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História Com amor, Lizzie - VII


Escrita por: Brokenprince93

Capítulo 8 - VII


Fanfic / Fanfiction Com amor, Lizzie - VII

A garota saiu correndo até um muscle car estacionado em frente à mansão sem me dar muitas chances de recusar sua proposta. Enquanto eu me levantava e colocava meus pensamentos em ordem sobre seguir ou não a garota estranha, Jessica apareceu na porta acima da escadaria, a julgar por sua expressão, desesperada.

"MARK, SAI LOGO DAQUI!" Gritou ela de onde estava. Sua voz saiu falhada devido a um desespero que eu só pude entender quando vi Matt — seguido por mais amigos do que eu era capaz de contar —aparecer por trás dela no alto das escadas.
O modo como eles me olhavam acabou com qualquer dúvida que eu pudesse ter sobre seguir ou não a garota no muscle car, que a essa hora já me esperava com o carro ligado e a porta do passageiro aberta. Assim, corri por minha vida até aquele potente carro cujo nome eu desconhecia completamente, com a certeza de que era seguido por todos aqueles garotos não muito amigáveis.

"Eu sabia que você viria uma hora ou outra", disse ela quando consegui entrar e fechar a porta do carro. 

"Pois é", eu respondi, "agora vamos sair daqui". No mesmo instante, a garota acelerou o carro, que respondeu na mesma hora cantando pneus e saindo de lado antes dela conseguir controlá-lo e nos tirar de lá com vida.

Quem quer que aquele anjo fosse, havia acabado de adiar minha partida desse mundo.

                                ***

"Ela não está aqui", disse a garota ao chegarmos na casa de Lizzie e não avistarmos o fusca de Elisa parado em lugar algum. Eu não fiquei muito abalado ao perceber que ela não estava lá, na verdade, eu nem sabia se queria mesmo vê-la naquele momento.

"Obrigado, de qualquer forma", falei, já resignado a minha desvantajosa situação. "Você salvou a minha pele lá atrás". A garota não disse nada, apenas desligou o carro e ficou me encarando como se eu tivesse algum tipo de deficiência mental. Seus cabelos curtos e escuros contavam com uma fina mecha rocha próxima a sua têmpora esquerda.

"Então é isso? Você vai simplesmente desistir assim?" Perguntou ela, como se aquilo fosse o maior absurdo no mundo. "Elisa disse que você era devagar mas eu não imaginava que fosse tanto", comentou a garota. 
Não foi muito reconfortante saber o modo como Elisa se referia à mim com estranhos, ainda mais sabendo que se tratava de uma garota.

"Você a conhece?" Eu perguntei, querendo saber exatamente a quem Elisa andava dando informações sobre mim.

A garota revirou os olhos sem muita paciência antes de responder "É claro, sou a namorada dela", respondeu ela simplesmente, esticando uma mão em minha direção. "Me chamo Ashley", olhei-a por alguns instantes tentando não demonstrar o quanto eu achava aquela situação estranha e apertei sua mão.

"Ela quem pediu pra você me tirar de lá?" Eu perguntei, tentando entender a situação. A garota balançou a cabeça uma vez em confirmação.

"Sim, Jessica foi até onde estávamos contar o que havia acontecido, sobre você, a garota ruiva e o cara que você socou." Explicou ela, "então Elisa me pediu para te encontrar e te tirar de lá enquanto ela tentava convencer os outros caras a não arrancarem seu coro pra fazer casaco", concluiu ela. "Você teve sorte que Jess conseguiu nos encontrar".

Eu dei uma risada irônica diante do que havia escutado. "Nem tanto, se você pensar que foi Jessica quem me colocou nessa situação". A garota levantou uma sobrancelha em sinal de dúvida mas eu não disse nada, apenas mantive em silêncio, pensando em tudo o que acabara de acontecer e tentando juntar as peças em minha cabeça.

"Então, não consegue pensar em nenhum outro lugar onde sua ruiva possa ter ido?", perguntou Ashley.

"Sim, eu sei onde ela está", respondi prontamente. A garota ficou me encarando, provavelmente tentando entender porque eu ainda não havia dito. "Só não sei se é uma boa ideia falar com ela agora", completei, cabisbaixo. 
A garota revirou novamente os olhos novamente e me deu um tapa na cabeça.

"Aponta logo o caminho antes que eu te leve de volta e ajude os caras a te darem uma surra..." falou ela, com a mesma delicadeza que sua namorada costumava ter.

                               ***

Algumas pessoas dizem que nós mudamos gradualmente e, quando percebemos, já estamos muito diferentes do que costumávamos ser.
Naquele ano, posso que dizer que não houve nada de gradual nas mudanças em minha vida. Eu tomei atitudes que, até no segundo anterior, jamais poderia sequer imaginar tomar algum dia. 
Meu pai, Melissa, Elisa, Lizzie... tenho certeza que todos eles têm grandes participações nessas mudanças um tanto bruscas que aconteceram naquele curto período de tempo em minha vida e — principalmente — em mim. 
E aquela foi uma dessas noites em que eu tive certeza de que, na manhã seguinte, eu acordaria como uma pessoa diferente.
                             
                              ***

"Aqui estamos", disse Ashley ao chegarmos no lago. "Leva isso pra ela, é da Elisa", ela pegou algo no banco de trás do carro e jogou em meu colo antes de eu sair. Era uma jaqueta de couro preta com diversos bótons de diferentes bandas espalhados por sua superfície.

"Obrigado, Ashley", eu disse, "por tudo." A garota balançou a cabeça uma vez em resposta e eu saí do carro em direção ao ar livre. Respirei fundo por algumas vezes e me encolhi diante do vento frio, antes de começar a caminhar pelo local rumo a uma sombra minúscula parada próxima às águas escurar e imóveis do lago adiante. O vento forte cortava a noite sem nenhuma trégua e, ao senti-lo tocar meu rosto pela primeira vez, pude entender o motivo pelo qual Ashley me dera a jaqueta.
Fui caminhando mais lentamente pelo granado a medida em que me aproximava da sombra encolhida próxima a margem do lago. As árvores secas e já sem vida traziam um clima soturno ao lugar àquela hora da noite, enquanto o barulho das folhas esmagadas sob meu pés pareciam ensurdecedores em meu ouvidos. A garota não se virou ou se moveu em nenhum momento enquanto me dirigia até ela; continuou encolhida onde estava, olhando para a imensidão escura e sem movimento à sua frente como se estivesse congelada

"Você demorou, já estou quase congelando aqui", comentou a Mulher-Gato quando me aproximei. 
Ela estava sentada, suas costas curvadas e seus braços em torno dos joelhos eram um claro sinal de que ela não estava exagerando. Me ajoelhei por trás dela, colocando a jaqueta de Elisa em torno de seu corpo encolhido.

"Como sabia que eu viria?" Eu perguntei. Eu mesmo não tinha certeza do porquê estava ali, pensando que era provável que o tapa de Ashley fosse a causa. Me sentei a uma distância segura dela, abraçado aos meu próprios joelhos e me cobrindo com a capa da minha fantasia.

"Eu não sabia, mas torci para que viesse ou eu provavelmente morreria congelada aqui", respondeu a garota. Ela tinha tirado a máscara e boa parte de sua trança estava desfeita, razão pela qual eu tinha conseguido enxerga-la na noite sem estrelas. 
Por mais que eu sentisse que lhe devia muitas explicações, eu não estava mais tão motivado a isso quanto estava antes, ao vê-la me olhando daquela forma. Agora eu só queria estar ali, com ela.

"Na ultima vez em que estivemos aqui, haviam muitas estrelas lá", disse ela ao se deitar na grama olhando o céu escuro. "Antes parecia uma boa ideia ir pra lá". 
Morrer, foi o que ela quis dizer.

"E agora?" Eu perguntei, olhando para o mesmo céu sem estrelas.

"Agora não faz mais tanto sentido, comecei a perceber que não existem estrelas suficientes pra toda aquela escuridão lá em cima", respondeu ela. "Quando eu te vi... lá, com aquela garota, por um segundo foi como se eu tivesse perdido novamente todas as minhas razões para viver; como se não existisse mais nenhuma esperança para mim nesse lugar", eu me mantive em silêncio, observando algumas folhas que se moviam pela superfície do lago com ajuda do vento, apenas ouvindo o que quer que ela fosse dizer.
Ela precisava daquilo muito mais do que eu.

"Depois eu percebi... percebi que você era importante demais em minha vida pra alguém que entrou nela apenas há alguns meses", continuou ela, sem saber que ouvir aquilo me congelou por completo por dentro, de alguma forma respirar se tornou algo extremamente complexo e difícil ao escutar tais palavras. "Elisa me mandou muitas mensagens, explicando o que aconteceu lá. Eu as li pouco antes de você chegar, mas, ainda assim, eu não consegui tirar aquele pensamento da cabeça". Ela me olhou pela primeira desde que eu havIa chegado ali, um breve movimento de cabeça em minha direção foi tudo o que eu pude notar na escuridão daquele momento. Queria ter enxergado seus olhos naquela hora, talvez eu ainda pudesse fazê-la se convencer a voltar atrás no que ela diria depois. "Isso não pode estar certo, não é normal. Eu nunca senti nada disso antes..." sussurrou ela, suas palavras trazidas à mim pelo vento que soprava em minha direção.

"Você tem razão", eu disse, finalmente. "Eu tenho a mesma impressão sobre você, é algo novo pra mim, sabe? Ter alguém em minha vida que importe mais pra mim do que eu mesmo". Ela balançou a cabeça, concordando.

"Então você vai entender o que eu vou te pedir agora", falou ela, se sentando novamente. Os fios soltos de seu cabelo sem cor dançando ao redor de seu rosto escuro e misterioso.

"Não me procure mais, Mark. Fique longe mim."



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