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História Com amor, Lizzie - VI


Escrita por: Brokenprince93

Capítulo 7 - VI


Fanfic / Fanfiction Com amor, Lizzie - VI

Tenho que dizer que a festa na casa da Jessica valeu apenas por um único motivo: ver Lizzie vestida em uma roupa preta super justa, fantasiada de Mulher-Gato.

"Meu Deus...", foi tudo o que eu consegui dizer ao vê-la vestida daquela forma. Tenho que dizer que, pensando friamente agora, a fantasia não combinava muito com seus cabelos vermelhos e seu rosto salpicado por sardas. Mas acredite, eu não percebi nada daquilo naquele momento. Eu tinha ido até a casa dela buscá-la para irmos até a casa de Elisa e de lá irmos de carro — há quem diga que um fusca não chega a ser um carro — até o local da festa.

"Gostou?" Perguntou a gata ruiva enquanto rodopiava balançando um rabo estrategicamente colocado logo no final das costas na fantasia. Ela estava com uma mascara que escondia a metade superior de sua cabeça, deixando apenas os olhos azuis a mostra. Seus cabelos vermelhos estavam presos em uma grossa trança que caía por suas costas e, bem, a máscara tinha as orelhas de gato.

"Por favor, diga à ela que a fantasia está muito justa", pediu Melissa, aparecendo na porta e me encarando com súplica nos olhos. Ambas riram ao perceber que eu tinha certa dificuldade em formular alguma frase ou dizer qualquer coisa sobre aquela impressionante Mulher-Gato parada à minha frente. "Deixa pra lá, então. Divirtam-se..." Disse ela, me olhando de uma maneira que deixava claro que não era pra nos divertirmos da mesma maneira da última festa.

"Eu realmente acho que minha mãe nos perdoou muito fácil", comentou Lizzie enquanto caminhávamos fantasiados em direção à casa de Elisa.

"Não sei não, eu prefiro estar sempre atento quando ela está por perto. Nunca se sabe quando precisarei correr por minha vida", eu disse, fazendo com que Lizzie risse por um tempo, antes de voltar a parecer séria.

"Eu vou fazer a tal cirurgia, Mark", disse ela, segurando uma de minhas mãos enquanto caminhávamos. Isso era algo do qual eu já tinha conhecimento, meu pai havia me ligado na noite anterior para me contar a boa notícia e eu me senti incrivelmente aliviado; agora eu só precisava salvar a mim mesmo, eu pensei. Ainda assim, tentei parecer surpreso ao ouvi-la contar.

"Obrigado, Lizzie", eu disse, sem conseguir segurar um sorriso. Achei melhor não olhar para ela ao falar, já que ela tinha bastante facilidade em descobrir o que eu estava pensando.

"Você sabe que, mesmo com essa cirurgia, ainda existem riscos, não é?" Disse ela, deixando seus medos e preocupações transparecerem por baixo da máscara de gato. "A cirurgia pode dar errado, ou o tumor pode voltar depois..."

"Eu acredito em você, Elizabeth Murray", eu falei, pegando sua mão e segurando-a com força. "Você me prometeu que não morreria, lembra?" Perguntei. Ela levantou os olhos em minha direção e percebi as lágrimas que escorriam em seu rosto por baixo da máscara. Aparentemente ela não tinha mais ninguém com quem podia falar sobre seus medo e receios, ela sempre pareceu tão forte.

"Tudo bem, então. Promessas são uma questão de honra em minha família."
                            
                           ***

"Olha só quem temos aqui: Bruce Wayne!" Elisa deixava sua casa em uma fantasia de bruxa e caminhava em nossa direção rodopiando as chaves do carro em um dedo. "Acho que tá na hora de comprar uma roupa nova pra defender Gotham, cara. Duvido que o Coringa te respeite com essa", disse ela, com um sorriso sarcástico no rosto, enquanto me encarava de cima a baixo.

"É mais um problema físico do que de vestimenta, eu diria. Ninguém respeitaria um Batman tão magro", comentou a Mulher-Gato ruiva ao meu lado, fingindo uma expressão pensativa em seu belo rosto. Ela realmente parecia feliz naquele momento, sem nenhum vestígio dos sentimentos que a dominavam no caminho até ali.

"Já eu acredito ser uma questão financeira, se eu tivesse o dinheiro do Bruce Wayne eu provavelmente seria mais forte e usaria roupas melhores", eu disse em minha defesa, enquanto elas se abraçavam e olhavam a fantasia uma da outra, ambas me ignorando completamente.

"Tanto faz, Mark.", disse Elisa. "Vamos logo, fizeram tanta questão que fôssemos à essa festa que acho que não tolerarão atrasos"
                              
                              ***
"O que foi?" Perguntou Lizzie ao me perceber olhando pelo local como se procurasse por algo. A casa era gigantesca e a festa estava acontecendo em torno da — também gigantesca — piscina, o que significava muitos jovens ricos se jogando na água ou jogando outros nela, inclusive um garçom. Elisa tinha nos deixado e estava ligando os instrumentos no pequeno palco que fora montado no lado oposto ao qual eu estava com Lizzie.

"Está vendo alguém da nossa escola aqui?" Eu perguntei, quase de uma forma retórica. Lizzie começou a reparar na multidão de jovens ricos e pareceu perceber onde eu queria chegar.

"Não... isso é muito estranho?"  Perguntou ela, com olhos confusos por baixo da máscara. Eu observei o ambiente por mais alguns instantes antes de responder.

"Um pouco, talvez. Não sei dizer há quanto tempo ela estuda lá, mas é no mínimo estranho que não tenha vindo ninguém", eu disse, pouco antes de Elisa pegar o microfone e apresentar a banda. Seria o segundo show da Broken Little Princess que eu veria na vida. 

O segundo que antecederia uma tragédia.

Eles começaram a tocar e o show correu fantasticamente bem, a presença de palco da garota de cabelos desbotados era notável mesmo fantasiada de bruxa. Tal performance rendeu à Elisa inúmeros pretendentes, dos quais ela recusou todos menos uma garota de cabelos curtos e pintados de preto, com a qual ela se perdeu por algum lugar na festa e não foi mais vista.

"Acho que vamos demorar um pouco pra voltar hoje", eu disse, lembrando de que dependíamos de Elisa para retornar. Lizzie não pareceu preocupada enquanto tomava seu refrigerante.

"Não se preocupe, acho que consigo dirigir um fusca", respondeu ela, me mostrando as chaves do carro. "Ela deixou comigo, provavelmente prevendo esse tipo de situação e não querendo ter de lidar com minha mãe de novo", completou, sorrindo maravilhosamente. "Já quer ir?" Perguntou ela, me olhando de uma maneira um tanto maliciosa. "Poderíamos fazer alguma parada pelo caminho", propôs a mulher-Gato de uma maneira difícil de dizer não, e devo dizer que nem passou pela minha cabeça a ideia de recusar.

"O Batman adorou a ideia" eu respondi com um sorriso. "Só preciso falar com Jessica por um minuto", completei, me lembrando do motivo daquela festa, o aniversário da garota.

"Tudo bem, te espero no carro, então." Disse ela, dando uma volta de 180º em torno de si mesma e caminhando em direção ao carro como uma legítima gata. Naquela momento eu tive certeza de que não haveria melhor fantasia para ela no mundo.

"Finalmente, achei que não teríamos a chance de conversar hoje", disse uma voz às minhas costas. Me virei e dei de cara com Jessica, vestida apenas em um biquíni. "Gostou da minha fantasia?" Perguntou ela ao notar o modo como eu a encarava. Eu ainda preferia a fantasia da Lizzie, mas achei melhor não responder.

"Já estou indo, só queria lhe dar os parabéns antes", eu disse. Jessica pareceu — ou se fingiu de — surpresa ao ouvir aquilo. "Então, parabéns. Obrigado pelo convite", concluí, já me preparando para sair daquela festa em direção ao que prometia ser a melhor parte da minha noite, dentro de um fusca.

"Mark, espera..." Disse ela, tocando meu braço de leve e se aproximando em seguida. "Eu preciso falar com você sobre uma coisa..." Começou ela, "mas não aqui. Pode vir comigo por um minuto?" Perguntou, eu fiquei encarando-a por alguns segundos sem conseguir dizer o "não" que eu tanto desejava.

"Tá, tudo bem." Eu disse, me amaldiçoando logo em seguida em meus pensamentos. Eu a segui dando a volta pela piscina e pelo grande salão de entrada da mansão de seus pais, sem conseguir para de pensar no que uma garota como ela fazia em uma escola pública. Depois, percorremos um corredor à direita que nos levou até uma cozinha enorme contendo uma grande bancada que percorria quase todo o espaço. Ela se sentou em um banco alto que ficava de frente para a tal bancada no lado em que estávamos e me indicou que fizesse o mesmo em um outro próximo.

"Você e a garota ruiva..." começou ela, evitando olhar diretamente para mim, "vocês... hum... vocês estão namorando?" Perguntou ela, olhando com uma intensidade anormal para uma fruteira do outro lado da bancada. 

"Hum... Não sei dizer..." eu respondi de maneira sincera. "Por que?" Perguntei em seguida. Ela aparentemente conseguiu juntar forças suficientes para me olhar e fez isso com a mesma intensidade com que havia encarado a fruteira.

"Acho que preciso ser honesta com você sobre o motivo de ter te convidado..." confidenciou a garota quase nua em pleno outono.

"Não precisa, Elisa já me disse que você me convidou porque ela exigiu isso em troca de tocar aqui", eu disse, dando de ombros. Ela não disse nada imediatamente, o que me deu uma brecha para ir logo ao encontro da Mulher-Gato no fusca. "Te vejo por aí", falei enquanto descia do banco e me dirigia ao corredor.

"Não foi isso...", falou ela em um tom quase inaudível diante de toda a música alta que ecoava pelo local. Eu parei onde estava e me virei, esperando que ela continuasse. Ela respirou fundo e falou tudo de uma só vez: "Matt gosta dela, desde que a viu naquela festa na cada dele ele não consegue tira-la da cabeça. Então ele me pediu para eu te convidar pra festa e, quando eu disse que você provavelmente não viria, bolou a ideia de inventar que eu havia pedido a banda para tocar e Elisa acabou te fazendo vir." Ela ficou em silêncio, me observando enquanto eu continuava parado onde estava, ainda sem conseguir digerir tudo aquilo direito. "Ele sabia que Elisa não iria gostar, mas ,como ele também faz parte da banda, não teve muito trabalho para convencê-la. E inclusive sugerir a ideia de te convidar para não ter que vir sozinha." Acrescentou ela. Eu me aproximei novamente do banco onde ela estava sentada, ainda atordoado com toda a informação.

"Por que você está me contando tudo isso?", eu perguntei. Ela pareceu hesitar antes de falar.

"Porque eu gosto de você, Mark. Eu não queria que você... bem, eu não queria que você pensasse algo ruim de mim", respondeu.
Eu ainda não conseguia entender toda aquela estranha situação.

"Por que eu pensaria algo ruim de você? Do que você está falando?", eu perguntei. Ela desceu de seu banco e se aproximou ainda mais de mim. Seu corpo parado a centímetros do meu me fez suar frio, notando que a casa provavelmente estava com seus aquecedores funcionando a todo vapor para que a garota estivesse tão confortável vestindo apenas um biquíni.

"Por isso", disse ela próximo ao meu ouvido logo antes de me beijar.

Você pode pensar que eu devia ter previsto que isso aconteceria pelas circunstâncias e tal, mas pelo histórico de nossas relações desde que ela entrou na escola, eu jamais teria imaginado aquilo.

E supreendentemente, o beijo foi bom. Muito bom.

O único problema foi que quando ela terminou de me beijar, eu percebi Lizzie parada no final do corredor que levava à cozinha, estática como uma bela estátua decorando o ambiente.

E aquela visão é uma das coisas que eu tenho certeza que jamais esquecerei daquele ano. O modo como ela me olhou naquela hora, como se algo dentro dela tivesse se partido em um milhão de pequenos pedaços. 

O coração, talvez.


A garota fantasiada de Mulher-Gato saiu correndo do local sem me dar chance alguma de explicar a situação. Tentei ir atrás dela o mais rápido que pude, tentando não perde-la de vista na multidão de adolescentes dançando. Até que, ao me esforçar para passar por um grupo de garotos a beira da piscina, um deles me fez parar, colocando uma mão em meu peito.

"Hey, cara! Pra que a pressa?" 

Era Matt...

Pensando hoje, acho que o que me levou a fazer o que fiz não foi o fato dele ter armado aquilo tudo com Jessica, ou o fato de ter me atrasado na perseguição da garota. 
O soco que eu lhe acertei no rosto e que o fez cair na piscina, foi pelo sorriso que ele tinha no rosto quando me parou e fez a pergunta. 
Eu já contei sobre muitas coisas das quais me arrependo de ter feito naquele ano, mas saibam que essa definitivamente nao é uma delas, não posso negar que faria tudo de novo se tivesse a oportunidade.

Após o incidente, eu ainda tentei alcança-la antes dela chegar ao carro mas não consegui. No fim das contas, cheguei a tempo apenas de ver o fusca deixando a mansão pelo portão principal. 

Desesperado, me sentei no último degrau da escadaria sob a porta de entrada, com as mãos na cabeça pensando no tamanho da merda que tinha acabado de acontecer.

Nem passou pela minha cabeça o problema sobre como eu chegaria em casa naquela noite, minha relação com a minha mãe não poderia estar pior e eu não estava com a menor disposição de ligar para ela. 

Mesmo que minha vida dependesse disso...

Até que um milagre aconteceu:

"Vem, eu te dou uma carona. Não vai ser difícil alcança-la naquele carro", disse uma voz desconhecida de algum ponto da escadaria acima de mim. 

Eu não conhecia aquela garota, mas, naquele instante, ela só podia ser um anjo...



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