongsun se despediu exageradamente, como se nós nunca mais fossemos nos ver. Exagerado.

Kim Dongsun estava praticamente pulando de felicidade desde o momento que descobriu, naquela manhã, que o debut estava programado para o último dia de dezembro. Aparentemente seria um grupo de cinco integrantes e Dongsun, por ser o mais velho, seria o líder (Algo que eu não concordava muito, afinal conhecia Dongsun a tempo o suficiente para saber que ele estava longe de ser o mais responsável do grupo, Aiden definitivamente ocupava esse posto). Enfim, eu estava feliz por ele e pelos outros hyungs.

Em algum momento, o manager ligou o rádio e eu parei de divagar em meus pensamentos e começar a prestar a atenção na letra da música.

Eu gostaria que você pudesse ser eu

Eu gostaria de poder ser você

Eu gostaria que você pudesse sentir o que eu sinto por apenas um dia

Seu coração

Meu coração

Eu gostaria de poder te amar

Eu gostaria que você me amasse também

Eu gostaria que pudéssemos estar com o outro apenas por um dia

Para que eu possa deixa-lo sem arrependimentos

E todos meus pensamentos acabaram caindo em Kang Daniel, afinal, de alguma maneira, meus pensamentos sempre acabam naquele hyung. E eu imaginei um futuro onde ele me amasse também, onde correspondesse meus sentimentos, onde eu não me sentisse tão tolo por um amor unilateral.

Depois de tudo que falei ontem, Daniel não disse nada, apenas ficou me olhando espantado. Demorou menos de cinco segundos para que eu percebesse o que tinha acabado de falar e a vergonha toda me invadir por completo.

─ Pelo menos eu não fugi, como na primeira vez... ─ Murmurei, apenas para mim, enquanto ainda ouvia a música. ─ Porquê dessa vez quem fugiu foi o hyung.

Doía em mim admitir que aquilo era verdade. Daniel hyung praticamente fugiu de mim e de meus sentimentos, enquanto eu fiquei sem saber o que fazer.

─ Do que você está falando, Woojin? ─ Meu manager perguntou, me olhando estranho e eu arregalei os olhos, sentindo minhas bochechas esquentarem pela vergonha.

─ Nada...

Certo, se amar deixa alguém trouxa, eu definitivamente sou o Rei da Trouxisse. E a culpa seria toda de Kang Daniel hyung.

Diferente do que pensei, ocorreu tudo bem. O outro MC foi Park Jisung, do NCT Dream e ele estava tão ansioso quanto eu, então meio que nós nos ajudamos. Depois de toda a gravação, estávamos no camarim, junto de Chenle, também do NCT Dream, que foi acompanhar o companheiro de grupo.

─ Vocês fizeram bem, mesmo que as vezes Jisung parecia que iria vomitar. ─ Chenle disse e Jisung lhe deu língua.

Eu ri com aquela cena. Ser de um grupo parecia ser legal. Eu, como solista, tinha apenas Dongsun e os outros meninos e todos iriam ficar ocupados demais quando finalmente debutassem. A ideia de ficar sozinho me deixava triste.

─ Nossa idades são parecidas. ─ Chenle continuou, pensativo. ─ Eu sou de 2001, Jisung de 2002 e você de 2003, certo Woojin? ─ Confirmei. ─ Eu sou o mais velho nesse trio então.

─ Mas advinha quem é o mais alto? ─ Jisung resmungou.

─ Eu ainda vou crescer, ok? ─ Falei, fingindo estar indignado com aquele comentário. Certo, eu estava longe de ser a pessoa mais alta do mundo, mas todos crescem em algum momento, né? Comigo não seria diferente, né?

─ Exatamente, ainda estamos em fase de crescimento. ─ Chenle disse e juro que se ele tivesse uma faca nas mãos, Park Jisung não estaria mais vivo no momento. ─ Aliás, pare de crescer.

Conversamos por mais alguns minutos, até que meu manager entrou no camarim e disse que estava na hora de irmos. Talvez eu tenha feito um bico de chateação, porque realmente estava gostando do assunto e eles eram bem divertidos.

─ Agora estamos indo para a empresa, você ainda precisa treinar sua dança.

Eu estava cansado, porém, mesmo assim confirmei e me aconcheguei no banco do carro, dormindo por alguns minutos.

*** *** ***

Não havia mais sol quando eu finalmente voltei para meu dormitório. Estava suado e meio dolorido, como se um caminhão de carga tivesse passado pelo meu corpo. Precisava de um banho e cama, urgentemente.

Fechei a porta do meu pequeno quarto e encarei a escuridão que meu dormitório se encontrava. Liguei a luz e fui rapidamente em direção ao banheiro, largando minhas roupas no caminho.

Ás vezes, a solidão de ser um solista me incomodava, e quando eu pensava nisso, acabava pensando em como seria se eu tivesse conseguido ser um integrante do Wanna One. E, consequentemente, meus pensamentos acabavam em Daniel hyung.

Eu sempre acabava nele de alguma maneira. É sempre ele que ocupa meus pensamentos.

Estava prestes a ir dormir quando ouvi batidas na porta. Dei meia volta e atendi, esperando encontrar Dongsun ou Aiden, porque Dongsun é meu melhor amigo e por ocupar esse cargo, acha que pode me infernizar sempre que quer, e Aiden porque ele sempre se preocupa se estou bem. No entanto, assim que abri a porta, não encontrei nenhum dos dois e sim aquele que a dezessete meses se tornou o dono dos meus pensamentos, Kang Daniel hyung.

─ Hyung? ─ Sussurrei, confuso, o fitando.

─ Eu não sei o que estou fazendo aqui. Eu realmente não sei o que estou fazendo. ─ Ele disse, entrando no meu dormitório (E naquele instante, eu me amaldiçoei por ter deixado minha pequena sala tão bagunçada. O que meu hyung pensaria de mim?). ─ Eu só pensei no que você falou ontem o dia todo e quando percebi, já estava no caminho daqui. Não me pergunte como descobri aonde você mora, porque nem eu sei direito o que fiz. Eu apenas...

Meu coração bateu dez vezes mais rápido e não pude contar o tímido sorriso que se formou em meus lábios.

Ele havia pensado em mim.

Será que agora ele pensa em mim o tanto que eu penso nele?

Será que eu poderia me tornar o dono dos pensamentos de Daniel hyung, assim como ele é dos meus?

Será que... Nós...

─ Isso é tão errado. ─ Ele continuou. ─ Tão errado, eu... Meu Deus, o que eu estou fazendo?

─ O que é tão errado? ─ Perguntei, confuso com toda a confusão que o hyung estava fazendo.

─ Você gostar de mim. ─ Eu amo você, não é um simples gostar. Quis dizer, mas preferi ficar em silêncio. ─ Eu sou mais velho que você, bem mais velho que você. Eu sou um adulto e você ainda é um adolescente. Então por que eu estou tendo esses pensamentos por você? Acho que devo ser uma espécie de doente por estar pensando tanto em você. Você ainda parece tão adorável e inocente que eu sinto como se fosse a primeira vez que estou te vendo, parece que não mudou nada...

Enquanto observava Daniel hyung se embolar nas próprias palavras, percebi que não concordava com algo que ele havia dito. Eu tinha sim mudado, afinal dezessete meses se passaram desde a última vez que nos vimos e eu não era mais o garoto hesitante que ele viu pela primeira vez na segunda temporada de Produce 101.

Em dezessete meses muitas coisas podem mudar.  Meu amor pelo hyung definitivamente não, pois a cada instante eu sinto que o amo cada vez mais. Mas eu? Embora pouco, eu definitivamente tinha mudado e talvez apenas Daniel hyung não percebesse isso, porque já estava bem nítido para mim.

O Lee Woojin de dezessete meses atrás praticamente fugiu quando percebeu que Daniel hyung descobriu sobre seus pensamentos. Foi embora sem se despedir, como um covarde que era na época. O Lee Woojin atual confessou seus sentimentos de cabeça erguida (Certo, talvez eu esteja exagerando, afinal antes de tudo eu não queria ir com hyung e assim que percebi que falei tudo aquilo, senti vontade de enfiar minha cabeça em algum lugar até a vergonha passar).

Eu não era o mesmo de dezessete meses atrás.

E precisava fazer o hyung perceber isso.

Por isso faria algo que o Lee Woojin de dezessete meses nunca teve coragem de fazer.

─ Hyung. ─ Eu disse, decidido do que iria fazer. Daniel hyung me encarou, com a testa franzida. Dei um passo para frente e senti minhas pernas perderem as forças por um instante. Minha mente gritava para eu não fazer aquilo e que eu iria estragar tudo, enquanto meu coração implorava para que eu seguisse meus sentimentos. Era exatamente isso que eu faria, porque já havia escondido todos aqueles sentimentos por tempo demais apenas em meu coração. ─ Hyung. ─ Falei novamente e reunindo toda a coragem que havia dentro de mim eu puxei o hyung e fiquei nas pontas dos pés.

E então, eu o beijei.